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11.29.2010

Lucratividade dos laborátorios é mais importante do que a eficácia dos antibióticos

Farmácias "furam" restrição à venda de antibióticos

Estabelecimentos são obrigados a exigir receita médica em duas vias

Sérgio Castro/15.mai.2007/AE
Uma receita deve ficar retida nas farmácias
Nem todas as farmácias da capital paulista se adequaram à nova norma para os antibióticos, que entrou em vigor neste domingo (28). A partir de agora, as pessoas que forem comprar antibióticos nas farmácias do país vão precisar de uma receita de controle especial, em duas vias. A medida, adotada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), tem o objetivo de conter o uso indevido desses remédios. Duas das 18 farmácias de diferentes regiões da cidade visitadas pela reportagem não exigiram apresentação da receita para a compra desse tipo de medicamento: uma na Vila Mariana e outra no bairro da Saúde. Nesses estabelecimentos, não houve questionamento sobre a falta da receita.

A medida, publicada em 28 de outubro, determina que o paciente entregue, no ato da compra do antibiótico, a prescrição médica em duas vias: uma fica retida na farmácia e a outra deve ser devolvida carimbada ao consumidor, que não poderá usá-la novamente. A receita médica vai ter validade de dez dias.
A prescrição deve conter uma série de itens obrigatórios, como nome completo do paciente, dados do médico e informações detalhadas sobre o remédio receitado.

Ao tentar comprar um antibiótico sem receita, neste domingo, o discurso mais ouvido nas farmácias foi: "se fosse até ontem, nós venderíamos".
– A partir de hoje, não podemos mais.

Acesso a antibiótico vai ficar mais difícil, afirma indústria

O acesso a antibióticos vai ficar mais difícil depois das novas regras estabelecidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), na opinião das entidades ligadas à indústria e aos profissionais de farmácia.
Desde ontem, 93 substâncias usadas como princípio ativo de antimicrobianos passaram a ser vendidas com a apresentação de uma receita especial, em duas vias.
A primeira é retida na farmácia, e a segunda é devolvida carimbada ao cliente. A medida vale para comprimidos, xaropes e pomadas.
"Cumpriremos a resolução, mas isso é um desastre para o consumidor que nem sempre tem acesso a médicos", afirma Sergio Mena Barreto, presidente da Abrafarma (associação de redes de farmácias).
Para Jaldo de Souza Santos, presidente do CFF (Conselho Federal de Farmácia), proibir a venda é condicionar a população a sofrer com infecções simples.
"Isso aconteceu no México e as farmácias acabaram tendo de contratar médicos para dar receita às pessoas. Isso quando a receita não era forjada e vendida."
Dois terços dos antibióticos são vendidos sem receita, segundo Marcia Gonçalves Oliveira, coordenadora do SNGPC (Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados) da Anvisa.
Tomar ou usar antibiótico de forma incorreta -por mais ou menos dias do que o prescrito- pode mascarar os sintomas de uma doença ou então selecionar bactérias resistentes, que podem causar novas infecções.
"Isso vale até para as pomadas, que também são absorvidas pelo corpo. Qualquer antibiótico precisa ser proibido", diz Desiré Callegari, secretário do CFM (Conselho Federal de Medicina).
O problema, segundo Geraldo Vasconcelos, representante da ABO (Associação Brasileira de Odontologia) no Conselho Nacional de Saúde, é que muitos dentistas que precisam receitar as substâncias ainda não têm a receita de duas vias.
"A maioria ainda não se adaptou. Só algumas especialidades, como cirurgiões que fazem procedimentos mais complexos, já têm esse tipo de receita."

Editoria de Arte/ Folhapress/Editoria de Arte/ Folhapress

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