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10.06.2011

O ADEUS AO GÊNIO STEVE JOBS

Tributos a Steve Jobs reúnem fãs da Apple, iPhones, velas, flores e maçãs em lojas e shoppings do mundo

O Globo, com agências (economia.online@oglobo.com.br)

Foto: AP RIO - Não houve tempo para um tributo formal, com todas as pompas que o cofundador da Apple merecia. Entretanto, fãs de Steve Jobs foram rápidos em improvisar vigílias com velas comuns e virtuais em Apple Stores do mundo todo, como no centro de Chicago. De Nova York à Austrália, fãs da tecnologia e dos computadores compareceram a lojas Apple do mundo todo para homenagear Steve Jobs, destacando o seu caráter visionário que transformou o cotidiano de milhões de pessoas.
As homenagens e condolências também estão em milhões de tweets e alertas de notícias que circulam através de iPhones, iPads e Macs. As lojas continuam lá, intactas. Mas o sentimento de que nada será com antes toma conta das pessoas, que lotaram as lojas.
Na sede da empresa que Jobs fundou em 1976 -- na Infinite Loop, 1, Cupertino, Califórnia -, bandeiras tremulavam a meio mastro, e muita gente se reuniu num gramado próximo após a morte de Jobs, na quarta-feira. Abalados, fãs da Apple deixavam flores, e um homem tocava gaita de fole.
- Na minha cabeça, não existe diferença entre ele e Pasteur - disse Chitra Abdolzadeh, que trabalha no setor da saúde em Cupertino, numa referência ao ilustre químico francês.
Ben Chess, de 29 anos, engenheiro em uma empresa de internet e ex-estagiário da Apple, viajou depois do expediente de trabalho de San Francisco até o QG da Apple para deixar um ramo de flores.
- É a coisa certa a fazer - disse.
Nas lojas fãs se revezam entre choro, velas e homenagensUm consumidor irlandês em visita à loja em Chicago sabia que algo estava errado com os funcionários que olhavam tristes iPhones, iPads e computadores Apple na vitrine, na quarta-feira à noite. Eles choravam e lhe disseram a notícia, que o impactou.
- Não posso imaginar um mundo sem os produtos da Apple - disse Peter O'Reilly, um eletricista de 33 anos.
Foto: Reuters Em outra loja da Apple, em Los Angeles, Joey Gonzalez estava navegando na internet quando descobriu pelo seu iPhone que Jobs tinha morrido. Aos 20 anos, ele disse que foi Jobs quem criou a maneira como ele ouve música e se comunica com as pessoas.
Homenagens vieram de todo o mundo. Na internet, o termo 'iSad' (iTriste, em menção aos produtos que começam com 'i' da Apple) ficou entre os mais comentados do Twitter, assim como o nome de Jobs, a marca da Apple e de seus produtos.
Um grupo de usuários Mac do México divulgou um comunicado enviando suas condolências à família de Jos. "Vamos respirar profundamente e dizer: viva Steve Jobs".
Homenagens mais tradicionais, perto do Vale do Silício, reuniam pessoas com flores e mensagens rabiscadas à mão em pequenos bilhetes colocados na frente dos portões da casa da família Jobs, em Palo Alto.
Na janela de uma loja da Apple em Santa Mônica, a mensagem "Obrigado Steve", escrita com batom, chamava a atenção. Em São Francisco, na Apple Store da Union Square, uma multidão começou a se formar. Outros pequenos amontoados de pessoas se reuniam com seus iPhones para ler notícias com mais detalhes sobre a morte do líder da Apple, inventor de produtos amados por usuários em todo o mundo.
Scott Robbins, de 34 anos, um barbeiro de San Francisco e fã da Apple há quase 20 anos, disse que veio logo que soube da notícia.
- Para algumas pessoas, é como Elvis Presley ou John Lennon - é uma mudança em nossos tempos - disse Robbins. - É o fim de uma era, do que a gente conhece como Apple. É como o fim dos inovadores - disse
Robbins. Símbolo de uma revolução tecnológica que abriu os olhos de uma geração Jobs desperta paixões em quem compra seus produtos.
Apple cresce na Ásia e Jobs é um herói localNa China, um dos mercados em que a companhia mais cresce, o jovem Henry Men Youngfan disse que ficou chocado com a notícia de que seu herói havia morrido.
O estudante de 27 anos, que faz doutorado em Pequim, comprou seu primeiro produto da Apple em 2006 e viajou de trem para Hong Kong em setembro apenas para assistir à abertura da primeira loja na cidade.
Quando ele entrou em um curso de engenharia na Universidade de Pequim, ele teria sido perguntado sobre quem queria ser.
- Meus professores me perguntaram que tipo de pessoa que eu queria ser e eu disse que queria ser como Steve Jobs - lembrou.
Para algumas pessoas, é como Elvis Presley ou John Lennon
Li Zilong, que estava ouvindo músicas seu iPod na frente de uma loja da Apple, também em Pequim, disse que se preocupa com o futuro da inovação na Apple. Para ele, toda a criatividade morreu junto com seu cofundador.
- Jobs era uma figura lendária, cada empresa precisa de um líder espiritual - disse o estudante universitário de 20 anos.
Foto: AP - Sem Jobs, não sei se a Apple pode trazer mais produtos clássicos, como o iPhone 4.
Os geeks chineses pareciam especialmente comovidos. - É uma pena. Ele criou todos esses aparelhos que alteraram as percepções das pessoas sobre as máquinas. Mas não conseguiu testemunhar o último passo, pelo qual, por meio dos seus equipamentos, as vidas das pessoas poderão ser efetivamente unidas a essas máquinas.
- Vim aqui ver como eles vão operar no primeiro dia depois de perderem Steve Jobs", afirmou Jin Yi, de 27 anos, na maior loja da Apple na China, em Xangai, que abriu no mês passado.
Em Hong Kong, Charanchee Chiu deixou um solitário girassol e uma rosa branca em frente a loja local da Apple.
- Estou triste. Acho que ele deveria ter vivido mais - afirmou Chiu, que disse ter enviado a Jobs mensagens aconselhando-o sobre saúde e a prática do tai-chi.
A comoção em Tóquio, no Japão, também foi grande, formando filas de pessoas para entregar flores na frente de uma Apple Store. Jovens choravam, adultos não compreendiam e os produtos permaneciam nas vitrines, como em um altar
Em uma Apple Store de Nova York, onde uma pequena coleção de flores e velas também começou a se formar, Jacqueline Thuener-Rego disse Jobs ajudou a mudar a forma como as pessoas pensam sobre tecnologia.
- Você não pensa nela como tecnologia, você pensa nisso como memórias, experiências - disse a atriz de 28 anos, moradora do Brooklyn. - Faz pare da sua vida como uma xícara de café. A tecnologia tornou-se a experiência humana.
Jobs, que morreu aos 56 anos vítima de um câncer pancreático, revolucionou a maneira como os usuários navegam na Internet ao lhes dar o iPod, o iPhone e o iPad. Ele havia deixado em agosto o comando da empresa, a maior do mundo no setor de tecnologia.
'Obrigado Steve' e 'Odeio o Câncer'Na loja Apple do centro de São Francisco, as pessoas seguravam imagens de Jobs nas telas dos iPads, e grudavam cartões e bilhetes na vitrine, dizendo "Obrigado Steve" e "Odeio o câncer".
Cory Moll, funcionária da loja, disse que Jobs era uma inspiração para ela. - Temos sorte por tê-lo tido enquanto o tivemos - afirmou Moll, segurando um iPad com uma citação em homenagem ao empresário.
- O que ele fez para nós como cultura ecoa de forma ímpar em cada pessoa. Mesmo que elas nunca usem um produto da Apple, o impacto que eles tiveram é abrangente demais.
No outro lado do país, em Nova York, um memorial improvisado com folhetos exibindo imagens de Jobs foi montado em frente à loja 24 horas da Apple na Quinta Avenida. Transeuntes usavam seus iPhones para tirar fotos.
- Vamos sentir a sua falta, Steve, descanse em paz. Obrigado pela sua visão - dizia um folheto.
O professor de administração Gary Hamel disse que decidiu ir à loja assim que soube da morte de Jobs. - Vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas - disse ele, segurando um cabo que havia acabado de comprar por lá.
Em frente a uma loja da Apple no bairro do Soho, dois homens seguravam velas, buquês de flores e uma maçã. Por alguns instantes, deixaram um iPod Touch no chão.
Foto: AFP Numa loja de Boston, o estudante Angelos Nicolaou disse que Jobs "nos inspirou a sermos rebeldes e desafiarmos o status quo. Espero que haja mais líderes como ele. Parece que o mundo está ficando carente deles."
Em Sydney, na Austrália, o advogado George Raptis, que tinha cinco anos na primeira vez em que usou um computador Macintosh, foi até a loja envidraçada da Apple ao saber da notícia. - Ele mudou a fase da informática. Só haverá um Steve Jobs.
Algumas pessoas que passaram pelas lojas da Apple pensavam no futuro da empresa sem o seu co-fundador. Desde agosto, a Apple já está sob o comando do executivo-chefe Tim Cook.
- Eles tiveram muito tempo para preparar a transição - disse o empresário brasileiro Guilherme Ferraz, 44 anos, em frente a uma loja da Apple em Manhattan. - Tim Cook irá continuar o legado.

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