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1.19.2012

Teste de DNA avalia risco de câncer de mama

 Um teste para saber se mulheres com idade entre 30 e 69 anos, mesmo sem histórico familiar de câncer, têm risco baixo, moderado ou alto de desenvolver tumores de mama será lançado no fim deste mês no Brasil.
O exame, que já é vendido nos EUA e foi desenvolvido pela empresa americana Intergenetics Incorporated, não será encontrado em farmácias ou hospitais. Só poderá ser solicitado por uma rede de médicos credenciados no site da empresa.
O preço estimado do OncoVue é de R$ 3.000. A análise do DNA é feita a partir de uma amostra de saliva, enviada para um laboratório nos EUA.

Editoria de arte/Folhapress
Já há testes similares para predizer o risco de a mulher ter câncer de mama, mas são indicados para aquelas com suspeita de síndrome hereditária da doença.
Nesses casos, o câncer ocorre em parentes próximas, como mãe e filha ou irmãs. Um exame de sangue identifica mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, responsáveis pela síndrome.
"Cerca de 90% dos casos de câncer de mama não estão ligados a essas mutações. O teste é para essa maioria que não sabe se tem o risco da doença", afirma Paulo Cruz, mastologista e consultor técnico da OncoVue.
A novidade, diz ele, é que o teste analisa 19 genes ligados à doença e 22 variações específicas no DNA, os SNPs (pronuncia-se "snip").
Segundo o médico, quem tiver o risco moderado ou alto de desenvolver a doença poderá receber acompanhamento específico e adotar medidas preventivas, como não fazer reposição hormonal.
"É uma grande sacada. Essas mulheres com maior risco poderão fazer exames mais detalhados", afirma.
POLÊMICA
O teste não é uma garantia de que a mulher com maior risco terá câncer. Questionado sobre se o teste poderá causar preocupação excessiva nas pacientes, Cruz nega. "Quem tiver risco elevado poderá se cuidar mais."
Esse tipo de teste, comum nos EUA, é polêmico por causa das implicações éticas e do impacto que o resultado pode causar nos pacientes.
"Já estamos observando que esses testes resultam em muitas informações com pouco conhecimento e geram mais angústias do que ajudam. A pessoa tem a mutação da doença e passa a vida toda sem desenvolvê-la. Para que saber?", questiona a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano.
Paulo Campana, diretor médico do laboratório CDB também faz ressalvas. "É complicado, porque pode gerar mais neuroses do que vantagens", afirma.
Na semana passada, a empresa americana Life Technologies Corp. anunciou o lançamento da máquina Ion Torrent, que decodifica o DNA das pessoas em um dia por US$ 1.000 (R$ 1.760).
O Fleury Medicina e Saúde comprou o aparelho, que deve chegar até o fim do mês. Mas o uso será para pesquisas de doenças genéticas em parceria com instituições públicas e privadas.
"O desafio hoje é descobrir o melhor uso dessa informação e quais serão as aplicações desse conhecimento", diz Edgar Rizzatti, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do Fleury.

MARIANA VERSOLATO
Folha

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