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2.25.2012

GEL PARA TRATAMENTO DE ENFARTE

Gel repovoa áreas danificadas por ataque cardíaco em tratamento experimental

O novo hidrogel, em estudo nos Estados Unidos, será um passo de gigante na área dos tratamentos cardíaco


Um gel injetável que repovoa as áreas danificadas por um ataque cardíaco está a ser testado, com sucesso, em suínos. Os bons resultados nestes ensaios levam os investigadores a querer testar o tratamento em humanos, com a vantagem de ser menos invasivo e de não obrigar à aplicação de uma anestesia geral.
O novo hidrogel, em estudo nos Estados Unidos, será um passo de gigante na área dos tratamentos cardíacos. Em caso de enfarte, certas células dos músculos do coração morrem, o que tem levado a ciência a procurar, desde há muitos anos, a melhor técnica para recuperar ou recriar esses tecidos. O sucesso do novo hidrogel nos ensaios realizados com suínos aumentou as expectativas quanto à possível aplicação em humanos.
A principal novidade deste hidrogel reside na composição, pois é feito a partir de tecido conjuntivo cardíaco que dispensa as células do músculo: estas são retiradas por meio de um processo de limpeza, liofilizadas e moídas em pó. Após um processo de liquefacção, o fluído resultado tem a vantagem de ser injetável, podendo por isso ser aplicado diretamente no coração.
O estado líquido permite a dispersão pelo tecido atacado, com a temperatura corporal a alterar a densidade do gel. Quando atinge a temperatura normal transforma-se numa estrutura mais sólida, em estilo alveolar, permitindo que as células repovoem as áreas de tecido cardíaco danificadas onde o gel foi injetado.
Além de preservar a função cardíaca, este gel, mais sólido e poroso quando à temperatura do corpo, transmite sinais bioquímicos que ajudam a bloquear a deterioração dos tecidos circundantes. Karen Christman, a investigadora principal, salienta que a resposta ao ataque cardíaco é dada por “remodelação de tipo positivo e não pró-inflamatória”.
O fato de ser injetável tem ainda a vantagem de ser minimamente invasivo (pode ser aplicado por cateter) e dispensa o recurso à anestesia geral ou à cirurgia. Ainda assim, a principal atração deste gel é o fato de não haver um tratamento padrão para as situações de ataque cardíaco. Só nos EUA registam-se cerca de 784 mil casos de enfarte por ano.
A condução dos ensaios em suínos foi justificada com as semelhanças entre estes animais e os humanos, nomeadamente quanto à anatomia, tamanho e temperatura do coração. Os principais resultados dos testes apontam a ausência de rejeição pelo organismo e a não existência de arritmias cardíacas, levando os investigadores a concluir que tais situações não irão acontecer aquando dos testes em humanos.
Por outro lado, a maioria dos tratamentos injetáveis têm sido testados em ratos, com o recurso a seringas, pois não têm a densidade correta para serem aplicados por via cateter.
Fonte:  http://www.ptjornal.com/

 Saiba mais:

Gel pode recuperar tecido cardíaco danificado por infarto

Material pode ser injetado no corpo humano por um cateter

Hidrogel O tecido conjuntivo em pedaços passa por uma limpeza profunda dentro de um béquer para remover suas células. No final de todo o processo, obtém-se um gel poroso e semissólido (UC San Diego Jacobs School of Engineering)
Cientistas da Universidade da Califórnia, em San Diego, desenvolveram um hidrogel injetável que promete ser uma forma eficaz de tratar danos no tecido do músculo do coração causados por infarto. Segundo Karen Christman, líder da pesquisa, publicada no Journal of the American College of Cardiology, a estimativa é de que ocorram 750 mil ataques cardíacos a cada ano só nos Estados Unidos. No Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, são 320 mil mortes por problemas cardiovasculares por ano

TECIDO CONJUNTIVO
As células do tecido conjuntivo têm como função servir de suporte e manter unida a estrutura corporal. Presente na maioria dos órgãos, como o coração, o tecido conjuntivo forma grande parte dos músculos, tendões, ossos, cartilagens e da pele. Também é conhecido como tecido conectivo, por preencher os espaços intercelulares do corpo e ligar órgãos e tecidos diversos.
O gel é produzido a partir de tecido conjuntivo cardíaco retirado de células musculares do coração por meio de um processo de limpeza. Então é liofizado (passa por um processo de secagem feito a baixa temperatura), moído até virar pó e liquefeito até se tornar um fluido que pode ser facilmente injetado no coração. Quando atinge a temperatura do corpo, ele se torna um gel semi-sólido e poroso, que leva as células a reocupar as áreas danificadas do tecido cardíaco.
Segundo o Dr. Luis Gowdak, membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) e cardiologista do InCor, o infarto ocorre a partir de uma súbita privação de oxigênio no tecido cardíaco. Se o fluxo de oxigênio não for rapidamente restabelecido, as células de parte ou de todo o coração morrem. Se o paciente sobreviver, as sequelas do ataque serão uma cicatriz e a diminuição da capacidade de contração do órgão, gerando insuficiência cardíaca.
"O objetivo do hidrogel, nesse caso, é regenerar a cicatriz e as células mortas, melhorando assim a capacidade de contração do músculo cardíaco", explica Gowdak. "A substância criada pelos pesquisadores norte-americanos faz parte do que se chama hoje em dia de medicina regenerativa, assim como a utilização de células tronco na regeneração de outros órgãos do corpo".
A pesquisa mostra que o hidrogel pode ser injetado no corpo humano por meio de um cateter, método pouco invasivo que dispensa cirurgia ou anestesia geral. O teste, que usou tecido do coração de porcos, foi aplicado em ratos e não causou nenhuma rejeição do organismo ou arritmias cardíacas nos animais. Segundo Christman, isso acontece porque a equipe removeu todas as células que poderiam ser rejeitadas pelo corpo.

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