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2.25.2012

Reeducação alimentar, exercícios e sem remédios para emagrecer:

Enfermeira de MG emagrece 41 kg após desistir de cirurgia e remédios

Beatriz Quirino, de 22 anos, tem feito reeducação alimentar e exercícios.
Jovem passou de 106 kg para 65 kg em 6 meses, e ainda quer perder 5 kg.


Após anos de tentativas frustradas para emagrecer, que incluíram moderadores de apetite, consultas a nutricionistas, endocrinologistas, psicólogos, médicos ortomoleculares e terapias holísticas, além de exames para fazer uma cirurgia de redução de estômago, a enfermeira Beatriz Quirino, de 22 anos, eliminou 41 kg com reeducação alimentar e exercícios físicos.
“Meus pais sempre foram contra a operação bariátrica, pois conheciam casos de pessoas que tiveram depressão, passavam mal ou vomitavam ao comer. Quem faz tem muita coragem e merece respeito, mas, sem o apoio da minha família, não tive coragem”, conta a mineira de Belo Horizonte.
Beatriz antes e depois (Foto: Arquivo pessoal)Imagem à esquerda mostra Beatriz em junho de 2010, com 99 kg - depois ela ainda ganhou 7 kg - e em janeiro deste ano, com 65 kg, após 6 meses de reeducação alimentar e exercícios (Foto: Arquivo pessoal)
Foi no mesmo mês, em agosto de 2011, que Beatriz aproveitou que uma tia tinha marcado consulta com uma nutróloga, mas não poderia ir, e foi no lugar dela. No entanto, ela não acreditava que conseguiria sair do patamar dos 106 kg.
"Lá, fiz um exame chamado bioimpedância, que mediu a quantidade de ossos, músculos, gordura e água no meu corpo. Tinha 58% de gordura. A conversa durou uma hora e meia e quis 'estrangular' a médica, por tanto terrorismo sobre os malefícios da obesidade”, lembra. Atualmente, seu percentual de gordura está em 39,5%, e quer chegar aos 30% – o normal é entre 18% e 28%.
A nutróloga recomendou um programa alimentar que previa refeições menores e mais frequentes, muitas fibras, água e caminhadas leves. Foi então que a enfermeira trocou os biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerante e fast food por frutas, iogurtes, barrinhas de cereais e legumes como brócolis, couve-flor, abóbora e cenoura no vapor, já que não gosta de salada.
“Também diminuí a carne vermelha de sete para uma vez por semana e aumentei a ingestão de água de 200 ml para 1,5 litro por dia. A acne sumiu da minha pele, e o intestino que era preguiçoso e funcionava uma vez por semana, muitas vezes à base de laxante, hoje está bem regulado”, compara Beatriz.
A acne sumiu da minha pele, e o intestino que era preguiçoso (...), hoje está bem regulado"
Beatriz Quirino
Para se manter na linha, a mineira comprou uma bolsa térmica onde coloca tudo o que vai comer durante o período em que estiver fora de casa. Além disso, programa o celular para despertar a cada 2h, para não ficar com a barriga vazia nem sentir fome demais.
Caminhadas e academia
Nos primeiros cinco meses de mudança de hábitos, Beatriz fez apenas um controle alimentar, pois cumpria um plantão de 12h por dia no trabalho e, à noite, estudava para um concurso público. A atividade física, então, ficava restrita a caminhadas de 40 minutos aos finais de semana, em uma praça perto de casa.
Passada essa fase, em janeiro a enfermeira se matriculou na academia, aonde vai de segunda a sexta, durante 1h, e faz exercícios aeróbicos e musculação.
“A diferença de um mês para cá foi gigante. Ganhei fôlego, resistência e posso subir uma escada ou ladeira sem cansar”, diz.
Beatriz carnaval (Foto: Arquivo pessoal) 
Beatriz realizou um sonho e cortou o cabelo neste
carnaval, após perder 41 kg (Foto: Arquivo pessoal)
Roupas, cabelo e até o pé menores
Ao chegar aos 65 kg em 1,60 m de altura, Beatriz encurtou as roupas e os cabelos, um sonho antigo.
“Sempre quis ter cabelo curto, mas tinha medo de ficar com o rosto muito redondo”, ressalta.
Os vestidos também perderam pano no comprimento e nas laterais: “Antes, eu só usava batas e coisas largas. Passei de uma calça 54 para 42 e de uma blusa GGG para M. Até meu pé diminuiu, porque era inchado. Mudei do número 38 para o 37”, revela.
A enfermeira doou todo o guarda-roupa antigo para instituições de caridade e ainda está comprando peças novas. Vai esperar renovar por completo quando perder mais 5 kg – seu objetivo final.
O único senão da perda de peso foi a flacidez nos braços, abdômen, mamas e parte interna da coxa, que Beatriz pretende um dia corrigir com cirurgia plástica.
Sempre quis ter cabelo curto, mas tinha medo de ficar com o rosto muito redondo"
Beatriz Quirino
Vida nova
A reeducação da enfermeira mudou por completo a forma como ela vê os alimentos. “Sempre idolatrei a comida, achava a coisa mais gostosa do mundo. Minhas recompensas por notas boas na escola ou favores aos meus pais sempre eram com isso”, conta.
Ela agora não perde mais oportunidades como acontecia na infância e na adolescência, como a vez em que deixou de ir a uma viagem com a turma do ensino médio por vergonha de usar roupa de banho.
Além da transformação física, as pessoas perceberam uma melhora no humor de Beatriz. “Estou mais tranquila, engraçada. Sempre fui extrovertida, mas sentia vergonha de me aproximar de pessoas estranhas. Ganhei autoconfiança”, destaca.
Beatriz antes e depois 2 (Foto: Arquivo pessoal) 
Beatriz e Wander juntos em agosto de 2011e, à direita, na virada do ano (Foto: Arquivo pessoal)
O sentimento de inferioridade e desvantagem em relação aos outros acabou, e o apoio da família e do namorado, Wander – que está com Beatriz há dois anos e meio –, foi fundamental nesse processo.
“Todo obeso é uma bomba prestes a explodir. Meu pai é hipertenso, meu avô diabético e há vários casos de problema de peso na minha família. Hoje, tenho orgulho das minhas fotos e quero incentivar todos gordinhos do Brasil a saber que sempre tem uma saída. Apesar de podermos ser lindos independentemente do peso, a saúde tem que estar em primeiro lugar”, completa.

Luna D'Alama Do G1, em São Paulo

 PORQUE NÃO TOMAR REMEDIOS:

 Quais são  efeitos colaterais?

Mesmo que os remédios sejam seguros se usados da maneira correta, eles podem causar uma série de efeitos colaterais. "Cada tipo de medicação contra obesidade tem efeitos colaterais específicos, que também variam de acordo como metabolismo de cada individuo", explica a endocrinologista Glaucia Duarte.

Os anorexígenos (anfepramona, femproporex, mazindol), podem causar irritabilidade, insônia ou sono superficial, tremores, depressão ou se alternam períodos de estímulo com períodos de depressão, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. "Todos esses efeitos estão ligados ao sistema nervoso e cardiovascular, áreas onde os anorexígenos têm efeito", diz Glaucia Duarte.

Já os sacietógenos, que aumentam a sensação de saciedade, normalmente apresentam efeitos colaterais mais suaves que os anfetamínicos, causando insônia ou sono superficial, agitação, irritabilidade (que não é um sintoma frequente). Mesmo assim a sibutramina, que se enquadra nesse grupo, foi proibida de ser comercializada nos Estados Unidos e na Europa por que os órgãos responsáveis alegaram que o medicamento acelera a frequência cardíaca, provocando arritmias em quem já tem a propensão de doenças cardíacas. No Brasil, a sibutramina foi enquadrada na categoria de remédio controlado.

Os inibidores da absorção de gorduras apresentam efeitos colaterais principalmente se a ingestão de gorduras for exagerada. É como um sinal vermelho. "A pessoa apresentará diarreia com fezes pastosas ou líquidas, podendo até eliminar gotas de gorduras depois de refeições mais pesadas. Por isso, mesmo tomando remédios para emagrecer, é preciso ter uma alimentação balanceada e saudável", diz a endocrinologista Vânia dos Santos Nunes.  

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