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3.24.2012

Cientistas na trilha de drogas eficazes contra dor e depressão


Descoberta da estrutura de proteínas ligadas ao bem-estar pode levar a novos tratamentos

CHAPEL HILL, Carolina do Norte — Pesquisadores decifraram a estrutura de dois receptores opioides do cérebro, móleculas de proteína intimamente ligadas ao controle da dor e a sentimentos de bem-estar, conhecidas também por serem o alvo de drogas como morfina, ópio e heroína. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos e medicamentos para tratar doenças como depressão, dor crônica, dependência química e ansiedade. As descobertas foram publicadas na revista especializada “Nature”.
— Uma vez que descobrimos a estrutura do receptor, fica mais fácil desenvolver drogas que o tenham como alvo — disse o professor Bryan Roth, da Escola de Medicina da Universidade de Carolina do Norte, um dos responsáveis pelo estudo, ao jornal “The independent”.
Há quatro tipos de receptores opioides, que trabalham juntos de uma forma ainda não completamente compreendida. Dois deles foram decifrados por duas equipes de pesquisadores. O grupo do professor Roth trabalhou no receptor Kappa, conhecido por responder a uma das mais alucinógenas das drogas naturais, a salvinorina A, conhecida como “menta mágica”. Ela é derivada da planta Salvia divinorum, uma das 900 espécies conhecidas de sálvia e usada por curandeiros mazatecas (tribo indígena mexicana) em rituais de cura e purificação.
De acordo com o Instituto Americano de Abuso de Drogas, atualmente há uma horda de jovens americanos recorrendo à salvinorina A: pelo menos um em cada 20 a teriam experimentado no ano passado.
O segundo receptor opioide estudado foi o Mu, relacionado ao prazer e ao alívio da dor, por estimular os neurotransmissores de endorfina. É este receptor o alvo de drogas como heroína e ópio.
Se o Kappa parece melhorar o humor, o Mu parece ter o efeito contrário e produzir “experiências psicodélicas dissociativas”, como as que ocorrem com quem usa a Salvia divinorum.
Testes com animais indicaram que as drogas que podem bloquear o Kappa seriam úteis no tratamento de dependência química, proporcionariam alívio da dor e reduziriam os sintomas da síndrome do intestino irritável. Mesmo os efeitos psicodélicos associados a ele poderiam trazer novas luzes ao conhecimento da percepção e da consciência humana, observou Roth.


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