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6.13.2012

FIOCRUZ ANUNCIA PRIMEIRA VACINA CONTRA ESQUISTOSSOMOSE NO MUNDO.

Doença, também chamada de barriga d’água, atinge 200 milhões de pessoas no mundo






Miriam Tendler, coordenadora de pesquisa na Fiocruz, anuncia desenvolvimento de vacina brasileira contra a esquistossomose, a primeira do mundo
Foto: Rafael Moraes




Miriam Tendler, coordenadora de pesquisa na Fiocruz, anuncia desenvolvimento de vacina brasileira contra a esquistossomose, a primeira do mundo Rafael Moraes
RIO - O Brasil é o primeiro país a desenvolver uma vacina contra a esquistossomose, conhecida como barriga d'água, que atinge 200 milhões de pessoas no mundo. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou nesta terça-feira a aprovação da droga nos primeiros testes realizados em humanos, o que garante sua segurança. A expectativa é que o produto chegue ao mercado em até quatro anos. Trata-se também da primeira vacina contra uma doença parasitária, ou seja, provocada por vermes.
Tanto a origem da tecnologia, como a coordenação dos trabalhos de 30 anos foi feita por cientistas brasileiros, o que também marca o ineditismo da droga, a primeira destinada a humanos com esse selo totalmente nacional.
- Esta inovação é originalmente brasileira, o que coloca o país na fronteira do conhecimento em uma área de alta complexidade tecnológica - afirma a coordenadora do projeto de pesquisa, Miriam Tendler, que calcula que, no prazo máximo de cinco anos, seja possível imunizar a população dos locais onde ocorre a endemia.
A vacina é baseada no antígeno Sm14, uma proteína que permite o transporte de lipídeos do organismo do hospedeiro para o verme. Uma vez em contato com a substância, o corpo humano produz anticorpos que atuam sobre esta proteína no parasita e impedem seu ganho de energia, levando-o à morte. Essa ação impede que novos ovos do verme retornem ao meio ambiente pelas fezes humanas e infectem mais pessoas, ou volte a infectar o antigo hospedeiro que já tenha sido tratado, mas continua em áreas de risco. A ideia é vacinar crianças e preparar o organismo para combater a doença ainda na sua fase inicial, sem que o hospedeiro chegue a sofrer com os sintomas. O objetivo é erradicar a esquistossomose.
O Rio de Janeiro não é uma área endêmica da doença, mas ela está presente em 18 estados brasileiros, com maior incidência no nordeste e em Minas Gerais. Estima-se que a condição atinja 2,5 milhões de pessoas no país. A esquistossomose é considerada pela Organização Mundial da Saúde a segunda doença parasitária mais devastadora socioeconomicamente, atrás apenas da malária. A maior prevalência é em áreas de baixa infraestrutura sanitária e os principais grupos de risco são os de baixo índice escolar e baixa renda, o que a torna uma doença negligenciada.
A esquistossomose pode se manifestar nas fases aguda e crônica. Na primeira, a mais comum, o paciente pode ter coceiras, dermatites, fraqueza, febre, dor de cabeça, diarreia, enjoos e vômito. Na crônica, o quandro pode evoluir para um quadro mais grave com aumento da fibrose do fígado, aumento do baço, o que pode levar a hemorragias provocadas por rompimento de veias do esôfago e dilatação do abdômen, ou barriga d'água. Se não tratada, ela pode levar à morte.
O Globo


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