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9.03.2012

Ao contrário do que se imaginava, cirurgia de remoção do pâncreas não provoca diabetes incontrolável

Diabetes

Segundo estudo americano, pacientes que precisam ter o órgão totalmente retirado não têm dificuldades para controlar o açúcar no sangue

Diabetes tipo 2: cirurgia bariátrica eliminou a necessidade de medicamentos em pacientes de estudo brasileiro
Diabetes: Cirurgia que retira completamente o pâncreas não provoca doença incontrolável (Thinkstock)
Como o pâncreas é o órgão responsável por produzir insulina, hormônio que reduz as taxas de glicose no sangue, muitos médicos acreditam que retirar completamente o órgão de pacientes com câncer ou cistos pré-cancerosos na região pode desencadear um caso de diabetes incontrolável. No entanto, uma pesquisa da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, concluiu que essa concepção pode estar equivocada e que as terapias de reposição de insulina são suficientemente eficazes para controlar a doença.

Opinião do especialista

Paulo Rosenbaum
Endocrinologista do Hospital Israelita Albert Einstein

"Esse é um estudo pequeno que determina que o controle do diabetes entre pacientes que tiveram o pâncreas removido foi semelhante ao de pacientes com o órgão. A pesquisa revela que os tratamentos para o diabetes tipo 1 evoluíram muito, mas não mostra algo revolucionário.
Seus resultados podem mudar o comportamento de cirurgiões mais conservadores, que optam por deixar um pedaço do pâncreas em pacientes com câncer — o que pode aumentar o risco de a doença voltar.
O pâncreas produz, além de insulina, algumas das enzimas essenciais para a digestão. Por isso, essas enzimas devem ser repostas em pacientes que tiveram o órgão removido. Essas pessoas não vivem normalmente, mas conseguem controlar as doenças que surgem com a remoção do pâncreas."
O estudo, publicado neste mês no periódico HPB Surgery, acompanhou durante vários anos 14 pacientes que tiveram o pâncreas inteiro removido. Depois, os autores compararam os resultados de exames de saúde desses pacientes aos de 100 pessoas que tinham diabetes tipo 1 e que precisavam fazer reposição de insulina. A equipe concluiu que os dois grupos apresentaram pouca dificuldade em controlar os níveis de açúcar na corrente sanguínea e não relataram complicações de saúde em decorrência da falta de produção do hormônio.
“O que tem confundido por muito tempo a cirurgia de retirada do pâncreas em casos de câncer ou cistos pré-cancerosos é a noção de que, se o órgão for removido completamente, o paciente teria uma imensa dificuldade em controlar o diabetes resultante do procedimento. Por esse motivo, muitos profissionais tentam ao máximo evitar a retirada do órgão”, diz Michael Wallace, coordenador do estudo. Para o pesquisador, esses resultados devem tranquilizar os médicos cirurgiões na hora da decisão sobre a remoção total do pâncreas de um paciente. “Nós mostramos que, devido aos avanços recentes e fantásticos da terapia com insulina, pacientes sem o pâncreas podem controlar de forma eficaz o açúcar no sangue.”
Os autores explicam que o problema de retirar apenas uma parte do pâncreas, como muitos médicos fazem, é que os pacientes podem desenvolver um câncer mais difícil de ser detectado na parte do órgão remanescente, ou então outros cistos pré-cancerosos que podem desencadear um câncer grave. "A decisão quanto à retirada do pâncreas é difícil para os cirurgiões, mas esse processo pode se tornar um pouco mais fácil agora que demonstramos que pacientes se saem bem mesmo após a cirurgia”, diz Wallace.
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