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3.24.2012

Anestésico local




Os Anestésicos locais são um grupo de fármacos utilizados para induzir a anestesia a nível local sem produzir inconsciência.

Introdução

'Anestesia local' corresponde ao bloqueio reversível da condução nervosa, determinando perda das sensações sem alteração do nível de consciência. Reversibilidade de efeito é a principal característica que diferencia anestésicos locais de agentes neurolíticos, como fenol e álcool.
A molécula típica de anestésico local é constituída por um grupo lipofílico (usualmente um anel benzeno) e um grupo hidrofílico (usualmente amina terciária), separada por uma cadeia intermediária que incluem ligação éster ou amida. O grupo lipofílico (lipossolúvel) é necessário para a passagem da molécula pela membrana da célula nervosa, enquanto o grupamento hidrofílico (ionizável) interage com o receptor celular.

Classificação

De acordo com a natureza da cadeia intermediária, os anestésicos locais classificam-se em agentes tipo éster ou amida.
Classificação dos anestésicos locais de acordo com a estrutura química
Ésteres
De ácido benzóico
Cocaína
Benzocaína
Tetracaína
De ácido para-aminobenzóico (PABA) Procaína
Cloroprocaína
Propoxicaína
Amidas
Agentes derivados da xilidina
Lidocaína
Mepivacaína
Bupivacaína
Ropivacaína
Etidocaína
Agentes derivados da toluidina
Prilocaína
Articaína
A importância clínica dessa divisão está associada à duração do efeito (forma de inativação dos compostos) e, especialmente, ao risco de reações alérgicas. Os ésteres são hidrolisados por enzimas encontradas de forma ampla em plasma e diferentes tecidos. Isso geralmente determina duração de efeito menor. Faz exceção a tetracaína, de efeito mais prologando. Amidas sofrem metabolismo hepático, com conseqüente maior duração de ação. Ésteres determinam maior taxa de reações de hipersensibilidade, enquanto alergias são raras com anestésicos tipo amida.
Anestésicos locais são bases orgânicas fracas, pobremente solúvel em água. Por isso, as soluções comerciais são preparadas como sais ácidos (hidrossolúvel), geralmente obtidos por adição de ácido clorídrico. Assim, apesar de os agentes serem bases fracas, as preparações farmacêuticas (sais de hidrocloretos) são levementes ácidas, com o pH variando de 4,5 a 6,0 em tubetes odontológicos. Esta acidez aumenta a estabilidade das soluções anestésicas. Uma vez injetadas nos tecidos, com pH mais alcalino (pH = 7,4), há tamponamento do ácido, liberando base em forma não-ionizada, passível de ser absorvida. Quando o pH do meio não favorece essa transformação, a ação anestésica não se processa. É o que ocorre em presença de processos inflamatórios e/ou infecciosos, em que o pH tecidual extremamente baixo promove ionização da molécula, impedindo sua ação. Em meio ácido, as bases recebem íons hidrogênio e tornam-se carregadas positivamente (ionizadas ou polarizadas), diminuindo sua positividade de atravessar membranas celulares (menor lipossolubilidade). Suplementação excessiva de doses num mesmo local determina menor resposta, pois esgota a capacidade tamponante do meio, não liberando a base.
Anestésicos locais atuam sobre os processos de geração e condução nervosa, reduzindo ou prevenindo o aumento de permeabilidade de membranas excitáveis ao sódio, fenômeno produzido por despolarização celular. Embora vários modelos tenham sido propostos para explicar sua ação sobre fibras nervosas, aceita-se hoje que o principal mecanismo envolve sua interação com um ou mais sítios específicos de ligação em canais de sódio.

História

Embora inúmeras substâncias de estrutura química diversa sejam capazes de produzir anestesia local, a maioria das drogas de comprovada utilidade clínica (identificadas com o sufixo "caína") compartilham uma configuração fundamental com o primeiro anestésico local verdadeiro, a cocaína.
Durante séculos, os nativos das montanhas peruanas vêm utilizando folhas de coca para evitar a fome, aliviar a fadiga e elevar o espírito. O interesse pelas propriedades psicotrópicas da Erythroxylon coca levou ao isolamento da cocaína por Albert Niemann, em 1859, e ao estudo de sua farmacologia por Von Anrep, em 1880. Embora ambos tenham descrito a ação anestésica local da cocaína, o crédito para sua introdução na medicina pertence a Carl Koller, um médico vienense. Em 1884, Koller familiarizou-se com os efeitos fisiológicos da cocaína descrito por Sigmund Freud. Koller reconheceu o grande significado clínico da droga e logo demostrou sua ação no alívio da dor em vários procedimentos oftalmológicos.
O conhecimento do potencial de reações adversas da cocaína logo acompanhou sua aceitação geral como anestésico local. No entanto, várias mortes atribuídas à cocainização aguda testemunharam o baixo índice terapêutico da droga. A tendência ao abuso da cocaína foi significativamente ilustrada pela autodependência de William Halsted, um pioneiro no bloqueio nervoso regional.

Mecanismo de ação

Os anestésicos locais bloqueiam fisicamente por interacções lipofílicas (ocluindo o poro) os canais de sódio das membranas dos terminais dos neurônios. Como o potencial de ação é dependente do influxo de sódio, ao não ocorrer não há propagação do sinal nervoso.
Os neurônios com axônios com menor diâmetro são mais facilmente bloqueados, o que permite ajustar a dose de forma a não inativar os neurônios motores, mas apenas os sensitivos e os do sistema nervoso autônomo, já que os motores têm diâmetros consideravelmente maiores.
A administração local concomitante de um vasoconstritor reduz os seus efeitos sistêmicos e potencializa e prolonga os seus efeitos locais.
O uso de anestesia local é indicado para operações simples, que envolvem pequenas áreas, como algumas cirurgias plásticas ou para suturar cortes (dar pontos).

Seleção

Anestésicos classificam em agentes de:

Curta duração

Procaína

Clorprocaína

Média Duração

Lidocaína

É o anestésico padrão, com o qual os demais são comparados. Usada em diversas técnicas anestésicas, também pode ser administrada por via intravenosa para também tratar de arritmias cardíacas em unidades de cuidados intensivos ou durante cirurgias.

Mepivacaína

É um anti anestésico local do tipo não amida muito utilizado em odontologia. Tem maior indicação nos casos em que o uso de vasoconstrictores é perigoso para o paciente, pois pode ser usado sem esta substância e sem perda importante da potência e tempo de duração da analgesia. Não é usada topicamente, sendo empregada em anestesias infiltrativas e bloqueios periféricos. Sem vasoconstrictor é usado na concentração de 3%.

Prilocaína

Tem amplo uso em Odontologia, especialmente em casos em que aminas simpaticomiméticas estão contra-indicadas, pois está contida na única preparação comercialmente disponível no Brasil que tem felipressina como vasoconstritor.

Longa duração

Tetracaína

Ropivacaína

Bupivacaína

Está indicada em procedimentos Odontológicos de maior duração ou em que se deseja analgesia pós-operatória mais prolongada (varias horas). Comparada com lidocaína, o início de efeito da bupivacaína é mais tardio, mas a duração é duas vezes maior. Durante seu uso em anestesia, especialmente obstétrica, foram relatadas casos de parada cardíaca de difícil recuperação. No entanto, o uso odontológico em baixas doses torna essa complicação improvável.

Etidocaína

Outros

Ropivacaína

Articaína

Efeitos úteis

Perda completa de sensação local, e em especial da dor, sem perda do controle muscular. O doente pode cooperar, respondendo a pedidos do cirurgião. Não há riscos elevados de efeitos dos anestésicos como para os anestésicos gerais.

Efeitos adversos

Apesar das precauções, alguma pequena quantidade de fármaco chega sempre a outros órgãos, nomeadamente ao cérebro e ao coração.
  • Ansiedade com tremores. Euforia, agitação.
  • Confusão
  • Convulsões (incomum)
  • Depressão nervosa, em altas doses algum risco de depressão respiratória.
  • Vasodilatação e redução da frequência cardiaca.
  • Hipotensão arterial
  • Reacções alérgicas.

Fármacos do grupo

Bibliografia

  • Farmacologia clínica para dentistas; Lenita Wannmacher, Maria Beatriz Cardoso Ferreira. Guanabara Koogan; 2º edição; 1999.

Em Busca Da Qualidade Total Em Anestesia

REV BRAS ANESTESIOL 1997; 47: 4: 281-282 EDITORIAL
José Roberto Nociti

De maneira genérica, são três os componentes da qualidade assistencial em Medicina1:
 1) efetividade ou obtenção dos melhores resultados assistenciais possíveis;
 2) eficácia ou obtenção destes resultados com o menor gasto;
 3) aceitação ou satisfação do paciente.
A qualidade é um conceito inseparável da Anestesiologia enquanto especialidade médica.
O processo de controle de qualidade e a auditoria em anestesia possibilitam a avaliação da situação assistencial de um Serviço/Departamento bem como indicam as soluções para os problemas detectados. Os objetivos são a diminuição da morbimortalidade anestésica, o bom aproveitamento dos recursos, a segurança e o bem-estar do paciente.

A qualidade do serviço oferecido em anestesia depende de diversos fatores:
  1. Padronização de cuidados, incluindo: determinação periódica de pressão arterial e freqüência cardíaca, eletrocardiografia contínua, oximetria, monitorização da ventilação, monitorização de desconexão de componentes do sistema respiratório, analisador de oxigênio.
  2. Padronização do aparelho de anestesia e do equipamento. Um relatório apresentado à Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados norte-americana, em 1989, concluiu que os aparelhos de anestesia ocupam o terceiro lugar entre os dispositivos médicos que com maior freqüência apresentam mau funcionamento, atrás apenas dos ventiladores de pulmão e dos marcapassos 
     Antes da realização de uma anestesia, devem ser efetuados uma série de testes que assegurem que o aparelho está funcionando perfeitamente. Em 1986, a FDA (Food and Drug Administration) norte-americana publicou uma sistemática para verificação do funcionamento do aparelho de anestesia e do equipamento correlato, antes da administração da anestesia. Em 1992, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia encaminhou a todos os seus membros uma sistemática ou check list similar, elaborada pela sua Comissão de Normas Técnicas. Sistemáticas como estas podem ser criticadas pela sua complexidade. Na realidade, não há obrigatoriedade para o anestesiologista em adotá-las integralmente. O importante é que adote uma rotina de inspeção do aparelho de anestesia, que pode ser inclusive a sistemática pré-operacional do próprio fabricante. Só assim ele poderá minimizar os riscos de mau funcionamento destas máquinas, garantindo a segurança e, portanto, a qualidade do serviço.
  3. Avaliação pré-operatória do paciente, indispensável ao planejamento do ato anestésico, à adequação de custos com exames laboratoriais, à redução da taxa de suspensão de cirurgias.
  4. Existência de Sala de Recuperação Pós-Anestésica com estrutura adequada para reverter rapidamente alterações das funções respiratória, hemodinâmica, neuromuscular, bem como proporcionar controle da dor pós-operatória4.
  5. Fator humano, que inclui algumas características inatas do anestesiologista, formação profissional, educação continuada, erros de conduta e performance inadequada devida a sobrecarga de trabalho, fadiga e indutores de estresse ambientais.
Neste número, a Revista Brasileira de Anestesiologia inicia a publicação de uma série de artigos visando consolidar uma política de qualidade e estratégias de avaliação, na busca da qualidade total em anestesia.
José Roberto Nociti
Editor Associado da RBA. Membro do Comitê Executivo da WFSA
Rua Ayrton Roxo 870. 14025-270 Ribeirão Preto - SP

REFERÊNCIAS
  1. Munoz-Ramón JM - Control de calidad en anestesiología. Rev Esp Anestesiol Reanim, 1995;42: 91-95.
  2. Eichhorn JH - The Role of Standards of Care. Problems in Anesthesia, 1991; 5(2):188-204.
  3. Lees DE - Anesthesia Machine and Equipment Standards. Problems in Anesthesia, 1991;5: 2:205-218.
  4. Andrews IC - The Role of Recovery Room Care. Problems in Anesthesia, 1991;5:2:246-264.

Para não entregar a idade

Tratamentos para rejuvenescer pescoço, colo e mãos ganham cuidados que antes só eram reservados ao rosto

Cilene Pereira e Monique Oliveira

 Assista à entrevista com a dra. Daniela Landim e confira dois depoimentos de pacientes :
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DESGASTE
Em geral, essas regiões são bastante expostas ao sol sem proteção
Depois de muitos e eficazes esforços para melhorar a aparência do rosto, a medicina começa a aumentar a atenção para garantir um melhor aspecto às áreas do pescoço, colo e das mãos. Regiões tradicionalmente relegadas a um segundo plano nos cuidados de beleza, elas agora estão ganhando importância quase equivalente à dedicada à face. Afinal, está cada vez mais claro que de nada adianta estar com o rosto impecável se qualquer uma dessas outras áreas apresentar gordura, flacidez, rugas e manchas. Isso acaba entregando a idade de qualquer um. “Esse problema sempre foi motivo de queixa das pacientes”, diz a dermatologista Bruna Bravo, do Rio de Janeiro.

Hoje, nos consultórios, é cada vez maior a lista dos tratamentos oferecidos para essas áreas. A maioria se baseia nos mesmos recursos usados para o rosto. A diferença está na intensidade das aplicações de tecnologias, concentrações e textura de ativos e frequência de sessões, por exemplo. O cuidado é necessário porque a pele do pescoço, colo e das mãos manifesta características distintas da cútis presente na face. Em linhas gerais, ela é mais fina e apresenta maior tendência ao ressecamento (há menos glândulas sebáceas) e à flacidez (há menor quantidade de colágeno, fibra que dá sustentação à pele). Há também distinção em relação à própria resistência da pele. “No rosto, podemos ser mais agressivos com os tratamentos, pois a cicatrização e a recuperação são excelentes”, explica a dermatologista Daniela Landin, de São Paulo. “Já mãos, colo e pescoço são áreas de recuperação mais difícil”, diz.

Um dos tratamentos com melhor resultado é a aplicação de ácido hialurônico. O produto preenche sulcos e depressões na pele, padronizando sua superfície. Como é injetado diretamente na área a ser recuperada, o efeito é imediato. Por isso a paciente pode observar as mudanças na hora (ela só não pode se impressionar com o leve inchaço que costuma ocorrer logo após as injeções). Há uma versão – o gel linear de ácido hialurônico e glicerol – que apresenta um forte poder de hidratação. “O tratamento pode ser feito a cada 15 dias ou uma vez por mês”, diz Daniela Landin.

O uso de laser também começa a se difundir para além da face. O raio já teve sua eficácia comprovada cientificamente na melhora da textura da pele do rosto – ele provoca uma grande produção de colágeno, que se mantém por meses após as aplicações. Entre os tipos de laser que estão sendo utilizados está o fracionado. Ele atinge pontos específicos, deixando a pele ao redor intacta. “Dessa forma, a cicatrização ocorre de modo mais rápido e seguro”, diz o cirurgião plástico Miguel Sorrentino, do Rio de Janeiro. “O processo de cicatrização é estimulado para originar um tecido novo e saudável”, complementa.

A flacidez do contorno do rosto e as rugas horizontais do pescoço são alvos fundamentais a serem atacados – eles estão entre os sinais mais visíveis do envelhecimento. A correção pode ser feita principalmente com a aplicação da toxina botulínica. Injetada em locais precisos do pescoço e do contorno facial (um deles é um músculo responsável pelo rebaixamento dos cantos da boca), ela promove uma leve redefinição da linha da mandíbula e suaviza as rugas. Mas também há opções como os aparelhos de infravermelho ou radiofrequência, indicados para combater a flacidez.

Um dos principais problemas sofridos pela pele das mãos e do colo é o surgimento de manchas associadas à exposição solar sem proteção. Isso ocorre porque, em geral, as pessoas tendem a proteger apenas o rosto. Esquecem que as mãos, principalmente, estão ainda mais expostas aos raios solares. “Por isso as manchas nessas áreas são muito frequentes”, diz a dermatologista Ana Paula Meski, de São Paulo. Elas não são muito fáceis de serem tratadas, mas pode-se reduzir sua presença com o uso de peelings à base de ácidos e também de laser. E sempre sair ao sol com proteção.
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Felicidade aumenta depois dos 45 anos

Foram analisados os estilos de vida de mais de 10 mil pessoas nos EUA e no Reino Unido

Do Portal Terra

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A imagem do "velho carrancudo" pode não corresponder à realidade como muita gente pensa. Um estudo da Universidade de Warwick indica que, apesar de a qualidade física inevitavelmente decair conforme os anos passam, a satisfação mental aumenta a partir dos 45 anos. Os dados são do site Daily Mail.
Foram analisados os estilos de vida de mais de 10 mil pessoas nos EUA e no Reino Unido, colocando em questão fatores como percepção geral da saúde, dores, sociabilidade e saúde mental. Foi observada uma curva em "U", na qual a felicidade atinge seu mínimo aos 45 anos, para depois apenas crescer.
Para Saverio Stranges, pesquisador que comandou o estudo, a felicidade pode aumentar a partir dessa idade porque as pessoas lidam melhor com as dificuldades do que os jovens, não se deixando afetar tanto. Algo como uma habilidade de "suportar". "Pessoas mais velhas lidam melhor com as dificuldades e fatos negativos. Também pode ser por terem menos expectativas, não se pressionarem tanto na vida pessoal e profissional", disse ao site.

Estresse infantil

Agenda cheia, reprovação dos pais, conflitos na escola. Pesquisas na área de neurociência e comportamento mostram como a exposição a fatores estressantes compromete o desenvolvimento das crianças e o que fazer para evitar danos futuros

Rachel Costa

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Natação, inglês, equitação, tênis, futebol. É cada vez mais comum encontrar crianças que mal saíram da pré-escola e já cumprem agendas de “miniexecutivo”, com compromissos que se estendem ao longo do dia. A intenção dos pais ao submeter os filhos a essas rotinas é torná-los adultos superpreparados para o competitivo mundo moderno. O preço que se paga por tanto esforço, porém, pode ser alto. Ainda pequenas, essas crianças passam a apresentar um problema de gente grande, o estresse. “É uma troca que não vale a pena”, afirma o psicoterapeuta João Figueiró, um dos fundadores do Instituto Zero a Seis, instituição especializada na atenção à primeira infância. “Frequentemente essa rotina impõe à criança um sentimento de incompetência, pois lhe são atribuídas tarefas para as quais ela não está neurologicamente capacitada.” Como uma bomba-relógio prestes a explodir, o estresse infantil tem ganhado status de problema de saúde pública. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Academia Americana de Pediatria publicou, em dezembro, novas diretrizes para ajudar os médicos a identificar e tratar esse mal. O risco dessa exposição, alertam os cientistas, são danos que vão bem além da infância, como a propensão a doenças coronarianas, diabetes, uso de drogas e depressão.

Dos poucos estudos brasileiros sobre estresse infantil, se destaca um levantamento realizado pela pesquisadora Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR). A pesquisa, feita com 220 crianças entre 7 e 12 anos nas cidades de Porto Alegre e São Paulo, revelou que oito a cada dez casos em que os pais buscam ajuda profissional para seus filhos por causa de alterações de comportamento têm sua origem no estresse. “O estresse é uma reação natural do nosso corpo, o problema é esse estímulo atingir níveis muitos altos ou se prolongar por longos períodos”, diz Ana Maria.

Para ajudar pais e profissionais de saúde a identificar quando há risco, cientistas do Centro de Desenvolvimento da Criança da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, propuseram uma divisão: o estresse positivo, aquele em que há pouca elevação dos hormônios e por pouco tempo; o tolerável, caracterizado pela reação temporária e que pode ser contornada quando a criança recebe ajuda; e o tóxico, o que deve ser combatido, ligado à estimulação prolongada do organismo, sem que a criança tenha alguém que a ajude a lidar com a situação. “A origem pode estar em episódios corriqueiros que gerem frustração ou aflição frequentemente, como brigas na escola ou com familiares, ou em situações únicas, mas com impacto muito grande, como a morte inesperada de alguém próximo, abuso sexual ou acidente”, esclarece Christian Kristensen, coordenador do programa de pós-graduação em psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Quando exposto a quantidades muito grandes dos hormônios do estresse, o organismo sofre uma espécie de intoxicação. Cai a imunidade, deixando a pessoa mais exposta a infecções, há uma interferência nos hormônios do crescimento e até mesmo o amadurecimento de partes essenciais do cérebro, como o córtex pré-frontal, é afetado. “Essa região é responsável pelo controle das funções cognitivas, como a capacidade de moderar a impulsividade e a tomada de decisões”, explica o neurocientista Antônio Pereira, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
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SINAIS
Uma professora alertou Liliana para a dificuldade do filho Rafael em ler os enunciados.
No médico, descobriu-se o porquê: o garoto tem ansiedade e déficit de atenção
Mas o que tem tirado as crianças do eixo tão prematuramente? No estudo realizado pelo Isma-BR, em primeiro lugar aparecem a crítica e a desaprovação dos pais, seguidas pelo excesso de atividades, o bullying e os conflitos familiares. Esse último fator mereceu atenção especial em uma pesquisa realizada na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. E o resultado comprovou uma suspeita antiga. “Em nosso estudo demonstramos que o ambiente estressante está associado à ocorrência mais frequente de doenças nas crianças”, disse à ISTOÉ a pediatra Mary Caserta, coordenadora do trabalho, que envolveu 169 crianças entre 5 e 10 anos. Muitas vezes, os pais nem desconfiam que a enfermidade do filho pode ter raízes no estresse. “Passa tão batido que às vezes a criança é medicada de modo errado”, diz Marilda Lipp, diretora do Centro Psicológico de Controle do Stress e professora da PUC-Campinas. Encontrar reações físicas intensas, mas sem nenhuma doença de fundo não é mais novidade para os médicos. “Cefaleias e dores abdominais causadas por estresse são as queixas mais comuns”, diz Ricardo Halpern, presidente do departamento de comportamento e desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Outro perfil que se tornou comum nos consultórios é o da criança estressada pela superproteção dos pais. São os “reizinhos mandões”, como apelidou a psicopedagoga Edith Rubinstein. “Esses meninos e meninas têm muita voz dentro de casa e dificuldade de lidar com o esforço”, diz a especialista. Não deixar a criança aprender a contornar situações difíceis é extremamente prejudicial. Isso porque uma característica importante para evitar os quadros de estresse tóxico é justamente a resiliência – a capacidade de a pessoa se adaptar e sair de situações adversas. “Quando a criança é sempre tirada pelos pais do apuro, ela não desenvolve essa habilidade e se torna mais suscetível ao estresse”, diz a psicanalista infantil Ana Olmos.

Com a evolução científica, o que se tem constatado é que não só no comportamento as reações ao estresse são distintas. Estudando um grupo de 210 crianças de 2 anos, pesquisadores da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, notaram que comportamentos diferentes estão associados a níveis distintos de cortisol no sangue. Os pequenos voluntários foram divididos em dois grupos: as “pombas” (crianças cautelosas e dóceis) ou os “falcões” (atrevidas e assertivas). Enquanto as “pombas” apresentavam uma elevação abrupta na quantidade de cortisol circulando na corrente sanguínea quando expostas a situações estressantes, nos “falcões” a concentração desse hormônio permanecia praticamente inalterada. E isso trazia consequências diversas para os dois grupos: “pombas” demonstraram mais chances de desenvolver depressão e ansiedade. Já os “falcões” estavam mais suscetíveis a comportamentos de risco, hiperatividade e déficit de atenção. “É importante reconhecer essas diferenças para intervir”, disse à ISTOÉ Melissa Sturge-Apple, coautora da pesquisa.
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MÉTODO
Edmara de Lima coordena os professores e funcionários da Prima Escola
Montessori para diagnosticar as mudanças emocionais dos alunos
“O estresse é um fator de risco importante para a grande maioria das doenças mentais”, diz Guilherme Polanczyk, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. “E seu efeito sobre o organismo é bem maior em sistemas menos maduros, como o das crianças.” Prova disso foram os dados apresentados por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos. A exposição à violência, ainda que moderada, foi capaz de gerar modificações no comportamento em 90% das 160 crianças entre 4 e 6 anos analisadas no estudo. As principais alterações eram pesadelos, voltar a fazer xixi na cama e a chupar o dedo. Em um terço dos pequenos voluntários, a consequência foi mais grave: ocorreram crises de asma, alergias e déficit de atenção ou hiperatividade. E 20% deles desenvolveram transtorno do estresse pós-traumático. “Quanto mais estresse na infância, maior a chance de se ter alterações físicas e psicológicas quando adulto”, disse à ISTOÉ Sandra Graham-Bermann, autora da pesquisa.

Foi após dois eventos estressores que a menina R., 14 anos, desenvolveu o transtorno obsessivo compulsivo (TOC). Na mesma semana, em 2009, ela viu o som do carro da mãe ser roubado e o pai escapar, por pouco, da tragédia no voo 3054 da TAM (que se chocou contra um hangar do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, matando todos a bordo). Depois dos sustos, começou a manifestar manias de repetição. “O ritual de repetição me deixa muito ansiosa e me abate muito”, diz a menina. “Para os pacientes de TOC, a própria doença é considerada estresse crônico”, avalia o psiquiatra Eduardo Aliende Perin, membro do Consórcio Brasileiro de Pesquisa em TOC.
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RECOMEÇO
Em Realengo, o desafio é apagar da memória de alunos, funcionários e
pais a experiência negativa de ver estudantes mortos dentro da sala de aula
Estresse e transtornos mentais também vêm juntos quando falta diagnóstico. Foi o que ocorreu com o psiquiatra Jorge Simeão, 38 anos. Sem saber o que tinha, ele sofreu durante toda a sua adolescência e juventude. Muitos o consideravam um rapaz distraído, que não se preocupava com os outros. Foi preciso se formar na faculdade como médico psiquiatra para Simeão finalmente descobrir que os traços de comportamento que o acompanhavam não eram uma falha de caráter, mas uma alteração no funcionamento do seu cérebro. Ele tem transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). “O esforço que precisava fazer para me concentrar e a falta de compreensão de colegas me geraram uma tensão muito forte, a vida toda.” Histórias como a de Simeão são bem mais comuns do que se imagina. Pelos cálculos da Organização Mundial da Saúde, uma em cada cinco crianças tem alguma desordem psiquiátrica e a grande maioria leva anos até receber o diagnóstico. A mais comum, de acordo com pesquisas do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, é a ansiedade, presente em 8% dos meninos e meninas abaixo dos 18 anos. Em seguida, aparecem a depressão (7,8%), os distúrbios de conduta (5,6%) e o TDAH (5%).
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ATENÇÃO
Várias crianças atendidas pelo psiquiatra Guilherme Polanczyk
apresentam estresse como sintoma de um transtorno mais grave
Ainda há poucas ações voltadas para a saúde mental infantil, mas algumas já demonstram bons resultados. Edmara de Lima, coordenadora pedagógica da Prima Escola Montessori, em São Paulo, orienta uma dessas. “Observamos as crianças sob três ângulos: primeiro analisamos o corpo, se ela enxerga e fala bem e se está com os hormônios em níveis adequados. Depois analisamos a inteligência, se está adequada à idade. Por último vemos as questões emocionais.” No Rio, o neurologista do comportamento Alexandre Ghelman ajusta os últimos detalhes para iniciar, no próximo semestre, um trabalho com alunos do terceiro ano do ensino médio para evitar a tensão, em especial a gerada pelo vestibular. “Vamos ensinar-lhes técnicas para que lidem melhor com as situações estressantes”, diz Ghelman. Entre as lições, os jovens vão aprender como identificar o que os tira do sério, quais são os sentimentos que os dominam nessa hora e como relaxar diante dos fatores estressores. A escola tem mesmo muito que contribuir. Foi graças ao alerta de uma professora que a editora gráfica Liliana Franco, 48 anos, levou o filho Rafael, então com sete anos, ao médico. “Ela me disse que ele estava lendo só a primeira linha dos enunciados das perguntas antes de responder às questões”, afirma Liliana. No psiquiatra, se descobriu que Rafael tem TDAH e ansiedade. Com o treino cognitivo-comportamental e o tratamento medicamentoso, porém, o garoto, hoje com 15 anos, conseguiu reverter vários sintomas e se prepara para prestar vestibular.

Nem todos, porém, têm a sorte de receber um diagnóstico precoce. Daí advêm as complicações. “Podemos fazer um paralelo entre os transtornos mentais e a diabete. Em ambos, você não vai curar a pessoa, mas quanto mais cedo é a intervenção, maiores as chances de reduzir seus impactos”, avalia o psiquiatra Christian Kieling. “A lacuna entre quem tem algum transtorno mental e aqueles que recebem o atendimento especializado é muito grande”, avalia Dévora Kestel, assessora regional de Saúde Mental da Organização Panamericana de Saúde (Opas). No Brasil, o governo federal planeja os primeiros passos. “Estamos começando a pensar uma política integrada entre os ministérios para cuidar da saúde mental na infância”, informou Paulo Bonilho, coordenador nacional de Saúde da Criança do Ministério da Saúde. Medida mais que necessária para desarmar a bomba-relógio do estresse infantil.
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INCOMPREENSÃO
Sem um diagnóstico, o psiquiatra Jorge Simeão cresceu sob a tensão de
não conseguir ser “normal” como os outros. A dificuldade em se lembrar
de coisas e o esforço para se concentrar eram constantes fontes de estresse
Massacre traumático
Até um ano atrás, um estudante armado invadir um colégio e atirar contra seus colegas era algo distante do imaginário brasileiro. A cena era usualmente associada a alguma tragédia americana – país que concentra 70% de ataques desse tipo. Desde 7 de abril de 2011, porém, o Brasil passou a integrar essa estatística. Wellington de Oliveira, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, invadiu o colégio e disparou contra alunos e funcionários, deixando 12 mortos. “É preciso atenção após tragédias, pois elas são importantes gatilhos para os transtornos mentais, em especial o do estresse pós-traumático”, avalia Fábio Barbirato, chefe do setor de psiquiatria da infância e adolescência da Santa Casa do Rio. Por isso, desde o massacre há um esforço coletivo para apagar essas marcas. No atendimento psicológico, que se iniciou no dia seguinte ao incidente, já passaram 90 crianças e 100 adultos. Cerca de metade deles segue em tratamento. Caíque, um menino de 3 anos que perdeu a tia Jéssika Guedes no massacre, ficou durante muito tempo perguntando quando a jovem voltaria para a casa. “Ele perguntava para quem ia à escola se Jéssika estava lá.” Com apoio psicológico, está aos poucos assimilando que a tia não voltará mais. Como ele, várias crianças e famílias ainda sofrem com a tragédia. “Pode demorar anos para esses efeitos negativos serem contornados”, disse à ISTOÉ o psiquiatra Timothy Brewerton, um dos responsáveis pelo atendimento às vítimas do massacre de Columbine, ocorrido em uma escola americana em 1999. Para ele, à medida que se aproxima o marco de um ano da tragédia, é preciso mais cuidado. “A efeméride é uma espécie de gatilho para novas reações emocionais.”
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    gisele ventura

    EM 24/03/2012 16:47:53
    Excelente matéria, de utilidade pública. As vezes os pais encontram se perdidos e confusos com o comportamento e sintomas que os filhos podem estar desevolvendo sem se dar conta que podem ser decorrentes de alguns detalhes da sua rotina. Parabéns Isto É!

    SAIBA MAIS:
    Os pais podem prevenir o ESTRESSE de seus filhos?
    É uma avalanche de informações diárias (via fax, Internet etc.), de todos os cantos do planeta, entrando em nossas casas, em nossos escritórios, em nossa vida. São tantas as novidades, os avanços tecnológicos e o desenvolvimento do conhecimento humano, como dar conta de tudo isso? Como orientar os nossos filhos para que tirem o melhor de suas capacidades e sejam felizes? Como ajudá-los a não se tornarem crianças, adolescentes ou adultos estressados?
    A modernidade trouxe consigo aspectos positivos, contudo, também trouxe mais pressão, cobranças, agitação, competitividade e menos cooperação e solidariedade.
    Como não se deixar engolir por tudo isso e levar uma vida saudável sem exageros de ansiedade e estresse?
    Acredito ser essa uma tarefa um tanto difícil, mas não impossível.
    Chegou a hora de organizarmos o nosso dia a dia, assim como o de nossos filhos. São tantas as possibilidades de atividades que podemos programar.
    "Não é bom começar o inglês desde já? E a natação, o judô, as aulas de violão?", perguntam os pais mais aflitos.
    "Quanto mais tempo fora de casa, menos contato com a TV e aqueles filmes violentos", dizem os outros.
    Como dosar a atividade física e intelectual e não esquecer que existe também o lazer, o brincar, atividades fundamentais para o desenvolvimento emocional e social da criança.
    Às vezes, é com as melhores das intenções que os pais preenchem integralmente o dia de seu filho. São tantas as tarefas e horários a cumprir, que não sobra tempo para ele respirar ou para não fazer nada, ou ainda para ficar sozinho com seus brinquedos e fantasias. Afinal, a criatividade, a produção de novas idéias e os pensamentos brilhantes necessitam de espaços vazios para se manifestarem.

    A realidade atual
    A estrutura familiar moderna tem levado a uma diminuição do tempo de interação entre pais e filhos, empurrando os pais para um sistema de auto cobrança e culpas sem fim, ao mesmo tempo que fazem cada vez mais exigências às crianças, podendo gerar maior ansiedade e estresse.
    Com relação a esse aspecto, tenho ficado bastante preocupada ao verificar que algumas escolas, visando é claro, a excelência de seus alunos, vêm programando "vestibulares" para crianças a partir de 4 ou 5 anos, e que, infelizmente, em decorrência disso, pais cada vez mais aflitos estão correndo atrás de escolas preparatórias e aulas particulares.
    Sinal dos tempos? Calma lá!!!
    Observamos que muitas crianças acabam pagando um preço muito alto, pois se sentem pressionadas a dar apenas resultados positivos para não frustrarem os pais.
    É muito importante que os pais estejam atentos às situações de estresse a que seus filhos ficam expostos. Tais situações devem ser necessariamente proporcionais à habilidade, à maturidade, ao estágio de desenvolvimento e à resistência da criança.
    Se por um lado não podemos e não devemos proteger os nossos filhos dos problemas e conflitos com os quais vivenciam no dia a dia, por outro não temos o direito de "jogá-los aos leões", sem que antes adquiram estratégias de enfrentamento de uma forma gradual e lógica.
    O que é o estresse infantil?
    O estresse em geral é uma reação do organismo diante de situações ou muito difíceis ou muito excitantes, que podem ocorrer em qualquer pessoa, independentemente de idade, raça, sexo ou situação sócio-econômica.
    Em períodos de estresse, a harmonia do organismo fica afetada e cada órgão passa a trabalhar em ritmo diferente dos demais. Se esse estado se prolongar por muito tempo, há uma quebra do equilíbrio interior e um enfraquecimento do organismo e, consequentemente, a manifestação de sintomas e doenças. O estresse infantil é pouquíssimo conhecido, sendo bastante difícil encontrar pesquisas sobre o assunto, tanto no Brasil como no exterior.
    A maior parte dos trabalhos sobre o estresse em crianças brasileiras foi desenvolvida na Universidade Católica, em Campinas. Nessas pesquisas verificou-se que toda criança, inevitavelmente, enfrentará inúmeras situações de estresse ainda nos primeiros anos de vida, tais como acidentes, doenças, hospitalizações, nascimento de irmãos, mudanças de casa, escola ou de empregada, além das tensões geradas pela necessidade sempre maior de autocontrole.
    Fontes de estresse infantil
    Pesquisas revelam que o estresse na criança pode estar relacionado a fatores internos e externos, da mesma forma que ocorre com o adulto.
    Os fatores internos referem-se às características de personalidade, pensamentos e atitudes da criança, diante de várias situações que ela precisa enfrentar na vida. Assim sendo, o estresse pode ser criado por ela própria, de acordo com sua maneira de perceber a si e o mundo ao seu redor.
    As fontes internas de estresse na criança são: ansiedade, depressão, timidez, desejo de agradar, medo do fracasso e de punição divina, preocupação com mudanças físicas, dúvidas quanto à própria inteligência, interpretações amedrontadoras de eventos simples ou mesmo medo de ser ridicularizada por amigos.
    Já as fontes externas de estresse na criança são devidas às mudanças significativas ou constantes, responsabilidades e atividades (o miniexecutivo) em demasia, brigas ou separação dos pais, algumas escolas, morte na família - principalmente de pais ou irmãos -exigência ou rejeição por parte dos colegas, disciplina confusa por parte dos pais, nascimento de irmão, doença e hospitalização, troca de professora ou de escola, pais ou professores estressados, medo de pai alcoólatra e até doença mental dos pais.
    Atitudes dos pais que podem prevenir o estresse infantil.
    Primeiramente, os pais precisam cuidar do seu próprio estresse, para servirem de modelo para os filhos. Se diante de "situações problema", os pais agirem com muita ansiedade, os filhos terão a tendência de repetir os mesmos padrões de comportamento.
    Atitudes positivas que envolvam a paciência, o prazer, a alegria de estar
    com a criança, a aceitação e a forma simples e realista de encarar os desafios do dia a dia, podem incentivar a criança a resolver os problemas e desenvolver a sua auto-estima.
    É preciso ouvir a criança, não sobrecarregando-a com atividades extracurriculares; escutar com seriedade o que ela tem para dizer sobre o assunto e procurar oferecer atividades que sejam do seu agrado.
    Respeitar o ritmo da criança e não fazer comparações - os irmãos são diferentes quanto ao seu ritmo de dormir, comer, aprender, socializar-se e até de caminhar - mesmo que os pais tenham outro modo de agir, também é uma ação indispensável, assim como a escolha cuidadosa da escola em que irá frequentar. É preciso ouvir com atenção as queixas da criança, pois ela pode estar vivendo um problema de fato.
    Em caso de conflitos conjugais, é fundamental evitar o envolvimento das crianças, pois muitas vezes elas acabam por se sentirem responsáveis pela situação.
    Contudo, é muito importante que não se poupe a criança em demasia; uma criança excessivamente poupada não tem chances de se preparar para o mundo de hoje.
    Estimular sua independência é algo fundamental, contanto que se respeite sua etapa de desenvolvimento natural.
    Os pais devem evitar que seus filhos acreditem que só são valorizados e amados se tiverem um desempenho perfeito em tudo que fazem. Quanto a esse aspecto, o que tenho observado na clínica é que um dos principais causadores de estresse em crianças é a grande preocupação delas em corresponder às expectativas de sucesso dos seus pais. Desse modo, não atribuem valor à pessoa que são, mas por aquilo que fazem.
    Por fim, acredito que os cuidados dos pais com o controle do estresse infantil, juntamente com todos os profissionais que estão envolvidos com a educação das crianças, possa levar a uma sociedade mais produtiva, mais feliz e mais bem adaptada.
    Portanto, caros pais, mãos à obra e boa sorte!
    Dra. Monica Mlynarz




    339237 Saiba como superar o estresse infantil 2 Saiba como superar o estresse infantil
    Ultimamente, não são apenas os adultos que sofrem de estresse por causa do trabalho, do trânsito e dos milhares de compromissos diários. As crianças têm apresentado com  mais frequência quadros de estresse, porém, por motivos um pouco diferentes: carência dos pais, mudança de casa, separação ou brigas dos pais, mudança de escola e os inúmeros cursos que elas têm de fazer diariamente. Para que o seu filho não sofra desse mal, saiba como superar o estresse infantil.
    Em primeiro lugar, é preciso identificar o quadro de estresse. A criança estressada apresenta irritabilidade, pesadelos, medos excessivos, choro além do normal, dificuldades na fala, mudanças no apetite, carência afetiva e retorno aos comportamentos infantis já superados, como urinar na cama e chupar chupeta.
    Então, se a sua criança apresenta esses sintomas, você precisa mudar o seu ritmo de vida, pois na maioria das vezes, é ele o grande causador do estresse infantil. Como os pais trabalham cada vez mais para sustentarem os seus filhos, têm menos tempo para ficar com eles, gerando insegurança e tristeza nos pequenos. Portanto, trabalhe um pouco menos ou, ao invés de chegar em casa cansada e sem fôlego, retome-o e brinque mais com o seu filho, porque ele é uma vida que depende completamente de você.
    As crianças se acostumam com uma rotina e, por isso, quando acontece alguma mudança em suas vidas, elas tendem a ficar estressadas. Sendo assim, as mudanças de casa ou a de escola causam muito estresse nelas. Nessas situações, a criança precisa se sentir  segura, sabendo que você sempre estará ao seu lado. Converse seria e calmamente com ela, dizendo-lhe que no novo ambiente, ela poderá conhecer novos amiguinhos e novos lugares e que, por isso, será muito divertido. E complete que ela ainda poderá manter contato com os seus antigos colegas através da internet.
    Há pais que acham que, quanto mais cursos  a criança fizer, mais inteligente ela será ou apenas a colocam em vários cursos para que ela ocupe o seu dia, deixando-os em paz. No entanto, assim como ficamos estressados com várias tarefas a cumprir durante o dia, as crianças também ficam, e em maior intensidade. Por isso, não exija demais dos seus filhos, deixe-os serem crianças, pois essa é a melhor fase da vida deles, apesar de ser curta demais.
    Quanto às brigas ou separação do casal, não há outro remédio senão conversar calmamente com a criança e tentar fazer com que ela entenda que os seus pais não podem mais continuar juntos, por causa das diferenças que há entre eles. Porém, o mais importante é dizer que ela não tem culpa de nada. Explique-lhe que, após a separação, ela terá duas casas e que isso pode ser muito divertido e diferente. Com o tempo, ela acaba se acostumando com a nova rotina, porém, nesses casos, um acompanhamento profissional é o ideal para que ela não fique estressada.
    339237 Saiba como superar o estresse infantil 1 Saiba como superar o estresse infantil
    Contudo, se todas essas medidas forem tomadas e o seu filho ainda apresentar sintomas de estresse, procure por ajuda especializada imediatamente, pois se ele não for tratado a tempo, pode gerar problemas mais graves como uma depressão.

    FAN: O QUE É O FAN (FATOR ANTINUCLEAR)?


    Entenda o exame FAN (Fator AntiNuclear). Saiba todos os tipos e que doenças ele pode indicar
    O FAN é solicitado para investigar o grupo de patologias auto-imune. Resumidamente, uma doença auto-imune é aquela onde o nosso sistema de defesa inapropriadamente começa a produzir anticorpos contra nossas próprias células e tecidos. Somos nós atacando nós mesmos.

    O FAN (fator antinuclear) como o próprio nome diz, são anticorpos contra estruturas das nossas próprias células, principalmente contra o núcleo celular. Esses auto-anticorpos foram descobertos na década de 1940 em pacientes com
    Lúpus.

    Com o passar do tempo, descobriu-se que o FAN é na verdade um conjunto de anticorpos, contra diferentes estruturas das células, podendo indicar várias doenças auto-imunes diferentes. Sabe-se também que 10% a 15% da população sadia pode ter FAN positivo em valores baixos sem que isso indique qualquer problema de saúde.

    Bom, para entender os resultados do FAN, é preciso saber como ele é dosado. Vou tentar ser o mais simples possível.

    O primeiro passo é pegar o sangue do paciente e marcar os anticorpos presentes com uma substância fluorescente. A seguir mistura-se esse sangue contra uma cultura de células humanas e vai-se ao microscópio. O resultado é o que se vê na foto do início do texto. Se houver anticorpos contra estruturas da células humanas, estes irão se fixar as mesmas ficando fluorescentes. Se o anticorpo é contra o núcleo, a imagem no microscópio será de vários núcleos fluorescentes. Se for contra o citoplasma da células, vários citoplasmas brilhando, e assim em diante. Se não houver auto-anticorpos, nada ficará fluorescente.

    Os resultados são repetidos após diluições até a fluorescência desaparecer. Resultados positivos são aqueles que permanecem brilhando mesmo após 40 diluições (resultado 1/40 ou 1:40).

    Como já expliquei antes, até 10% da população tem FAN positivo nas diluições menores que 1/80. São valorizados valores a partir de 1/160 e valores maiores ou iguais a 1/320 indicam doença auto imune em mais de 97% dos casos.

    As diluições são normalmente feitas da seguinte forma: (1/40), (1/80), (1/160), (1/320), (1/640)...

    A partir de agora, você já pode ter uma idéia dos resultados do FAN. Vamos à alguns exemplos:

    1.) FAN (Hep2)= Reagente
    Título = 1/80
    Padrão = nuclear pontilhado fino

    2.) FAN (Hep2) = reagente
    Título = 1/640
    Padrão = Citoplasmático pontilhado reticulado

    São dois resultados positivos. O primeiro em títulos baixos com o núcleo sendo corado com finos pontos fluorescentes. O segundo em altos títulos, com anticorpos contra o citoplasma da célula formando uma imagem reticulada. Hep2 é o tipo de cultura de células humanas mais usado hoje em dia.

    Existem mais de 20 padrões diferentes de Imunofluorescência. Algumas são típicas de doenças como Lúpus, esclerodermia, Artrite reumatóide e síndrome de Sjögren. Outros são inespecíficos e podem estar presentes em pessoas normais.

    Os padrões mais comuns na prática e suas prováveis patologias, são:

    • Nuclear pontilhado Centromérico = Esclerodermia e Cirrose biliar primária
    • Nuclear homogêneo = Lúpus, Artrite Reumatóide, Artrite Idiopática Juvenil, Síndrome de Felty, Cirrose Biliar Primária.
    • Nuclear tipo membrana nuclear contínua = Lúpus, Hepatite auto-imune
    • Nuclear pontilhado fino = Síndrome de Sjögren Primária, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Lúpus
    • Nuclear pontilhado fino Denso = Inespecífico, pode estar presente em várias doenças auto-imunee e também na Cistite Intersticial, Dermatite Atópica, Psoríase e Asma.
    • Nuclear pontilhado grosso = Doença Mista do Tecido Conjuntivo, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Esclerose Sistêmica e Artrite Reumatóide
    • Nucleolar pontilhado = Esclerose Sistêmica
    • Citoplasmático pontilhado reticulado = Cirrose Biliar Primária e Esclerose Sistêmica
    • Citoplasmático pontilhado fino = Polimiosite e Dermatomiosite
    É preciso saber interpretar os resultados do Fator antinuclear. Um mesmo padrão pode significar várias doenças auto-imunes diferentes, e dependendo do caso, não significar nada.

    O FAN precisa ser avaliado junto com o quadro clínico do paciente. É importante lembrar que o doente é um todo e não um resultado de uma reação química em um pedaço de papel. As associações descritas acima são possibilidades e não fatos consumados. Tenho recebido pedidos de interpretação de FANs baseados apenas nos seus resultados. O Fator antinuclear sozinho não faz diagnóstico de nada. Este é um exame que não dá para ser avaliado à distância.

    As doenças mais associadas com Fator antinuclear positivo são as doenças auto-imunes sistêmicas como o Lúpus e a Esclerodermia (esclereose sistêmica). O FAN pode ser positivo também em doenças auto-imunes restritas à alguns órgãos como na
    Tireoidite de Hashimoto e na hepatite auto-imune. Podemos também ter resultados positivos em doença que não são auto-imunes como mononucleose, HIV, linfomas, e tuberculose.

    Uma vez que se tenha um FAN positivo, associado a um quadro clínico que sugira doença auto-imune, deve-se solicitar a pesquisa de auto-anticorpos específicos para tentar definir exatamente com qual doença auto-imune estamos lidando. O FAN indica a presença de um auto-anticorpo, mas não define qual.

    Por exemplo, um FAN sugestivo de lúpus indica a pesquisa do Anticorpo anti-DNA nativo. Na suspeita de Sjögren solicita-se o Anticorpo anti SS-A/Ro e Anticorpo anti SS-B/La. Na Esclerodermia dosa-se o Anticorpo anti-centrômero etc...

    Portanto, o Fator antinuclear é um exame de triagem das doenças auto-imunes. Não é para ser usado como exame final e só deve ser pesquisado se houver suspeita de patologia auto-imune.

    Fonte: http://www.mdsaude.com


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    Saiba o que são doenças autoimunes e como tratar lúpus e psoríase

    Doenças autoimunes atacam o organismo dos pacientes.
    Elas trazem manifestações na pele que podem afetar a vida social.

    Do G1, em São Paulo
    193 comentários


    Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico afeta o organismo do próprio paciente. No Bem Estar desta quinta-feira (22), a pediatra Ana Escobar e a reumatologista Maria Helena Kiss explicaram como essas doenças agem no organismo e falaram sobre o lúpus e a psoríase.
    O lúpus e a psoríase são duas doenças autoimunes. É como se o sistema imunológico interpretasse que o paciente é a bactéria. Um ponto em comum entre essas doenças é que ambas são inflamatórias, costumam surgir principalmente na vida adulta e trazem manifestações na pele que podem afetar a vida social. Estresse emocional pode desencadear os dois problemas e não há cura para ambos, mas apenas controle. As doenças podem desaparecer, mas podem voltar. Por outro lado, enquanto o sol ajuda a combater a psoríase, piora o lúpus.
    O sistema imunológico do corpo humano produz proteínas chamadas anticorpos que servem para combater microorganismos agressores, como bactérias invasoras. No lúpus e na psoríase, porém, o sistema produz anticorpos contra células de diferentes tecidos do corpo, causando lesões na pele e, no caso do lúpus, dependendo da pessoa, lesões no sistema nervoso, coração, pulmões, rins e articulações.
    Arte Autoimune Bem Estar (Foto: Arte/G1)


    Os estudos para descobrir porque desenvolvemos anticorpos contra nós mesmos estão em andamento. Uma das teorias diz que, quando a pessoa nasce, o corpo passa por um processo de reconhecimento celular.
    Algumas células não são reconhecidas e ficam escondidas. Quando há uma queda de imunidade, por exemplo, essas células aparecem no organismo e o corpo passa a produzir anticorpos contra elas.
    Outra teoria diz que alguns vírus (não se sabe quais) têm a capacidade de modificar nossas células. Quando isso ocorre, o nosso organismo passa a não mais reconhecê-las e, então, produz anticorpos.
    Lúpus
    O lúpus eritematoso sistêmico (les) pode ter um início agudo ou mais lento, com manifestações em diferentes órgãos. Essas manifestações podem ocorrer simultaneamente ou sucessivamente na pele, nas articulações, nos rins e nas membranas serosas. O diagnóstico da doença é feito pela presença de, no mínimo, quatro de onze critérios clínicos e o tratamento começa pela conscientização do paciente.
    A doença provoca uma inflamação nos vasos sanguíneos (vasculite), e como eles estão por toda parte do corpo, pode disseminar para qualquer lugar do organismo, tendo consequências mais sérias quando atinge os rins e o sistema neurológico. No caso dos rins, pode comprometer o órgão a ponto de ter de fazer transplante. No caso do sistema nervoso, pode levar a pessoa a ter derrames ou desenvolver problemas psiquiátricos ou psicomotores. Porém, o lúpus grave ou agudo atinge menos de 20% dos portadores da doença.
    Vale lembrar também que mais de 90% dos pacientes que tratam o lúpus e levam as orientações médicas a sério respondem bem ao tratamento e quase não sofrem os sintomas da doença. O tempo médio de tratamento é de cinco anos e há casos de pessoas que, após tratadas, a doença nunca mais volta a manifestar. Quem tem lúpus pode emagrecer antes de começar o tratamento, mas depois a tendência é engordar.
    É importante investigar a possibilidade de lúpus. Se você tiver alterações frequentes em exames de urina, como presença de células de defesa (leucócitos no xixi), lesões na pele, dores articulares, manchas em forma de borboleta no rosto ou emagrecimento, pode ser sinal da doença e existe um exame de sangue que pode diagnosticá-la. Alguns anticorpos são específicos do lúpus, como o anti dna e o anti sm.
    Psoríase
    A psoríase pode ser confundida com outros problemas de pele, por isso é importante procurar um dermatologista para identificá-la. A doença se manifesta através de lesões que coçam bastante. Nos casos de psoríase leve, os tratamentos costumam ser com pomadas, loções, shampoos ou geis. Em casos mais severos, podem ser indicados medicamentos via oral e fototerapia.
    Na doença, as células da pele vão se multiplicando em camadas, umas em cima das outras, formando escamas. Segundo a Dra. Eliandre Pallermo, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a recomendação é que a exposição ao sol sem protetor solar seja feita nos horários com menor incidência de raios UV, ou seja, antes das 10h e após as 16h.
    Como se trata de uma exposição terapêutica e não com a finalidade de bronzear, o período de exposição varia de acordo com o tipo de pele de cada pessoa. Para pessoas com a pele branca, não é recomendado ultrapassar 20 minutos, desde que a pele não fique vermelha. Pessoas com a pele morena ou negra podem se expor um pouco mais, de 30 a 40 minutos, desde que não sintam ardência na pele. Entretanto, o ideal é analisar cada caso individualmente, por isso é extremamente importante o acompanhamento de um médico dermatologista.
    Tratamento
    Há tratamento disponível no SUS com remédios que ajudam a controlar as doenças. Procure um hospital universitário ou peça encaminhamento do posto de saúde para uma dessas unidades se não obtiver o controle com a ajuda dos médicos do posto de saúde.
    No caso do lúpus, o uso de corticoides pode levar ao ganho de peso. Por isso, a alimentação saudável e os exercícios físicos são indispensáveis. Há também os imunossupressores, que agem nos linfócitos (células responsáveis pela produção de anticorpos), mas o problema é que acabam atuando nas células normais, o que pode causar anemias e diminuir a resistência. O tratamento com agentes biológicos bloqueia determinados anticorpos responsáveis pelos sintomas do lúpus.

    Controlar o estresse emocional e realizar pequenas coisas que trazem felicidade e bem-estar pode ajudar. A pessoa com lúpus ou psoríase não deve fugir do contato social e deve explicar que a doença de pele não é contagiosa. A alimentação rica em vegetais, carnes magras e sem gordura pode ajudar também no tratamento. A dieta com pouco sal e atividades físicas também são positivos. Exercícios com proteção solar, como caminhadas noturnas, musculação, natação e pilates estimulam a massa muscular e melhoram a qualidade do osso.
    Portadores de lúpus não devem tomar sol e, mesmo em ambientes fechados, devem usar fator de proteção solar porque o raio ultravioleta destrói várias células cutâneas e o organismo entende que precisa produzir mais anticorpos. Em contrapartida, o sol ajuda a controlar a psoríase, mas exige combinação de um creme hidratante que ajude a evitar o ressecamento, que pode agravar a doença. Nas duas doenças, é bom manter a casa saudável, arejada, sem mofo e pó que podem irritar mais ainda a pele.
    É importante saber que o lúpus é uma doença tratada por reumatologistas e a psoríase é tratada por dermatologistas. Porém, alguns pacientes com psoríase (cerca de 30%) desenvolvem artrite inflamatória crônica que comprometem as articulações periféricas, o que demanda tratamento também com o dermatologista, além do reumatologista.

    Novo medicamento pode ser eficiente no combate a infecções hospitalares

    Estudo combinou droga que diminui resistência de estafilococos a antibiótico

    
Dois medicamentos agem em conjunto para combater infecção por estafilococos
Foto: Divulgação
    Dois medicamentos agem em conjunto para combater infecção por estafilococos Divulgação
    RIO - Um novo estudo revela que a aplicação conjunta de um remédio com um antibiótico já disponível no mercado pode ajudar no tratamento das infecções por Staphylococcus aureus resistentes a meticilina (SARM). Comuns em hospitais, estima-se que as infecções por estafilococos sejam responsáveis por um número de mortes maior do que por Aids nos Estados Unidos, segundo informações de 2005. Até agora, a principal arma dos médicos para combater infecções bacterianas eram drogas usadas isoladamente.
    Os estafilococos costumam causar infecções de pele superficiais e profundas, podendo atingir os tecidos subcutâneos e a musculatura. A resposta do sistema imunológico pode resultar no surgimento de calor, tumoração, dor no local e produção de pus. Também podem provocar conjuntivites, pneumonias, meningites, endocardites e infecções da corrente sanguínea, ou provocar uma doença generalizada, envolvendo vários órgãos.
    A nova pesquisa apresenta uma abordagem que envolve a combinação de um novo remédio, chamado PC190723, com uma classe de antibióticos, os betalactamases. A junção das drogas torna as bactérias SARM novamente sensíveis através de um "efeito dominó", onde o PC19072 bloqueia a expressão da proteína FtsZ da divisão celular, que danifica uma segunda proteína chamada PBP2. Como a PBP2 é necessária para a resistência de SARM a antibióticos betalactamases, sua interferência sensibiliza novamente SARM a betalactamases.
    A inativação da proteína FtsZ parece também inibir o crescimento de SARM. Os resultados apresentam evidências de que os dois antibióticos agem sinergeticamente, o que significa que seus efeitos combinados são muito maiores do que suas ações separadas. Além disso, é necessária uma quantidade bem menor de cada uma das substâncias para combater a infecção, possibilitando evitar efeitos colaterais. O estudo foi publicado na última edição da revista "Science TranslationaL Medicine" e realizado pela Universidade de Toronto, em parceria com a Universidade de Nova de Lisboa.

    Fertilização in vitro no SUS em 2012

    Medida havia sido aprovada em 2005, mas foi suspensa 4 meses depois.

    Grupo de trabalho do Ministério da Saúde analisa impacto financeiro.

    Amanda Rossi Do G1, em São Paulo
    40 comentários
    O Ministério da Saúde montou um grupo de trabalho para discutir a inclusão da fertilização in vitro na tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em 2012 -- sete anos depois da primeira portaria que determinava o atendimento para casais que precisassem do procedimento. Se a medida for aprovada, será a primeira vez que o governo federal vai bancar os custos da mais eficiente forma de engravidar para quem tem problemas de fertilidade -- um procedimento que pode custar até R$ 50 mil por tentativa em médicos particulares.
    A fertilização in vitro é uma técnica de reprodução assistida onde óvulo e espermatozoide são fecundados em laboratório. Depois, o embrião é implantado diretamente no útero na mãe. A técnica tem mais sucesso que a inseminação artificial, mas também é mais cara. Em clínicas particulares, o custo de uma tentativa gira em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil, mas pode ir a R$ 50 mil. A chance de engravidar na primeira tentativa é de 30%, dependendo da idade da mulher.
    O Ministério da Saúde confirmou a intenção de colocar o procedimento na tabela do SUS até o fim do ano, mas não quis dar detalhes sobre como e exatamente quando isso iria acontecer. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, preferiu não comentar a movimentação no Ministério sobre o assunto. Segundo a assessoria de imprensa da pasta, estão sendo discutidos quais seriam os impactos financeiros da medida e onde seria implantado o serviço.
    'Botijão' usado para armazenar embriões congelados (Foto: Divulgação/Programa Alfa Reprodução Assistida)'Botijão' usado para armazenar embriões
    congelados (Foto: Divulgação/Programa Alfa
    Reprodução Assistida)
    No início de março, o Ministério da Saúde anunciou que estava estudando colocar técnicas de "reprodução assistida" no SUS, sem especificar exatamente qual delas. Ao G1, a assessoria confirmou que uma das técnicas em estudo é a fertilização in vitro.
    Atualmente, são oferecidos pelo SUS 31 procedimentos de reprodução humana assistida -- a maioria, exames preparatórios para tratamentos mais complexos, como a própria fertilização.

    A coordenadora do Centro de Ensino e Pesquisa em Reprodução Assistida do Hospital Regional da Asa Sul, de Brasília, Rosaly Rulli, faz parte do grupo de trabalho do Ministério. “Não está sendo discutido nada além da fertilização in vitro. O ministério já tem vários programas para o restante [das áreas da reprodução humana assistida], só a fertilização que não tem”, diz ela.
    “Tivemos a primeira reunião no final de fevereiro. Agora, há outra reunião marcada para abril. Estamos avançando”, conta. O hospital é referência em fertilização in vitro gratuita, com verbas do governo do Distrito Federal.
    A primeira vez que surgiu a possibilidade de colocar a fertilização no SUS foi em março de 2005, quando o Ministério publicou uma portaria que determinava o oferecimento da fertilização pelo SUS a pessoas com dificuldade para ter filhos. Quatro meses depois, ela foi suspensa para a avaliação dos impactos financeiros.
    “A grande dificuldade foi [a falta de] recursos. Esse é um tipo de tratamento que tem um custo elevado. Quando fomos debater a política com estados e municípios, houve um movimento muito forte que pontuou que isso não era prioridade”, lembra o senador Humberto Costa, que era ministro da Saúde em 2005, quando o programa foi lançado.
    “Hoje há uma demanda cada vez maior da sociedade. Além disso, ao longo destes últimos anos, muitas coisas que eram consideradas prioridades já foram contempladas por recursos da área da saúde. Acredito que hoje não existiria o mesmo tipo de resistência [para a inclusão da fertilização in vitro no SUS]”, opina Costa.
    Infográfico fertilização in vitro (Foto: G1)
    Atualmente, existem pelo menos oito hospitais que realizam a fertilização in vitro de forma gratuita, custeada por secretarias estaduais de saúde e orçamentos próprios de universidades. De acordo com levantamento realizado pelo G1, cada ciclo de fertilização in vitro custa para os cofres públicos entre R$ 2,5 mil e R$ 12 mil, dependendo do hospital onde é realizado.
    Hospitais
    Uma das possibilidades para atendimento via SUS é reembolsar esses centros de reprodução assistida que já oferecem fertilização in vitro de forma gratuita. Espalhados por São Paulo, Brasília, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre, pelo menos oito hospitais realizam cerca de duas mil fertilizações por ano – enquanto a iniciativa privada realiza entre 25 e 30 mil, segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.
    “Estou confiante de que a fertilização in vitro será incluída no SUS este ano. Acredito que o Ministério da Saúde vai repassar estes recursos, para que serviços que já estão estruturados passem a dar vazão à demanda”, afirma Luiz Henrique Gebrim, diretor do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, referência nacional na fertilização in vitro na rede pública. O hospital acaba de ampliar a infraestrutura na expectativa de realizar mais procedimentos e também poderia, segundo Gebrim, contribuir com o treinamento de médicos de outros estados.
    Onde fazer
    Em alguns dos hospitais que já oferecem a fertilização in vitro na rede pública, todo o tratamento é gratuito. Na maioria, no entanto, o casal precisa custear medicamentos para estimular a ovulação e a maturação dos óvulos. Os gastos variam de R$ 3 a R$ 10 mil, segundo os centros de reprodução assistida que oferecem o serviço.
    Para ter acesso ao tratamento, os casais precisam passar por uma série de exames que verifiquem que a fertilização in vitro é a única opção para ter filhos. O tempo de espera pode ser de anos. Segundo gestores de programas de fertilização ouvidos pelo G1, a inclusão da fertilização in vitro na tabela do SUS possibilitaria a ampliação de vagas e diminuiria o tempo na fila.
    “O Hospital das Clínicas da UFMG há muitos anos se vira para oferecer o tratamento gratuitamente e temos uma fila muito grande. A única forma de aumentar [o número de ciclos de fertilização in vitro] seria com o financiamento do SUS”, diz Francisco de Assis Nunes Pereira, subcoordenador do laboratório de reprodução humana do HC da UFMG.
    Veja abaixo informações sobre os hospitais que realizam fertilização in vitro na rede pública.
    SÃO PAULO
    Centro de Referência em Saúde da Mulher do Hospital Pérola Byington
    Ciclos de fertilização realizados por ano: 300
    Taxa de sucesso de gestação: 30%
    Critérios para entrar na fila de espera: a mulher tem que ter produção de óvulos e o homem produção própria de espermatozóide; a mulher também tem que ter até 35 anos.
    Características do atendimento: completamente gratuito.
    Hospital Universitário de Ribeirão Preto
    Ciclos de fertilização realizados por ano: 450
    Taxa de sucesso de gestação: 30%
    Critérios para entrar na fila de espera: ter avaliação básica e diagnóstico realizado na rede SUS; idades mais avançadas , pelo fato de ter menor resposta, não são priorizadas, em função da demanda.
    Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar parte da medicação - o restante é fornecido pelo hospital.
    Hospital Universitário da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
    Ciclos de fertilizações realizados por ano: 500
    Taxa de sucesso de gestação: de 30 a 40%
    Critérios para entrar na fila de espera: não há restrição de idade ou local de origem
    Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar a medicação.
    Hospital das Clínicas de São Paulo
    Ciclos de fertilizações realizados por ano: 600
    Taxa de sucesso de gestação: não informada.
    Critérios para entrar na fila de espera: não informados.
    Características do atendimento: não informados.
    BRASÍLIA
    Centro de Reprodução Assistida do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS)
    Ciclos de fertilização realizados por ano: 250
    Taxa de sucesso de gestação: 32%
    Critérios para entrar na fila de espera: encaminhamento de centros de saúde públicos que diagnosticaram necessidade de fertilização in vitro.
    Características do atendimento: completamente gratuito.
    RECIFE
    Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP)
    Ciclos de fertilização realizados por ano: 60
    Taxa de sucesso de gestação: em torno de 35%
    Critérios para entrar na fila de espera: não há restrição de idade ou local de origem; é analisada a reserva ovariana da paciente, ou seja, o que o ovário pode oferecer de óvulos.
    Características do atendimento: completamente gratuito.
    BELO HORIZONTE
    Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
    Ciclos de fertilização realizados por ano: 220
    Taxa de sucesso de gestação: de 10 a 50%
    Critérios para entrar na fila de espera: encaminhamento da rede de saúde municipal de saúde pública de Belo Horizonte.
    Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar a medicação.
    PORTO ALEGRE
    Hospital de Clínicas de Porto Alegre
    Ciclos de fertilização realizados por ano: 250
    Taxa de sucesso de gestação: 25 a 30%
    Critérios para entrar na fila de espera: ter menos de 35 anos na chegada à fila de espera e não ser portador de doenças virais (hepatite B, C, HIV, HTLV I/II)
    Características do atendimento: a fertilização in vitro é gratuita, mas o paciente precisa comprar a medicação.
    Hospital Fêmina do Grupo Hospitalar Conceição
    Ciclos de fertilização realizados por ano: primeira fertilização está prevista para maio de 2012 e a estimativa é realizar cerca de 120 ciclos por ano.
    Critérios para entrar na fila de espera: serão definidos em março.
    Características do atendimento: a fertilização in vitro será gratuita e o hospital está buscando formas de viabilizar a gratuidade dos medicamentos.