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1.04.2013

Memória de mulheres em menopausa é afetada após último período menstrual

Testes de universidade americana comprovam impactos nas habilidades cognitivas devido ao problema

O Globo 

O estudo acompanhou 117 mulheres
Foto: Foto de reprodução
O estudo acompanhou 117 mulheres Foto de reprodução
RIO - Os problemas de memória que mulheres costumam experimentar entre os 40 e 50 anos ao se aproximarem da menopausa não são mitos e podem ser ainda mais intensos durante o primeiro ano após o fim dos períodos menstruais. A conclusão é do Centro Médico da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos. Os prejuízos em habilidades cognitivas relatados por algumas pacientes nunca chegaram a ser comprovados cientificamente.
O estudo acompanhou 117 mulheres, que foram agrupadas em categorias com base em critérios estabelecidos em 2011 pelo grupo de estudos Stages of Reproductive Aging Workshop (Straw, algo como Oficina de Estágios de Envelhecimento Reprodutivo), formado por pesquisadores de todo o mundo para pesquisar dados sobre o assunto.
A pesquisa dividiu os participantes em quatro etapas: com o período reprodutivo atrasado, na transição menopausal precoce e tardia, e na pós-menopausa precoce. O primeiro grupo é das que mostram atraso no período reprodutivo e demonstram mudanças nos períodos menstruais como alterações na quantidade de fluxo e duração, mas ainda têm ciclos regulares.
As nas fases de transição apresentam grandes flutuações nos ciclos menstruais. A partir de uma diferença de sete dias ou mais no início do período para até mais de 60 dias na fase posterior. O período pode durar vários anos e também altera os níveis hormonais. Na pós-menopausa precoce foram inseridas mulheres que passam pelo primeiro anos o último período menstrual.
— As mulheres que passam pela transição à menopausa sempre reclamaram de dificuldades cognitivas, como reter as informações recebidas e ter dificuldades com tarefas mentais rotineiras — disse Miriam Weber, neuropsicólogo , principal autor do estudo. — O trabalho sugere que os problemas não apenas existem, como se tornam mais evidentes no primeiro ano apó o último período menstrual.
Os pesquisadores descobriram que as mulheres na fase inicial da pós-menopausa tiveram um pior desempenho na aprendizagem verbal, memória verbal e habilidade motora do que as mulheres nas fases finais da transição menopausal precoce e tardia. Os cientistas também mostram que sintomas relatados como dificuldades para dormir, depressão e ansiedade não preveem problemas de memória e não podem ser diretamente associados a alterações nos níveis hormonais encontrados no sangue.
— Os resultados sugerem que o declínio cognitivo ao longo do período de transição são processos independentes, ao contrário de uma simples consequência da interrupção do sono ou da depressão — diz Weber. — Embora os níveis hormonais absolutos não podem estar ligados a funçõe cognitivas, é possível, porém, que as oscilações durante este período desempenhem um papel nos problemas de memória que as mulheres experimentam.
O processo de aprender novas informações, retê-las e empregá-las são funções associadas a regiões do cérebro conhecidas como hipocampo e córtex-pré-frontal. As áreas são ricas em receptores de estrogênio.
— Ao identificar como os problemas de memórias progridem e quando as mulheres estão mais vulneráveis, podemos entender como mudanças terapêuticas e de estilo de vida podem ser benéficas — alega Weber. — O mais importante, no entanto, é que as mulheres tenham a certeza de que estes males, apesar de frustrantes, são temporários.
As participantes do trabalho realizaram uma série de testes que avaliaram as habilidades cognitivas. Entre eles, exames para verificar atenção, aprendizagem e memória verbal, além de habilidades motoras e de destreza. Foi analisada também a capacidade para receber informações e manipulá-las.
Durante os exames, relataram diversos sintomas relacionados à menopausa como ondas de calor, distúrbios de sono, depressão e ansiedade. Deram também uma amostra de sangue para determinar os níveis dos hormônios estradiol (um indicador dos níveis de estrogênio) e folículo-estimulante. Os resultados foram analisados para determinar se havia diferenças entre os grupos no desempenho e se elas foram resultado do problema.
Os testes eram similares às tarefas diárias rotineiras como estar focado em algo por um longo período, aprender um novo número de telefone ou fazer uma lista mental de produtos a serem comprados no supermercado.

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