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4.22.2013

Já tem medicamento genérico com valor mais elevado do que o de referência




Resolução da Anvisa determina, porém, que o preço dos remédios genéricos deve ser, no mínimo, 35% menor

Bruna Dias

Quem faz uso de medicamentos continuamente já notou algumas diferenças na hora de comprar genéricos. Muitas vezes, por orientação do próprio farmacêutico, a indicação é adquirir um de referência (primeira marca registrada para tal medicamento), ou até um similar, já que o preço de alguns genéricos está mais caro.

É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O estudo, conforme divulgado em nota pela assessoria de imprensa do instituto, constatou que alguns preços de medicamentos genéricos já estão mais caros do que os de referência.

A economista do Idec e responsável pela pesquisa, Ione Amorin, explica que o estudo foi realizado com base em dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. “De acordo com o artigo 12 da resolução número 2 da Anvisa, o preço do genérico deve ser, no mínimo, 35% menor do que o produto de referência. Os laboratórios negociam o preço, mas é a Câmara de Regulação dos Medicamentos (CMED) que aprova o preço teto do produto”, criticou a economista.

Estudo

Segundo o estudo, o fato de os genéricos serem mais caros que os medicamentos de marca contraria uma resolução da CMED, órgão que reúne os ministérios da Saúde, Fazenda e Justiça responsável por regular o mercado e estabelecer critérios para a definição e o ajuste de preços.

A análise feita pelo instituto escolheu alguns dos medicamentos mais comercializados nos últimos quatro anos: omeprazol, azitromicina, sinvastatina e cloridrato de sertralina (genéricos). Para trazer o estudo ao contexto de Bauru, já que as informações do Idec se referem à tabela da CMED, a reportagem consultou o preço dos medicamentos omeprazol, azitromicina, amoxicilina e sinvastatina em alguns estabelecimentos (veja quadro).

Em média, na cidade de Bauru, o omeprazol (genérico) pode ser encontrado com preço até 9,2% mais caro do que o Peprazol (marca). A azitromicina chega a ser 124% mais cara do que o Zitromax (marca) e a amoxicilina está 2,5% mais cara do que o Amoxil (marca). O único medicamento pesquisado na cidade que não acompanhou a tabela da CMED foi a sinvastatina, cujo genérico é mais barato.

Genérico x marca x similar

A farmacêutica Luciana Maria Luizão explica que os medicamentos genéricos, de marca e similares possuem algumas características que os diferenciam.

“O produto que chamamos de referência é aquele primeiro que a marca (laboratório) lançou no mercado. O genérico é intercambiável ao de referência, bioequivalente, segue os mesmos padrões do medicamento de marca. Já o similar pode ter algum corante diferente, ou o tempo de ação no organismo pode demorar um pouco mais. Mas isso não significa que o similar não é bom, porque ele tem o mesmo efeito que os outros”, esclareceu.

Luciana afirma que orienta os seus clientes, principalmente quando o médico receita a compra de um medicamento de marca. “Eles sempre perguntam pelo genérico e eu explico para eles as diferenças entre esses medicamentos e os valores para que eles fiquem cientes e façam a escolha”, finalizou.


Genéricos
Os medicamentos genéricos começaram a ser vendidos no Brasil em 1999, com a proposta de preços, pelo menos, 40% menores que os de marca. Ainda assim, a pesquisa do Conselho também revelou que no Brasil ele só representa 15% das vendas. Quem trabalha nas farmácias confirma: o paciente ainda tem dúvidas sobre a qualidade do genérico.

“A gente tranqüiliza o cliente, fala que é a mesma coisa. Tem a diferença de preços, mas todos passam pelos mesmos testes. Então, é só pedir o laboratório mais barato”, fala a atendente Rose Dias.

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