Especialista explica que não há antídoto para toxina, considerada letal.
Presidente dos EUA e senador republicano receberam cartas com ricina.
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Nesta semana, cartas enviadas ao presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, e ao senador republicano Roger Wicker foram interceptadas pelo
serviço secreto do país devido à presença da substância ricina, uma
toxina que tem origem na mamona e que pode matar uma pessoa apenas com
uma pequena quantidade, de acordo com especialistas.
Na quarta-feira (17), uma carta direcionada a Obama com uma “substância suspeita” foi detectada pela polícia especial responsável pela segurança presidencial. Na véspera, a Polícia do Capitólio interceptou um envelope contendo a mesma toxicina. Uma pessoa suspeita foi presa ainda nesta quarta por ter enviado a correspondência ao presidente.
Os incidentes foram registrados na mesma semana em que duas explosões atingiram participantes da Maratona de Boston, causando a morte de três pessoas e ferimentos em dezenas.
De acordo com Leila dos Santos Macedo, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e presidente da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), a ricina é uma proteína encontrada na mamona, presente em sua semente e no bagaço dela, resultante da produção de óleo. Segundo a especialista em microbiologia e imunologia, essa substância, mesmo em “pequeníssimas quantidades" pode ser letal.
“Uma semente da mamona ingerida por uma criança pode matá-la. Uma microquantidade de ricina ingerida ou inalada por uma pessoa pode causar uma reação no corpo que leva à morte entre 24 horas e 72 horas”, explicou Leila.
A substância, segundo ela, pode ser extraída com recursos relativamente simples, sem necessidade de um laboratório. "Deve-se tomar cuidado ao descartar o resíduo da mamona, após a extração do óleo. A melhor forma de cuidado é a incineração", complementou.
Parada respiratória
A especialista explica que a ricina pode ser misturada à água, ao alimento ou mesmo colocada em uma carta. Os sintomas de contaminação podem ser confundidos com os de uma pneumonia, já que a vítima tem problemas respiratórios, febre, tosse, enjoo e rigidez no peito.
“É uma proteína que inibe a síntese de proteínas das células do corpo. Ingerir uma pequena quantidade, como 500 microgramas, pode causar a parada respiratória em até 72 horas”, afirmou a pesquisadora.
Leila Macedo considera a ricina mais perigosa que outra substância utilizada no bioterrorismo, que é o antraz. Em 2001, ataques com esse material deixaram cinco mortos nos EUA. O autor do crime nunca foi identificado. Segundo Leila, foi possível desenvolver uma técnica que combate a contaminação por antraz, bloqueando seus efeitos. Mas ainda não há uma cura para o envenenamento por ricina, apenas tratamentos paliativos.
"Nossa preocupação agora é alertar as autoridades para o risco desta toxina, sobre as medidas preventivas que devem ser adotadas, não somente para evitar a produção da ricina, mas para evitar que este material caia em mãos erradas", disse.
Ela afirma que o tema será debatido em um congresso da ANBio que será realizado ainda este ano e terá foco na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, grandes eventos esportivos que vão ocorrer no Brasil.
Na quarta-feira (17), uma carta direcionada a Obama com uma “substância suspeita” foi detectada pela polícia especial responsável pela segurança presidencial. Na véspera, a Polícia do Capitólio interceptou um envelope contendo a mesma toxicina. Uma pessoa suspeita foi presa ainda nesta quarta por ter enviado a correspondência ao presidente.
Os incidentes foram registrados na mesma semana em que duas explosões atingiram participantes da Maratona de Boston, causando a morte de três pessoas e ferimentos em dezenas.
De acordo com Leila dos Santos Macedo, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e presidente da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio), a ricina é uma proteína encontrada na mamona, presente em sua semente e no bagaço dela, resultante da produção de óleo. Segundo a especialista em microbiologia e imunologia, essa substância, mesmo em “pequeníssimas quantidades" pode ser letal.
“Uma semente da mamona ingerida por uma criança pode matá-la. Uma microquantidade de ricina ingerida ou inalada por uma pessoa pode causar uma reação no corpo que leva à morte entre 24 horas e 72 horas”, explicou Leila.
Sementes de mamona, utilizada na extração da substância letal ricina (Foto: Wikimedia Commons)
Ela informou que o Departamento Federal de Investigação dos EUA (FBI,
na sigla em inglês) enviou para cerca de 60 associações de biossegurança
espalhadas pelo mundo o relatório de análise dessa substância e emitiu
alerta sobre os riscos de contaminação por ricina.A substância, segundo ela, pode ser extraída com recursos relativamente simples, sem necessidade de um laboratório. "Deve-se tomar cuidado ao descartar o resíduo da mamona, após a extração do óleo. A melhor forma de cuidado é a incineração", complementou.
A especialista explica que a ricina pode ser misturada à água, ao alimento ou mesmo colocada em uma carta. Os sintomas de contaminação podem ser confundidos com os de uma pneumonia, já que a vítima tem problemas respiratórios, febre, tosse, enjoo e rigidez no peito.
“É uma proteína que inibe a síntese de proteínas das células do corpo. Ingerir uma pequena quantidade, como 500 microgramas, pode causar a parada respiratória em até 72 horas”, afirmou a pesquisadora.
Leila Macedo considera a ricina mais perigosa que outra substância utilizada no bioterrorismo, que é o antraz. Em 2001, ataques com esse material deixaram cinco mortos nos EUA. O autor do crime nunca foi identificado. Segundo Leila, foi possível desenvolver uma técnica que combate a contaminação por antraz, bloqueando seus efeitos. Mas ainda não há uma cura para o envenenamento por ricina, apenas tratamentos paliativos.
"Nossa preocupação agora é alertar as autoridades para o risco desta toxina, sobre as medidas preventivas que devem ser adotadas, não somente para evitar a produção da ricina, mas para evitar que este material caia em mãos erradas", disse.
Ela afirma que o tema será debatido em um congresso da ANBio que será realizado ainda este ano e terá foco na Copa do Mundo de 2014 e nas Olimpíadas de 2016, grandes eventos esportivos que vão ocorrer no Brasil.
saiba mais
A exposição acidental à ricina é altamente improvável. A fabricação da ricina e seu emprego para envenenar as pessoas teria que ser um ato proposital. Se isto for feito, as pessoas podem ficar expostas ao inspirar o pó ou aerossóis (gotículas) de ricina ou ao comer alimentos ou beber água que contenham ricina. Grânulos de ricina dissolvida em líquidos também podem ser injetados no organismo das pessoas. O envenenamento com ricina não é transmitido de pessoa para pessoa por contato.2 3
Não há nenhum teste confiável para confirmar a exposição à ricina. Seu médico terá que verificar se você tem determinadas combinações de sintomas.1
Uma exposição a quantidades razoáveis de ricina pode causar sérios danos a órgãos e provocar a morte. Doses inaladas ou injetadas de 500 microgramas podem levar a morte.4
Os sintomas de envenenamento por ricina podem aparecer de 6 a 8 horas após a exposição. A enfermidade causada por esse veneno pode durar dias ou semanas.
Não existe um tratamento específico, o envenenamento por ricina é tratado com cuidados médicos de apoio, tais como auxílio para respirar, administração de líquidos por via intravenosa e medicamentos para tratar o inchaço.1
Ricina
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A ricina é uma proteína presente nas sementes da mamona (Ricinus communis L.), considerada uma das mais potentes toxinas de origem vegetal conhecida. Essa proteína é classificada dentro de um grupo especial de proteínas denominadas RIPs (do inglês Ribosome-Inactivating-Proteins), ou proteínas inativadoras de ribossomos. As proteínas desse grupo são capazes de entrar nas células e se ligar a ribossomos, paralisando a síntese de proteínas e causando morte da célula, uma semente de mamona contém ricina suficiente para levar uma criança a morte.1A exposição acidental à ricina é altamente improvável. A fabricação da ricina e seu emprego para envenenar as pessoas teria que ser um ato proposital. Se isto for feito, as pessoas podem ficar expostas ao inspirar o pó ou aerossóis (gotículas) de ricina ou ao comer alimentos ou beber água que contenham ricina. Grânulos de ricina dissolvida em líquidos também podem ser injetados no organismo das pessoas. O envenenamento com ricina não é transmitido de pessoa para pessoa por contato.2 3
Não há nenhum teste confiável para confirmar a exposição à ricina. Seu médico terá que verificar se você tem determinadas combinações de sintomas.1
Uma exposição a quantidades razoáveis de ricina pode causar sérios danos a órgãos e provocar a morte. Doses inaladas ou injetadas de 500 microgramas podem levar a morte.4
Os sintomas de envenenamento por ricina podem aparecer de 6 a 8 horas após a exposição. A enfermidade causada por esse veneno pode durar dias ou semanas.
Não existe um tratamento específico, o envenenamento por ricina é tratado com cuidados médicos de apoio, tais como auxílio para respirar, administração de líquidos por via intravenosa e medicamentos para tratar o inchaço.1
Referências
- ↑ a b c Definição: "Ricina"
- ↑ EFSA Scientific Opinion: Ricin (from Ricinus communis) as undesirable substances in animal feed [1] - Scientific Opinion of the Panel on Contaminants in the Food Chain. Efsa.europa.eu. Página visitada em 1 de setembro de 2010.
- ↑ (1985) "Castor bean toxicity re-examined: A new perspective". Veterinary and human toxicology 27 (6): 498–502. PMID 4082461.
- ↑ El Mundo. La ricina, uno de los venenos más potentes que existen. Acesso em 18 de abril de 2013
Nunca uma repercussão como a que estamos vivendo foi tão importante. Há anos batalhamos para informar a imprensa e a população da importância, riscos, prós e contras da Pesquisa Clínica em humanos e animais. Mas pela falta de interesse da maioria dos veículos de comunicação e dos formadores de opinião, nossa voz não se faz ecoar. Preferem dar espaço aos escândalos pífios de pseudas celebridades, do que a um assunto tão sério e importante para a vida.
ResponderExcluirO grande problema dessa celeuma nacional é a falta de conhecimento e de ética, que acabam prestando um desserviço à humanidade. Os estudos científicos devem obedecer rigorosamente as Boas Práticas Clínicas e a Bioética e são absolutamente necessários para o desenvolvimento da biotecnociência e não deveriam ter essa visão tão caricata que só corrobora com o preconceito e aumenta a desinformação de forma exacerbada.
É premente salientar que existe um esforço importante por parte de toda a comunidade cientifica para que métodos alternativos sejam utilizados no lugar dos animais, quer em estudos biomédicos, em testes de segurança de produtos ou no ensino. Podemos citar os estudos em culturas celulares, modelos computacionais, processos de análise genômica etc. Entretanto, nos dias atuais, ainda é impossível o desenvolvimento de certos produtos, tanto para a saúde humana como animal, sem a fase de experimentação em animais.
Para fiscalizar, orientar, formular e zelar pelo cumprimento das normas relativas à utilização humanitária de animais com finalidade de ensino e pesquisa científica foi instituída a LEI AROUCA (Nº 11.794, de 8/10/2008), que criou o CONCEA (Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal) e os CEUAs (Comissões de Ética no Uso de Animais). A função, dentre outras é a avaliação Bioética e Bem-Estar Animal, semelhantes ao sistema CEP/CONEP para pesquisas em humanos. Essas entidades respondem diretamente ao Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia e, para salvaguardar os direitos dos animais, participam desses colegiados representantes dos Ministérios da Educação; Meio Ambiente; Saúde; Agricultura dentre outras entidades, inclusive por dois representantes das sociedades protetoras de animais, além de médicos veterinários e biólogos.
A lei é bem clara: experimentos que porventura possam causar dor ou angústia só poderão ser feitos sob sedação adequada e é vedado o uso de bloqueadores neuromusculares ou de relaxantes musculares em substituição a substâncias sedativas ou analgésicas. Em caso de transgressão, as instituições estão sujeitas às penalidades impostas pela Lei Arouca ou até ao seu descredenciamento.
É muito mais saudável aos próprios animais e mais inteligente, ao se configurar a hipótese de maltrato ou suspeita de violação à Lei, às Boas Práticas Clínicas ou à Bioética, notificar a ocorrência imediatamente ao CONCEA, fornecendo informações que permitam ações imediatas e sanções cabíveis em prol da saúde dos pesquisados. É agressivo, irresponsável e perigoso o ato intempestivo de retirar qualquer pesquisado dos centros de pesquisas ou biotérios, onde recebem o tratamento adequado pós-experimento, visando saúde, bem estar e preservação da vida.
Infelizmente, há uma desinformação generalizada sobre o que é, para que serve, riscos, benefícios, deveres e direitos dos pesquisados. Outro problema é a incapacidade e imperícia profissional, formação inadequada e inaptidão de muitos pesquisadores, o que compromete sobremaneira o resultado de pesquisas clínicas, sejam em animais ou humanos. Não estamos afirmando que são todos, porém é preciso profissionalizar o segmento. A qualidade de muitos dos Centros de Pesquisa brasileiros, de algumas indústrias ou ainda das chamadas Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (ORPCs) ou CRO (em inglês) ainda não é a ideal, nem atingiu a qualidade e os princípios éticos de excelência.
Dra. Greyce Lousana é Presidente Executiva da SBPPC (Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clínica)