Resolução do Conselho Federal de Medicina entrou em vigor nesta quinta-feira (9 de maio de 2013)
CFM altera regras para a reprodução assistida no País
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A doação compartilhada prevê que pacientes interessadas em fazer a fertilização assistida doem parte de seus óvulos a outras pacientes que não têm como produzi-los. Essas, em troca, financiam parte do tratamento das doadoras. Não é prática mercantil. É ato de solidariedade, afirma o presidente em exercício do CFM, Carlos Vital Correa Lima.
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O presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, Adelino Amaral, defende a medida e afasta a possibilidade de se formar um banco de doadoras ou uma espécie de ação para recrutar pacientes. Segundo ele, a troca é ofertada para pacientes que espontaneamente procuram a clínica, mas que não têm condições de arcar com o preço do tratamento, de até R$ 20 mil. Cerca de 50% desse valor é gasto só com o estímulo para produção de óvulos. Essa parte do tratamento é que seria paga pela receptora.
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Já a professora da Universidade de Brasília Débora Diniz considera que o CFM não poderia fazer esse tipo de regulação. O governo dispõe de um serviço gratuito. O compartilhamento de óvulos em troca financeira é algo que está longe de ser o ideal, afirma. Ela observa que toda a lógica da regulação brasileira impede a cobrança por doações, seja de órgãos, seja de sangue. E para óvulos não pode ser diferente. Para ela, a troca dos óvulos por parte do tratamento desrespeita toda a noção de altruísmo.
Amaral, no entanto, observa que o sistema público não tem condições de atender a toda a demanda. Estima-se que 5% das fertilizações assistidas no País sejam feitas no sistema público de saúde. A espera chega a ser maior do que um ano.
Limites
A resolução ainda deixa claro o limite de embriões a ser implantados na paciente. O número varia de acordo com a idade da doadora e não da paciente que vai receber os embriões. A regra, de acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, Adelino Amaral, tem como objetivo reduzir o número de gestações múltiplas, de maior risco tanto para gestantes e bebês. Pacientes mais velhas têm probabilidade menor de engravidar. Por isso, a partir de determinada idade da doadora, é preciso aumentar os implantes.
De acordo com o presidente da câmara que analisou as mudanças, Hiran Gallo, mulheres com mais de 40 anos tem probabilidade de engravidar de 10%; no caso das de 35 anos, a probabilidade é de 40%.
Outra mudança é oficializar a chamada tipagem HLA, para selecionar embriões livres de doenças encontradas na família e, ao mesmo tempo, compatível com o paciente. Isso pode permitir que a criança, ao nascer, possa até ser doadora e ajudar no tratamento do paciente, afirma Gallo. E está longe de ser antiético. A mulher acaba aliando seu desejo de procriar com a possibilidade de tratar outro filho, por exemplo.
Lima defendeu as mudanças.
— Precisávamos de regras mais atuais.
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