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6.20.2013

‘Será a volta do monstro?’

Gilberto Gil sobre protestos:

  • Ao falar de protestos e polícia, cantor lembra do período da ditadura
Mariana Filgueiras

Gilberto Gil
Foto: Divulgação
Gilberto Gil Divulgação
RIO — O compositor e cantor Gilberto Gil comentou nesta quarta-feira, com um misto de preocupação e ânimo, as manifestações que se espraiam pelo Brasil desde a semana passada.
— Tenho visto, acompanhado, com muita aflição, às vezes, muito susto. Será a volta do monstro daquela época? — questiona Gil, referindo-se à violência da repressão policial e à ditadura militar, que o levou ao exílio, em Londres, de 1969 a 1972. — Na última segunda-feira, eu me senti fragilizado de novo, temeroso de novo. Parecia o dia em que eu fui para a Passeata dos Cem Mil, na Avenida Rio Branco, no dia do meu aniversário, aquele 26 de junho. Fui tomado pelo mesmo temor daquela época, agora em minha casa, acompanhando a TV e as redes sociais, já inserido neste hipertexto, neste hipercontexto.
— Mas, num segundo momento, eu me sinto aliviado por ver esta insurgência popular. Me dá indicação de que a transformação, o “Tempo rei” continua rei. Tudo transformando, transcorrendo, as coisas mudando, novas interrogações, novas questões, novas dificuldades analíticas. Eu estava vendo os protestos na TV ontem (terça-feira) e pensando: o que é isso? Essa manifestação junta a rave com o arrastão. São as duas coisas ao mesmo tempo. É a rave-arrastão. Pronto, é um verso, um condensado poético. As novas palavras de ordem juntam ao mesmo tempo a oração e a praga.
Questionado sobre a necessidade dos artistas manifestarem-se publicamente sobre a questão, Gil reagiu:
— No meu caso pessoal, não precisa. Eu fiz isso a vida toda, todo mundo sabe. “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte!” (cantarola a música “Divino, Maravilhoso”). O encorajamento esta aí, podem usar! É só entrar no meu site, procurar, a música está aí!

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