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9.09.2013

O que fazer para acabar com a prisão de ventre

Só de você pensar em viajar seu intestino trava? Bem-vinda ao clube: duas em cada três mulheres sofrem com prisão de ventre. Hora de fazer as pazes com o banheiro - e com sua vida social

Reportagem: Bárbara dos Anjos Lima e Ana Gonzaga / Edição: MdeMulher
Conteúdo NOVA

O efeito de passar dias com prisão de ventre é tão ruim quanto uma TPM das brabas
Foto: Cadu Maya
As fezes transitam de forma mais lenta no intestino grosso das mulheres do que no dos homens - cerca de 39 horas para elas e 31 para eles. E, quando finalmente saem, elas têm que vir do jeito certo. "O cocô deve cair na água de maneira exata e fazer um ‘chuá’", diz o famoso médico americano Mehmet Oz, consultor do programa da Oprah Winfrey. A frequência com que a prisão de ventre acontece é a chave para saber se você deve procurar um médico. Se duas ou três vezes por mês ficar mais de três dias sem ir ao banheiro, melhor entender por que isso acontece.

Diga-me o que comes

Para evitar uma barriga dura (de gases, não por causa da sua série de abdominais!), você deve ingerir menos açúcar e gordura e mais vegetais, frutas e carboidratos complexos, como arroz, massas e pães integrais. As fibras, principal ingrediente para melhorar as funções intestinais, devem entrar no prato em pelo menos duas refeições diárias. O ideal é que seja no café da manhã e no almoço para estimular o intestino a funcionar ainda durante o dia. Mas isso só vale se você estiver hidratada. A quantidade de água que devemos ingerir depende das calorias consumidas. Para uma dieta de 2 mil calorias, o ideal é tomar 2 litros por dia. Quer saber se está fazendo certo? Preste atenção no seu xixi: ele deve ser de um tom clarinho o dia todo.

Relaxa, amiga!

Não é à toa que os especialistas costumam dizer que o intestino é nosso segundo cérebro. O efeito de passar dias com prisão de ventre é tão ruim quanto uma TPM das brabas - ou até pior. O termo "enfezada", por exemplo, explica exatamente esse tipo de situação: depois de vários dias com fezes acumuladas em seu corpo, não há como ficar bem-humorada! O stress também é capaz de alterar a fauna de micro-organismos que vivem no intestino e seu funcionamento. Os efeitos do seu ciclo menstrual também podem influenciar. Mais uma razão para nós, mulheres, termos mais problemas em fazer o número 2. "Perto de menstruar, a mulher tem um conjunto enorme de alterações de ordem psíquica ou física, o que favorece os sintomas digestivos", diz a gastroenterologista Maria de Lourdes Teixeira, de São Paulo.

Tire o pé do chão...

E o bumbum da cadeira! A falta de atividade física afeta todo o seu organismo, não somente os músculos usados para correr ou para dar tchau. Ficar parada reduz os movimentos peristálticos, aqueles que o intestino faz involuntariamente para empurrar o alimento para a frente. Meia horinha de exercício por dia já é suficiente para fazer tudo funcionar. Para quem senta com seus glúteos bem torneados na mesa do trabalho e só tira na hora de pegar a bolsa para ir embora, vale a dica: depois do almoço, não volte correndo para sua mesa. Dê uma caminhadinha - chame sua colega mais divertida para comentar as últimas fofocas do escritório ou o capítulo da novela das 9.

Cadê tempo?

Você já reparou que às vezes passa a semana inteira sofrendo para ir ao banheiro e no fim de semana, como que por um milagre, consegue fazer o número 2 sem tanto esforço? A pesquisa SIM Brasil - Saúde Intestinal da Mulher, realizada pela Federação Brasileira de Gastroenterologia, concluiu que 72% das mulheres só têm problemas intestinais de segunda a sexta. No final de semana, funcionam feito um reloginho. Claro que a vergonha de usar o banheiro no trabalho contribui (mas é bobagem, viu? Todo mundo faz, até o presidente). Agora, se você é daquelas que nem saem para almoçar, engolem um sanduíche olhando para o computador, o único jeito é abandonar o hábito e, quando tiver mesmo de fazer isso, optar por alimentos leves, que não produzem gases, como pão integral com queijo branco e muita água. Já iogurte, principalmente os integrais, são deliciosos e saudáveis, mas podem fermentar. O mesmo vale para as frutas secas. E tem que ter calma. Ninguém gosta de ser apressado, e seu sistema digestivo não é exceção. Alguns dos sinais que seu corpo manda para avisar seu cérebro que você já comeu o suficiente demoram um pouco. Pise no freio e mastigue cada mordida pelo menos 20 vezes. Tempo suficiente para seu estômago digerir os nutrientes.

Justo quando você...

...Vai viajar com o namorado


A menos que você tenha autocontrole suficiente para esperar a hora que o gato vai à farmácia ou sai sozinho para comprar o café da manhã para vocês, cedo ou tarde vai ter de ir ao banheiro com ele por perto. "Segurar faz com que as fezes fiquem mais tempo no intestino e percam água, endurecendo", diz Maria de Lourdes. E a tarefa vai ficando ainda mais difícil. Uma saída é abrir o chuveiro, o que ajuda a diminuir o cheiro e o barulho. E, para justificar o aguaceiro, tome uma ducha depois.

...Está com a barriga inchada no dia de colocar aquele vestido justo

Alguns alimentos favorecem a formação de gases e inchaço da barriga, como feijão, brócolis, grão-de-bico e cebola. Corte essa lista do almoço para entrar no pretinho básico. Se for a uma festa, fuja das bebidas com gás (devagar com o champanhe!) e dos docinhos feitos com leite integral e oleaginosas como nozes. Se a tragédia já estiver montada, apele para um antigases de venda livre. "A dimeticona costuma resolver e não há restrições para seu uso", diz Marcelo Gonçalves, gastroenterologista de São Paulo. Laxante sem prescrição médica, jamais! O uso prolongado faz mal e pode piorar o quadro.

...Está com desejo de fazer sexo anal

Mais uma vez, deixe de lado alimentos que fermentam demais, como feijão, brócolis, castanhas e nozes. "Evite também pães, massas, condimentos e refrigerantes", aconselha Gonçalves. Ou, na hora H, você pode deixar escapar algo mais do que um "ai" de prazer.

...Está trabalhando até bem tarde

Se você não consegue ir ao banheiro fora de casa, a solução é treinar seu organismo para fazer o número 2 no conforto do lar. O melhor momento para isso é pela manhã. Depois do café, vá ao banheiro e dê tempo ao intestino para que ele funcione. Pode não dar certo da primeira vez; depois ele se acostuma. Beber água pela manhã também ajuda. "Durante o desjejum, aumentam as contrações e a produção de alguns hormônios gástricos que estimulam a saída das fezes", diz Maria de Lourdes. Mas esqueça as receitinhas milagrosas de água com limão ou água quente. Pura - e em temperatura ambiente - já basta.

Força que vem da farmácia

Quando bate o desespero, tem quem apele para os laxantes. Mas é preciso ter cuidado. Eles são para uso esporádico (você deve tomar beeem de vez em quando) e com orientação médica. Dá para dividi-los em dois tipos:

Baixo risco

Divulgados como naturais, não são tão inofensivos assim. Em alta dosagem, esses reguladores intestinais à base de Tamarindus e sene (tais como Naturetti, Chá de Sene e Tamarine) causam diarreia, vômitos e cólicas. "Em casos extremos, podem gerar até dependência e irritar a mucosa do intestino", diz o gastroenterologista Luís Arruda, de São Paulo.

Alto risco

São medicamentos fortes e recomendados para situações específicas, como a preparação para uma cirurgia ou exames. Quando usado fora desses casos, remédios que contêm bisacodil na fórmula (Dulcolax é um dos nomes populares mais comuns) podem causar doenças graves no intestino, como melanose colônica e até tumores.

Prisão de ventre

Prisão de ventre e intestino preso são os nomes populares pelos quais é conhecida a constipação (ou obstipação) intestinal, um distúrbio comum caracterizado pela dificuldade persistente para evacuar.
É preciso considerar, entretanto, que não existe um padrão rígido para classificar a frequência normal de funcionamento dos intestinos, que pode variar de 3 a 12 vezes por semana. Só se considera um quadro típico de constipação, quando ocorrem duas ou menos evacuações por semana e/ou o esforço para evacuar é grande demais e pouco produtivo.
Algumas pessoas se queixam de que o intestino não funciona regularmente em ambientes estranhos, ou quando quebram a rotina, como ocorre durante as viagens, por exemplo. Essa alteração, porém, costuma desaparecer tão logo a pessoa retoma suas atividades habituais.
A constipação é um transtorno mais comum nas mulheres, especialmente durante a gravidez, nas crianças e nos idosos.
Causas
As causas mais comuns da prisão de ventre costumam ser a dieta pobre em fibras, a pequena ingestão de líquidos, o sedentarismo, assim como o consumo excessivo de proteína animal e de alimentos industrializados. Não atender à urgência para evacuar, quando ela se manifesta, também pode comprometer o funcionamento regular dos intestinos.
A prisão de ventre pode, ainda, estar associada a doenças do cólon e do reto, como diverticulose, hemorroidas, fissuras anais e câncer colorretal. Pode, igualmente, ser provocada pelo uso de certos medicamentos e por alterações neurológicas e do metabolismo. Estresse, depressão e ansiedade são outras ocorrências capazes de interferir nos hábitos intestinais.
A complicação mais comum da constipação é o fecaloma, massa compacta de fezes endurecidas, que se deposita no reto ou no cólon-sigmoide, e interrompe o trânsito intestinal. A tendência é o fecaloma aparecer mais nas pessoas com dificuldade de locomoção, como os idosos acamados e os cadeirantes. 
Sintomas
Os sintomas da prisão de ventre podem variar de uma pessoa para outra ou na mesma pessoa nas diferentes crises. Os mais característicos são: 1) número reduzido de evacuações, 2) dificuldade para eliminar as fezes que se apresentam ressecadas, muito duras e pouco volumosas,  3) sensação de esvaziamento incompleto dos intestinos. No entanto, esses não são os únicos sintomas. Desconforto, distensão e inchaço abdominal, mal-estar, gases e distúrbios digestivos são manifestações  que também podem estar correlacionadas com a prisão de ventre.
Diagnóstico
O levantamento da história do paciente, seguido de um exame clínico minucioso, é o passo fundamental para o diagnóstico da constipação. Exames de laboratório, como hemograma e sangue oculto nas fezes, e de imagem – enema opaco, colonoscopia e tempo de trânsito das fezes – são importantes para determinar as causas do distúrbio, estabelecer o diagnóstico diferencial e conduzir o tratamento.
Tratamento
Posto que a prisão de ventre é apenas um sintoma e não uma doença em si, o objetivo do tratamento é corrigir as causas do distúrbio.
A maioria dos pacientes se beneficia com mudanças na dieta e no estilo de vida. Basicamente, a primeira delas consiste na maior ingestão de fibras (legumes, verduras, frutas, cereais integrais, etc.), de alimentos com propriedades laxativas, como o mamão e a ameixa, de farelos em pó misturados aos alimentos ou diluídos em água ou em sucos e de suplementos com fibra na forma de biscoitos ou comprimidos. A segunda, é beber bastante líquido (aproximadamente dois litros por dia, se não houver contraindicação médica, pois pessoas com insuficiência cardíaca ou renal, por exemplo, podem não tolerar esse volume de líquido).Praticar atividade física é outra medida essencial para o bom funcionamento dos intestinos. Em alguns casos, porém, pode ser necessário prescrever o uso de supositórios e de enemas (lavagens intestinais) para facilitar a eliminação das fezes.
Em virtude de possíveis efeitos adversos, o uso de laxativos deve ser criteriosamente orientado por um médico. Finalmente, só em situações muito especiais e raras, é preciso recorrer à cirurgia para retirada do fecaloma endurecido.

 Recomendações
* Vá ao banheiro sempre que tiver vontade;
* Beba muito líquido, mas álcool com moderação, porque ele ajuda a desidratar as fezes;
* Saiba que a ingestão de farelo em pó pode aumentar a produção de gases;
* Coma frutas, se possível com casca, nos intervalos entre as refeições;
* Tente administrar as situações de estresse e as crises de ansiedade. Se precisar de ajuda, não se acanhe. As emoções podem ter influência sobre o funcionamento dos intestinos. Lembre-se de que esse órgão já foi chamado de segundo cérebro.
* Procure assistência médica se notar mudanças significativas nos hábitos intestinais. Não deixe também de ir ao médico, se as fezes estiverem muito ressecadas ou muito finas, se houver sinais de sangramento, ou se você estiver emagrecendo sem nenhuma explicação aparente. 
Drausio Varella

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