Busca por qualificação profissional influencia na decisão de pessoas entre 25 e 34 anos pela permanência com a família
A tendência é confirmada por dados da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
que mostra que as concessões de bolsas para mestrado e doutorado
aumentaram 233% e 171%, respectivamente, nesses dez anos.
“Embora esses jovens arquem com seus
gastos pessoais, em parte ou na íntegra, boa parte de seus rendimentos
se direciona a investimentos em ensino continuado — como MBA,
pós-graduação e cursos —, além de compra de imóvel e lazer”, explica a
técnica do IBGE Bárbara Cobo, em trabalho apresentado no 17º Encontro
Nacional de Estudos Populacionais em 2010.
FORMAÇÃO CONTINUADA
É o caso de Isabella, que se formou em Direito em dezembro de 2012 e começou a pós-graduação em Processo e Direito Civil em abril deste ano. A cientista social Gabriela Caruso também pretende deixar a casa dos pais só depois que terminar o mestrado em Sociologia.
“Vou tentar bolsa de R$1.200 na Uerj. Não é suficiente para pagar as contas”, diz.
Fernando Schuler, diretor do Ibmec/RJ, conta que praticamente 100% dos alunos da instituição emendam a pós-graduação depois que se formam. “A atualização profissional é muito exigida”, diz.
Segundo o IBGE, a Região Sudeste registrou o maior crescimento de jovens que ainda moram com a família: passou de 23,1% em 2002 para 26,7% em 2012. Segundo o estudo, cerca de 60% dos jovens nessa situação são homens e 40%, mulheres.
O nível é maior para famílias mais abastadas, chegando a 15,3% naquelas com renda de 2 a 5 salários mínimos por integrante. A pesquisa revela ainda que os jovens que continuam morando com os pais têm escolaridade média maior. Em 2012, 14% continuavam estudando, enquanto para aqueles que saíram de casa o índice era de 9%.
Preocupação com os pais e custo de vida influenciam
Formada em Direito, a consultora Flavia Albuquerque da Motta ainda mora com os pais. Ela explica que a nova geração busca qualificação e experiência profissional para garantir autonomia no futuro. “A ideia é sair de casa mais confortavelmente”, avalia.
Coordenadora da pesquisa do IBGE, Ana Lúcia Saboia concorda que os filhos permanecem mais tempo na casa dos familiares para dar continuidade aos estudos, mas pondera: “Por outro lado, existe a crise dos cuidados, em que esses jovens podem estar por conta dos próprios pais, que em alguns casos são idosos, por exemplo”.
Sarah da Silva Telles, a professora de Sociologia da PUC-Rio, destaca que este comportamento passa por questões econômicas e culturais. “É inegável o aumento do custo de vida nas grandes capitais e, por isso, muitos jovens não querem perder a qualidade de vida que têm na casa dos pais. Por outro lado, as famílias estão mais tolerantes com o comportamento dos filhos, o que prolonga por mais tempo a decisão de sair de casa”, diz.
Emprego formal no país cresceu 12,3% em dez anos
A Síntese de Indicadores Sociais do IBGE divulgada ontem também mostrou aumento significativo da proporção de trabalhadores em empregos formais no país, que passou de 44,6% em 2002, para 56,9% em 2012. Cerca de 25% das mulheres que trabalharam em 2012 eram empregadas domésticas.
Segundo o Ministério do Trabalho, o setor de serviços foi o que mais contratou e passou de 9 milhões de contratações para 16 milhões de trabalhadores com carteira assinada.
De acordo com o IBGE, contribuíram para o aumento da formalização do mercado de trabalho, fatores como o o aumento da renda real, crescimento econômico, a redução do desemprego, a política de valorização do salário mínimo em vigor desde 2005 e a implementação do Programa Simples Nacional.
No Sudeste, o nível de formalização passou de 55,1% em 2002 para 66,9% em 2012. Já a Região Norte teve o pior desempenho e passou de 33,9% em 2002 para 38,7% em 2012. Norte e Nordeste não conseguiram alcançar o patamar de 40% de formalização das demais áreas.
Entre avanços e preocupações
Em relação aos indicadores da saúde, há avanços, mas também motivos de preocupação. A boa notícia é que a mortalidade infantil diminuiu de 53,7 óbitos para cada mil nascidos vivos, em 1990, para 18,6 óbitos por mil nascidos vivos, em 2010. O Objetivo do Milênio da ONU é chegar a 17,9 até 2015.
Já em relação à mortalidade materna (ocorrida durante a gravidez, aborto ou parto e puerpério), o país deve ficar fora do preconizado pela ONU. Entre 1990 e 2010, a taxa caiu de 133 por mil nascidos vivos para 68. A organização estabeleceu a taxa de 35 óbitos por cem mil.
Entre os anos 2000 e 2010, a taxa de incidência de Aids se manteve estável
Na faixa dos 40 aos 49 anos, a incidência do vírus HIV aumentou de 31 por cem mil habitantes para 34,2. Já entre aqueles com menos de 39, houve redução. Entre as pessoas de 35 a 39 anos, caiu de 44,3 por cem mil para 38,1.
Colaborou Beatriz Salomão
Nenhum comentário:
Postar um comentário