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1.22.2014

Azeite de oliva reduz em 66% problemas de circulação nas pernas

Estudo espanhol Predimed já havia apontado relação da dieta mediterrânea com menor incidência de problemas cardiovasculares

O GLOBO

Dieta mediterrânea, rica em azeite, traz benefícios para a saúde que vão desde a prevenção de problemas cardiovasculares a menor incidência de diabetes
Foto: KARSTEN MORAN / NYT
Dieta mediterrânea, rica em azeite, traz benefícios para a saúde que vão desde a prevenção de problemas cardiovasculares a menor incidência de diabetes KARSTEN MORAN / NYT
PAMPLONA - A dieta mediterrânea é alvo de uma ampla pesquisa sobre o impacto da alimentação na qualidade de vida dos espanhóis com alto risco de problemas cardiovasculares desde 2003. Chamado Predimed, o estudo agora revelou que, por ser rica em azeite de oliva, esse tipo de nutrição reduz em mais da metade o risco de problemas circulatórios nas extremidades, o que os médicos chamam de doença arterial periférica (DAP).


A descoberta foi publicada no “Journal of the American Medical Association“ (Jama). De acordo com Martínez-González, os resultados “são os mais espetaculares do Predimed” até o momento: em pessoas com risco cardiovascular, a incidência de DAP cai 66%.
A DAP afeta 5% da população mundial com idade acima de 50 anos. Ela acomete sobretudo os fumantes, mesmo que já tenham parado, os diabéticos e aqueles que sofrem com problemas de pressão e colesterol alto.
“As artérias acumulam placas de aterosclerose, se tornam estreitas e se obstruem. Acontece geralmente nas artérias das pernas”, escreveu Miguel Ángel Martínez-González, investigador do estudo financiado pelo Instituto de Saúde Carlos III, de Madri, e professor de Medicina Preventiva da Universidade de Navarra, em Pamplona. “A dificuldade da circulação continua, produz dores ao caminhar, pode gerar úlceras e feridas que não cicatrizam, infecção nos pés e até mesmo gangrena. Em caso graves, pode levar à amputação do pé”.
Os pesquisadores analisaram dados de 7.435 participantes por quatro anos. Segundo artigo do “Jama“, “o risco de problemas de circulação praticamente desapareceram”.
Os voluntários foram divididos em três grupos. Os alimentados com a dieta mediterrânea foram divididos em dois: para 2.539 pessoas foi dado mais azeite de oliva e para 2.452 a oferta era de frutos secos extras. O terceiro grupo foi formado por 2.444 pessoas que receberam uma dieta com pouca gordura, limitando o uso de azeite.
“Observamos que entre as pessoas que seguiram a dieta mediterrânea, os que receberam mais azeite reduziram em 66% os casos de DAP e entre aqueles que ganharam mais frutos secos o risco caiu em 50%”, afirmou Martínez-González.
Apesar da população estudada apresentar alto risco cardiovascular, ao longo da pesquisa apenas alguns sofreram com DAP. Segundo o pesquisador, “este é o maior efeito protetor comprovado no estudo, e proporciona um respaldo sólido do efeito global do benefício das dietas mediterrâneas contra a aterosclerose”.
Resultados em destaque
Um dos primeiros resultados do Predimed foi publicado no início de 2013 pela revista “The New England Journal of Medicine”, mostrando que a dieta era capaz de diminuir em 30% a probabilidade de uma pessoa sofrer infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou problemas cardiovasculares que poderiam levar à morte. Três meses depois, o “Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry” trazia dados que apontavam que ela também aumentava a capacidade cognitiva de idosos.
Realizado pelo Centro de Investigação Biomédica em Fisiopatologia da Obesidade e da Nutrição (CIBERobn), o estudo começou o ano divulgando o resultado de análises da relação da alimentação com o diabetes. Em artigo no periódico “Annals of Internal Medicine”, os pesquisadores afirmaram que, além dos benefícios já comprovados no combate ao sobrepeso, à obesidade e à depressão, a dieta mediterrânea também reduzia a incidência do diabetes.
“Vimos que a dieta mediterrânea reduzia pela metade a incidência de novos casos de diabetes em sujeitos com alto risco cardiovascular”, disse Martínez-González.
Dieta saudável
A dieta mediterrânea tem como base os hábitos alimentares dos povos das regiões banhadas pelo mar mediterrâneo - países do sul da Europa, norte da África e sudoeste da Ásia. O Predimed optou por estudar esse tipo de alimentação pois as pessoas da região apresentam incidência muito baixa de doenças cardiovasculares, hipertensão e obesidade.
O cardápio mediterrâneo possui um consumo considerado alto de gorduras, mas todas de alta qualidade, como as encontradas nos peixes, nas proteínas vegetais (lentilha e grão de bico, por exemplo) e no azeite. A alimentação também preconiza alimentos naturais, frescos e in natura, cortando os males dos produtos industrializados.
Outra característica apontada como benéfica da dieta é o consumo de vinho. O Predimed já havia demonstrado, em estudo com 5.505 pessoas, que uma taça de vinho por dia poderia prevenir a depressão. Além disso, a bebida é rica em resveratrol e polifenol, que são poderosos antioxidantes, protegendo as células contra o envelhecimento, aumentando a imunidade e equilibrando o metabolismo.

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