O governo Dilma saiu em
defesa dos jovens que promovem "rolezinhos" nos shoppings e acusou de discriminação social quem reprimir esta manifestação. O apoio à manifestação da presidenta serve de antídoto
a possíveis atos de vandalismo.
Responsável pelo diálogo com os movimentos sociais, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, criticou a repressão policial aos "rolezinhos" em São Paulo e a concessão de medidas liminares, por parte da Justiça, a lojistas de shoppings, receosos com o movimento dos jovens da periferia.
Gasolina no fogo
"Mais uma vez, a ação inadequada da polícia acabou botando gasolina no fogo", afirmou Carvalho, que esteve ontem no Recife, onde participou de dois encontros com jovens de Pastorais da Juventude da Igreja Católica. "Eu não tenho dúvida de que a concessão dessas liminares (para proteger os shoppings contra os rolezinhos também é um erro. Para mim é, no mínimo, inconstitucional."
O ministro disse que "os conservadores deste País" devem se conformar que os direitos vieram para todos. "Qual o critério que você vai selecionar uma pessoa da outra? É a cor, é o tipo de roupa que veste? Tudo isso implica preconceito, no prejulgamento de uma pessoa e fere a Constituição", insistiu Carvalho.
Para a chefe da Secretaria da Igualdade Racial, Luiza Bairros, declarações como as do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que chamou os manifestantes de "cavalões", podem acirrar os ânimos. Para ela, a intenção dos jovens da periferia é totalmente pacífica, mas a reação "preconceituosa" das pessoas brancas tende a causar problemas.
A presidenta Dilma chamou ao Palácio do Alvorada os ministros Carvalho, Luiza Bairros, José Eduardo Cardozo (Justiça) e Marta Suplicy (Cultura). e alertou o secretário-geral da Presidência. "Não dá para embarcar nessa história de repressão."
A ordem do Planalto é para tratar o assunto com naturalidadee respeitar a manifestação pacífica dos jovens.
Monitoramento
A orientação do Planalto é para que ministros monitorem atentamente os "rolezinhos", com o objetivo de evitar que as manifestações sejam apropriadas por vândalos e black blocs.
"A gente tem de ter a humildade de observar primeiro, de acompanhar e procurar entender mais profundamente do que se trata", disse Carvalho. "Todos nós precisamos ter cuidado para não querer dar uma de sábios." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Meninas falam ao G1 e dizem que 'rolezinhos' são pontos de encontro.
A estudante Thifany Maiara da Silva, de 13 anos, esteve com a mãe em um rolezinho no Shopping Metrô Itaquera, na Zona Leste de São Paulo.
Quando estava chegando, a garota recebeu uma mensagem de uma amiga
dizendo que estava acontecendo um tumulto no local. Thifany e a mãe
tiveram que correr para escapar da confusão. Fã de MC Daleste, funkeiro
morto em julho do ano passado, a adolescente diz não gostar de músicas
que depreciam as mulheres.
A babá Josiane da Silva, de 32 anos, decidiu ir ao rolezinho no
Shopping Metrô Itaquera na companhia das filhas, com o intuito de
arrumar um namorado. Muito bem-humorada, ela contou que, depois da
confusão, voltou para casa triste, porque não conseguiu o namorado que
procurava. Josiane também disse que conversa com as filhas para que elas
consigam evitar riscos no dia a dia. "Minha maior preocupação é a
droga. [Quando vem] Uma pessoa não muito legal, elas podem deixar
depois, mas a droga é mais difícil", avalia. Em relação ao funk, ela
reprova as letras "muito depravadas". "Eu falo para elas: para ser
feliz, não precisa ser vulgar."
A estudante Gláucia Roberta Vieira Selles, de 14 anos, participou de um
rolezinho no Shopping Metrô Itaquera e aprovou o passeio. Porém, o
tumulto a desencorajou de ir a outros encontros marcados pela internet.
"Por causa disso, a gente vai diminuir nossas idas ao shopping",
afirmou. A estudante, que pretende tentar a carreira de modelo
fotográfica, costuma participar de festas e bailes funk com as amigas.
"Eu gosto de dançar bastante, mas não aqueles que vulgarizam muito a
mulher. Se vier tocar um funk que vulgariza a mulher, eu paro de dançar.
Minhas amigas param também."
Moradora do Jardim Nazaré, na Zona Leste, a estudante Jennifer
Stephanie Silva Ferrari, de 15 anos, convidou a mãe e a irmã para
participar de um rolezinho no Shopping Metrô Itaquera. Para ir ao
shopping, a aluna do segundo ano do ensino médio contou que a roupa que
as meninas costumam usar no local é "mais comportada" e "menos
chamativa" que a escolhida para o baile funk. "A gente sempre se maquia,
usa um sapato ou uma Melissa. Já é de lei. A gente também gosta de usar
um shortinho muito apertado e curto no baile. Isso não pode faltar",
disse. "Tem música que é muito vulgar, que denigre a imagem da mulher.
Eu só gosto das batidas. Das letras das músicas, não gosto, não",
revelou Jennifer Stephanie.
Promotoria promete adotar ações concretas e coordenadas de mediação.
O Ministério Público do Estado de São Paulo
(MP-SP) criou um grupo de trabalho formado por promotores de diversas
áreas para mediar a relação entre administradores de shopping centers e
jovens da periferia participantes dos “rolezinhos”, encontros marcados
pelas redes sociais. O grupo tem como meta impedir a restrição aos
"rolezinhos" e permitir o trabalho dos lojistas.
Promotores afirmam que pretendem adotar ações "concretas e coordenadas" para conciliar os interesses. Uma delas será a abertura de um inquérito civil, para permitir, "de forma harmoniosa as liberdades fundamentais daqueles que pretendam ingressar nos centros comercias, os direitos do consumidor e as atividades comerciais dos lojistas, sem que ocorra qualquer discriminação". No entanto, as demais ações não foram detalhadas.
"Vamos buscar saber, efetivamente, quais são as reivindicações desse grupo que é muito despersonalizado e carente de lideranças e, da mesma maneira, entender os dois e aproximá-los do poder público e da própria PM [Polícia Militar] para que se repense a cidade e esses espaços de convivência, para que se repense medidas não só de natureza compensatória, mas medidas assecuratórias dos direitos das liberdades públicas de todos aqueles que quiserem frequentar os centros de compras”, afirmou Prestes.
O Ministério Público irá articular iniciativas com os centros comerciais e poder público, para que ofereçam opções culturais e de lazer aos jovens, sobretudo da periferia, para estimular o convívio democrático de toda a população naqueles espaços de uso coletivo.
A questão foi discutida na noite desta terça-feira (14) entre o
Procurador-Geral de Justiça, Márcio Fernando Elias Rosa, promotores das
Promotorias de Justiça de Inclusão Social (Direitos Humanos), do
Consumidor, de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e
da Juventude, do Grupo de Trabalho de Prevenção e Combate à
Intolerância, da Chefia de Gabinete da PGJ e de Assessores do Núcleo de
Políticas Públicas, do Centro de Apoio Cível e de Tutela Coletiva e do
Centro de Apoio às Promotorias de Justiça Criminais.
Portas fechadas
Dois shoppings na Zona Sul de São Paulo fecharam as portas na tarde desta quinta-feira (16) antes do "rolezão popular", como foi chamado um protesto convocado por movimentos sociais.
O Shopping Campo Limpo conseguiu uma liminar na Justiça e fechou as portas. Na mesma região, o Jardim Sul também impediu a entrada dos manifestantes. Até 18h20, não havia confirmação se o centro comercial também obteve liminar na Justiça.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) se concentraram em duas estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e seguiram em caminhada até os estabelecimentos.
O MTST afirma que protesta contra liminares concedidas pela Justiça de São Paulo que impediram no fim de semana a realização dos chamados “rolezinhos”. Os eventos são encontros de jovens e adolescentes marcados, através das redes sociais, para espaços como parques e shoppings.
Shoppings
A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) afirmou na segunda-feira (13) que shoppings escolhidos por jovens como pontos de novos de “rolezinhos” entrarão na Justiça para impedir os eventos. "Vamos ter mandados de segurança e os shopping vão fazer um esquema de segurança”, disse o presidente da associação, Nabil Sahyoun.
Para ele, os “rolezinhos” não podem acontecer dentro dos centros comerciais porque põem em risco e importunam clientes e comerciantes. Ele pede que a Prefeitura de São Paulo ofereça espaços, como o Sambódromo do Anhembi. “A Prefeitura tem que arrumar um espaço para que o pessoal pare de ficar importunando a vida de consumidor que quer comprar com tranquilidade e para o comerciante poder trabalhar. Toda a sociedade está contra esse tipo de encontro”, afirmou.
O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou nesta segunda-feira (13) que os shoppings não devem empurrar o problema para a Prefeitura e que é preciso discutir a cidade. “Não adianta ficar [dizendo]: cuida dessas pessoas que o problema é seu. É a cidade que precisa ser discutida e nós precisamos evoluir no sentido de abrir espaços públicos para que as pessoas possam usufruir mais da cidade”, disse Haddad.
O prefeito afirmou que sua administração está em contato permanente com a juventude e que designou duas secretarias para acompanharem os “rolezinhos” e as decisões judiciais relacionadas a eles. O prefeito disse que pediu para a Secretaria de Serviços colocar iluminação nos Centros Desportivos Comuns para que se tornem áreas para possíveis encontros dos adolescentes.
Responsável pelo diálogo com os movimentos sociais, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, criticou a repressão policial aos "rolezinhos" em São Paulo e a concessão de medidas liminares, por parte da Justiça, a lojistas de shoppings, receosos com o movimento dos jovens da periferia.
Gasolina no fogo
"Mais uma vez, a ação inadequada da polícia acabou botando gasolina no fogo", afirmou Carvalho, que esteve ontem no Recife, onde participou de dois encontros com jovens de Pastorais da Juventude da Igreja Católica. "Eu não tenho dúvida de que a concessão dessas liminares (para proteger os shoppings contra os rolezinhos também é um erro. Para mim é, no mínimo, inconstitucional."
O ministro disse que "os conservadores deste País" devem se conformar que os direitos vieram para todos. "Qual o critério que você vai selecionar uma pessoa da outra? É a cor, é o tipo de roupa que veste? Tudo isso implica preconceito, no prejulgamento de uma pessoa e fere a Constituição", insistiu Carvalho.
Para a chefe da Secretaria da Igualdade Racial, Luiza Bairros, declarações como as do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), que chamou os manifestantes de "cavalões", podem acirrar os ânimos. Para ela, a intenção dos jovens da periferia é totalmente pacífica, mas a reação "preconceituosa" das pessoas brancas tende a causar problemas.
A presidenta Dilma chamou ao Palácio do Alvorada os ministros Carvalho, Luiza Bairros, José Eduardo Cardozo (Justiça) e Marta Suplicy (Cultura). e alertou o secretário-geral da Presidência. "Não dá para embarcar nessa história de repressão."
A ordem do Planalto é para tratar o assunto com naturalidadee respeitar a manifestação pacífica dos jovens.
Monitoramento
A orientação do Planalto é para que ministros monitorem atentamente os "rolezinhos", com o objetivo de evitar que as manifestações sejam apropriadas por vândalos e black blocs.
"A gente tem de ter a humildade de observar primeiro, de acompanhar e procurar entender mais profundamente do que se trata", disse Carvalho. "Todos nós precisamos ter cuidado para não querer dar uma de sábios." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Garotas explicam os 'rolezinhos'
Meninas falam ao G1 e dizem que 'rolezinhos' são pontos de encontro.
Shoppings são contra aglomerações de jovens marcadas via redes sociais.
17/01/2014 12h40
- Atualizado em
17/01/2014 13h36
MP quer impedir restrição a 'rolezinho' e permitir trabalho de lojista
Promotoria promete adotar ações concretas e coordenadas de mediação.
Dois shoppings foram fechados para evitar a entrada de manifestantes.
Promotores afirmam que pretendem adotar ações "concretas e coordenadas" para conciliar os interesses. Uma delas será a abertura de um inquérito civil, para permitir, "de forma harmoniosa as liberdades fundamentais daqueles que pretendam ingressar nos centros comercias, os direitos do consumidor e as atividades comerciais dos lojistas, sem que ocorra qualquer discriminação". No entanto, as demais ações não foram detalhadas.
saiba mais
De acordo com o promotor Afonso Prestes, a Promotoria quer saber quais
são as reinvidicações do grupo de jovens e repensar medidas
compensatórias.- Garotas explicam os 'rolezinhos'
- Rolezinho só tem roubo 'da atenção das gatas', diz participante em post
- Shoppings no Tatuapé têm liminar contra 'rolezinhos' até fevereiro
- FOTOS: Shopping de SP fecha para evitar 'rolezão' de sem-teto
- Shoppings de SP fecham as portas para evitar 'rolezão' de sem-teto
"Vamos buscar saber, efetivamente, quais são as reivindicações desse grupo que é muito despersonalizado e carente de lideranças e, da mesma maneira, entender os dois e aproximá-los do poder público e da própria PM [Polícia Militar] para que se repense a cidade e esses espaços de convivência, para que se repense medidas não só de natureza compensatória, mas medidas assecuratórias dos direitos das liberdades públicas de todos aqueles que quiserem frequentar os centros de compras”, afirmou Prestes.
O Ministério Público irá articular iniciativas com os centros comerciais e poder público, para que ofereçam opções culturais e de lazer aos jovens, sobretudo da periferia, para estimular o convívio democrático de toda a população naqueles espaços de uso coletivo.
Portas fechadas
Dois shoppings na Zona Sul de São Paulo fecharam as portas na tarde desta quinta-feira (16) antes do "rolezão popular", como foi chamado um protesto convocado por movimentos sociais.
O Shopping Campo Limpo conseguiu uma liminar na Justiça e fechou as portas. Na mesma região, o Jardim Sul também impediu a entrada dos manifestantes. Até 18h20, não havia confirmação se o centro comercial também obteve liminar na Justiça.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) se concentraram em duas estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e seguiram em caminhada até os estabelecimentos.
O MTST afirma que protesta contra liminares concedidas pela Justiça de São Paulo que impediram no fim de semana a realização dos chamados “rolezinhos”. Os eventos são encontros de jovens e adolescentes marcados, através das redes sociais, para espaços como parques e shoppings.
Shoppings
A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) afirmou na segunda-feira (13) que shoppings escolhidos por jovens como pontos de novos de “rolezinhos” entrarão na Justiça para impedir os eventos. "Vamos ter mandados de segurança e os shopping vão fazer um esquema de segurança”, disse o presidente da associação, Nabil Sahyoun.
Para ele, os “rolezinhos” não podem acontecer dentro dos centros comerciais porque põem em risco e importunam clientes e comerciantes. Ele pede que a Prefeitura de São Paulo ofereça espaços, como o Sambódromo do Anhembi. “A Prefeitura tem que arrumar um espaço para que o pessoal pare de ficar importunando a vida de consumidor que quer comprar com tranquilidade e para o comerciante poder trabalhar. Toda a sociedade está contra esse tipo de encontro”, afirmou.
O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou nesta segunda-feira (13) que os shoppings não devem empurrar o problema para a Prefeitura e que é preciso discutir a cidade. “Não adianta ficar [dizendo]: cuida dessas pessoas que o problema é seu. É a cidade que precisa ser discutida e nós precisamos evoluir no sentido de abrir espaços públicos para que as pessoas possam usufruir mais da cidade”, disse Haddad.
O prefeito afirmou que sua administração está em contato permanente com a juventude e que designou duas secretarias para acompanharem os “rolezinhos” e as decisões judiciais relacionadas a eles. O prefeito disse que pediu para a Secretaria de Serviços colocar iluminação nos Centros Desportivos Comuns para que se tornem áreas para possíveis encontros dos adolescentes.
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