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6.26.2014

Diga-me de onde vens e te direi de que jeito torces

Funcionários de bares e restaurantes definem perfil de turistas na Copa: a educação francesa, o apetite angolano, a gorjeta gorda dos norte-americanos

Angélica Fernandes
RIo - Quando o assunto é educação, ingleses e franceses dão uma lição de cordialidade. No quesito animação, mexicanos e chilenos lideram na alegria. E se falar em dinheiro, os norte-americanos gostam de fazer um agrado com gorjetas, mas na hora de pagar a conta, quem cata moedas são os argentinos. As constatações são de quem entende do assunto: os garçons. O DIA percorreu quiosques, bares e restaurantes da Zona Sul e do Centro para traçar o perfil dos turistas que vieram para a Copa, e o resultado rendeu a classificação de nove nacionalidades em sete quesitos.
Noel Passos, do Bar Sindicato, no Leme, achou curioso o apetite de angolanos: “Foi tanta comida, que reservei uma mesa só para as bandejas”
Foto:  Maíra Coelho / Agência O Dia

Apaixonados por caipirinha, um grupo de dez alemães tomou 50 delas, em um quiosque do Leme, durante uma partida. “Eles dão o primeiro gole e parecem que ficam em êxtase”, brincou Roseno da Silva, de 49 anos, atendente da barraca Coco Verde. O chope só é consumido pelos turistas da Alemanha se vier em grande quantidade. “Eles gostam da tulipa de um litro”, contou Noel Passos, 45, garçom do restaurante Sindicato, no Leme.
Mesa farta é a especialidade dos angolanos. Só de entrada, eles costumam pedir três pratos. “Os angolanos fazem muita mistura. Na semana passada, um grupo pediu bolinho de bacalhau, banana frita e torresmo de uma vez”, detalhou Noel. “Foi tanta comida que precisei reservar uma mesa só para as bandejas”, completou.
Na hora de pagar a conta, a alegria é de quem atende os norte-americanos. Se estiverem em grupo então, melhor ainda. “Cinco deles fizeram vaquinha e me deram R$ 50 de gorjeta. Nem acreditei”, comemorou o garçom Fernando Henrique Abreu, 21, do Boteco Belmonte, em Ipanema. Já os argentinos relutam para pagar a conta. “Adoram contar moeda e parece que eles nunca têm dinheiro. Se o garçom der mole, os argentinos dão volta”, alertou Luiz de Lima, 35, do Bar Brasileiro, em Copacabana.
Os japoneses chamam a atenção pelo comportamento mais contido. “Eles parecem não gostar muito de festa e quase não consomem bebida”, apontou Marcos Teixeira, 46, do quiosque Lido, também em Copacabana. Mas se depender de animação, mexicanos e chilenos lideram. “O grito de guerra é o forte deles. E eles só gostam de andar fantasiados. Nunca vi tanta paixão”, revelou José Lucas, 59, do Sarau Rio, na Lapa.
Educação é o que não falta a franceses e ingleses. Quando chegam em um restaurante ou bar, eles ficam a espera de um garçom que os leve até a mesa. “Uma vez, um casal de brasileiros passou à frente de dois franceses e sentou. Pedi com toda educação para eles levantarem. Eles reclamaram, mas cederam. Quem dera se os brasileiros fossem tão educados como os europeus”, apontou o gerente do Belmonte, Nonato Peres, 57.

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