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7.14.2014

E FIZEMOS A COPA


A tristeza com o desempenho da Seleção não deve esconder a vitória fora de campo, que mostra amadurecimento do paí

 
A tristeza com a Seleção não pode esconder uma vitória importante. Se a equipe ficou em quarto lugar, o  país fez uma ótima Copa
Os alemães fizeram a festa no Maracanã mas nunca é demais repetir que os brasileiros também têm o direito de festejar a Copa de 2014.
Essa foi a originalidade desta Copa.
Na maioria dos mundiais, os brasileiros festejavam seu futebol mas tinham pouco a celebrar sobre seu próprio país. Consolavam-se dizendo que viviam no país do futebol.
Em 2014, vivemos a situação contrária.
O país afirmou-se com uma nação suficientemente equipada para sediar o maior evento privado do mundo contemporâneo, que acumula uma audiência total próxima de 30 bilhões de espectadores somados da primeira a ultima partida.
A Copa não apenas ocorreu sem incidentes relevantes. Marcou um mês de festa e confraternização, onde era possível torcer e divertir-se num ambiente de conforto e segurança.
A improvisação, o despreparo, a imprudência, a falta de educação e tantos outros traços negativos que é costume atribuir ao caráter do brasileiro revelaram-se  simples caricatura.
A Copa foi um evento organizado e preparado com eficiência. Mostrou que o Estado brasileiro é capaz – quando há decisão política – de realizar um evento cuja grandeza intimidava diversos observadores supostamente preparados e qualificados.
Também mostrou milhões de cidadãos culturalmente preparados para um acontecimento dessa natureza. 
 Como escreveu Antônio Prata, na Folha: “Por muito tempo, fomos um arremedo de país com uma seleção deslumbrante. Eu não cairia no exagero de dizer que a equação se inverteu: estamos longe de ser um país deslumbrante –socialmente, economicamente, eticamente–, mas o que percebi (...) foi que, hoje, o Brasil é melhor do que a sua seleção.”
As nossas mazelas, típicas de uma nação que está longe de ter atingido seu desenvolvimento pleno no campo econômico e social, ficaram claras nas mortes dos trabalhadores que deram energia e suor para levantar os estádios. A industria da construção civil brasileira segue, cotidianamente, uma das campeãs de acidentes de trabalho. Essa situação não se modificou – lamentavelmente.
Outro drama envolveu a remoção de famílias que foram forçadas a deixar suas residências, para dar passagem a obras ligadas a Copa e também a investimentos de infraestrutura. O número de atingidos foi um pouco superior a 10% das estimativas gigantescas divulgadas com grande alarde como parte da propaganda anti-Copa. Sob certo aspecto, o número  não importa. Mesmo lembrando que em sua maioria eram investimentos necessários, que irão beneficiar o conjunto da sociedade,  essa situação  não diminui o drama das famílias e de cada pessoa atingida, que deve ser tratado com a atenção merecida. 
 O Brasil foi o único país do mundo que assistiu não só a um tremendo esforço interno para boicotar a Copa, mas também a profecia de que, caso ela se realizasse, seria um fracasso inevitável. Imagine que, entre outras coisas, se dizia que o fiasco de público seria tão grande que, a exemplo do que ocorreu na África do Sul, era possível que os portões dos estádios fossem abertos para evitar o vexame das arquibancadas vazias.  
 Nos últimos dias, houve quem tentasse assustar os brasileiros com o fantasma de uma noite de violências após a partida final.
 A Copa não mostrou um país sem problemas, portanto. Mas mostrou uma nação que não desiste de progredir. Essa é a vitória que 200 milhões de brasileiros têm direito a comemorar.

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