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7.24.2014

OSTRA FELIZ NÃO FAZ PÉROLA

"Ostra feliz não faz pérola"





RUBEM ALVES 




"A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma:
'Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas…'
Ostras felizes não fazem pérolas… 
Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor, Não é preciso que seja uma dor doída…Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade. 
Este livro está cheio de areias pontudas que me machucaram. 
Para me livrar da dor, escrevi"

(Texto na contracapa do livro “Ostra feliz não faz pérola”
)





















Um dia Rubem estava ouvindo uma sonata para violino e piano e se emocionou. Perguntou a si mesmo: Porque é que você está chorando?. A resposta veio fácil: choro por causa da beleza.
Mas o que é a experiencia da beleza?
Sem uma resposta pronta lembrou de algo que aprendeu com Platão.
"Platão, quando não conseguia dar respostas racionais, inventava mitos. 
Ele contou que, antes de nascer, a alma contempla todas as coisas belas do universo. 
Esta experiência é tão forte que todas as infinitas formas de beleza do universo ficam eternamente gravadas em nós. Ao nascer, esquecemo-nos delas. Mas não as perdemos. 
A beleza fica em nós adormecida como um feto. 
Assim, todos nós estamos grávidos de beleza, beleza que quer nascer para o mundo qual uma criança. Quando a beleza nasce, reencontramo-nos com nós mesmos e experimentamos a alegria."

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