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9.01.2014

Marina na parede

SÃO PAULO — O segundo debate entre os presidenciáveis na TV consolidou a polarização entre as duas primeiras colocadas na pesquisa eleitoral: Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB). No mesmo dia que o comando de campanha do PSDB sinalizou com apoio a Marina num eventual segundo turno, o senador tucano Aécio Neves evitou o confronto direto com a candidata do PSB e concentrou ataques a Dilma. Ao contrário das duas, que duelaram diretamente quase todo o tempo, Aécio ficou com papel secundário no embate com  o terceiro colocado nas pesquisas.
 Dilma falou do  pré-sal como programa de governo na área da saúde e educação, e questionou a participação do PSB em caso de vitória, e  da autonomia do Banco Central.  Marina revidou, atabalhoadamente  atacando a política econômica de Dilma e a intervenção do governo na Petrobras e no banco.
— Jornais têm noticiado que a senhora pretende reduzir a importância do pré-sal. O seu programa de governo dedica apenas uma linha para o assunto. Por que esse desprezo com esse recurso tão importante para o Brasil e tão invejado para o mundo? — questionou Dilma.

Marina se defendeu:
— Estamos reafirmando que vamos explorar essa fonte de energia. No entanto, precisamos ir para onde a bola vai estar. Temos que ir atrás de novas fontes de energia: eólica e solar, ignoradas no seu governo. No seu governo, o maior perigo para o pré-sal é o que foi feito pela Petrobras. Uma empresa que foi usada politicamente para dar conta dos índices de crescimento e reduzir os índices de inflação — Marina.
O confronto entre Dilma e Marina começou logo no primeiro bloco e se repetiu durante todo o programa.
A Dilma , questionou de onde Marina Silva vai tirar os recursos para conseguir o investimento necessário para cumprir as promessas de campanha. Dilma afirmou que os investimentos do programa do PSB somam R$ 140 bilhões divididos em educação, saúde e passe livre para estudantes da rede pública que estão no programa de governo.
MARINA DIZ QUE DILMA NÃO RESPONDEU A SUA PERGUNTA
Marina Silva não respondeu claramente de onde virão os recursos e Dilma contra-atacou:
— Não disse de onde vai vir o dinheiro, tem que dizer de onde vai vir o verba. As promessas da senhora equivalem ao montante que nós gastamos em Saúde e Educação. E nós triplicamos os valores repassados a essas áreas — criticou Dilma fazendo menção ao programa de governo de Marina não ter citado o pré-sal.
Marina respondeu afirmando que os recursos do pré-sal estão garantidos:
— O dinheiro do pré-sal já está assegurado e nós vamos fazer bom uso do dinheiro. Vamos antecipar a meta com investimento na educação em tempo integral. O pré-sal deve ser explorado — afirmou Marina bla bla bla
 Dilma voltou a chamar Marina para o embate, questionando a proposta de autonomia do Banco Central. A ex-senadora, por sua vez, afirmou que a presidente tem dificuldade para "assumir seus erros" na política econômica. e novamente não respondeu a pergunta da Dilma.
A presidenta Dilma diz que  a queda na atividade econômica é "momentânea" e culpou a seca, os feriados e conjuntura econômica internacional.
— Não estamos em recessão — disse Dilma explicando:
— A inflação está próxima de 0, o crédito ampliado, a bolsa se valoriza há sete meses e o Brasil é o quinto país que mais recebe investimento. EUA, Japão e Alemanha tiveram crescimento negativo. A nossa diferença é que não enfrentamos a crise desempregando nem arrochando salário como fez o governo FHC.
EDUARDO JORGE PRESSIONA MARINA SOBRE ABORTO
Marina teve que responder sobre a legalização do aborto e das drogas. Durante o embate, Eduardo Jorge (PV) perguntou sua posição sobre o tema. Na opinião dele, que diz defender o fim da criminalização em algumas situações há 20 anos, a lei trata como "criminosas de 600 mil a 700 mil mulheres que fazem interrupção de gravidez todo ano".
— Não é uma discussão fácil. Envolve questões filosóficas, morais e espirituais. Eu não satanizo ninguém que defende a legalização das drogas. O que eu quero é fazer um debate para que, através de um plebiscito, discuta essas questões — disse Marina.
Aécio não foi questionado por nenhuma das duas primeiras colocadas nas pesquisas. No dia em que o coordenador de sua campanha, senador Agripino Maria (DEM-RN) anunciou que o PSDB poderia oferecer apoio a Marina num eventual segundo turno, Aécio guardou o ataque à candidata do PSB timidamente nas considerações finais:
— Temos dois campos políticos. O do governismo, que fracassou e vai entregar um país pior do que recebeu há quatro anos. No campo das mudanças, tem várias alternativas, mas duas aparecem com mais consistência. Repito que acredito nas boas intenções da Marina, mas ela não consegue superar as enormes contradições que vem do seu programa de governo, e defende hoje teses que combatia há pouco tempo.
O senador apostou em críticas a economia e relembrou o escândalo do Mensalão e as denúncias de corrupção da Petrobras para atacar Dilma Rousseff. Ele voltou a defender o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e falou sobre o baixo crescimento econômico:
— Precisamos explicar o que significa o Brasil crescer negativamente, menos 0.6% no segundo trimestre. Significa que os tão alardeados empregos estão indo embora. Esta é a realidade, país que não cresce não gera empregos, apenas nos últimos três meses na indústria de São Paulo, apenas de São Paulo, foram quinze mil postos de trabalho a menos. Os dados de julho e de junho desse ano foram os piores da série histórica dos últimos dez anos - criticou.

No segundo bloco, foi questionado sobre casos de corrupção envolvendo o PSDB, como o cartel do metrô e trem em São Paulo e a suspeita de pagamento de propina para a aprovação da emenda da reeleição, no governo Fernando Henrique.
— Jamais transformamos e transformaremos lideranças em mártires. No caso do PT, houve uma condenação da maior corte brasileira, que deve ser respeitada. O PT não ajuda ao sentimento e ao entendimento das novas gerações que existe uma mesma justiça pra todos.
AVALIAÇÕES DOS CANDIDATOS
Ao final do debate, Dilma voltou a criticar a ausência de clareza por parte de Marina na apresentação de recursos para cobrir suas propostas. A candidata do PSB afirmou que a presidente deve explicar a atual situação econômica do País, enquanto Aécio lamentou não ter tido sorte no sorteio de quem faria as perguntas primeiro, o que o impediu de fazer questionamentos à ex-senadora do Acre.
Dilma declarou que é difícil esclarecer determinados assuntos em um debate com sete participantes. Ela disse que queria ter falado mais sobre o investimento federal em obras de mobilidade urbana e saneamento feitas pelos estados. A Dilma criticou mudanças feitas pelo PSB nas propostas de direito LGBT no programa de governo de Marina e declarou que é a favor da criminalização da homofobia e voltou a falar da falta de previsão de recursos para as promessas do PSB.
— Não se governa com promessas e compromissos, mas explicando os projetos e dizendo qual é a cobertura (financeiras) das propostas. Se vou restringir gastos e fazer investimentos em programas sociais, tenho que dizer de onde vem os recursos.
Ao ser questionada sobre a crítica de Dilma, Marina se esquivou e disse que a presidente tem que explicar à sociedade porque não cumpriu as promessas que fez em 2010, pois está entregando um país com “lucros altos, inflação sem controle e crescimento baixo”. Nas palavras dela, o Brasil “está em recessão”. Marina também falou sobre a polarização com Dilma:

— Acho engraçado dizer que houve polarização minha com a Dilma. Antes era PT com PSDB. Agora, o povo está fazendo com que esta polarização ocorra comigo e com a sociedade brasileira. Quem está em primeiro lugar nas pesquisas não sou eu, é a sociedade, que está comigo.
Para Aécio, a polarização entre Dilma e Marina faz parte das estratégias das campanhas. Ele lamentou o que classificou como “falta de sorte” na hora do sorteio para fazer perguntas e disse que queria fazer perguntas a Marina, que acabou criticando apenas no final do embate:
— Ela defende hoje muito daquilo que condenou lá atrás. Eu trago uma linha de coerência que possibilitará crescimento com base sólida, com base nos empregos de melhor qualidade.

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