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4.20.2015

Balanço será 'mais um passo na reconstrução da Petrobras', diz Levy


Governo deve estar alerta a limites de gastos da Previdência, diz ministro.
Levy disse estar confiante que governo cumprirá meta de 1,2% de superávit.

Do G1, em São Paulo

   O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta segunda-feira (20) que a apresentação do balanço da Petrobras, marcado para esta quarta-feira (22), será "mais um passo" na reconstrução da empresa.
"Há expectativa de que, em alguns dias, eles [Petrobras] irão superar a questão do balanço auditado. A expectativa é de que eles conseguirão publicar o balanço auditado e que será muito bom", disse o ministro.
Levy foi questionado sobre a situação da estatal durante o Bloomberg Monetary Summit, encontro de líderes políticos do Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Peru e Estados Unidos, que ocorre em Nova York.
O balanço auditado da Petrobras trará os resultados contábeis referentes ao ano fechado de 2014 e ao terceiro trimestre do ano passado (revisado).
A publicação dos dois resultados está atrasada devido às investigações da Operação Lava Jatosobre o esquema de corrupção envolvendo a estatal. Os números que serão apresentados devem conter as perdas referentes aos desvios.
Levy disse ainda que há expectativas em relação a uma renovação do Conselho de Administração da Petrobras com mais profissionais do mercado em detrimento de indicações políticas.
Durante o evento, o ministro acrescentou ainda que investidores estão nervosos com a transparência no Brasil após a crise na estatal, mas defendeu que mudanças positivas de governança estão acontecendo na companhia e que ele tem confiança na estatal.
Previdência
Levy destacou ainda que o governo precisa estar alerta aos limintes dos gastos com a Previdência.
"Temos sempre de ficar alertas para saber se podemos sustentar. A Previdência é importante no Brasil. Nos últimos anos tivemos transferências importantes para pessoas de baixa renda. Uma coisa boa sobre o Brasil é que há muita transparência. Você sabe o que está acontecendo com o governo, os números, há muito debate na imprensa. Esse é o cerne da democracia", afirmou.
O ministro da Fazenda disse também que as propostas de ajuste fiscal enviadas ao Congresso contêm medidas estruturantes e afirmou que o Brasil deu um passo ousado porque propôs alteração em benefícios trabalhistas.
Levy disse estar confiante que o governo cumprirá a meta de superávit primário de 1,2% do PIB. Para isso, o ministro repetiu que o governo vai limitar os gastos para os níveis de 2013.
Metas fiscais
Para tentar atingir as metas fiscais, a nova equipe econômica já anunciou uma série de medidas nos últimos meses. Entre elas, estão mudanças nos benefícios sociais, como seguro-desemprego, auxílio-doença, abono salarial e pensão por morte, que ainda têm de passar pelo crivo do Congresso Nacional.
Além disso, também subiu o IPI para automóveis e tributos sobre a gasolina, operações de crédito, cosméticos e anunciou a intenção de elevar a tributação sobre a folha de pagamentos.
O Tesouro Nacional confirmou que não haverá mais repasses do governo ao setor elétrico, antes estimados em R$ 9 bilhões para este ano, o que deverá elevar ainda mais a conta de luz, que pode ter aumento superior a 40% em 2015.
Sobre inflação, Levy afirmou que os formuladores de políticas brasileiros devem estar vigilantes para garantir que a inflação recue e que as expectativas de preço sigam ancoradas.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy participou das reuniões do Banco Mundial e do FMI em Washington e é favorável à reforma do fundo (Foto: Reprodução/BBC)Levy durante evento em Washington neste
sábado (18) (Foto: Reprodução/BBC)
Programa de concessões
No último sábado, o ministro da Fazenda afirmou, em Washington, onde participou da reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), que o governo brasileiro planeja lançar, em algum momento no mês de maio, um novo programa de concessões de infraestrutura.
"Nosso plano é apresentar, nas próximas semanas ou meses, uma visão global das áreas que estão disponíveis para concessões. Isso toma tempo. Alguns dos programas estão mais avançados, outros menos. As pessoas podem esperar uma visão geral. Provavelmente, em algum momento em maio, devemos ter isso pronto", declarou o ministro da Fazenda durante entrevista coletiva.
O ministro avaliou ainda que é importante ter mecanismos para financiar os projetos e que, para isso, está sendo feito um acordo com o Banco Mundial (Bird) para ajudar nesse processo.
"Agora, o que a gente precisa fazer é desenvolver mecanismos de financiamento, que permitam ligar a demanda à oferta. Vários fóruns discutiram isso. O Brasil tem uma grande vantagem. O tamanho do nosso mercado, com mercado de capitais relativamente desenvolvido", afirmou Levy.
O ministro da Fazenda observou que o sistema de concessões já existe há 150 anos no Brasil e que, por isso, é um modelo já "consagrado".
"A maior parte das concessões no Brasil, mesmo quando você olha sobre um século, são de sucesso. Nos últimos 25 anos, esse modelo tem dado muito certo e temos seguidamente ampliado", acrescentou ele.
'Reação positiva'
Joaquim Levy informou que já conversou com investidores de infraestrutura nos últimos dias em Washington.
"A reação foi muito positiva. Cada um tem seu tempo. Eles entenderam o novo papel do BNDES, de ser um parceiro [nos investimentos] com o mercado de capitais. Isso significa uma nova realidade de preços, mas também uma possibilidade de ampliação de fonte. Uma das coisas que muitos investidores diretos entraram, fundos de pensão, que dizem: 'se a taxa de retorno não consiga justificar para o meu investidor lá fora, eu tenho mais dificuldade de entrar'", explicou o ministro.
Segundo ele, se os projetos forem de fácil compreensão, a exposição também é maior. "Então, a gente explicar como o planejamento e a gente está organizando a ideia do financiamento da infraestrutura, isso é muito importante", disse.
Ele acrescentou que o Brasil está "cada vez evoluindo mais" em ver novas maneiras de financiar o investimento, tanto com poupança local quanto estrangeira.
"Infraestrutura no Brasil é um ganha-ganha. Tem um impacto na economia favorável, aumenta o nosso PIB potencial, é ótimo para a gente, e para aquele que confia no Brasil, faz investimento de longo prazo, você tem uma linha de receitas de longo prazo, em geral muito robusta. Em sociedades mais idosas, isso é muito importante. Está garantindo renda nos países que tem uma sociedade mais idosas, pros próximos anos. A gente precisa encontrar um mecanismo que possa ligar um lado ao outro", declarou ele.

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