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8.06.2015

Câmara aprova texto-base de 'pauta-bomba' que dá aumento para AGU. O país que quebre


PEC vincula remuneração de carreiras a 90% do salário de ministro do STF.
Texto foi aprovado em 1º turno e ainda depende da votação de destaques.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília 
Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (5), em primeiro turno,
 o texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) que vincula os
 salários das carreiras da Advocacia-Geral da União e de delegados civis
 e federais a 90,25% do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Também estão incluídos procuradores de estado e de municípios
com mais de 500 mil habitantes.
A aprovação ocorreu com 445 votos favoráveis, 16 contrários e
 6 abstenções. Por elevar os gastos públicos tanto da União
 quanto de estados e municípios, essa PEC é considerada uma
das "pautas-bomba” que preocupam o governo e que podem
prejudicar o esforço de ajuste fiscal.
Atualmente o salário dos ministros do STF, que representa
o teto do funcionalismo público, é de R$ 33,7 mil. Com a
vinculação em 90,25%, a remuneração das carreiras citadas
na proposta de emenda à Constituição passará a ser de
R$ 30,4 mil, valor próximo ao da presidente da República – R$ 30,9 mil.
Segundo o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa,
o impacto da PEC será de R$ 2,4 bilhões nas contas públicas.
 Após uma reunião com líderes da Câmara no gabinete do
vice-presidente Michel Temer, nesta quarta, Barbosa fez um
 apelo por meio do microblog Twitter para que os deputados
 rejeitassem a proposta que víncula salários de advogados da
União e delegados aos vencimentos de ministros do STF.
“Somos contra vincular os salários ao teto da remuneração
 do #Judiciário, mas estamos negociando. [...] O custo da #PEC443,
que por enquanto só atinge advogados públicos e delegados,
 é de R$ 2,4 bi ano", escreveu o titular do Planejamento no Twitter.
Os deputados ainda precisam votar propostas de alteração ao texto, o
que deve ocorrer na próxima terça (10),  antes da análise em segundo turno
 – o que ainda não tem data para
 ocorrer. O presidente da Câmara,
 Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse
que, antes de submeter o texto ao
segundo turno, vai aguardar a
 aprovação no Congresso de
outra PEC,
 que determina que todo novo
 encargo ou prestação de serviço
 transferido para os estados e municípios deverá ter a previsão de repasse correspondente.
A intenção é evitar que o aumento salarial para procuradores de estado e
 municípios e para delegados civis provoque prejuízos às contas estaduais
 e municipais. A aprovação da proposta de vinculação salarial ao teto
 do funcionalismo público ocorre uma semana depois de a presidente
 Dilma Rousseff fazer uma ampla reunião com governadores para pedi
r apoio contra as “pautas-bomba”
no Congresso Nacional.
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), classificou a votação da proposta de “duro golpe no equilíbrio das contas”.

“A responsabilidade é do Congresso Nacional, que não atendeu ao apelo
do governo de estabelecer um processo de diálogo. Queríamos uma
solução adequada para não atingir o pacto fiscal. O governo é contra,
mas se rende ao desejo da maioria. Há um desejo no plenário de votar
 a PEC e esse plenário assume a responsabilidade [do impacto nas
 contas públicas] com a União e os entes federados”,
 disse o petista.

Apesar do impacto nas contas públicas, até mesmo o líder do PT,
Sibá Machado (AC), orientou a bancada do partido a votar a favor
da PEC. Ele destacou, porém, que trabalhará, até a votação em
 segundo turno, por mudanças no texto que aliviem os gastos.
 A ideia do partido é manter a vinculação salarial somente para a AGU.
“Com relação à AGU, eu fiz todo um esforço para colaborar numa
negociação imediata. Sem demérito das demais categorias, mas elas
estavam numa condição melhor. É bom que fique claro que haverá
um segundo turno. Vamos encaminhar o voto sim nessa matéria,

 para que possamos encontrar uma solução a essa negociação
até a votação em segundo turno”, disse.
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), defendeu a aprovação

 da proposta, dizendo que a equiparação é “justa”. “As carreiras
 jurídicas têm que ter isonomia para que funcionem bem.”
A oposição também defendeu PEC. O líder do Solidariedade,
 Arthur Maia (BA), argumentou que os  advogados públicos,
delegados e procuradores não podem “pagar a conta” da crise
 econômica.
“Essa PEC tem origem no ano de 2009. De lá para cá houve tempo
 suficiente para que o presidente Lula fizesse um acordo para 
satisfazer essas categorias. A presidente Dilma também teve 
oportunidade e também não fez. Agora o discurso do líder do governo
 é que aprovar a PEC é irresponsabilidade. Essa crise é promovida pela irresponsabilidade da presidente Dilma, que quebrou o 
Brasil para se reeleger”, disse..

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