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11.03.2015

Eletrochoque é desmistificado na Academia Nacional de Medicina

Ciência e Tecnologia

  • Eletrochoque é desmistificado na Academia Nacional de Medicina

    Método é mostrado como primeira linha para Tratamento de Depressão Grave 

    Durante simpósio ocorrido na Academia Nacional de Medicina no dia 29 de outubro, foi desmistificado e atualizado o uso da Eletroconvulsoterapia – o famoso eletrochoque – na depressão refratária e grave, pelo psiquiatra e Acadêmico Antonio Nardi.
    Este tipo de tratamento é sempre questão de grande preconceito, mas todo preconceito é fruto do desconhecimento. Salientou que a eletroconvulsoterapia é, em toda a medicina, o assunto onde existe maior distância entre o conhecimento leigo e o conhecimento científico. Os filmes de Hollywood e a imprensa sensacionalista persistem em maldizer e colocar o eletrochoque como procedimento de tortura, mas na realidade ele é seguro para o paciente e é muito eficaz. Pode-se contabilizar nos últimos 60 anos, mais de 50 filmes famosos, nos quais a eletroconvulsoterapia aparece como procedimento desumano. Hoje em dia, sabe-se que certamente é o tratamento mais eficaz para depressão grave. Supera todos os antidepressivos e suas potencializações. O Acadêmico Nardi apresentou um levantamento das aplicações de eletrochoque realizadas de 2005 a 2007 no Instituto de Psiquiatria da UFRJ – único hospital público no Rio de Janeiro a oferecer este tipo de tratamento. Ao longo dos últimos anos o eletrochoque tem sido muito aperfeiçoado, e aquela imagem do paciente sendo contido por quatro a cinco enfermeiros e com um chumaço de gaze na boca, é coisa do passado. 
    Forma de aplicar o eletrochoque no passado
    Forma de aplicar o eletrochoque no passado
    Atualmente utiliza-se um médico anestesista, sedação com agentes de curta duração, relaxantes musculares, pré-oxigenação cerebral e eletroencefalograma para monitoração da crise, bem como melhores dispositivos e melhores formas de onda de choque para ministrar o eletrochoque transcraniano.
    A Associação Brasileira de Psiquiatria, em seus princípios básicos publicados em 2005, considerou o eletrochoque (eletroconvulsoterapia) consagrado ao longo do tempo como tratamento seguro e eficaz. Apresenta uma taxa de resposta de 80% a 90% como primeiro tratamento e de 50% a 60% em pacientes refratários aos medicamentos. Afirmou ainda que a eletroconvulsoterapia é o tratamento mais seguro e eficaz para a depressão em mulheres grávidas e em pacientes cardiopatas, condições em que os medicamentos estão muitas vezes contraindicados.
    Concluiu que o método é a primeira escolha para depressão grave com risco de suicídio e outras indicações em quadros com gravidade significativa. É eficaz em mais de 50% dos pacientes refratários à farmacoterapia, e passou a ser a primeira escolha em alguns casos, como: 1) Depressão grave com sintomas psicóticos, 2) Estupor catatônico, 3) Risco de suicídio, 4) Recusa alimentar com grave desnutrição e 5) Depressão grave durante a gravidez.
    A figura abaixo mostra as principais indicações para o uso de eletrochoque no Instituto de Psiquiatria da UFRJ nos últimos oito anos.
    Principais Indicações do Eletrochoque na UFRJ
    Principais Indicações do Eletrochoque na UFRJ
     O presidente da Academia Nacional de Medicina, Acadêmico Francisco Sampaio, lembrou que um dos maiores problemas da depressão é o seu desconhecimento. Disse ainda que os filmes fantasiosos de Hollywood, bem como modalidade de aplicação do método há 60 anos atrás, sem o uso de anestesia e sem relaxamento muscular, causou por vezes algumas complicações, inclusive fraturas, o que levou à criação de forte preconceito ao método em todas as camadas sociais da população, inclusive entre os médicos. Elogiou a iniciativa dos psiquiatras e Acadêmicos, Costa e Silva, Hoirisch & Nardi, de terem organizado este importante simpósio e contribuído para a eliminação do preconceito quanto à doença e seus tratamentos, como o eletrochoque, por exemplo.
    Tags: Academia, Choque, debate, palestra, tratamento
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