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5.21.2009

MONITOR AVISA SE DOENTE VAI INFARTAR

Aparelho, liberado pela Anvisa para uso comercial, detecta alteração cardíaca com 12 horas de antecedência.
Equipamento é indicado apenas para as pessoas com alto risco de isquemia; nos EUA, a utilização ainda está restrita a pesquisas clínicas. Um novo aparelho implantado próximo ao coração detecta a falta de oxigênio no músculo cardíaco e avisa com 12 horas de antecedência se o paciente vai infartar ou sofrer uma angina antes mesmo de ele sentir sintomas relacionados ao infarto, como dor aguda no peito. Quando detecta a alteração no coração, o monitor cardíaco, que se assemelha a um marca-passo, vibra, e um aparelho externo, que fica com o paciente, emite um bipe.
Ao ser avisado, o indivíduo tem a possibilidade de se dirigir ao hospital e ser medicado precocemente.
Aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no ano passado, o aparelho começa a ser vendido no Brasil, após passar pela fase de testes clínicos que envolveu, entre outras instituições, o hospital Dante Pazzanese, em São Paulo, onde 20 pacientes tiveram o monitor implantado.
A primeira cirurgia fora do protocolo de pesquisa aconteceu no Hospital Beneficência Portuguesa, na última segunda-feira.
Nos EUA, o aparelho ainda não foi liberado pela FDA (agência reguladora da área de saúde e alimentos) para uso comercial. Só pode ser usado em pesquisas clínicas. "O primeiro sinal de que o indivíduo está com isquemia e que pode infartar é a dor.
Mas a dor ocorre em torno de seis horas antes da necrose, que é o infarto. Nessa fase da dor já existe o sofrimento do músculo cardíaco e o risco de morte súbita", explica Silas Galvão, diretor da clínica de ritmologia cardíaca do Beneficência Portuguesa de São Paulo, que realizou a cirurgia.
Segundo ele, até seis horas antes de o indivíduo sentir dor, o novo aparelho identifica se vai ocorrer isquemia. "É como se fosse um eletrocardiograma de dentro do coração. Essas alterações são muito mais precoces do que as captadas pelo eletrocardiograma de superfície [convencional]." Galvão explica que o novo método tem um índice baixo de falso positivo, ou seja, de ser acionado sem a situação representar uma emergência -em torno de 8%. DOENTE CRÔNICO - O aparelho é indicado apenas para as pessoas com alto risco de isquemia. "É o paciente coronariano crônico, que já não tem o que fazer do ponto de vista de intervenção e que está apresentando isquemia."
É o caso do agricultor Hiroshi Kuzi, 71, o primeiro paciente a receber o aparelho -na última segunda-feira-, após a liberação da Anvisa. Cardiopata e diabético, ele já passou por duas pontes de safena para desobstrução das artérias do coração. "Ele foi submetido ao cateterismo e à angioplastia, e suas coronárias não podem mais ser dilatadas. Ele também não possui nenhuma coronária em bom estado para ser utilizada em uma ponte de safena", explica o cardiologista Fernando Costa, que o acompanha. Como Kuzi mora na zona rural de Valinhos (SP), os médicos optaram por implantar o aparelho porque, caso ele sofra um evento cardiovascular, o monitor vai avisá-lo com tempo suficiente até a chegada ao hospital mais próximo.
"Agora, estou mais seguro. O médico disse que, se ocorrer alguma coisa, o aparelho vai vibrar feito um celular. Espero que ele fique bem quieto." Na avaliação do cardiologista José Carlos Pachon, diretor do serviços de arritmia do HCor (Hospital do Coração), a proposta do aparelho é interessante, mas ainda é cedo para falar em uso rotineiro.
"Há estudos ainda sendo feitos. Até por isso a FDA ainda não o aprovou para a utilização comercial." Pachon, que também pertence à equipe do Dante Pazzanese que testou o monitor, afirma que o aparelho é especialmente útil para pacientes cardiopatas diabéticos, como Kuzi. "Eles costumam não sentir dor durante um infarto." Para o médico, uma limitação do aparelho é ainda não funcionar como um desfibrilador, ou seja, detectar uma arritmia cardíaca, por exemplo, e já solucioná-la com um choque. "Penso que ele seja uma peça importante dentro de um sistema maior que deverá ser desenvolvido em conjunto com o desfibrilador cardíaco.

" SENSOR PODE DETECTAR LÍQUIDO NOS PULMÕES -
- Um sensor não invasivo que envia informações sobre o acúmulo de líquido nos pulmões de pacientes para uma central computadorizada foi aprovado para venda nos EUA.
A expectativa é que ele seja capaz de reduzir hospitalizações ao detectar precocemente uma descompensação da insuficiência cardíaca, mas um estudo a esse respeito ainda está sendo desenvolvido. O aparelho sem fio, que é colocado junto ao peito do paciente, monitora indicadores de saúde cardíaca -como níveis de atividade física e acúmulo de líquido corporal- 24 horas por dia, enquanto a pessoa segue sua rotina.
O sensor envia dados para outro aparelho em poder do paciente, que os retransmite para servidores da Corventis, fabricante do sistema. Lá, computadores enviam um alerta para o médico em caso de anomalias. Segundo o cardiologista Marcelo Ferraz Sampaio, chefe do laboratório de biologia molecular do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, a ferramenta é indicada para pacientes com níveis avançados de insuficiência cardíaca, uma fraqueza do músculo do coração causada por hipertensão, infarto e doença de Chagas, entre outros problemas.
Em pacientes com doença no coração, um acúmulo de líquido nos pulmões pode levar a falta de ar e a insuficiência cardíaca, que requer hospitalização para remover esse líquido. Mas, se a doença for descoberta antes que o paciente comece a apresentar os sintomas, a administração de diuréticos pode evitar a internação. "Teoricamente, a medição dos fluídos deve prevenir a ocorrência de coisas sérias, como edema agudo de pulmão, e diminuir o custo do tratamento e o número de internações, além de melhorar a qualidade de vida do paciente.
Mas só um estudo controlado, com um grande contingente de pessoas, vai permitir medir o impacto desse aparelho", diz Sampaio. No Brasil, ainda não há aparelhos semelhantes aprovados para uso pela Anvisa.

NO BRASIL, 20 TESTARAM O EQUIPAMENTO - Nos EUA, o monitor cardíaco ainda está na fase 2 de testes clínicos, que envolve 1.200 pacientes, em 30 centros médicos. Só após essa fase é que a FDA decidirá se libera ou não o aparelho. No Brasil, houve um estudo com 20 pessoas. A fabricante AngelMed diz que o valor de venda do monitor ainda está sendo negociado. - Cláudia Collucci, da Reportagem Local -
Fonte: Folha de São Paulo - Portal Médico

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