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11.04.2010

Vida longa?

 O uso generalizado de estatinas para combater o colesterol ruim é criticado por especialistas

A quantidade de remédios prescrita contra o colesterol é, no mínimo, astronômica. As indicações claras, com evidências baseadas em estudos médicos extensos, bem planejados e com poucas conclusões tendenciosas são muitas. No entanto, alguns especialistas discordam da disseminação e da liberalização excessiva da administração desses medicamentos, chamados de estatinas.
Não há dúvida de que elas têm impacto sobre a evolução de pacientes que sofrem ou sofreram de doenças decorrentes de obstrução progressiva das artérias. Infarto. Derrame cerebral. Má circulação de braços ou pernas. Várias pesquisas têm mostrado que os pacientes que tomaram regularmente estatinas apresentam menor chance de o quadro cardiovascular recidivar e a doença piorar.
Os clínicos tentam, com a ajuda das estatinas e de mudanças drásticas do modo de vida, reduzir os níveis sanguíneos do colesterol ruim (LDL) e aumentar o colesterol bom, protetor (HDL). Na onda desses achados científicos importantes, muitos especialistas recomendam as estatinas aos indivíduos com colesterol elevado, portadores ou não de doenças cardiovasculares graves.
Quanto de estatinas devemos tomar, quando e com que frequência? Essas dúvidas são pertinentes, pois implicam decisões importantes, rotinas de medicações diárias, complicações e efeitos colaterais associados às estatinas, e, não menos importante, alto custo que poderia se perpetuar até os últimos dias da vida. Não é acaso encontrarmos pessoas que param de tomar suas estatinas de vez em quando. Férias de remédios, afinal o colesterol já está bom.
Ou aqueles que evitam tomar os comprimidos diariamente. Começam a “pular” alguns dias. Ou tomam em dias alternados. Essa dúvida persistiu até a publicação de um estudo recente na prestigiosa revista cientifica Archives of Internal Medicine. Os pesquisadores avaliaram 200 mil indivíduos que tomaram estatinas para reduzir o colesterol ruim (LDL) no sangue, durante sete a oito anos. Separaram os voluntários em dois grupos.
Aqueles que tomaram os medicamentos de forma regular, praticamente diária, cobrindo mais de 90% dos dias do período do estudo, comparados com aqueles que tomaram as mesmas estatinas de modo irregular, em menos de 10% do total dos dias. Ao término do estudo, os indivíduos que regularmente receberam as estatinas viveram mais que o grupo irregular. A redução do risco de morte foi de 45%.
Os cientistas recomendam, baseados nos resultados desse estudo, que as pessoas que receberam recomendação médica de tomar estatinas deverão fazê-lo de forma contínua para alcançar os benefícios de vida melhor e mais longa. Vale ressaltar que as estatinas têm outras ações biológicas além de reduzir a concentração do colesterol ruim. Foi demonstrada sua atividade em combater a inflamação que poderia provocar obstrução arterial, permitindo assim melhor circulação do sangue até os órgãos importantes.
Aids e coração
A moda de falar de Aids parece ter acalmado recentemente. Apesar disso, seu perigo continua claro e real. Os avanços recentes conseguiram controlar a gravidade dos quadros clínicos. E os pacientes portadores dessa doença vivem atualmente muitos anos com excelente qualidade de vida. Desde que sejam tratados adequadamente e recebam os medicamentos antivirais de forma intensiva e regular.
No entanto, pesquisadores da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, estudaram mais de 30 mil pacientes e observaram a incidência crescente de problemas cardíacos nos portadores de Aids, acima do esperado para sua faixa etária. Encontraram uma relação direta entre as complicações cardíacas e os remédios tomados contra o vírus HIV.
Acreditam que esses medicamentos liberem no sangue quantidades significativas de substâncias tóxicas, que persistem por muitos anos no organismo. Essas substâncias elevam os níveis do colesterol ruim (LDL) e aumentam o risco de crises cardíacas, infartos e até morte em mais de 12%.
Os grupos de aidéticos mais suscetíveis seriam as pessoas idosas, diabéticas, hipertensas e fumantes.

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