7.08.2012

O DOCE RADICAL

ANTONIO BRAND - UM AMIGO DOS ÍNDIOS


A SEMANA - O PETISMO VESGO - O PODER PARALELO


A SEMANA
PETISMO VESGO – O PODER PARALELO
Laerte Braga
Acreditar que se deva dar apoio incondicional ao governo Dilma Roussef, no pressuposto que tucanos possam voltar ao governo nas próximas eleições presidenciais é aceitar, passivamente, o direito do governo errar e abrir um precipício sem tamanho na luta popular, praticando políticas neoliberais e cercando-as de populismo que possa garantir vitórias em eleições futuras. Ou de alianças espúrias que terminam em Paulo Maluf.
Será que Maluf vai correr o Brasil com Lula e pedir votos para os candidatos do PT nas eleições municipais? Ou a visão do PT começa e termina em São Paulo, reforçando a convicção que o partido, tal e qual o PSDB é um partido paulista?
Quando se constitui um Ministério e uma figura como Moreira Franco substitui um embaixador do porte de Samuel Pinheiro Guimarães num setor de suma importância, assuntos estratégicos, o que o governo está fazendo? Cedendo às pressões daqueles que controlaram durante oito anos o governo de Fernando Henrique.
O que é o senador Álvaro Dias, um dos principais líderes do PSDB, no cenário político nacional? Um porta-voz de um poder paralelo que cada vez mais acentua seu controle sobre o Estado e corre à margem da desastrada política externa de Dilma conduzida por um chanceler menor que o cargo, Antônio Patriota.
Álvaro Dias transita com inacreditável facilidade entre os golpistas brasileiros e brasiguaios no interesse de empresas multinacionais do agronegócio, que no governo Lula ganhou um impulso incrível e hoje vai gradativamente transformando o Brasil num País exportador de matérias primas.
“Apoio incondicional só se dá a mãe”. Foi a resposta de um político mineiro a um jornalista sobre a decisão desse político numa determinada eleição.
O PT transferiu a luta de sindicatos, movimentos populares, de formação e organização da classe trabalhadora para dentro dos gabinetes do clube de amigos e inimigos cordiais das elites políticas e econômicas e não aceita críticas a Dilma esgrimindo com argumentos que sem ela estaria pior.
Pior como? Guido Mantega, ministro da Fazenda, afirmou que a emenda que destina 10% do orçamento do País para a educação vai quebrar o Brasil. E os 49% desse mesmo orçamento que vai para pagamento de juros de dívidas? Quase a metade? Em nenhum momento, nem sobre Lula, ou agora com Dilma se pensou numa auditoria dessa dívida que era bandeira do partido no governo tucano.
A luta pela construção de uma democracia popular, sólida, passa por confrontos, por embates, passa por riscos inclusive, mas nada disso pode significar que a forma, a maneira de lutar, seja a partir de concessões, de artimanhas, acordos, que terminem num aperto de mão com Paulo Maluf. porque Lula acha que São Paulo é de importância maior para o seu partido e sua ânsia de retornar a presidência da República.
É claro que Álvaro Dias e o PSDB sabem que a decisão do governo de excluir o Paraguai do MERCOSUL em conseqüência do golpe de estado que derrubou o presidente Fernando Lugo é legal, é competência do Poder Executivo, mas o poder paralelo dentro do clube de amigos e inimigos cordiais quer criar fatos políticos com aliados do próprio governo, os latifundiários, sabedor que Dilma não vai além desse tipo de sanção, a rigor inócuo.
A grande preocupação de Álvaro Dias e dos tucanos foi a entrada da Venezuela no MERCOSUL. E hoje se sabe que senadores paraguaios – todos corruptos, como corrupta plenamente é a elite econômica e política do Paraguai – pediram dinheiro a Chávez para aprovar o ingresso de seu país.
No Paraguai a classe política é quadrilha, crime organizado.
O governo Dilma Roussef chegou a deixar escapar que o chanceler Patriota seria substituído diante do fracasso absoluto na RIO + 20 e na missão no Paraguai e depois enfiou a viola no saco, resolveu retardar o inevitável se quiser ter política externa própria, independente, como conseqüência de forças maiores que sustêm Patriota, uma espécie de Lampréa ou Láfer do PT.
Quem joga a esquerda, as forças populares no buraco é o PT, foi o governo Lula e é o governo Dilma, com uma diferença de um presidente para o outro. Lula tinha e tem horizontes mais amplos, Dilma não enxerga um palmo adiante do nariz, é burocrata, virou presidente por exclusão.
O que os tucanos e Álvaro Dias fazem é se valerem dessas debilidades do governo, nada além disso. A base de sustentação do governo inclui latifundiários, evangélicos e a maior agência de empregos qualificados do País, o PMDB.
Temos um poder paralelo e o governo não tem como negar isso. Até Dilma entender o que está acontecendo o tempo vai correndo e os tucanos vão comendo boa parte do mingau.
Num determinado momento, encurralados, o governo e o PT chegam com aquela história que é preciso unidade para evitar o retrocesso. Que avanços efetivos aconteceram se depois de oito anos o PT e seu governo continuam a precisar dessa gente?
De Moreira Franco cuidando de assuntos estratégicos. Seria piada não fosse trágico.
Aécio Neves está correndo os estados da Federação e começando a assestar suas baterias para 2014, dentro do seu partido, para fora do seu partido, longe de críticas acirradas ao governo, ao contrário de seus co-partidários, mas Geraldo Alckmin vai sonhando em passar a perna no mineiro e virar ele o candidato presidencial, enquanto abraça Dilma, tira o pé do acelerador na campanha de José Serra à Prefeitura da capital paulista, enfim, ambos se valendo do discurso vazio que o capitalismo espalha pelo mundo sustentado pela mídia de mercado.
Dilma e o PT? Estão preocupados com a eleição em São Paulo, com o maior número possível de prefeituras em cidades consideradas vitais, tudo para que em 2014 ou a presidente seja reeleita, ou Lula volte.
Por fora alguns adornos que avançam pela luta dos movimentos sociais, caso da Comissão da Verdade. Mesmo assim, aos trancos e barrancos diante dos negaceios do governo, das idas e vindas da presidente e do seu partido.
O deputado federal Maurício Rand, do PT, renunciou ao seu mandato, à sua filiação, deixando claro em carta que não iria compactuar com o lixo em que se estava transformando o seu partido, jogando fora sua história; É preciso coragem e altivez para isso.
O deputado teve.
Já o governo Dilma anda não olhou a biruta do mundo, a biruta do Brasil, da América Latina e particularmente da América do Sul e não percebeu que como “potência”, dizem isso, não temos sequer um automóvel brasileiro. Todos os veículos que entopem e poluem as cidades brasileiras no milagre da redução do IPI são de montadoras internacionais.
Como dizia Ari Toledo num show da década de 60, quando cantava a história do Brasil e seu descobrimento, este país “inda é pendente”. E continua sendo cada vez mais.
Só para registrar, quando Hilary Clinton chegou ao Brasil para a RIO + 20, ignorando as forças armadas brasileiras, as polícias, a segurança enfim, os agentes norte-americanos interromperam todas as comunicações, inclusive de celular, num determinado raio de ação para garantir a segurança da terrorista de ISRAEL/EUA TERRORISMO HUMANITÁRIO S/A durante o período de sua fala e de quando estivesse aqui.
Isso é o que?
A indústria bélica brasileira hoje é controlada por capital sionista no milagre da política lulista de uma no cravo e outra na ferradura, o tal acordo de livre comércio com Israel.
Temos uma “presidente” e um poder paralelo que se mostra bem maior que se imagina.
Pior, um PT vesgo  
Acha que resolve o problema com flores. Não conhecem a canção de Geraldo Vandré. “As flores não vencem canhão”. São apenas mais belas, infinitamente vezes mais belas, mas podem ser extintas na falta de compreensão da realidade.

Sobre alianças: projeto politico ou garantia de se manterem aos mesmos o poder DELLES?



 Mauricio Abdalla nos resume o que lamentamos ser fato: '...o problema desses agrupamentos é que em vez de uma união programática para a manutenção de um programa de governo, eles visam apenas a manutenção dos grupos no poder.
Nesta entrevista a Século Diário, o professor fala das causas desse sistema, que em muitos casos tira do eleitor o poder de escolha sobre os melhores projetos políticos, e as consequências dessas movimentações para a sociedade.
O professor fala ainda sobre a responsabilidade do eleitor e da mídia na manutenção desse sistema e das expectativas para uma mudança, ainda que a longo prazo...."


A Renúncia de Mauricio Rands. PorUrariano Motta


A renúncia de Maurício Rands
Publicado em 05/07/2012 por Urariano Motta*
Recife (PE) - Há três anos, quando lancei “Soledad no Recife”, na foto com o deputado federal Maurício Rands, eu lhe disse brincando:
- Essa foto vai abrir as portas para mim.
Ao que ele me respondeu, com ainda maior brincadeira:
- Pelo contrário, sou eu que vou ter as portas abertas por você.
E por isso ambos rimos. Ele então era líder do PT em Brasília, um dos 10 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional. Longe estava da tempestade de hoje. E por isso ambos ríamos, porque era impossível adivinhar em 2009 estas últimas horas.
Agora, com a divulgação da sua carta, em que renuncia ao mandato de deputado federal e à secretaria do governo de Pernambuco, ao mesmo tempo em que sai do Partido dos Trabalhadores, duas ou três reflexões se impõem.
Na primeira delas, vem uma pergunta: será que no jogo real, no jogo bruto, pragmático da política, no jogo bandido de “o feio é perder”, existe algum espaço para as convicções, para a ideologia que serve ao povo em lugar de fazer do povo um criado?
Maurício Rands, em sua tríplice renúncia, em vez do jogo esperto de xadrez e do cinismo de quem em mais nada acredita, deveria ser motivo para a volta à ideia viva de que mais vale no mandato público o uniforme de servidor do que o manto de rei.
Aqui, na altura em ele fala, em trechos da sua carta:
Concluí que esgotei por inteiro minha motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no PT. Percebi terem sido infrutíferas e sem perspectivas minhas tentativas de afirmar a compreensão de que o “como fazer” é tão importante quanto os resultados.
As diferenças de métodos e práticas, aliás, já vinham sendo por mim amadurecidas e acumuladas há algum tempo. Todavia, este processo recente fez com que as divergências ficassem mais claras e insuperáveis.
Na luta pela renovação do partido, no Recife e em outros lugares, infelizmente, têm prevalecido posições da direção nacional, adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base  partidária...
Existiram diversas razões que me levaram a este caminho. A mais crucial dá-se no nível da minha consciência. Sempre agi, na vida e na política, com o maior rigor entre o que penso e o que faço. Sempre cumpri os deveres da minha consciência.
Os trechos acima acendem uma luz de alerta. Porque, antes dessas palavras remeterem ao específico do PT, remetem a um sinal vermelho em outros partidos de esquerda. Os parágrafos copiados da carta podem significar que subir ao poder é necessário, pois que é um ideal enfim de todo partido. Afinal, ninguém está na política para discutir a Escola de Atenas. Mas no caso de partidos de esquerda, o poder é a oportunidade de servir à realização do bem público. Esse óbvio, tão declarado em princípios, mais de uma vez é oculto, quando não destruído, na prática de muitos dias. Parece haver uma zona de conforto no poder que é também uma zona de putrefação. Longe do ardor dos anos da fase da luta, distante das batalhas do glorioso passado, vêm bactérias, nome que em política ganha a qualificação de militantes oportunistas, que cercam e apodrecem os mais caros ideais.
Penso, e quero crer, que a renúncia de Maurício Rands ao mandato, ao partido e ao governo, deveria ser um renascer da velha esperança de que homens são um caráter de humanidade. E por assim crer, envio daqui o meu fraterno e companheiro abraço ao político que desce à planície, para o convívio de todos nós.
Nobre e ex-deputado Maurício Rands, agora é claro que a foto do lançamento do livro não nos abriu nenhuma porta. Que nos sirva então de lembrança para as próximas batalhas.
Urariano Motta* é natural de Água Fria, subúrbio da zona norte do Recife. Escritor e jornalista, publicou contos em Movimento, Opinião, Escrita, Ficção e outros periódicos de oposição à ditadura. Atualmente, é colunista do Direto da Redação e colaborador do Observatório da Imprensa. As revistas Carta Capital, Fórum e Continente também já veicularam seus textos. Autor de Soledad no Recife (Boitempo, 2009) sobre a passagem da militante paraguaia Soledad Barret pelo Recife, em 1973, e Os corações futuristas(Recife, Bagaço, 1997).
Enviado por Direto da Redação

 

 

 

Manifesto contra O GOLPE “BRASILEIRO” NO PARAGUAIe o risco que submetem o POVO




Manifesto contra O GOLPE “BRASILEIRO” NO PARAGUAIe o risco que submetem o POVO

Ao longo dos anos e se já vão mais de um século o povo paraguaio tem sido vítima de ditaduras militares, civis, regimes que não representam nem os interesses do país e nem os de seu povo.


A derrota de Solano Lopez, numa guerra financiada pelo imperialismo britânico e que envolveu Argentina, Brasil e Uruguai, serviu a propósitos dominadores, inconfessáveis e revestiu-se de um caráter bárbaro, do qual jamais os paraguaios conseguiram se recuperar, até porque, os sucessivos governos após essa malfada guerra onde o Brasil foi instrumento de uma potência imperial, transformaram aquele país numa espécie de apêndice, protetorado brasileiro.


O governo do general Alfredo Stroessner consumou uma relação de dependência, que na pratica equivale a ocupação de parte do território paraguaio por latifundiários brasileiros. A ditadura militar brasileira, num acordo que fere as tradições de nosso País e nossa gente, obteve do governo de Stroessner terras férteis para milhares de latifundiários brasileiros, já no que se prenunciava e hoje é realidade – a nossa agricultura sob o controle de empresas multinacionais do chamado agronegócio.


Perto de 400 mil latifundiários brasileiros detêm hoje o controle das melhores e mais produtivas terras do Paraguai. Controlam a elite política e econômica paraguaia, formam a força política e econômica de maior porte no vizinho país.


Os governos até a eleição de Fernando Lugo, nos estranhos acordos que resultaram na bi-nacional de Itaipu, nas exportações paraguaias pelo porto de Paranaguá – Paraná – e estranhamente transformaram aquele país num dos maiores produtores e exportadores de soja do mundo, a despeito de suas dimensões territoriais, num jogo sujo de contrabando a partir de quadrilhas de latifundiários brasileiros e os chamados brasiguaios, tem tido a cumplicidade dos governos brasileiros.


Não foi diferente no golpe de estado branco contra o presidente Fernando Lugo. E lamentável a atuação da diplomacia brasileira no episódio, sem que a presidente da República tivesse de fato tomado atitudes concretas e efetivas para a preservação da democracia paraguaia.


Um país como o Brasil não pode voltar as costas ao que acontece na América do Sul e nem consentir, se tem pretensões a se manter soberano e íntegro em seu território, em ser partícipe de um processo golpista, ainda mais sob um governo que se escora em um partido comprometido com a classe trabalhadora, pelo menos em sua história e em seu programa.


O que assistimos no desenrolar dos acontecimentos que culminaram no afastamento do presidente Fernando Lugo foi um Brasil dividido em dois. De um lado um governo tíbio, fraco, incapaz de reverter uma situação grave e que afeta diretamente nossa democracia ainda tênue e de outro, o poder político e econômico de elites brasileiras e brasiguaias a desfecharem um processo político que pelo menos imaginávamos fora da realidade atual da América do Sul.


Se a presidente Dilma Roussef condenou, num primeiro instante, o golpe, num segundo momento aquietou-se e aceitou uma realidade construída por um poder paralelo, remanescente dos mais sombrios períodos de nossa história e consentiu que o golpe contra Fernando Lugo se consumasse, na ausência de atitudes fortes, enérgicas, através de sanções que, certamente, se tomadas, estrangulariam o poder dos golpistas.


Cedeu aos latifundiários, cedeu às multinacionais do agronegócio, adotou a posição hipócrita de acreditar que eleições presidenciais em abril poderão fazer com que a democracia retorne ao Paraguai e a reação brasileira ao golpe não passou de um buscapé sem rumo, sem norte, tornando o Brasil cúmplice da ação.


A presença do senador Álvaro Dias, do Paraná, irmão do governador do Estado, Osmar Dias, e os interesses paraguaios – latifundiários – junto àquele Estado e ao porto de Paranaguá, desmoralizam a diplomacia brasileira, mostram a fraqueza do governo Dilma diante de situações graves como essa e agora, a carta pública da conselheira Marilene Sguarizi, defendendo-se de acusações de participação explícita do Conselho de Imigrantes Brasileiros no Paraguai, comprovam esse poder paralelo.


Como reiteradas vezes tem dito o jornalista e imigrante Rui Martins, de presença ativa e no exercício de cargo relevante dos imigrantes brasileiros em todo o mundo, foi um golpe brasileiro, a partir de latifundiários, com a cumplicidade da diplomacia, sendo pífia e lastimável a atuação do chanceler Antônio Patriota, aliás, fraca em todos os sentidos e direções, figura menor que o cargo que ocupa (a RIO + 20 foi outro exemplo deplorável de um chanceler inexpressivo).


Fica nítida, em todo o processo, a incapacidade do governo brasileiro de tratar problemas dessa ordem, com repercussão negativa em todo o País e em toda a América do Sul, debilitando nossa posição no continente político, aceitando, inclusive, o jogo da grande potência mundial, os Estados Unidos, em nome de interesses inaceitáveis no plano externo e produto das concessões internas do governo a grupos comprometidos com multinacionais, potência estrangeira, fruto das alianças espúrias firmadas ao longo dos últimos anos.


Protestamos contra o golpe, protestamos contra a debilidade do governo Dilma Roussef, chega a ser cômica, não fosse vergonhosa, a carta da conselheira Marilene Sguarizi, em toda a nossa história jamais diplomatas brasileiros, como os que atuaram no curso do golpe paraguaio, nunca envergonharam tanto o Brasil, mostrando fraquezas e cumplicidade com um golpe de estado, num país como o nosso, que reconstrói a democracia a duras penas depois de anos de ditadura militar.


Nesse sentido cobramos do governo posições firmes, atitudes enérgicas, que vão além das alianças com Paulo Maluf e dos apoios de Kátia Abreu, que simbolizam a debilidade da presidente da República num processo político maior que as questões cotidianas de governo.


Por sanções enérgicas contra o governo golpista do Paraguai!


Pela suspensão das exportações paraguaias pelo porto de Paranaguá!


Pelo fim da ocupação do Paraguai por latifundiários brasileiros!


Pela integração latino-americana!

O GOLPE PARAGUAIO E A VOZ DO OPUS DEI

"Tanto foi tranquilo o processo de afastamento no Paraguai que não existiram manifestações de expressão em defesa do ex-presidente. As Forças Armadas nem precisaram enviar contingentes à rua...


Processo digno das grandes democracias parlamentares. Mas difícil de ser compreendido pelo histriônico presidente venezuelano, (...) pela aprendiz de totalitarismo que é a presidente argentina (...) ou pelos dois semiditadores da Bolívia e do Equador.


O curioso foi o apoio da presidente Dilma a essa 'rebelião de aspirantes a ditadores'... "


Quem escreveu as besteiras acima e as fez publicar no jornal da  ditabranda  foi o principal porta-voz do Opus Dei na mídia brasileira, Ives Gandra Martins (que, apropriadamente, está na foto da direita, acima).


O "processo digno das grandes democracias parlamentares" a que ele se refere é, pasmem!, o  impeachment relâmpago  de Fernando Lugo, na verdade um acinte e uma vergonha para a democracia.
O ato falho que ele cometeu foi salientar que "as Forças Armadas nem precisaram enviar contingentes à rua", num reconhecimento implícito de que esta providência fazia parte do esquema golpista articulado desde 2009, assim como os US marines teriam desambarcado no Brasil caso a quartelada de 1964 encontrasse resistência significativa.
Por último, sendo o Opus Dei o que é, Ives Gandra nos deu a conhecer, simplesmente, a relação atualizada dos presidentes ameaçados de sofrerem os próximos golpes parlamentares, depois do êxito das empreitadas hondurenha e paraguaia. Eia a ordem de prioridade dos eternos conspiradores:
  1. Hugo Chávez
  2. Cristina Kirchner
  3. Evo Morales
  4. Rafael Correa
  5. Dilma Rousseff
Que os cinco se considerem alertados e tomem as devidas cautelas. Quem dorme de touca acaba sendo colocado em avião de pijamas.
E que nossa Dilma reflita sobre se valeu a pena reagir de forma tão débil à deposição de Lugo, descartando o embargo econômico que seria a única medida democraticamente aceitável (já que utilizada com total impunidade há meio século pelos EUA contra Cuba...) para quebrar a espinha dos golpistas.


Preferiu aproveitar a confusão para incluir a Venezuela no Mercosul.


De que adiantará, se Chávez for derrubado, como o foram Zelaya e Lugo?


Ovos de serpente devem ser esmagados antes de eclodirem. Dois ofídios já estão firmes e fortes. Quantos mais consentiremos?
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O QUE FAZER?

A falácia golpista de dentro do Itamaraty

SOS URGENTE:

queria colocar uma coisa aqui e que me falassem que não 'tô doida'. A diplomata marilene, aqui mesmo colocada em provas fazer parte do grupo golpista do Itamaraty, vem a publico com esta carta:
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Data: 3 de julho de 2012 1

Caros Conselheiros

Em base as serias calunias e acusações que venho sofrendo, hoje me reuni com os advogados do consulado Geral do Brasil para dar representação oficial mediante a falta da verdade e da falta de razão ao me chamarem de golpista.

Eu acredito que a liberdade de expressão tem limite quando a ofensa passa ser inescrupulosa maliciosa ou de perseguição.
Moro a 400 km de Asuncion e nao tive sequer uma ligaçao telefonica com qualquer um dos senadores que votaram a favor do processo ou seja enviei, e vou continuar enviando TODAS as notas ou pedidos da comunidade brasileira ao CRBE, a resposta dessas solicitaçoes nao serei eu que vou dar. acredito que a funçaos è levar as reivindicaçoes e as demandas ao nosso presidente para que seja encaminhado adecuadamente.

Tenho a conciencia limpà e tranquila porque recebo o apoio dos brasileiros que vivem aqui, sou respeitada e vivo honestamente, hoje o Embaixador Bonzanini me disse que graças a reuniao que o conselheiro Romildo marcou para a segunda passada, e que eu antecipei para domingo è que hoje estamos num momento de integraçao com a populaçao Paraguaia. A reuniao foi no consulado em Ciudad del Este com a participaçao de aproximadamente 200 agricultores.

Estamos vivendo um momento de paz e boas expectativas no Paraguai, a comunidade brasileira tudo o que deseja e seguir trabalhando e produzindo e essa sempre sera nossa mensagem.
Sao 350 mil Brasileiros aproximadamente que sao unànime na opiniao de uniao e apoio a Democracia, como voces podem observar (nota da revista VEJA) a presidente Dilma mandou retirar do vocabulario a palavra golpe.
Segundo a revista.... ""Qualificar o processo como golpe de estado e afirmar que a situaçao institucional do Paraguai, ataulmente nao condiz com os padroes democraticos dos vizinhos"""....
A revista ISTO E """ .....è verdade que o ato nao configurou qualquer ruptura legal, nao feriu preceitos constitucionais nem desconsiderou a vontade populoara""..
Na revista EPOCA uma aula magistral do que foi a colonizaçao brasileira e a realidade que vivemos, onde infelizamente ainda nao temos o direito de votar na escolha dos presidentes.

Espero ter esclarecido novamente aos conselheiros a transparencia do trabalho.
Atenciosamente
Marilene Sguarizi
conselheira Titular
America do Sul.
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Destacando este trecho: 'Tenho a conciencia limpà e tranquila porque recebo o apoio dos brasileiros que vivem aqui, sou respeitada e vivo honestamente, hoje o Embaixador Bonzanini me disse que graças a reuniao que o conselheiro Romildo marcou para a segunda passada, e que eu antecipei para domingo è que hoje estamos num momento de integraçao com a populaçao Paraguaia. A reuniao foi no consulado em Ciudad del Este com a participaçao de aproximadamente 200 agricultores.

Estamos vivendo um momento de paz e boas expectativas no Paraguai, a comunidade brasileira tudo o que deseja e seguir trabalhando e produzindo e essa sempre sera nossa mensagem. '

Pergunto: PAZ NO PARAGUAI? Momento de integração?Reuniao com agricultores responsaveis pelo massacre de campesinos? Boas expectativas ? Que expectativas, seria estas expectativas a consumação do golpe e a impunidade de agricultores latifundiarios assassinos?

Queria a opiniao de todos vcs. ,
  • para facilitar a visualização dos fatos que decorreram a esta ' manifestação da GOLPISTA' fiz este retrospecto explicando a algumas perguntas em outros grupos. :
  •  a Marilene é uma das denunciadas e a integra a denuncia esta neste link:http://juntosomos-fortes.blogspot.com.br/2012/06/pedido-de-intervencao-da-sgeb-no-crbe.html a cronologia dos fatos que evidenciam o golpe estao no linkhttp://juntosomos-fortes.blogspot.com.br/2012/07/urgentepergunta-uma-guerrilheira.html a resposta da tal foi , inclusive por decorrencia deste conteudo, encaminhado a listas, mails e a Presidenta Dilma.bj.
  • Alguns opinam e alertam:
    Camille Helena Claudel Como parece ela da total apoio aos brasiguaios... e abafaram tudo... tudo foi aceito... me chamou atencao a parte que diz que Dilma mandou tirar do vocabulario a palvra GOLPE... como assim ?! Nao creio, nessa parte...Edzen Ribeiro O texto da diplomata Marilene Sguarizi é claramente contraditório, além de ter uma péssima redação. Mas saindo da forma para o conteúdo: no início ela afirma estar sendo acusada injustamente de golpista e continua sua defesa até metade do texto. Na segunda metade, ela desdiz tudo que ela procurou desmentir anteriormente, como mostra o trecho destacado por Fernanda Tardin. Concordo plenamente com seus questionamentos finais, Fernanda. Se você tiver "DOIDA", eu estou "MALUCO"!
    Gaby Claus Fernandes esta carta é uma confissão de culpa e se de fato, ha algum compromisso do governo brasileiro com a democracia no continente, deve-se chamar esta senhora de volta ao pais e afasta-la de qq função diplomatica!...é por essas e outrs que o comandante Hugo Chavez está muito alem desta vacilação brasileira...
    Neusah Cerveira Concordo com Gaby Claus Fernandes. Plenamente. Não existe argumentação possível que possa evitar que o único caminho que o governo brasileiro pode trilhar (sob risco de desmoralização, se não o fizer) é o sugerido por Gaby. Abç
  • Neusah Cerveira Então vamos trabalhar nesse sentido. Diga ao Rui Martins, que concordo em assinar o pedido com ele e os demais companheiros. Mas, parece que os companheiros que etavam no debate não estão mais emitindo posições!

  • Neusah Cerveira Acho que não é muito difícil conseguir tirar essa diplomata corrupta do cargo. Difícil vai ser até para Dilma se livrar do Patriota que é "herança" do Lula.
  • Ana Arraes
    Essa Diplomata ainda cita as mídias que integram o PIG? Nossa sorte é a de que se trata de uma figura incompetente e pouco estratégica: cita, textualmente, que a Presidente Dilma " mandou retirar do vocabulário a palavra golpe". A meu ver, firma posição no sentido do apoio ao Golpe em todos os níveis: compactuando para sua simulação de " maioria parlamentar", fortalecendo a correlação de forças dos agentes exploradores da estrutura fundiária perversa e excludente do agronegócio e disseminando o mito fundador de que democracia se reduz a ausência de conflitos
    ( " momento de paz"?). Muito grave!!!




  • Luis Giannini de Freitas Pois é, enquanto a "boazinha" relata a "paz" que se encontra em Ciudad del Este e faz reunião com 200 agricultores, 3000 pessoas fecham a Ponte da Amizade em protesto contra o Golpe. E vejam que as manifestações tem sido diárias.

  • Fátima Pacheco Uma golpista safado que anda de mãos dadas com os ruralistas paraguaios. Será que ela não é parente da Sra Kátia Abreu?

  • Luis Giannini de Freitas
    É interessante dar uma olhada no perfil dela no Fb. Mais interessante ainda as postagens de seus seguidores. Já demonstram bem o perfil da "turma".


  • Pepe Escobar: E tudo sempre pode acabar em “democratura”







    Pepe Escobar: E tudo sempre pode acabar em “democratura” 3/7/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online - THE ROVING EYE Welcome to “democraship


    Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu No plano geopolítico, todos os progressistas – da América do Norte e do Sul, ao mundo árabe – bem fariam se começassem a pensar sobre como aconteceu que, a partir de junho de 2009, quando do golpe contra Manuel Zelaya em Honduras, a América Latina foi transformada em uma espécie de laboratório gigante, no qual se testam todos os tipos de mutações e variantes de golpes “democráticos” de estado.
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    Comecemos com uma bomba. Há dez dias, aconteceu no Paraguai um golpe de estado novinho em folha, contra o presidente eleito Fernando Lugo. Passou praticamente sem registro na mídia-empresa global.


    Surpresa? Não. Telegrama da embaixada dos EUA em Assunção, de março de 2009, revelado por WikiLeaks, [1] já trazia informes detalhados de como oligarcas paraguaios davam tratos à bola para montar um “golpe democrático” no Congresso, para depor Lugo.


    Naquele momento, a embaixada dos EUA constatava que as condições políticas não eram ideais para o golpe. Destacado articulador golpista, naquele momento, era o ex-presidente Nicanor Duarte (2003 a 2008), severamente criticado pelos governos progressistas na América do Sul por ter aberto as portas do Paraguai a Forças Especiais dos EUA para que ministrassem “cursos educacionais” em solo paraguaio, além de “operações domésticas de manutenção da paz” e de “treinamento para contraterrorismo”.


    Esse movimento das Forças Especiais dos EUA acontecia décadas depois de “um dos nossos [deles] filhos-da-puta”, afamado general-ditador Alfredo Stroessner (que permaneceu no poder de 1954 a 1989) ter permitido a criação de uma pista de pouso gigantesca, semiclandestina, próxima da Tríplice Fronteira Argentina-Brasil-Paraguai – que adiante seria usada na “guerra às drogas” e, depois, na “guerra ao terror”.

    Assim sendo, ninguém se surpreenderá ao saber que os EUA foram o primeiro governo a reconhecer os golpistas da semana passada como novo governo paraguaio.

    Esqueçam a conversa de dividir o bolo


    Os egípcios progressistas estão-se dando conta agora de que novas democracias exigem anos, às vezes décadas, de íntima convivência com o pesadelo da ditadura. Aconteceu, por exemplo, no Brasil – hoje universalmente saudado como nova potência global. Durante os anos 1980s e 1990s, houve alguma modalidade de redemocratização de algumas instituições. Mas o Brasil, por anos a fio, continuou sem ser melhor democracia do que antes – economicamente, socialmente e culturalmente. O país teve de esperar longos 17 anos – até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar à presidência, pela primeira vez, em 2002 – quando o Brasil afinal pôde começar a trilhar o caminho que levará o país a ser menos escandalosamente desigual do que nos sonhos das rapaces elites locais.


    Luís Inácio Lula da Silva


    O mesmo processo histórico opera agora no Egito e no Paraguai. Os dois países enfrentaram décadas de ditadura. Quando uma ditadura entra nos estertores finais, nas vascas da morte, só partidos políticos unidos ao – ou tolerados pelo – antigo regime estão em posição interessante para aproveitarem-se da longa e sempre tortuosa transição até a democracia. Certos países então se convertem no que Emir Sader, cientista político brasileiro, apelidou de “democraturas”. [2]


    Aplica-se bem ao Partido Liberal no Paraguai e à Fraternidade Muçulmana no Egito. Nas eleições presidenciais no Egito, concorreram um ex-ministro do governo de Hosni Mubarak e um quadro da Ikhwan (Fraternidade Muçulmana). Resta saber (a) se o orwelliano Conselho Supremo das Forças Armadas do Egito permitirá que essa nova democratura venha algum dia a ser democracia real e (b) em que medida a Ikhwan está realmente comprometida com a ideia de democracia.


    O Paraguai estava em estágio mais avançado que o Egito. Mesmo de pois de quatro anos de uma eleição presidencial democrática, o Congresso continuava dominado por dois partidos amigos-de-ditaduras, o Partido Liberal e o Partido Colorado. A operação foi mamão com açúcar, e essa oligarquia bipartidária conseguiu derrubar o governo de Lugo.


    Rápido, por favor, um impeachment mal-passado


    Lugo foi derrubado por golpe disfarçado em impeachment, processado em apenas 24 horas. Crentes praticantes, em Washington, da mudança de regime, devem ter alcançado o êxtase: ah, se conseguíssemos fazer o mesmo na Síria...

    Fernando Lugo, em 2008






    O simulacro de legalidade aconteceu, como seria de esperar, no Parlamento mais corrupto das Américas – o que é ainda dizer pouco - Lugo foi considerado “culpado de incompetência” no trato de uma história imundíssima associada – inevitavelmente – a uma questão absolutamente chave em todo o mundo em desenvolvimento: a reforma agrária.


    Dia 15/6, um grupo de policiais e commandos, encarregados de cumprir ordem de desocupação em Curuguaty, a 200 km de distância de Assunção, próximo da fronteira brasileira, foi emboscado por atiradores infiltrados entre os fazendeiros. A ordem de desocupação foi emitida por um juiz, para proteger interesses de um rico latifundiário, Blas Riquelme, não por acaso ex-presidente do Partido Colorado e ex-senador.

    Mediante manobras legalistas, Riquelme obteve a posse de 2.000 hectares de terra que pertenciam ao estado paraguaio. Aquela terra estava ocupada por camponeses sem-terra, que, já há algum tempo, pediam que o governo de Lugo emitisse seus documentos de propriedade.

    O Observatório da Escola das Américas [3] já documentara que vastas porções do território do Paraguai haviam sido roubadas de fazendeiros e “doadas” a militares e seus “sócios”, da classe dirigente, durante as décadas da ditadura de Stroessner.

    O resultado, em Curuguaty foi 17 mortos – seis policiais e 11 fazendeiros – e mais de 50 feridos. Nada, nessa história, faz sentido; os comandantes da força de desocupação, uma unidade linha-duríssima, denominada “Grupo de Operações Especiais”, foram treinados em táticas de contraguerrilha na Colômbia – sob o governo de direita de Uribe – como parte do Plano Colômbia, concebido pelos EUA.



    Quanto ao Plano Paraguai, é simplíssimo: criminalização absoluta de todas as organizações de camponeses, para forçá-los a trocar o interior do país por empregos no agronegócio transnacional.

    Tudo isso para dizer que, na essência, foi uma arapuca. Os direitistas paraguaios – unidos como irmãos xifópagos a Washington, operando, dentre outros objetivos, para impedir a qualquer custo que a Venezuela seja admitida ao mercado comum do MERCOSUL – só esperavam uma oportunidade para derrubar um governo que, até ali, sequer atacara os interesses da direita paraguaia ou de Washington, mas abrira amplos espaços para a organização social e protestos populares.

    Lugo, ex-bispo, eleito em 2008 com grande apoio nas áreas rurais, talvez tenha percebido o que viria, mas nada fez para impedir o golpe. Comparado à capacidade para mobilizar gente nas ruas, não tinha apoio parlamentar algum: apenas dois senadores. Mais de 40% da população paraguaia vive na área rural, mas não se pode dizer que estejam mobilizados. E 30% dos paraguaios vivem abaixo da linha da pobreza.



    Os “vencedores” no Paraguai teriam de ser os suspeitos de sempre: a oligarquia dos latifundiários – e a campanha orquestrada para demonizar os agricultores sem-terra; o agronegócio multinacional, como a empresa Monsanto e seus interesses; e a mídia associada à Monsanto (como se vê no diário ABC Color que, todos os dias, acusa de “corruptos” todos os ministros que não operem como fantoches da Monsanto).


    As empresas gigantes do agronegócio, como Monsanto e Cargill virtualmente não pagam impostos no Paraguai, porque existe ação nesse sentido do Congresso paraguaio, controlado pela direita. O latifúndio tampouco paga impostos. Desnecessário dizer que o Paraguai é dos países mais desiguais do mundo: 85% da terra – cerca de 30 milhões de hectares – é controlada pelos 2%, a aristocracia rural, quase todos envolvidos em negócios de especulação com a terra.

    Quer dizer: com mansões estilo Miami Vice, em Punta del Este, no Uruguai ou, e tanto faz, em Miami Beach; e o dinheiro, é claro, bem guardado nas ilhas Cayman, o Paraguai é governado, de facto, por esses 2% em que se misturam o agronegócio e o cassino financeiro.

    E, nas palavras de Martin Almada, conhecido ativista paraguaio dos direitos humanos, que recebeu o Prêmio Nobel Alternativo – tudo isso se aplica também a latifundiários brasileiros. O mais rico plantador de soja do Paraguai é o “brasiguaio” [duas nacionalidades] Tranquilo Favero, que enriqueceu durante a ditadura de Stroessner. Um golpe, por favor, on the rock

    A UNASUR, União das Nações Sul-americanas [ing. Union of South American Nations] tratou os eventos no Paraguai como o que são: golpe. Assim também o MERCOSUL. O contraste, em relação à posição de Washington não poderia ser mais visível. Frederico Franco, golpista chefe, é frequentador assíduo e queridinho da embaixada dos EUA em Assunção.


    Argentina, Uruguai, Venezuela e Equador não reconhecerão o governo dos golpista. A Venezuela interrompeu as vendas de petróleo ao Paraguai. Dilma Rousseff, presidenta do Brasil, propôs a expulsão do Paraguai das duas organizações, da UNASUL e do MERCOSUL.


    O Paraguai já está suspenso. Implica que o golpista Federico Franco foi impedido de participar de uma reunião chave do MERCOSUL, semana passada, em Mendoza, Argentina, quando o Paraguai receberia a presidência do MERCOSUL. A oligarquia paraguaia – cumprindo ordens de Washington – sempre bloqueou a admissão da Venezuela como parceira do MERCOSUL. Isso acabou. No final do mês, a Venezuela torna-se membro pleno do MERCOSUL.

    Mas os governos progressistas da América do Sul que tomem muito cuidado. Se o Paraguai for expulso da UNASUL e do MERCOSUL, inevitavelmente pedirá socorro comercial a militar a Washington. Aí está algo que facilmente pode traduzir-se por “pesadelo”: bases militares dos EUA, no Paraguai.


    Os oligarcas paraguaios, a imprensa-empresa por eles comandada e, por último, mas nem por isso menos importante, também a reacionária alta hierarquia da Igreja Católica no país estimam podem ampliar ainda mais seu poder parlamentar, se as eleições acontecerem em abril de 2013.

    Lugo, de fato, enfrentava missão de Sísifo: governar democraticamente estado fraco, que praticamente nada arrecada em impostos (menos de 12% do PIB), sob violenta pressão dos poderosos lobbies transnacionais e elites locais corrompidas. Essa é, afinal, a realidade estrutural de grande parte da América Latina – e também, nas linhas gerais, pode-se dizer, do Egito.

    No plano geopolítico, todos os progressistas – da América do Norte e do Sul, ao mundo árabe – bem fariam se começassem a pensar como aconteceu que, a partir de junho de 2009, quando do golpe contra Manuel Zelaya em Honduras, a América Latina foi transformada em uma espécie de laboratório gigante, no qual se testam todos os tipos de mutações e variantes de golpes “democráticos” de estado.


    Rafael Correa

    O Paraguai é uma dessas mutações. Outra, foi o fracassado golpe contra Rafael Correa do Equador, em setembro de 2010. Todos esses golpes foram tentados contra governos progressistas que favorecem avanços sociais.

    Não por acaso, Correa, que por pouco não foi derrubado, disse que, um golpe bem-sucedido no Paraguai “abriria perigoso precedente” para toda a região.

    Em termos de justiça poética, nada supera a história do próprio Correa – alvo de tentativa de golpe de estado – e que, hoje, analisa a possibilidade de dar asilo político a Julian Assange... cuja página WikiLeaks revelou, dentre outras revelações, como a elite paraguaia obrava na preparação de golpe para tirar Lugo do governo.
    No Egito, aconteceu um golpe militar antes, mesmo, de ter havido eleições e haver presidente eleito. Os egípcios progressistas, que lideraram de fato a Primavera Árabe, que fiquem bem espertos, em alerta máximo: o Paraguai aí está, mostrando ao mundo o quanto a estrada até a democracia pode ser difícil e traiçoeira; e que tudo sempre pode acabar em “democratura”.

    Notas de rodapé


    [1] 09ASUNCION189, criado: 28/3/2009, 20h24; vazado: 30/8/2010, 1h44 SECRETO; Embaixada de Assunção, Paraguai, (em ing.)


    [2] 24/6/2012, Boletim Carta Maior, Blog do Emir, “Democraturas”,



    [3] Orig. School of the Americas Watch. A School of the Americas, a partir de 2001 renomeada como Western Hemisphere Institute for Security Cooperation (WHINSEC) — Instituto do Hemisfério Ocidental para a Cooperação em Segurança, é instituição mantida pelos EUA que ministra cursos sobre assuntos militares a oficiais de outros países. Atualmente situada em Fort Benning, Columbus, Georgia, EUA, a escola esteve, 1946 a 1984 situada no Panamá, onde se graduaram mais de 60.000 militares e policiais de cerca de 23 países de América Latina.

    Matéria recebida por e-mail da redecastorphoto

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    Sensibilidade à flor da tela


    Fernando Soares Campos


    Depois de longa caminhada, pai e filho juntaram-se a um movimento reivindicatório na grande cidade. O deslocamento da multidão em passeata, do local de concentração até o ginásio onde ocorreria um encontro de trabalhadores rurais, fazia parte da estratégia dos organizadores do movimento e tinha o propósito de chamar a atenção da imprensa; era uma tentativa de informar a população urbana sobre os seus problemas no campo.


    Atendendo às exigências legais, os líderes do movimento haviam solicitado apoio das autoridades para acompanhar a multidão desde a concentração até o ginásio municipal. O comando da Polícia determinou que os seus efetivos se pusessem em guarda, acompanhando o cortejo. Entretanto os militares foram orientados para reagir a qualquer manifestação "agressiva" por parte dos participantes do evento.


    Quando a passeata atravessava uma das mais movimentadas avenidas da metrópole, os motoristas dos carros parados no sinal ( farol, sinaleira ou semáforo, que já abrira e fechara diversas vezes enquanto os trabalhadores passavam), impacientes, buzinavam com insistência e gritavam protestando contra a perda de seus preciosos minutos de espera.

    No meio da multidão pai e filho conversavam:


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