Elio Gaspari - FSP
A pesquisa científica brasileira tem duas joias na sua coroa, a Embrapa e a Fiocruz. Uma cuida de agricultura, e a outra, da saúde pública. Infelizmente, pela segunda vez em menos de dois anos, a instituição fundada por Oswaldo Cruz pula do catálogo das citações científicas para o noticiário dos negócios.
Em 2011 seus diretores firmaram (sem licitação) um contrato de R$ 365 milhões com a empresa portuguesa Alert para receber um sistema de gestão eletrônica de dados. Seu credenciamento foi justificado com a certificação de uma instituição internacional que, expressamente, vedava o uso de seu nome para "validação" de empresas ou programas. Ao apito, o contrato foi suspenso temporariamente, mas teve no ministro Alexandre Padilha um explicador da iniciativa. Passou o tempo, o cancelamento tornou-se definitivo e, para tranquilidade dos interessados, não se falou mais no assunto.
Agora a Fiocruz volta ao palco. Desde 1991 seus 5.000 servidores e seus familiares estão associados ao plano da instituição, o FioSaúde. Como quase todos os planos de funcionários públicos ou de empresas estatais, ele é deficitário. Em 2012 o buraco ficou em torno de R$ 4 milhões.
Quando um cidadão pensa num plano de saúde da Fiocruz, associa-o à excelência do conhecimento das pessoas que lá trabalham. Como o plano é deficitário, alguma coisa está errada. Desde sua criação a FioSaúde foi dirigida por servidores da Fiocruz. No ano passado o comissariado entregou sua diretoria-executiva ao doutor José Antonio Diniz de Oliveira, que vinha da Axismed, uma empresa de produtos de gestão de planos que, em 2011, prestava serviços à operadora da Funasa. A diretora-presidente da firma vinha a ser sua mulher. Posteriormente ela deixou a empresa e fundou uma associação de prestadores de serviços, na qual é a superintendente-executiva.
Em janeiro deste ano o doutor Diniz rescindiu o contrato com a empresa que geria o FioSaúde, e contratou quem? A Axismed. Em março a FioSaúde transferiu para a mesma empresa a gestão do seu programa próprio de tratamento de pacientes crônicos e na semana passada cancelou o serviço de visitas hospitalares.
Se a Fiocruz precisa da porta giratória para administrar a gestão da saúde de seus funcionários, não entende de medicina, ou não sabe fazer contas. Nesse caso, com um orçamento de R$ 2,4 bilhões, o nome do doutor Oswaldo Cruz está em perigo.
Um comentário:
Amigo, está sempre presente e dando forças e motivação. Esta ajuda já é muito valiosa. Grande abraço e minha gratidão.
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