9.12.2011

Sem perder a cintura na gravidez

Tendência das famosas grávidas muito magras preocupa especialistas
sobre saúde da mãe e do feto

Grávidas magras/ Reuters
RIO - O que Natalie Portman, Victoria Beckham e Carla Bruni têm em comum? Elas são ricas, bonitas, famosas e magras. Magras até quando estão grávidas. Pernas e braços finos, quase sem gordura e inchaço, e uma barriga redondinha têm sido exibidos pelas celebridades durante os nove meses de gestação. Esse é o sonho da maioria das mulheres que engravida, mas concretizá-lo depende de uma boa dose de genética, além de investimentos, um estilo de vida saudável e acompanhamento médico. O culto à boa forma das famosas grávidas é tanto que pode gerar distorções na cabeça das gestantes da vida real. Em busca de um corpo bonito, algumas delas podem cometer exageros que comprometam a sua saúde e a do bebê.
FOTOGALERIA:Uma lista de famosas muito magras
Exercícios e alimentação controlados são muito bem-vindos, claro. Mas eles devem estar a serviço do bem-estar e não da estética, defende a nutricionista Roseli Costa, do ambulatório de nutrição pré-natal do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz:
- Na gestação, a gente não se preocupa com a estética, mas sim com a saúde materna e fetal. Se você tiver uma alimentação adequada, terá também uma estética apropriada.
Grávidas magras/ Divulgação
A lista de famosas que conseguem se manter magras na gravidez é grande. Inclui também a personal stylist de celebridades Rachel Zoe, a atriz Selma Blair, e as brasileiras Letícia Birkheuer, Juliana Silveira e Daniele Suzuki. Isso para citar as mais recentes. Carla Bruni, ainda grávida, e Gisele Bündchen, que teve Benjamin em 2009, esconderam as gestações até elas estarem bem avançadas, e provocaram discussões na mídia internacional sobre se estavam ou não à espera de um bebê. Em 2008, a apresentadora Fernanda Lima ficou grávida de gêmeos e, mesmo assim, exibiu um corpão. Um ano depois, a cantora Claudia Leitte deu à luz depois de uma gravidez exuberante e chegou a levantar rumores de que havia feito plástica logo depois do parto, já que recuperou a forma de antes muito rápido.
Essa tendência levou especialistas americanos e europeus a discutirem o que eles chamam de "mommyrexia". É claro que as celebridades têm uma relação diferente com o corpo, já que trabalham com a imagem. Mas, para muitos, a vaidade e a obsessão de algumas mulheres por serem admiradas e desejadas se estendem para a gravidez, e influenciam a relação das outras gestantes com seus próprios corpos.
- Vivemos numa sociedade que não tolera um corpo que sofre mudanças para receber a criança. Às vezes, vemos grávidas frenéticas no spinnig, e imaginamos a tolerância dessa pessoa com um corpo que vai estar deformado durante um tempo - diz Joana de Vilhena Novaes, coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza da PUC-Rio.
Grávidas magras/ Divulgação
Isso não significa que a preocupação em se sentir bonita e desejada são ruins. O problema está no exagero. Alimentação controlada não é sinônimo de dieta e a mãe precisa garantir que o feto receba todos os nutrientes necessários, como proteína, ferro, minerais e vitaminas. Do contrário, poderá ficar abaixo do peso.
Ioga e hidroginástica garantem bem-estarAté alguns anos atrás, acreditava-se que o ideal era ganhar de nove a 12 quilos ao longo da gravidez. Mas esse cálculo agora é feito com base no Índice de Massa Corporal (IMC) pré-gestação, ou seja, varia de pessoa para pessoa. A carga de exercícios também é individualizada e depende do quão ativa você era antes de engravidar. Os mais comuns são caminhadas, corridas moderadas, hidroginástica e ioga, que garantem bem-estar sem exaurir o corpo.
- O cansaço estimula o útero a se contrair e aumenta a possibilidade de um parto antes da hora. A ideia da atividade física na gravidez não é fazer da mulher uma atleta, e sim evitar que ela seja sedentária, desde que não haja contraindicações - ensina Carlos Dale, ginecologista obstetra e médico do Instituto Fernandes Figueira.
E, para as mais desesperadas, os médicos não cansam de repetir que, sim, o corpo volta ao normal durante a amamentação.

O Globo

Por Juliana Câmara (juliana.camara@oglobo.com.br)

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