3.20.2012

Dente pode ser reimplantado se levado ao hospital rapidamente

Dente quebrado deve ser levado ao hospital até 2 horas após o acidente.
Mais de um terço dos traumatismos bucais acontece na prática de esportes.

Do G1, em São Paulo

Você já quebrou o dente? E o que fez com ele? No Bem Estar desta segunda-feira (19), os cirurgiões bucomaxilofaciais Gabriel Pastore e Sidney Neves explicaram como agir após um traumatismo bucal.

Se transportado adequadamente até o hospital no prazo de até duas horas (quanto menor o tempo, maior o sucesso da reimplantação), o mesmo dente do paciente pode ser recolocado. Se apenas um pedaço do dente foi quebrado, ele também pode ser recolocado se levado a tempo ao hospital e não corre o risco de ficar na cor diferente.
Isso acontece porque os ligamentos periodontais, dentro desse período, estão preservados. São parecidos com fios vermelhos, finos como um fio de cabelo, que ligam os dentes à gengiva e ao osso do maxilar – também chamado de rebordo alveolar. A gengiva é somente o “carpete”, ou seja, o revestimento externo do osso.
Arte Socorro dentário Bem Estar (Foto: Arte/G1)


Acidentes com dentes de leite, abcessos por causa do dente do siso e trauma de mandíbula também são casos de urgência e que demandam socorro rápido e adequado. Dor ao beber líquidos, mastigar e até com o ar pode ser sinal de fratura do dente. Nesse caso, é necessário procurar um dentista assim que possível para fazer uma radiografia.

Algumas cidades têm prontos-socorros especializados em odontologia, que atendem via SUS e outras têm o profissional no plantão médico dos prontos-socorros comuns.
Não há estimativas nacionais, mas a Associação Americana de Odontologia (ADA) estima que um terço de todos os traumatismos bucais está relacionado a práticas desportivas. O uso de protetor bucal poderia evitar mais de 200 mil ferimentos a cada ano. No Brasil, as crianças em idade escolar, de 6 a 9 anos, estão mais suscetíveis aos traumas dentários pelo tipo de atividade nos parques de diversão, como andar de skate, jogar bola e brincar na gangorra.
Para os traumas faciais que levam a fratura dos ossos, a maior incidência recai sobre os homens entre 18 e 25 anos de idade, que estão mais expostos a esportes de contato, violência, trauma automobilístico e principalmente acidentes com motocicletas.
Quando não é possível colocar o próprio dente da pessoa, a saída são os implantes, popularizados nas clínicas classe C e já disponíveis em alguns centros de especialidades do SUS. Neste tipo de tratamento, a demanda de pacientes sempre é muito maior que a oferta.
Os implantes, porém, não são para todos: é preciso ter estrutura óssea adequada. Além disso, doenças crônicas, como diabetes, podem complicar. Ao implantar o dente, ele consegue fazer o papel mecânico dentro do osso, fortalecendo e impedindo que a estrutura óssea seja absorvida (o que ocorre quando a pessoa fica desdentada) e que a boca fique murcha.
Mesmo com implante, a pessoa tem que ter cuidado com as comidas muito duras e grudentas nos primeiros meses para dar tempo do osso que ficou ao redor do implante ficar mais resistente, gerando uma estabilidade melhor a cada dia, até ficar completamente grudado no osso.
Arte Socorro dentário Bem Estar (Foto: Arte/G1)
Abscesso
Mau posicionamento do siso, dor para abrir a boca, dificuldade para falar e respirar relacionada com dor de dente pode ser sinal de abcesso, um acúmulo de secreções e bactérias que pode se espalhar e causar morte por septicemia.
Essa bactéria pode progredir de duas maneiras: se for muito resiste ou se a pessoa estiver com o sistema imunológico baixo. O abscesso ocorre pela má higienização dos dentes ou pela má disposição dos dentes dentro da boca. Nestes casos, os dentes que estão mal posicionados formam espaços que servem como depósito de comida. Com o tempo, isso vai acumulando bactérias.
O abscesso provoca aumento de volume da gengiva ou da própria face, calor, vermelhidão e dor. Em alguns casos, pode dar febre. Nos casos mais graves, pode haver uma septicemia e até óbito. De acordo com Sidney, o processo inflamatório é muito rápido. Se não tratar da infecção, em três ou quatro dias o abscesso já pode estar bem grave.
Pericoronarite
É a inflamação da gengiva do último dente (siso) que pode progredir para um abscesso. Como muitas vezes o siso encontra-se num local de difícil acesso, mesmo pessoas que fazem uma boa higienização da boca podem ter problemas. Nestes casos, a infecção pode se alojar no dente, descer para o pescoço, queixo ou, no caso dos sisos de cima, subir para o seio cavernoso da face. O perigo de descer para o pescoço é entrar na corrente sanguínea e aí desencadear uma infecção generalizada. Por isso, é importante procurar um dentista logo no início de qualquer dor para evitar maiores problemas.
Segundo Sidney, nos casos de infecções muito grandes, não é legal colocar compressa de água quente ou fazer bochecho com água morna e sal, pois calor pode fazer com que as bactérias se multipliquem e aumentar o inchaço. Nos casos de abscesso, o pus pode sair pela pele e aí criar uma cicatriz na face.
No vídeo ao lado, os cirurgiões buxomaxilofaciais Sidney Neves e Gabriel Pastore tiram as dúvidas dos internautas.
Cárie
A cárie se dá pelas bactérias que se alimentam de resíduos de comida na nossa boca. Essa ação produz um ácido que ataca os dentes e a gengiva. A diferença entre o paciente que precisa de restauração e o que precisa tratar o canal é o tamanho da cárie. Quando esse ácido (produzido pelo consumo de alimento) quebra o esmalte do dente, que é a camada mais dura, ele encontra mais facilidade para perfurar a dentina, parte mais mole que fica no meio do dente.
Então essa cárie pode avançar muito e chegar até a o nervo do dente. Quanto mais profunda ela estiver, mais as bactérias, principalmente as anaeróbias, se proliferam, e provocam infecções. Inclusive alguns pacientes de canal já chegam ao consultório com o nervo do dente necrosado (preto), causando um dano irreversível. Por isso, no tratamento de canal, o dentista remove o nervo.
Canal
O dente com canal fica mais fraco, pode quebrar mais facilmente e pode ficar mais escuro. Quando uma pessoa passa por um procedimento de canal, o dentista remove toda a polpa infeccionada do dente, esvaziando, alargando e limpando os canais para o seu preenchimento. Algumas vezes não é possível fechar essa abertura de forma definitiva porque a cárie é tão severa que provoca necrose do nervo.
Nesses casos, o dentista deixa aberto para que o próprio corpo, com ajuda de antibióticos, expulse toda a secreção purulenta que possa haver. Normalmente o dentista preenche essa cavidade com gaze e faz um curativo para não entrar comida. O problema é que algumas vezes ficam algumas bactérias anaeróbias (que se desenvolvem sem oxigênio) que se proliferam na região, formando gases dentro do dente.
Por mais que o nervo tenha sido removido, esses gases incham e comprimem outras terminações nervosas em volta do dente e isso provoca dores terríveis. De acordo com Sidney, é como se fosse uma seringa cheia de água enchendo uma bexiga e comprimindo as terminações nervosas ao redor. Esse inchaço pode ser um abscesso, um cisto ou até uma lesão óssea.

Para mais informações sobre traumas, cirurgias ou dúvidas sobre odontologia, acesse:
www.bucomaxilo.org.br ou www.apcd.org.br.

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