6.10.2013

Produção mundial de antibióticos está paralisada e ameaça a saúde

Casos de bactérias multirresistentes estão em plena aceleração

iG
Indústrias farmacêuticas reduzem a produção de antibióticos
Foto:  Reprodução Internet
São Paulo - Duas velocidades incompatíveis ameaçam o tratamento mundial de doenças causadas por bactérias. Ao mesmo tempo em que a indústria farmacêutica do planeta reduziu a produção de novos antibióticos, os casos de bactérias multirresistentes aos remédios disponíveis estão em plena aceleração.
Os números já alarmaram a Organização Mundial de Saúde (OMS) que, em relatório divulgado no ano passado, informou: oito das 15 farmacêuticas produtoras de antibióticos perderam o interesse em atuar na elaboração de fármacos mais potentes. Os dados, publicados em artigo na revista The Economist, contabilizam o prejuízo. “Entre 1983 e 1992, as agências reguladoras de novos medicamentos aprovaram 30 drogas do tipo. Desde 2003, no entanto, apenas sete antibióticos chegaram ao mercado”.
Enquanto isso, as autoridades sanitárias, incluindo a do Brasil, registram o aparecimento veloz de bactérias causadoras de pneumonias e outras doenças que simplesmente não reagem às medicações existentes, como os últimos casos registrados em unidades de terapia intensiva (UTI) de Porto Alegre (Rio Grande do Sul) .
O ideal, afirmam os especialistas, seria investir em tratamentos pioneiros para vencer os agentes bacterianos multirresistentes e que provocam mortes, características de 20, 2% das bactérias que circulam no Brasil , conforme atestou o estudo internacional chamado Sentry, feito com base em 325 amostras de bactérias do pneumococo que circulam no País.
A falta de novidades terapêuticas impede, no entanto, este tipo de investida e deixa os médicos com pouca munição para tratar as doenças bacterianas líderes em causa de internação.
Um levantamento feito pelo iG no banco de dados do Ministério da Saúde indica que são, em média, 1.300 internações diárias em hospitais públicos acumuladas só por causa da pneumonia .
Apelo
Com esta realidade clínica, um grupo de especialistas de diversas nacionalidades, entre eles a médica brasileira Rosana Richtmann, publicou um apelo na revista médica The Lancet alertando que “um dos tesouros da medicina” está ameaçado de extinção.
“Apelamos aos nossos colegas em todo o mundo para assumir a responsabilidade para a proteção desse precioso recurso [os antibióticos]. Não há mais tempo para o silêncio e a complacência”, diz o manifesto divulgado em 2011.
Dois anos se passaram desde a convocação feita pelo Lancet e o quadro crítico não foi alterado, lamenta Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e do comitê de Imunização do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim).

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