Com os socialistas distraídos com os
amores de François Hollande e a direita dividida, Marine le Pen trabalha
e está em primeiro lugar nas sondagens.
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A chefe do partido populista ganhou vantagem com a viragem liberal feita por Hollande
Pela primeira vez na História francesa, o
partido nacionalista e populista francês, Frente Nacional (FN), de
Marine le Pen, pode vencer uma eleição nacional no país. Uma sondagem do
instituto IFOP para o "Journal du Dimanche" de hoje coloca-a
em primeiro lugar nas intenções de voto com 23 por cento, contra 21 por
cento para o partido da direita, UMP, e 18 por cento para os
socialistas.
Marine le Pen sonha com essa vitória contra, como diz, a
"Europa liberal" e "os seus lacaios em França". Hoje, em França, a FN
conta com os votos da extrema-direita francesa, mas também com hordas de
desiludidos de tradicionais votantes na esquerda e na direita.
As promessas não cumpridas de François Hollande contra a
austeridade na Europa e a sua recente viragem liberal, anunciada numa
conferência de imprensa, no passado dia 14, ajudaram-na imenso. A
situação na UMP igualmente: neste partido da direita ninguém se entende,
a liderança de Jean-François Copé é fraca e a guerra dos chefes
contínua desde a derrota de Nicolas Sarkozy nas presidenciais de maio de
2012.
As histórias "politico-cómicas" ligadas ao folhetim do
triângulo amoroso de Hollande, que tinha prometido ser "exemplar" nas
questões ligadas à sua vida privada, não ajudam os socialistas, que
figuram em terceiro lugar na sondagem. Marine le Pen quase nem falou
sobre o assunto. Não precisava, porque o inacreditável espetáculo do
repúdio de Valérie Trierweiler pelo Presidente funcionou claramente a
seu favor.
"Eu faço saber que pus fim à vida comum que eu
partilhava com Valérie Trierweiler" - foi com esta curta e seca frase,
com dois "eu", que François Hollande anunciou neste sábado a rutura com a
ex-primeira-dama. "Hollande rejeitou-a publicamente, é horrível", disse
um comentador. A frase é, no mínimo, pouco elegante. Já em 2010, o
então candidato ao Eliseu fora pouco elegante, mas com Ségolène Royal,
com a qual viveu 25 anos e com quem teve os seus quatro filhos, quando
exclamou numa entrevista à revista aristocrática, "Gala": "Valérie é a
mulher da minha vida". Apesar do silêncio das feministas sobre o
assunto, a saída que Hollande encontrou para o seu folhetim amoroso não é
boa para ele.
Mas o que mais beneficia a chefe do partido populista
não são as mudanças amorosas de François Hollande, mas sim a sua viragem
liberal nos campos político e económico. Sobre este assunto, o
anunciado "pacto de responsabilidade" favorável às empresas defendido
pelo chefe do Estado, Marine le Pen exprime-se alto e bom som. Condena-o
frontalmente, diz ser "um escândalo" esta intenção de Hollande de
oferecer às grandes empresas "prendas" de mais de 30 mil milhões de
euros contra "vagas promessas de criação de empregos".
Não é apenas a líder nacionalista que considera
Hollande "um escândalo". Num recente artigo, o norte-americano e prémio
Nobel da Economia, Pau Krugmam, diz que o "pacto de responsabilidade" é
"um verdadeiro escândalo". Evidentemente, Krugmam também não se referia
aos amores do Presidente mas ao que disse ser "o seu afeto pelas
desacreditadas doutrinas económicas da direita". Para o prémio Nobel,
Hollande "rendeu-se intelectualmente", capitulou e passou a ser um
"cúmplice dos conservadores teimosos e desapiedados".
A crise, o desemprego, a baixa de poder de compra dos
franceses e o empenho de Hollande em prosseguir com o "rigor" acentuando
cortes nas despesas (mais 50 mil milhões até ao fim do mandato, em
2017) ajudam Marine le Pen.
A inexistência de líderes franceses credíveis e
coerentes na direita e na esquerda também a auxilia imenso. A quatro
meses das eleições europeias, as sondagens indicam que a FN poderá
alcançar um resultado histórico em França. A confirmarem-se estas
intenções de voto, a sua vitória provocará um terremoto político no país
com certamente fortes réplicas em toda a Europa.
Após rumores sobre traição, Hollande anuncia separação
BBC Brasil
"Julie Gayet | Crédito: AFP"
O anúncio foi feito por meio de um comunicado enviado por Hollande à agência de notícias estatal AFP e já era esperado pela imprensa local. Mesmo assim, causou surpresa, uma vez que o Palácio do Eliseu, sede do governo francês, havia repetidamente desmentido informações sobre os 'rumores' de que o casal se separaria.
Na nota, Hollande afirmou que decidiu pôr fim 'à vida comum' com Trierweiler, em meio a rumores de que ele a teria traído com a atriz francesa Julie Gayet.
A suposta traição do presidente francês foi noticiada em uma reportagem exclusiva da revista francesa Closer há duas semanas e, rapidamente, ganhou as páginas da imprensa internacional.
Segundo a publicação, Hollande se encontrava com Gayet no apartamento da atriz em Paris, a capital francesa. O affair teria a anuência de funcionários do alto escalão do governo.
Após as revelações, Trierweiler permaneceu hospitalizada durante duas semanas.
O caso foi alvo de acalorados debates na França e opôs defensores da privacidade do presidente a críticos de que suas 'escapadas noturnas' poderiam colocar a segurança do país em risco.
Além disso, os boatos desgastaram ainda mais a imagem de Hollande, cada vez mais impopular devido à crise pela qual a França atravessa.
O presidente francês, que até agora não negou os boatos sobre a traição, já havia afirmado estar passando por um 'momento difícil' em seu relacionamento com Trierweiler.
Na ocasião, ele prometeu esclarecer a situação antes de sua visita oficial a Washington, capital dos Estados Unidos, em 11 de fevereiro.
Polêmica
Na última terça-feira, Trierweiler demitiu seu advogado que afirmou que ela estava buscando terminar seu relacionamento com Hollande 'da forma mais digna possível'.
A jornalista, que continua trabalhando para a revista francesa Paris-Match, deve viajar à Índia neste domingo para apoiar o trabalho da ONG francesa Action Against Hunger.
Desde que saiu do hospital, Trierweiler vinha permanecendo na residência oficial de La Lanterne, próxima a Versalhes, nos arredores da região metropolitana de Paris.
'Ele (Holande) a consultou e a comunicou sobre a intenção de se separar; ela já aceita a situação como um fato consumado, mas o deixou tomar a iniciativa', afirmou uma fonte próxima à jornalista ao jornal francês Le Parisien.
Trierweiler e Holande nunca se casaram oficialmente. Trierweiler anunciou que os dois estavam juntos apenas seis meses depois que o presidente francês havia deixado a sua então esposa, a ex-candidata à Presidência Ségolène Royal, com quem tem quatro filhos.
Já a atriz francesa Julie Gayet anunciou que está processando a revista Closer por violação de privacidade.
A publicação afirmou que o affair entre Hollande e Gayet começou ainda durante a corrida presidencial de 2012.
BBC Brasil -
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