5.15.2015

'Quem vai criar o filho dele?', questiona mãe sobre morto no Estácio

Moradores afirmam que mototaxistas foram mortos no Morro do São Carlos.

Há uma semana, moradores da região sofrem com tiroteios e violência.

Janaína CarvalhoDo G1 Rio
Moradores fizeram homenagem a mototaxistas mortos em rua da comunidade (Foto: Janaina Carvalho/G1 Rio)Moradores do São Carlos fizeram homenagem a mototaxistas mortos em rua da comunidade
(Foto: Janaina Carvalho/G1 Rio)
Desde o início da guerra nos morros do São Carlos, Fallet, Fogueteiro e Coroa, favelas vizinhas nas zonas Norte e Centro do Rio, 12 pessoas foram mortas. Segundo moradores, o protesto dessa sexta-feira (15) foi provocado porque os dois últimos mortos Rodrigo Marques Lourenço, de 29 anos, e Ramom de Moura Oliveira, 22, eram mototaxistas na comunidade e foram mortos a facadas em uma área de matagal. Manifestantes responsabilizam policiais militares pelas mortes. A Polícia Civil começou a investigar o caso e ainda não há confirmação desta acusação.
"Um menino viu o rastro de sangue no chão perto dos capacetes. Ele foi seguindo e achou os corpos pendurados. O que vai ser feito agora? Quando isso vai parar? Meu filho vinha de Santíssimo para trabalhar aqui todos os dias. Quem vai criar o filhinho dele? Essa polícia está acabando com a população. Nossos jovens estão sendo assassinados cruelmente", afirmou Mariângela Marques Lourenço, mãe de Rodrigo. Por volta das 10h40 os dois corpos continuavam no matagal no alto da comunidade.
Titular da Divisão de Homicídios, Rivaldo Barbosa, confirmou em entrevista à Globonews que investiga as circunstâncias que dois corpos foram encontrados no Morro do São Carlos nesta manhã. "Independentemente se [os autores] foram policiais militares ou [fruto de] uma guerra de traficantes, vamos dar uma resposta", afirmou. Rivaldo também fez um apelo para que moradores evitem vandalismo em protestos, por causa dos transtornos que eles causam a região, como queima de cabos elétricos na fiação elétrica. "A gente pede que eles usem essa revolta para nos dar informações", acrescentou.
Segundo o major Ivan Blaz, assessor de ocupação da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, os confrontos ocorridos nas comunidades do conjunto de favelas têm ocorrido por causa da disputa de traficantes de facções rivais pelo controle do tráfico na região. "O que estamos vivenciado hoje aqui é um evento que já vimos em outra localidades pacificadas, que é a ação de quadrilhas rivais atuando pela disputa de território. Aqui, nesse momento, a ação da PM é preventiva, visando salvaguardar os moradores e prender esses criminosos", destacou Blaz, ressaltando que a Polícia Militar está fornecendo todas as i formações para a Divisão de homicídios apurar as duas últimas mortes na região. Segundo moradores, os dois rapazes mortos na última noite não tinham envolvimento com o tráfico e teriam sido mortos por agentes do Bope.
Protesto
Manifestantes atearam fogo em dois ônibus na Zona Norte do Rio, na manhã desta sexta-feira (15). Um dos veículos foi incêndiado na Rua Estácio de Sá, próximo a um dos acessos ao Morro São Carlos, no Largo do Estácio. O segundo ônibus sofreu o atentado na Rua Campos da Paz, altura do número 52, no Rio Comprido. De acordo com o comando do 4º BPM (São Cristóvão), o protesto teve início após um morador ser encontrado morto na comunidade. Até as 9h30 não havia informações sobre feridos durante o protesto.
Testemunhas relataram que policiais arremessaram bombas de efeito moral contra os manifestantes, que estavam armados com pedaços de paus e pedras.
Manifestantes atearam fogo em um ônibus no Estácio (Foto: Reprodução/ TV Globo)O protesto começou por volta das 9h desta sexta
(Foto: Reprodução/ TV Globo)
De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura, por volta das 9h40 a via estava interditada nos dois sentidos e os motoristas enfrentavam retenções na região. Os motoristas que estavam na Rua Haddock Lobo e seguiam em direção ao Estácio/ Centro tinham como opção seguir pela Avenida Paulo de Frontin. Quem estava no Catumbi e seguia em direção ao Estácio/Centro tinha como opção seguir pelo Viaduto 31 de Março e pela Avenida Presidente Vargas. Às 10h15 a via foi totalmente liberada.
O fogo não atingiu a fiação da rede elétrica da região. Entretanto, a Light enviou uma equipe ao local para solucionar possíveis emergências. De acordo com o Metrô Rio, o protesto está sendo monitorado e não afeta a circulação dos trens. Às 9h40 não havia ameaça de invasão na estação Estácio.
Nesta quinta-feira, a polícia informou que subiu para dez o número de mortos na guerra entre as quadrilhas que atuam nas comunidades da região central do Rio — Fallet, Coroa e São Carlos. Como mostrou o Bom Dia Rio nesta sexta-feira (15), a segurança continuava reforçada nos acessos das comunidades. Pelo menos uma das novas vítimas foi baleado durante operação policial.

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