Ciclistas e pedestres 'inauguraram' ciclovia da Niemeyer
O Dia
Rio
- São 3,9 quilômetros ao lado do mar, com uma vista de tirar o fôlego,
acompanhando o traçado da Avenida Niemeyer. A ciclovia mais esperada da
cidade ainda está com as obras de acabamento em curso, mas muitos
cariocas já resolveram inaugurá-la antes mesmo da cerimônia oficial,
anunciada para o domingo, pela manhã. “Estou feliz demais,
essa ciclovia é uma mão na roda”, comemora o morador de São Conrado
Achylles Nunes, de 30 anos, enquanto seguia para o trabalho no Leblon.
“Às vezes eu levava 40 minutos de carro, preso nos engarrafamentos da
Niemeyer. Chegava estressado, não tinha vaga para estacionar. Agora, com
essa ciclovia, tenho essa vista maravilhosa e chego feliz, distribuindo
sorriso no trabalho”, conta Achylles.
Ao longo da
faixa vermelha exclusiva para ciclistas, ainda há funcionários de obra
da Geo-Rio, empresa responsável pela obra, trabalhando. Em alguns
trechos, há blocos de concreto e tapumes na tentativa de impedir a
passagem e placas com avisos de que é proibido transitar pelas novas
pistas antes da sua inauguração.
Mesmo com as obras de acabamento ainda em curso, a nova ciclovia já está sendo usada pelos cariocas
Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
Entretanto, a sinalização não foi suficiente para
impedir o uso da ciclovia antes da hora por ciclistas e por pedestres,
que não devem usar a pista nem mesmo após a abertura.
O
funcionário de serviços gerais, Ricardo Fernandes, de 27 anos, morador
da Rocinha, não escondeu a felicidade em ter um percurso menor para
chegar à praia. “Tenho sempre costume de ir para o Leblon, Leme,
Ipanema. Agora temos um caminho mais fácil”, respondeu Ricardo, que não
vê problemas em utilizar a ciclovia antes de estar totalmente concluída.
Rudnei de Souza, também funcionário de serviços gerais, de
35 anos, disse que, pedalando, consegue chegar em 25 minutos da Rocinha,
onde mora, até a orla do Leblon. Do Centro a Grumari de bicicleta A
Geo-Rio, órgão da Secretaria Municipal de Obras, informou que a
fiscalização está sendo feita de forma contínua para impedir acidentes.
Porém, segundo o órgão, a população está infringindo as placas e os
avisos de não circular pelo local, além de não respeitar os bloqueios.
Ainda de acordo com o órgão, os funcionários da Geo-Rio podem solicitar
que as pessoas não usem a ciclovia, mas não têm o poder de obrigar a
pessoa a sair do local. A Secretaria Municipal do Ambiente
informou que, quando a ciclovia Niemeyer for inaugurada, será possível
pedalar do Centro do Rio até Grumari, Zona Oeste da cidade, por pistas
exclusivas para bicicletas. O investimento no trecho da Niemeyer foi de
R$ 44,7 milhões.
Rio de Janeiro é a cidade com mais ciclovias da América Latina
Até os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, serão 450 km de faixas
O Dia
Rio
- O Rio tem mais faixas para bicicletas do que qualquer país da América
Latina. Ao todo, são 405 quilômetros. Até os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos, serão 450 km. Com tanto espaço para bicicletas, os
motoristas precisam ter cada vez mais cuidado e respeito com os
ciclistas. E essa relação tem melhorado. Nos últimos cinco anos, o
Rio reduziu em 58% o número de acidentes fatais envolvendo bicicletas,
de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do
Ministério da Saúde.
Um dos principais fatores para a
queda no número de mortes é a divulgação de campanhas sobre a
importância do melhor convívio entre motoristas e ciclistas nas pistas,
como o programa Rio Capital da Bicicleta, da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente. A iniciativa desenvolve, em parceria com o Detran-RJ,
ações permanentes de educação para o trânsito e incentivo para o uso do
meio de transporte. Segundo o secretário Carlos Alberto Vieira Muniz,
desde 2014 não há registro de acidentes fatais na cidade.
Ciclista pedala na ciclovia da Avenida Graça Aranha, no Centro do Rio
Foto: Fabio Gonçalves / Arquivo Agência O Dia
“O Rio saiu na frente na América Latina – ao lado
de Bogotá – na implantação da bicicleta como meio de transporte para
curtas distâncias. Atualmente, o carro é um equipamento inviável para
grandes cidades. Portanto, a bicicleta terá cada vez mais espaço. Com a
criação de ciclovias, bicicletários e a conscientização, fazemos com que
a sociedade se interesse cada vez mais.Para se ter uma ideia, em 2010
apenas 1% das mulheres utilizavam o modal. Hoje, são mais de 40%. E
nenhuma morte há quase dois anos”, diz.
Além do incentivo ao uso
da bicicleta, a secretaria também realiza campanhas com motoristas de
ônibus, em escolas e com os próprios ciclistas, para que conheçam também
suas obrigações. Bicicletas como meio de transporte Rodrigo
Araújo, 26, auxiliar administrativo, é morador da Rocinha e vê a
ligação da ciclovia entre a Barra e a Zona Sul como uma das principais
obras da cidade. “Centenas de pessoas que moram aqui utilizam a
bicicleta como o principal meio de transporte. Ano que vem, vamos poder
ir trabalhar nos bairro do entorno de bike. Sem gastar dinheiro e de
forma segura”, acredita. A previsão é que a construção da ciclovia entre
Leblon e Barra da Tijuca fique pronta no próximo ano. Atualmente, são
registradas mais de 1,5 milhão de viagens por dia na cidade do Rio, o
que corresponde a cerca de 5% dos deslocamentos da capital. Incentivos sustentáveis geram oportunidades Com
a demanda dos ciclistas, novas oportunidades de negócios surgiram. Esse
foi o pensamento de Frederico Lima e seus outros dois irmãos, que
abriram, há nove meses, a Bike Rio Café. O estabelecimento, que fica no
Centro, oferece serviço de bicicletário, área para banho, café, almoço,
conserto e manutenção e armário para roupas. “Com mais ciclistas e
ciclovias, inovamos e abrimos o espaço. Hoje tenho demandas de
diferentes regiões da cidade, como Zona Norte e Zona Sul. Tenho certeza
que outras estruturas como essas serão lançadas, o que irá beneficiar o
mercado. Vivemos um outro momento. E não terá volta”, conclui. “Cicloculturalização” nas ruas Para
o presidente da Comissão de Segurança no Ciclismo do Rio de Janeiro,
Raphael Pazos, a diminuição registrada na pesquisa do Ministério da
Saúde indica um novo momento para quem utiliza o modal. "Há cerca de
cinco anos, vejo o que chamo de “cicloculturalização” da população do
Rio para o uso da bicicleta. A cada quilômetro de ciclovia ou ciclofaixa
construído, o governo diz para a sociedade: Vá de bicicleta! Com isso, é
possível ver um aumento considerável de pessoas que utilizam o modal
para transporte, turismo, lazer e negócio. Com mais ciclistas nas ruas,
maior entendimento dos direitos e deveres de cada um no trânsito”,
afirma. Ele acredita, também, que diferentes ações beneficiam quem
está em cima das magrelas. “Há poucos meses, o estado do Rio conseguiu
avançar na legislação no que diz respeito a esse meio de transporte.
Agora é possível obter dados sobre roubos e furtos de bicicletas no Rio,
o principal problema enfrentado pelos ciclistas. Mas, como disse, há
uma mudança perceptível para melhor”, conclui. O QUE CADA UM DEVE FAZER CICLISTAS - Apenas ultrapasse em local seguro - Use os braços para sinalizar - Não pedale na contramão - Dê preferência aos pedestres - Fique na faixa da direita MOTORISTAS - Mantenha distância de 1,5m dos ciclistas - Dê preferência aos ciclistas e aos pedestres - Cuidado com os cruzamentos - Respeite a sinalização
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