10.30.2014

Racismo e discriminação são punidos no futebol, mas não durante as eleições

Patrícia Moreira e mais 3 viram réus por injúria racial durante jogo no RS

Justiça aceitou denúncia do Ministério Público nesta quinta-feira (30).
Os quatro torcedores serão julgados por cometer atos racistas na Arena.

Do G1 RSno foot
Racismo Arena do Grêmio (Foto: Reprodução/ESPN) 
Patrícia Moreira na Arena do Grêmio
(Foto: Reprodução/ESPN)
O Tribunal de Justiça aceitou nesta quinta-feira (30) a denúncia do Ministério Público contra os quatro torcedores indiciados pela Polícia Civil por injúrias raciais contra o goleiro Aranha durante partida realizada em 28 de agosto na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. Eder de Quadros Braga, Rodrigo Machado Rychter, Fernando Moreira Ascal e Patrícia Moreira da Silva serão julgados por cometer atos racistas. O julgamento ainda não tem data marcada.
O juiz titular do Juizado do Torcedor, Marco Aurélio Martins Xavier, que recebeu a denúncia, aplicou medida cautela de proibição de ida aos estádios aos acusados, que deverão se apresentar à 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, durante os jogos do Grêmio. A vedação é para jogos do Tricolor, independente do mando de campo, enquanto o processo tramitar judicialmente.
"Os acontecimentos revelaram-se atentatórios à honra do ofendido, com requintes de menosprezo racial, o que é inadmissível na realidade contemporânea. As ofensas envolvem uma senda de violência e fanatismo, que permeiam o ambiente dos estádios, fomentando a violência e alimentando essa chaga social, que é o preconceito racial", afirmou o magistrado.

GNews - Goleiro Aranha, do Santos (Foto: Reprodução/GloboNews) 
Goleiro Aranha foi insultado durante jogo
(Foto: Reprodução/GloboNews)
O Ministério Público denunciou os quatro réus na última terça-feira (28). Para que a denúncia fosse realizada, o goleiro Aranha teria de fazer uma representação formal contra os agressores, mas a Justiça entendeu que o registro de ocorrência feito um dia depois do fato bastaria para que o MP formalizasse a denúncia contra os torcedores. De acordo com a Justiça, no momento em que registrou a queixa na polícia, o goleiro manifestou o desejo de que a investigação prosseguisse. Como o MP já via elementos suficientes para efetuar a denúncia, concluiu o procedimento após o aval judicial. A pena prevista por lei para os denunciados é de um a três anos de reclusão e multa.
Nesta quarta-feira, a Polícia Civil indiciou o quinto suspeito de ter proferido injúrias raciais contra Aranha. Lucas Fernandes da Rocha foi chamado para prestar depoimento na 4ª Delegacia de Polícia, mas afirmou que só se manifestará sobre o caso em juízo. O torcedor será encaminhado ao Juizado do Torcedor e cabe ao Ministério Público, por meio da Promotoria do Torcedor, fazer a denúncia.
Entenda o caso
O incidente no jogo entre Grêmio e Santos, no dia 28 de agosto, na Arena do Grêmio, ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo. A partida terminou em 2 a 0 para o time paulista.

A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia no dia 29.
Devido ao fato, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva confirmou em 26 de setembro a eliminação do Grêmio da Copa do Brasil. O clube havia entrado com recurso. A equipe perdeu três pontos e, por isso, o time não tem possibilidade de classificação numa suposta segunda partida contra o Santos, na Vila Belmiro.

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