Você sabia que um dos fatores da secreção vaginal está no desequilíbrio de lactobacilos na flora vaginal?
O equilíbrio do ecossistema vaginal é mantido por complexas interações entre a flora vaginal dita normal, os produtos do metabolismo microbiano, o estado hormonal e a resposta imune do hospedeiro. A vagina é habitada por numerosas bactérias de espécies diferentes que vivem em harmonia e que por isso são consideradas comensais, mas que podem, em situações especiais, tornarem-se patogênicas.
O Lactobacillus sp é a espécie bacteriana predominante no meio vaginal, determinando pH ácido (3,8 a 4,5) que inibe o crescimento de várias outras bactérias que potencialmente são nocivas à mucosa vaginal.
A flora vaginal em que há predomínio de Lactobacillus sp encontra-se freqüentemente associada a quantidades apropriadas de bacterias. Por outro lado, o conteúdo vaginal em que existe ausência ou baixa concentração de Lactobacillus sp associa-se significativamente a processos patogênicos como a doença inflamatória pélvica, infecção pós-cirúrgica e as corioamnionites.
Fica implícito, portanto, que a flora microbiana que habita a vagina tem papel importante na eclosão de doenças (vaginose bacteriana, vaginose citolítica e doenças sexualmente transmissíveis), assim como na manutenção de um trato genital saudável. Além disso, o fluido vaginal tem atividade seletiva antimicrobiana contra espécies bacterianas não residentes.
O equilíbrio entre os lactobacilos e os outros microrganismos presentes determina o tipo de flora vaginal existente. De acordo com a quantidade de lactobacilos pode-se classificar a flora vaginal em três tipos:
tipo I - quando no conteúdo vaginal existem 80% ou mais de lactobacilos;
tipo II - quando existe proporção aproximada de metade de lactobacilos e metade de outras bactérias.
tipo III - quando há predomínio claro de outras bactérias e redução acentuada do número de lactobacilos (menor que 25%).
A vaginose bacteriana é síndrome em que há diminuição importante de lactobacilos e aumento dos germes anaeróbicos (Gardnerella vaginalis, entre outros).
Fatores extrínsecos podem alterar o ecossistema vaginal. O uso de certos antibióticos, principalmente os de amplo espectro, interfere na manutenção da flora residente. A literatura pertinente sobre o assunto indica que o uso indiscriminado e freqüente de duchas vaginais higiênicas poderia levar à perda do equilíbrio entre os vários microrganismos residentes na cavidade vaginal, facilitando o aparecimento e manutenção de vulvovaginites. Tal suposição seria justificada pelo fato de as duchas vaginais promoverem limpeza mecânica das bactérias próprias da flora local e ao mesmo tempo introduzir substâncias exógenas que poderiam alterar o pH vaginal e causar reações alérgicas locais.
Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.27 no.5
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