Análise da ProTeste, órgão de defesa do consumidor, encontrou excesso de sal em 69 de 154 produtos, como biscoitos, aperitivos e frios.
Fabricantes de itens 'salgados' dizem cumprir normas do país
O teste dividiu os alimentos em 26 categorias. Em algumas delas, todos os itens apresentaram alto teor de sódio. Os campeões foram salame, linguiça, azeitona e presunto.
A azeitona do Carrefour, por exemplo, tinha 2,12% da substância em sua composição, valor muito acima do aceitável, segundo classificação da ProTeste. A linguiça da Seara tinha 1,59%, também acima do recomendado.
METODOLOGIA
Os produtos foram divididos seguindo escala da Food Standard Agency, agência regulatória do Reino Unido que classifica o teor de sódio em baixo, moderado ou alto.
No Reino Unido, os rótulos de alimentos têm um "semáforo" que sinaliza se o produto tem grandes quantidades de gordura, açúcar ou sal. No Brasil, não existe nada parecido.
"Não temos uma regulamentação que estabelece limites de sódio. Existe um acordo entre a indústria e o Ministério da Saúde para diminuir os níveis da substância, mas não é uma norma", explica Manuela Dias, nutricionista e técnica da ProTeste.
Na análise, foi considerado "muito bom" o alimento cuja quantidade da substância foi menor ou igual a 0,12%; "aceitável", aquele com teor entre 0,13% e 0,60% e "ruim", o produto que ultrapassou 0,61%.
De acordo com a ProTeste, a quantidade encontrada nos alimentos analisados variou de 0,08% a 2,2%. Apenas dois produtos (1,3% das amostras) apresentaram baixas quantidades da substância: a manteiga Batavo e a mostarda Carrefour.
Foram considerados com níveis ruins de sódio o biscoito cream cracker da Triunfo (1,04%), o amendoim japonês da Dr. Oetker (1,07%) e da Yoki (0,74%) e os presuntos da Perdigão (1,17%) e do Carrefour (1,33%).
A quantidade máxima recomendada de ingestão de sal de cozinha é de cinco gramas por dia, segundo a Organização Mundial da Saúde. Para o sódio, a recomendação é de dois gramas. "As pessoas confundem muito. Tanto o sódio dos alimentos industrializados quanto o sal de cozinha são prejudiciais. O sódio é mais concentrado."
É difícil calcular as quantidades ideais de ingestão só olhando os rótulos dos produtos. Nem sempre eles são claros, e o tamanho da porção ajuda a confundir, comenta a nutricionista.
"O jeito mais fácil é comparar produtos de marcas diferentes e escolher o que tem menos. E aqueles que têm porcentagens muito altas nos rótulos [60% da ingestão diária, por exemplo] devem ser evitados."
OUTRO LADO
Em nota, o Carrefour disse que seus produtos de marca própria são desenvolvidos sob rígidos processos de qualidade e de acordo com a legislação brasileira. "Periodicamente são realizadas auditorias em fábricas e análises laboratoriais nos produtos para controlar a qualidade."
A Seara informou que, embora o sódio seja um componente importante para o sabor e a conservação dos alimentos, a fabricante "está reduzindo seu nível, especialmente nas linguiças."
A Arcor, responsável pela Triunfo, reforçou que o produto está dentro da lei brasileira e que atende as necessidades dos consumidores que precisam ou querem reduzir a ingestão de sódio com a linha de biscoitos Triunfo Menos Sal.
Por email, a Yoki afirmou que planeja reduzir a quantidade da substância no amendoim japonês a partir de janeiro de 2012 e que "vem trabalhando continuamente na redução da quantidade de sal e ingredientes que contém altos teores de sódio, como o glutamato monossódico."
A BRF Foods, responsável pela Perdigão, disse que os valores são inferiores às metas estabelecidas no acordo de cooperação técnica entre o Ministério da Saúde e a ABIA (Associação Brasileira das Industrias de Alimentos).
A Dr. Oetker informou que até o momento não foi notificada pela Proteste e, portanto, não vai se pronunciar.
JULIANA VINES.
Folha
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