TV 247 - O jornalista e editor responsável pelo site Opera Mundi, Breno Altman, concedeu entrevista à TV 247 em que analisa os golpes jurídicos para derrubar projetos progressistas na América Latina e observa as contradições do PT que deram munição ao consórcio golpista. Para ele, "o republicanismo foi o grande erro da sigla".
Altman cita a ingerência estadunidense para explicar a internacionalização do judiciário. "Na Cúpula das Américas, foi deliberado que o sistema de justiça na América Latina deveria ser integrado, propondo um intercâmbio entre as promotorias para que o poder Judiciário e as Polícias Federais desses países estabelecessem um compromisso em comum contra a corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico", relembra.
Segundo ele, os EUA colocaram à disposição desses países programas de intercâmbio para atualizar o sistema de justiça, estabelecendo internacionalmente leis de combate aos delitos deliberados na Cúpula das Américas.
Ao fazer o resgate histórico, Altman aponta para as consequência desses acordos internacionais. "Perceba a quantidade de cursos e intercâmbios que os membros da Operação Lava Jato fizeram nos EUA. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso abriu a mão para a internacionalização do justiça", condena o jornalista.
Altman explica que assim como ocorreu com Lula e Rafael Correa, ex-presidente do Equador, um golpe poderá ocorrer no México com a eleição de Andrés Manuel López Obrador à Presidência da República."As peças do Judiciário mexicano já estão em movimento, isso poderá ocorrer antes mesmo da posse de Obrador", ressalta.
Carta de Lula: resistência
Analisando a carta escrita pelo ex-presidente Lula, em que ele expressa seu descontentamento com as manobras do Judiciário para mantê-lo preso, Altman cita o que considera ser o erro mais grave do PT. "O republicanismo explicita uma leitura errada da história do Brasil e a natureza da sociedade brasileira. O capitalismo no Brasil é estruturalmente antidemocrático, porque ele depende da super exploração do trabalho, e o PT acabou perdendo esta leitura", lamenta.
"A Venezuela é um exemplo clássico, ela fez a revolução bolivariana através das vias institucionais, o único modelo real concebido pelo filósofo italiano Antonio Gramsci", afirma Altman, ao observar as diferenças entre os governos do PT e de Chávez/Maduro.
Para ele, na prática, Lula está colocando imensa pressão sobre o Supremo. "Indiretamente, o ex-presidente diz ao povo: se o Supremo não for capaz de restabelecer a via constitucional, não há outra saída que não seja a Queda da Bastilha", afirma.
Altman conclui dizendo que "Lula está dando um exemplo moral ao povo brasileiro" e considera que "o PT tem a sorte de ter alguns gigantes morais"
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