Novos tratamentos e técnicas de reabilitação Impedem que pacientes com dor nas costas sejam operados sem necessidade
Monique OliveiraMOBILIDADE
Marcelo da Silva não precisou fazer cirurgia para
hérnia de disco depois de diagnóstico mais preciso
Para mudar essa realidade, o “Jornal Americano de Radiologia” publicou novas diretrizes segundo as quais o primeiro passo é a investigação meticulosa da origem da dor. A lombalgia (dor na região lombar), por exemplo, deve ser dividida por tipo de causa: não específica (infecção, torção da coluna, doenças inflamatórias) ou específica (na ocorrência de um estreitamento anormal do canal espinhal lombar ou mais frequentemente na hérnia de disco).
Um dos motivos pelos quais tratamentos desse gênero mostram-se na maioria dos casos mais eficazes do que as cirurgias é o fato de que a dor tem mecanismos complexos. Por isso, geralmente não é solucionada com apenas uma intervenção. “Pode ser que o paciente até tenha uma hérnia de disco, mas ela pode não ser a causa da sua dor”, diz Mario Ferretti Filho, do Albert Einstein. O analista de banco de dados Marcelo da Silva, 31 anos, por exemplo, tinha indicação para cirurgia de hérnia de disco, mas após ter seu problema mais bem avaliado e se submeter ao programa de reabilitação, viu-se livre da dor que o incomodou por anos. “Segui o programa com disciplina”, diz. Outra razão apontada é que, embora a maioria das pessoas apresente alterações em exames de imagem, elas nem sempre representam um prejuízo ao paciente ou necessidade de uma operação.
Mesmo para os casos em que a dor é tão grave que impede maior adesão à fisioterapia, a medicina disponibiliza procedimentos minimamente invasivos guiados por aparelhos de imagem em que analgésicos e anti-inflamatórios são injetados no foco da dor por meio de uma agulha. “Essa analgesia é mais eficiente e pode durar meses”, explica o médico Luciano Miller, diretor da Colunar, clínica especializada em cirurgias minimamente invasivas da coluna vertebral, em São Paulo. “O paciente pode, assim, dedicar tempo ao tratamento convencional sem sentir dor”, completa.
Lá fora, há novos caminhos em estudo. Cientistas da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, mostraram que o ozônio pode aliviar a pressão dos discos vertebrais sobre as estruturas nervosas que os envolvem, processo envolvido na dor. Na pesquisa, com uma única injeção de ozônio, 37% dos pacientes relataram estar livre de dor por seis meses após a aplicação. Na Universidade de Brighman, nos Eua, estuda-se um disco artificial flexível, que permite o movimento mais natural das vértebras. Em outra linha, diversos centros de pesquisa do mundo realizam estudos com células-tronco, fatores de crescimento e terapia gênica para aplicar em discos doentes e com isso reverter o processo degenerativo. Mas ainda não há aplicabilidade em humanos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário