10.29.2012

Nova York planeja a evacuação de 375 mil pessoas devido ao furacão Sandy

Nove estados da costa leste e o Distrito de Columbia declararam estado de emergência

EL PAÍS
Agências internacionais
A entrada de fundos da Bolsa de Nova York está cercada por sacos de areia Foto: REUTERS/Carlo Allegri
A entrada de fundos da Bolsa de Nova York está cercada por sacos de areia REUTERS/Carlo Allegri
NOVA YORK/WASHINGTON - Wall Street vai amanhecer amanhã numa cidade fantasma, depois que o governador de Nova York, Andrew Cuomo, mandou suspender todas as operações de transporte público na cidade. O metrô, os trens e ônibus vão parar depois das 19 horas do horário local, como parte dos preparativos para a chegada do furacão Sandy nesta segunda-feira (29). Além disso, 375 mil pessoas que vivem em áreas baixas da cidade foram avisadas ​​de que estão em perigo potencial se permanecerem em suas casas. A situação repete o que se viveu há pouco mais de um ano com o furação Irene, mas, daquela vez, o impacto da tempestade foi sentido durante um domingo.

Os bairros residenciais com ordem de evacuação imediata são as zonas costeiras do Rockaways e as partes da cidade de Long Island, no Queens, de Williamsburg e Greenpoint, no Brooklyn, e as áreas de praia, junto a duas regiões de Manhattan ao longo do Rio Hudson e do East River e de Staten Island. Para aqueles que não têm a opção de se mudar temporariamente para casas de parentes e amigos em outras localidades, a cidade abriu 72 abrigos em toda Nova York. O procedimento é o mesmo que foi seguido durante o Irene e abrange cerca de 350 mil pessoas.
O governador disse que “temos de estar totalmente preparado” para o pior cenário. Os democratas não querem correr nenhum risco. O prefeito da cidade, Michael Bloomberg, disse que é esperado para segunda-feira (29) o momento de maior intensidade na elevação das águas em torno de Manhattan, Brooklyn, Queens e Long Island. E não descarta que pode acontecer um novo recorde.
A previsão é de que a rede de transportes seja normalizada em até 12 horas depois da passagem do Sandy. Há a possibilidade de o metrô ser reaberto na quarta-feira, mas a decisão vai depender de como será a passagem do furacão pela cidade. As pontes que ligam Manhattan ao Brooklyn e ao Queens serão fechadas ao tráfego caso os ventos ultrapassem 95 km/hora, e mais de três mil voos, de chegadas e partidas de Nova York, foram cancelados. Neste domingo, houve corrida aos supermercados.
A Bolsa de Valores de Nova York decidiu neste domingo suspender as operações amanhã. A Organização das Nações Unidas (ONU) também informou que as atividades previstas para amanhã na sede da agência estão suspensas.
“Todas as operações foram canceladas”, disse a ONU em nota.
Sandy já é a maior tempestade tropical na história dos EUA e também ameaça Nova Jersey. O sistema de transporte metropolitano serve 15 milhões de pessoas em Nova York, cidade que tem a maior concentração urbana nos EUA. Também conecta funcionários que trabalham na Big Apple vindos de Nova Jersey e Connecticut. A suspensão terá início com o metrô e os trens regionais e, a partir das 21h, será estendida para os ônibus.
Andrew Cuomo insiste que os trens não são seguros para operar com ventos fortes, e que tenta evitar danos ou ferimentos. Mas, essencialmente, o que ele quer é que “as pessoas a fiquem em casa”. No caso de Manhattan, várias linhas que vão até o Brooklyn e Queens passam pelo sul da ilha, área que está mais exposta a inundações.
“É para sua própria segurança", disse o prefeito em sua conta no Twitter.
Escolas públicas também ficarão fechadas nesta segunda-feira. Companhias aéreas cancelaram por volta de 3 mil voos, e a rede ferroviária Amtrak anunciou neste domingo via Twitter que “todas as rotas da manhã desta segunda-feira na costa leste serão canceladas, incluindo a rota que liga Washington a Nova York.”
Além disso, dezenas de milhões de pessoas de outros estados do terço oriental dos EUA estão se preparando para a chegada do furacão Sandy. Além do estado de Nova York, Maryland, Pensilvânia, Virgínia, Connecticut, Nova Jersey, Massachusetts, Delaware, Rhode Island e o Distrito de Columbia declararam estado de emergência. A população da costa leste está sendo protegida de um fenômeno meteorológico que muitos especialistas têm definido como “tempestade perfeita”.
Em Washington, as autoridades locais trabalharam todo o fim de semana para proteger os residentes, empresas e outras infraestruturas do furacão.
— O Distrito de Columbia se prepara seriamente para os efeitos da tempestade, que pode incluir fortes chuvas, inundações, ventos fortes e falta de energia — disse no domingo o prefeito, Vicente Gray.
O governo local distribuiu sacos de areia para os cidadãos, e “temos vários geradores de energia independentes caso os semáforos da cidade parem de funcionar”, acrescentou Gray. O prefeito também anunciou que as escolas públicas da cidade serão fechadas na segunda-feira.
Mais de 60 mil soldados da Guarda Nacional do país já estão preparados para ajudar as autoridades locais, e o Exército dos EUA encomendou 24 navios de guerra para enfrentar a tempestade na área. Os especialistas esperam uma perda financeira de mais de US$ 1 bilhão por danos ao longo da costa leste. Além disso, 400 mil casas poderiam ser afetadas nas áreas mais vulneráveis ​​da região, e cinco refinarias de gasolina, que representam 7% da produção nacional, estão considerando suspender as operações neste fim de semana, diz a rede de televisão ABC.
O cenário está pronto para receber furacão que vem do Caribe, juntamente com uma tempestade do Ártico que vai chegar do oeste do país e uma massa de ar frio vinda do Canadá. Embora o caminho exato da tempestade ainda seja incerto, as projeções indicam que chuvas intensas vão viajar da Carolina do Sul para o sul da Nova Inglaterra.
"Nós não vamos afirmar que será a pior tempestade que já ocorreu nos EUA, mas sim, que vai ser muito importante”, concluíram as autoridades federais.
Neste momento, Sandy, com categoria de um furacão de primeiro grau, move-se lentamente com ventos de 120 km/h e está localizado a cerca de 418 km ao sudeste de Carolina do Norte e a cerca de 635 quilômetros da cidade de Nova York, segundo explicaram meteorologistas neste domingo. Até agora, Sandy deixou 65 mortos em diferentes países do Caribe, incluindo 11 em Cuba e 51 no Haiti, conforme relatado pela agência de notícias Associated Press (AP).
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