3.23.2015

O drama do Alzheimer precoce

Evolução da doença em pessoas de meia-idade é mais agressiva do que entre os idosos

O DIA
Rio - Em ‘Para Sempre Alice’, em cartaz nos cinemas, a atriz Julianne Moore vive uma professora universitária de 50 anos que começa a sofrer com lapsos de memória, é diagnosticada com Mal de Alzheimer e passa a lutar contra o desenvolvimento da doença degenerativa. Manifestações precoces do distúrbio, além de comuns, tendem a apresentar uma evolução mais agressiva e acelerada da doença do que sua forma mais conhecida, em idosos a partir dos 70 anos.
No filme ‘Para Sempre Alice’, Julianne Moore vive uma professora de 50 anos que luta contra o desenvolvimento da doença degenerativa
Foto:  Divulgação
Segundo o neurologista Fernando Figueira, do Hospital São Francisco da Providência de Deus, o aparecimento de Alzheimer em adultos de meia-idade costuma estar associado a fatores hereditários. “Famílias com histórico da doença passam a conviver com a antecipação dos sintomas. Além disso, a perda das funções cognitivas se dá de maneira muito mais rápida do que em portadores já idosos”, explica o médico.
O especialista lança um alerta a quem está na faixa dos 50 anos. Procurar um médico ao primeiro sinal de perda de memória. “Esquecer nomes e informações não é normal nessa idade. Todo lapso precisa ser investigado”, afirma Figueira.
Na história, a personagem Alice Rowland se conscientiza de que sofre da doença e inicia batalha para impedir a escalada dos sintomas. A situação é bastante rara na vida real. “Um dos desafios do Alzheimer precoce é que o paciente nega estar perdendo as funções cognitivas e ainda se choca com a família, que leva ao médico”, diz o neurologista.
Uma das ações de Alice para enfrentar a doença é se fazer as mesmas perguntas sobre a família todos os dias. Para Figueira, o método não tem efeito comprovado. “Estímulos cognitivos, como palavras cruzadas, são muito usados. Mas eles, no máximo, conseguem diminuir a velocidade da degeneração cerebral”, aponta ele.
Mãe, a professora também se preocupa com a possibilidade de ter passado o mal para um dos três filhos. “Quem tem pais com Alzheimer é mais suscetível de desenvolver a doença. Mas o Alzheimer é degenerativo, não tem causa definida”, diz.

Ciência busca tratamento preventivo
Tanto em casos precoces, como o do filme ‘Para sempre Alice’, quanto em manifestações tardias, o mal de Alzheimer é tratado da mesma forma, com medicamentos que tentam desacelerar a evolução da doença.
No entanto, pesquisadores suíços estão trabalhando numa nova droga que poderia provocar uma revolução no combate ao distúrbio cerebral.
Mais do que reduzir a escalada de sintomas, o remédio promete bloquear o desenvolvimento da doença, sendo capaz de evitar que os efeitos do Alzheimer se instalem.
“Essa droga poderia ser indicada como prevenção para grupos de risco, como os filhos de portadores do mal”, afirma o neurologista Fernando Figueira.


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