O governador em exercício do Rio,
Francisco Dornelles, decretou nesta sexta-feira (17) estado de
calamidade pública. O decreto, publicado no Diário Oficial, destaca a
grave crise financeira, que impede o cumprimento das obrigações
assumidas em função da Olimpíada e Paralimpíada. O texto reforça que o
governo teme um "total colapso na segurança pública, na saúde, na
educação, na mobilidade e na gestão ambiental". Em rápida coletiva
de imprensa, Dornelles disse que o governo precisará tomar medidas
"muito duras". Questionado sobre as atitudes do passado que levaram o
Estado do Rio à situação atual,
o governador em exercício disse que "isso pertence à História".
Dornelles garantiu que o salário dos professores "está garantido", mas
em relação aos servidores respondeu "cada coisa no seu momento e na sua
hora". Ele anunciou que os governadores se encontrarão com Michel Temer
na próxima segunda-feira (20) para chegar a uma solução sobre a dívida
com a União. "Os estados não têm condições de pagar a dívida",
sentenciou. O decreto determina que "ficam as autoridades
competentes autorizadas a adotar medidas excepcionais necessárias à
racionalização de todos os serviços públicos essenciais, com vistas à
realização dos Jogos." O texto publicado no DO reforça ainda a
"importância e repercussão mundial" da Olimpíada, "onde qualquer
desestabilização institucional implicará em risco à imagem do país de
dificílima recuperação". De acordo com o secretário de Fazenda, Julio
Bueno, a previsão de déficit do Estado para 2016 é de R$ 19 bilhões. Texto publicado no Diário Oficial decreta estado de calamidade públicaNa quinta-feira (16), o governador Francisco Dornelles jantou com o presidente interino Michel Temer, no Palácio do Jaburu, em Brasília,
com o objetivo de alinhar um acordo pelo qual o Rio receberia cerca de
R$ 3 bilhões, sendo R$ 500 milhões para a Linha 4 do Metrô e o restante
para ajudar no pagamento dos servidores, que já enfrenta severos atrasos
nos últimos meses. Texto destaca que a grave crise financeira impede o cumprimento das obrigações assumidas em função da Olimpíada e ParalimpíadaNa terça-feira (14), em visita
ao Parque Olímpico, no Rio, Temer antecipou que teria uma reunião com
Dornelles. "Estão sendo finalizados os estudos financeiros. Vamos ter
uma conversa logo adiante, para se equacionar em definitivo a questão do
metrô. Cinco bilhões de pessoas estarão com os olhos voltados para o
nosso país. Por isso, é importantíssimo vir aqui, com parte do
ministério, para conhecer as obras e evidenciar que vamos colaborar não
apenas com palavras, mas também com necessidades de natureza
financeira". Em nota, o presidente da Fundação Getulio Vargas
(FGV-RJ), Carlos Ivan Simonsen Leal, disse que a declaração do governo
sobre o estado de calamidade pública no âmbito da administração pública
"é uma medida exemplar e corajosa que permite trazer à tona a dificílima
realidade fiscal do Estado do Rio de Janeiro. A decisão abre espaço
para a implementação, com total transparência de medidas absolutamente
necessárias e inadiáveis para a recuperação do Estado". >> S&P rebaixa nota do Rio de Janeiro pela quarta vez seguida >> Funcionários, alunos e professores da rede estadual fazem protesto no Centro do Rio >> Governo do Rio quita 70% da folha de maio; sindicato critica pagamento parcelado >> Justiça do Rio dobra para R$ 100 mil multa ao sindicato dos professores >> Servidores do Rio receberão salários de maio em parcelas >> Suspensão de programa social no Rio afetará mais de 100 mil famílias >> Rio suspende programas sociais, vende imóveis e extingue secretarias
Rio - Depois de três baixas em seu governo devido à Lava Jato, o presidente em exercício, Michel Temer, que evitar novas surpresas. Ele determinou nesta sexta-feira aos ministros da Casa
Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima,
que conversem com todos os integrantes do primeiro escalão sobre
qualquer envolvimento nas investigações do esquema de corrupção na
Petrobras. Temer busca blindar o governo. A ideia é que os principais
auxiliares façam um “exame de consciência”. Depois da delação do
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, a preocupação agora no
Palácio do Planalto é com a delação de Fábio Cleto, que era
vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Cleto é afilhado político do
presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha.
Temer
ficou irritado com a saída de Henrique Eduardo Alves do Ministério do
Turismo. Ele estuda até extinguir a pasta, levando as atribuições para o
Ministério do Esporte. Mas caso resolva manter a pasta, o presidente
interino quer nomear alguém reconhecido pelo mercado de turismo. Seja
qual for a solução, Temer avalia que não pode passar de semana que vem,
já que esta é uma área fundamental durante as Olimpíadas, cuja abertura
será no dia 5 de agosto.
A Lava Jato encontrou uma conta na Suíça do
ex-ministro Henrique Alves. A suspeita é que ela era usada para receber
propina no exterior
Foto: Agência Brasil
CONTA
A
Operação Lava Jato encontrou uma conta na Suíça do ex-ministro Henrique
Alves. Os investigadores já encontraram um extrato da conta bancária da
qual Henrique Alves é beneficiário e suspeitam que ela era usada para
recebimento de propina no exterior. Para os investigadores, o caso de
Henrique é semelhante ao de Eduardo Cunha, que também mantinha uma conta
em uma instituição bancária suíça.
Henrique foi o terceiro
ministro do governo interino de Temer a deixar o cargo após se envolver
com a Lava-Jato. Antes dele, Romero Jucá saiu do Planejamento e Fabiano
Silveira pediu demissão da Transparência após serem divulgadas gravações
de Sérgio Machado. Nos áudios, Jucá diz que era preciso
“estancar essa sangria”, em relação ao avanço das investigações, e
Silveira orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a
não antecipar informações à procuradoria-geral da República. Acordo para brecar as investigações O
ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado disse aos investigadores da
Lava Jato não haver dúvidas para ele de que havia uma iniciativa de
muitos políticos para prejudicar a operação. Nos diálogos gravados
por Machado com integrantes da cúpula do PMDB, antes de o processo de
impeachment de Dilma ser aberto pelo Congresso, foram tratada estratégias para barrar a Lava Jato. Segundo
Machado, o próprio senador Romero Jucá (PMDB-RR) teria lhe
confidenciado “sobre tratativas com o PSDB nesse sentido facilitadas
pelo receio de todos os políticos com as implicações da Operação
Lava-Jato”. “Essas tratativas não se limitavam ao PSDB, pois quase todos
os políticos estavam tratando disso”, revelou Machado, na delação.
Nota : presidente interino também foi citado (pede pra sair)
Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, durante sessão
MARINA DIAS
DE BRASÍLIA PAULO GAMA
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Já era madrugada desta quinta-feira (16) quando a senadora Kátia Abreu
(PMDB-TO) fazia uma defesa enfática de Dilma Rousseff diante do
presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Do interlocutor, ouviu
uma resposta inusitada: "Eu sou Dilma. Não sei por quê, mas gosto
daquela mulher".
O comentário de Renan despertou interesse nos colegas de plenário que
dividiam com ele a principal mesa da festa junina organizada no jardim
da casa de Kátia, em Brasília.
Sob olhos atentos de senadores do PT, PSB e PC do B, Renan relatou que,
certo dia, seu neto Renzo, de 9 anos, o surpreendeu com a pergunta: "vô,
o senhor é golpista?". Gargalhando, disse ter contado o episódio à
presidente agora afastada. "Dilma me disse: Renzo é um dos nossos".
Duas horas antes, um Renan agitado chegava à festa de Kátia Abreu. Com o aparelho de celular nas mãos, mostrava a aliados uma matéria da Folha em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, justificava o pedido para tirar o sigilo das delações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
"Como é que um cara desse é nomeado PGR?", bradava Renan. "Com essa
responsabilidade? Dizendo uma coisa dessas? Isso é loucura!". Aos
colegas, o presidente do Senado dizia que Janot não era mais "intocável", porque "já havia passado dos limites".
Pouco antes de chegar à casa da ex-ministra da Agricultura, Renan se
reuniu com os senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Eduardo Braga
(PMDB) na casa do ex-presidente José Sarney e deu um recado claro: "Vou
defender o Senado como instituição. Não vou aceitar excessos nem
constrangimentos".
O auge de seu desgaste com Janot, disse aos amigos, foi o pedido que o PGR fez ao STF (Supremo Tribunal Federal) solicitando a prisão de caciques do PMDB, na semana passada. Renan estava na lista.
"Ele não pode se apequenar diante do Ministério Público Federal", disse Eunício já na festa.
Depois de um tempo, Renan foi se acalmando. Sentou-se à mesa com a
anfitriã, Eunício e Braga. Serviu-se de uísque e logo viu colegas de
Senado começarem a puxar as cadeiras e juntarem-se a ele. Virou o centro
das atenções.
"Renan é assim. Ele conversa com todo mundo, é envolvente, não tem
jeito", murmurou Lindbergh Farias (PT-RJ). E foi assim madrugada
adentro.
Estava aos risos, mas não baixava a guarda para o procurador-geral
quando o tema aparecia à mesa: "Tem gente que é alçado à cena nacional
sem nenhum preparo emocional. O Janot é o maior exemplo disso", disse
Renan, emendando: "eles agem por vingança", em referência aos três
integrantes do grupo de trabalho da Lava Jato que já tiveram indicações
ou nomeações recusadas pelo Senado.
Renan se apressou a explicar aos colegas porque fazia tanta questão de
que o presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, conduzisse o processo
do impeachment de Dilma desde o início: "Eu, presidente do Senado, sou
vice-presidente da República. Como você quer chamar para presidir o
julgamento do impeachment alguém que é beneficiário direto disso?",
questionou o peemedebista.
O assunto sério não parecia mais combinar com aquela mesa depois da
meia-noite. E Renan resolveu provocar: "Lindbergh, disseram que você
brigou comigo porque falou bem do PGR. Eu não aceitei, não acreditei",
brincou com o petista, que sorriu, mas logo quis mudar de assunto.
Essa, aliás, foi a principal batalha travada pela anfitriã, Kátia Abreu,
que tentava trocar o tema da conversa quando esse se tornava o governo
interino de Michel Temer, adversário político de Renan dentro do PMDB.
Quando viu o deputado Tiririca (PR-SP) se aproximar do microfone que
estava postado ao lado do animado sanfoneiro, Kátia encorajou: "Tiririca
sabe cantar forró em árabe, vocês sabiam? Claro que ele não sabe falar
uma palavra em árabe, mas é ótimo. Canta, Tiririca".
Do palco, Tiririca obedeceu. "Mas isso não é forró, é baião", sentenciou Eunício, fã confesso do cantor Wesley Safadão.
O Poder da Associação é muito real: "Quanto menos associar-se com
algumas pessoas, mais a sua vida vai melhorar. Toda vez que você tolerar
a mediocridade em outros, aumentará a sua mediocridade. Um atributo
importante para as pessoas bem sucedidas é a sua impaciência com o
pensamento negativo e pessoas agindo negativamente. À medida que você
crescer, suas associações irão mudar. Alguns de seus amigos não querem
que você melhore. Eles querem que você
permaneça onde eles estão. Amigos que não o ajudam a subir vão ajuda-lo a
descer. Seus amigos ou vão focar sua visão ou sufocar seu sonho.
Aqueles que não aumentam nada a você, acabarão por diminuí-lo.
Considere isto: Nunca receba conselhos de pessoas improdutivas. Nunca
discuta seus problemas com alguém incapaz de contribuir para a solução,
porque aqueles que nunca tiveram sucesso são sempre os primeiros a
dizer-lhe como fazer. Nem todo mundo tem o direito de falar da sua vida.
Você tem certeza que obterá a pior barganha quando você trocar ideias
com a pessoa errada. Não siga ninguém que não vá a lugar nenhum. Com
algumas pessoas você vai passar uma noite: com outras pessoas você vai
investir. Tenha cuidado onde você pára para perguntar por direcções ao
longo da estrada da vida. Sábia é a pessoa que fortalece a sua vida com
as amizades certas. Se você correr com lobos, você vai aprender a uivar,
mas se você associar com as águias, você vai aprender a voar a grandes
alturas. "Um espelho reflete a face de um homem, mas o que ele é
realmente é evidenciado pelo tipo de amigos que ele escolhe." O simples
fato, mas verdadeiro da vida é que você se torna como aqueles com quem
você se associa intimamente - para o bem e para o mal
A investigação sobre Edinho começou a partir da delação premiada do
dono da UTC, Ricardo Pessoa. Ele afirmou aos investigadores que
entendeu, ao conversar com o ex-ministro da Comunicação sobre recursos
para a campanha eleitoral de Dilma, em 2014, que o esquema de pagamento
de doações para obtenção de obras na Petrobras continuaria em um
eventual segundo mandato da presidente. O PT pediu R$ 20 milhões
da UTC, mas os valores para a campanha de Dilma foram acertados em R$ 10
milhões, sendo que R$ 7,5 milhões foram pagos e o restante não foi
depositado porque o empresário acabou preso em novembro de 2014. À
Polícia Federal, Edinho negou que tenha pressionado a UTC a fazer
doações. No parecer, Janot faz análise de dados obtidos nos
aparelhos telefônicos apreendidos em poder de José Adelmário Pinheiro
Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e de Marcelo Odebrecht,
dono da Odebrecht. "Cumpre ainda destacar que Edinho Silva, em mensagem
encaminhada para Leo Pinheiro em 08 de agosto de 2014, encaminha, ao que
tudo indica, cronograma de pagamentos a cargo da OAS para custar
campanhas eleitorais", anotou Janot. Para Procuradoria, dados dos
aparelhos telefônicos de Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo
Odebrecht, "confluem para ratificar a hipótese investigativa sob foco: a
de que Edinho Silva cobrava doações em troca de facilidades contratuais
no governo federal". "Nos celulares, foi encontrada a anotação n°
4923 com alusão a Edinho (provavelmente Edinho Silva) como pessoa
amplamente conhecedora da conta (possivelmente conta corrente para
pagamento de propina)", afirma. "Tal registro do nome de Edinho
ocorre justamente em sequência ao registro de liberação de
'contribuições' (regularmente utilizada nas anotações pela palavra
'feira', relacionando a 'Vaca' –possivelmente João Vacari Neto), notório
operador financeiro da lavagem de dinheiro da corrupção da Petrobras,
já investigado e processado na 13ª Vara Federal do Paraná", concluiu
Janot. Janot faz referência a delação premiada de Walmir Pinheiro,
ligado à UTC, que relata ter ouvido de Pessoa pressão de Edinho. Walmir
disse ter sido orientado pelo ex-presidente da empreiteira a procurar
Manoel Araújo Sobrinho, assessor de Edinho, para fazer o repasse de R$ 5
milhões. OUTRO LADO Em nota, o
ex-ministro afirmou que é "favorável à apuração de todos os fatos com
relação à minha atuação na campanha de Dilma Rousseff em 2014. Sempre
agi de maneira ética, correta e dentro da legalidade", afirmou. "Criou-se
uma tese de que todas as doações à campanha de Dilma são ilegais,
enquanto que as doações feitas pelos mesmos doadores aos demais
candidatos são legais. Jamais pressionei ou ameacei empresários. Todas
as contribuições realizadas à campanha de Dilma em 2014 foram declaradas
ao Tribunal Superior Eleitoral. As contas foram todas aprovadas por
unanimidade pelos ministros do TSE", completou. Com informações da
Folhapress.
A austeridade fiscal que destrói políticas sociais representa aumento da insegurança social e política nacional
QUARTEIS EM POLVOROSA COM O GOVERNO TEMER REPUDIADO NAS RUAS COMO GOLPISTA
Aumentam extraordinariamente as preocupações dos comandantes militares
brasileiros, do Exército(general Eduardo Villas Boas), da
Marinha(Eduardo Leal Ferreira) e Aeronáutica(Nivaldo Rossalto) com a
estratégia econômica neoliberal comandada pelos banqueiros, na
Fazenda(Meirelles) e no Banco Central(homem do Itaú), que aumenta a
instabilidade política e social, indo na linha oposta que o projeto
militar desenvolve como defesa nacional, compreendendo fortalecimento da
educação, da saúde, do meio ambiente, do emprego, como reais fatores
capazes de produzir a segurança nacional e a consciência cívico militar
em favor de desenvolvimento nacionalista. O projeto neoliberal de Temer,
apoiado por forças antinacionais golpistas, é o oposto de tudo isso e
coloca a segurança nacional em risco. Por Cesar Fonseca Ubiramar Lopes no Independência Sul Americana O grande gargalo do governo Temer, se ele continuar, o que é uma incógnita, é sua relação com as forças armadas. O motivo é simples. A taxa de insegurança social aumenta com o neoliberalismo econômico temerista e lança dúvidas sobre a estabilidade política. Os
militares desenvolveram, ao longo dos últimos treze anos de Era
Petista, nacionalista, outro conceito de segurança social, que não se
compatibiliza com a política neoliberal. Trata-se
de perceber a segurança como produto do desenvolvimento econômico
equilibrado, em que sejam constantes e seguros investimentos em
educação, saúde, meio ambiente, emprego, fortalecimento do mercado
interno, como produto de opção desenvolvimentista, nacionalista. Isto
está claro no Programa Nacional de Defesa(2005), na Estratégia de
Defesa Nacional(2007) e na Doutrina Militar de Defesa Nacional(2008),
aprovados no Congresso Nacional e constantes, desde então, no
ordenamento jurídico brasileiro. Essa
nova concepção de segurança se baseia nos estudos desenvolvidos pela
Escola de Copenhague, por meio da qual novos conceitos de
desenvolvimento foram formulados pelos europeus, no pós guerra fria. Por
meio dela, combina-se segurança nacional com desenvolvimento econômico
em que a sociedade tenha diante de si ofertadas educação, saúde,
emprego, renda, consumo adequados às suas exigências de dignidade humana
e social. Ou seja, os
militares, com seus três projetos, aprovados nos governos Lula e Dilma,
não entendem mais a segurança pública e nacional como produto de
prioridade conferida à força policial. Muito pelo contrário. A
força policial, em si, é vista como produto da insegurança social, da
insuficiência dos fatores econômicos e políticos capazes de atender
demandas comunitárias. A
segurança social, nesse sentido, representaria integração cívico-militar
em favor de projeto nacional desenvolvimentista, a partir da
industrialização focada na indústria de defesa, visando, sobretudo, o
território nacional, em especial, a Amazônia, fonte de cobiça
internacional. No
desenvolvimento desta, desenrola-se processo tecnológico e científico
apoiado na cibernética, na produção nuclear e atômica, especialmente,
nos submarinos de defesa. O
foco na indústria de defesa nacional – e continental, sul-americana,
dado que, para os militares, a América do Sul é extensão do território
nacional a ser preservado pela integração econômica do continente – é a
prioridade, entendida ela como alavanca do desenvolvimento científico e
tecnológico a espraiar-se pelo restante das atividades produtivas. Assim,
haveria expansão da indústria nacional de patentes, desenvolvimento da
inteligência, que requer, por sua vez, prioridade à educação e à saúde,
a reclamarem grandes investimentos, isto é, algo que se interage para
formação de consciência cívico-militar, como destacou o comandante do
Exército, general Eduardo Villas Boas, no Dia do Exército, 19 de maio,
em palestra aos estudantes do CEUB. Os
projetos de segurança nacional são, ao mesmo tempo, âncoras do
desenvolvimento com viés, amplamente, nacionalista, visto que sua
prioridade é o fortalecimento de uma geopolítica brasileira que confere
ao Brasil posição independente no mundo globalizado. Certamente,
os Estados Unidos são os principais adversários dessa geopolítica
nacionalista que o Congresso aprovou, razão pela qual os militares são
profundamente gratos aos governos petistas e, inversamente, encontram-se
profundamente desconfiados do governo interino Temer, cuja prioridade é
alinhar-se à geopolítica norte-americana.
Os
americanos, como se sabem, negam tudo o que os militares nacionalistas
brasileiros estão construindo em favor da política de defesa, percebida
como projeto da sociedade consciente da necessidade de desenvolvimento
nacionalista. A prioridade de
Temer pelo modelo econômico neoliberal, focado, exclusivamente, em
ajuste fiscal, que até o FMI passou a criticar, lança profundas dúvidas
no meio militar. O neoliberalismo temerista, que: 1 – desconstitucionaliza conquistas sociais; 2 – destrói direitos trabalhistas; 3 – amplia desvinculação de verbas orçamentárias destinadas à educação e saúde, para pagar juros da dívida pública;
4 – tira dinheiro de banco de desenvolvimento, como do BNDES, para ser
esterilizado no caixa do Tesouro, também, para pagar juros da dívida aos
banqueiros; 5 – desloca
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador(FAT), para o mesmo objetivo,
ou seja, engordar os sanguessugas que faturam desmesuradamente na taxa
de juro especulativa, enquanto é pregada austeridade contra os
assalariados; 6 – amplia
privatizações do setor de petróleo, desnacionalizando o pré sal, para
atender demandas das petroleiras internacionais; 7 – esvazia a geopolítica brasileira de aproximação com os BRICs, para atender pressões de Washington; 8 – acaba com abono salarial, para fazer ajuste fiscal; 9 – amesquinha política social(Mais Médicos, Minha Casa Minha Vida, Bolsa Família, Farmácia Popular etc) e; 10
– põe em risco políticas promotoras de diversidade cultural, ampliando
participação e democratização dos mais pobres, com acesso às
universidades etc, e; 11 –
Tenta afastar o Brasil dos BRICs(Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul), como força alternativa à geopolítica de Tio Sam, que se
transformou, depois da crise global de 2008, em favor de segurança
internacional – ou seja, tudo isso contribui, no entendimento da
política de defesa nacional, para aumentar a insegurança social e,
consequentemente, a instabilidade política. O
governo Temer, com seu carrossel de medidas de austeridade neoliberal
antipopular que acaba com poder de compra dos trabalhadores, diminuindo
renda disponível para o consumo, deprimindo as forças produtivas,
enquanto não se faz nada contra o processo de sobreacumulação
especulativa da renda nacional, para atender reivindicações dos bancos,
da Febraban, que tomou conta do Banco Central, para fazer a política da
agiotagem contra a sociedade etc, eis o que apavora, no momento, os
comandantes das forças armadas. A
austeridade neoliberal – para os ricos, tudo, para os pobres, pau –
acelera providências que aumentam extraordinariamente a instabilidade
social e a insegurança pública e política. Vai
o jogo do ajuste fiscal austero, bancocrático, na linha contrária
propugnada pelos projetos nacionalistas dos militares, como alternativa
de desenvolvimento nacional sustentável. O
golpe político em marcha, mundialmente, condenado, tocado por forças
antinacionais golpista, visa sobretudo derrubar a caminhada
desenvolvimentista nacionalista. Por
isso, o governo Temer, do ponto de vista das Forças Armadas, vai se
transformando, aceleradamente, em grande fator de insegurança nacional.
A delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado teve
seu sigilo suspenso pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori
Zavascki, na terça-feira (14). Em um trecho, Machado relata que ouviu de
“diversos senadores” em reuniões na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros,
que o grupo JBS faria doações ao PMDB “a pedido do PT” de cerca de R$
40 milhões nas eleições de 2014. Os recursos, no entanto, seriam
direcionados exclusivamente ao PMDB do Senado, notadamente aos senadores
“Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá,
Eunício Oliveira, Vital do Rêgo, Eduardo Braga, Edison Lobão, Valdir
Raupp, Roberto Requião e outros”. Machado conta que, insatisfeito, o
PMDB da Câmara dos Deputados procurou o presidente interino, Michel Temer,
para se queixar. “Esse fato fez com que Michel Temer reassumisse a
presidência do PMDB visando controlar a destinação dos recursos do
partido”, diz o delator. Machado completa que não sabe se o grupo JBS
obteve algum favorecimento em troca dessa doação. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o grupo JBS doou oficialmente R$ 22,6 milhões ao PMDB em 2014. Procuradas, a assessoria da Presidência da República e da JBS não
responderam aos pedidos de esclarecimentos até a conclusão da
reportagem. Atualização: após a publicação da notícia, a assessoria do PMDB
encaminhou uma nota: “O PMDB sempre arrecadou recursos seguindo os
parâmetros legais em vigência no país. Doações de empresas eram
permitidas e perfeitamente de acordo com as normas da Justiça Eleitoral
nas eleições citadas. Em todos esses anos, após fiscalização e análise
acurada do Tribunal Superior Eleitoral, todas as contas do PMDB foram
aprovadas, não sendo encontrado nenhum indício de irregularidade”. A assessoria de imprensa da JBS também encaminhou uma nota: "A JBS
reitera que as doações feitas para campanhas eleitorais foram realizadas
de acordo com as regulamentações do TSE. A empresa lamenta que mais uma
vez a empresa esteja envolvida em acusações que agridem, de forma
infundada, sua imagem, marcas, reputação e conduta ética". >> Romero Jucá diz que Sérgio Machado “fez um trabalho brilhante” na Transpetro
Procedimento é feito mensalmente, segundo a assessoria do cantor. A previsão de alta é para este sábado (18).
Do G1 São Paulo
Gilberto Gil durante show com Caetano Veloso na turnê 'Dois amigos, um século de música' em São Paulo (Foto: Marcelo Brandt/G1)
O cantor Gilberto Gil voltou a ser internado para dar sequência ao
tratamento de insuficiência renal, informou sua assessoria de imprensa.
Ele foi internado no Hospital Sírio Libânes, em São Paulo, na
quarta-feira (15).
Gil passa bem e deve receber alta neste sábado (18). Ainda segundo sua
assessoria, o tratamento é realizado mensalmente na cidade São Paulo.
Não há informações de quanto tempo durará o tratamento do cantor. Insuficiência renal
Em maio, o cantor já tinha sido internado para tratar da insuficiência
renal. Em sua página no Instagram, Gil agradeceu aos fãs. "Gostaria de
agradecer a todos pela preocupação, pelas inúmeras ligações, e-mails e
recados aqui nas redes. Como vocês sabem, no mês passado iniciei um
check-up aqui em São Paulo, interrompi pra fazer minha maratona de shows
com Caetano Veloso pela América Latina, Estados Unidos e Europa, e
agora retornei ao hospital com Flora Gil para terminar o meu check-up.
Obrigado por tanto carinho, espero em breve estar em casa", escreveu.
Gilberto Gil postou foto após receber alta no Hospital Sirio-Libanês (Foto: Reprodução/Instagram/Gilberto Gil)
No dia 19 de maio, Gil recebeu alta após ficar 9 dias internado. Em sua conta no Instagram, Gil agradeceu o carinho e disse que estava voltando ao Rio de Janeiro.
"Alô, Rio de Janeiro! Tudo bem por aqui, já voltando para casa.
Obrigado a todos pelo carinho! Logo mais temos encontro marcado no Vivo
Rio, em show beneficente para os 25 anos do @saudecrianca no dia 09/06",
escreveu Gil. Gil ficou internado de 25 de fevereiro a 9 de março
deste ano por um quadro de hipertensão arterial. Quando saiu do
hospital, agradeceu aos fãs. "Obrigado a todos pelo carinho demonstrado
aqui nas redes. Já estamos a caminho de casa. Aquele abraço!", postou
Gil no Twitter. FORA TEMER
O atual diretor da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), jornalista Ricardo Melo
JULIO WIZIACK
DE SÃO PAULO
Controlada pela União, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) está prestes a perder seu principal braço público de rádio e TV. Nos próximos dias, o presidente interino Michel Temer enviará ao Congresso um projeto de lei reduzindo a atuação e os custos da empresa.
A empresa depende de recursos do Tesouro que, neste ano, podem chegar a R$ 535 milhões. Mantida a estrutura atual, pelo menos metade desse orçamento será consumido pela folha salarial.
A ideia da equipe de Temer é fechar a TV Brasil –hoje responsável por metade dos custos da companhia– e manter as demais linhas de negócio: agência de notícias, produção independente de conteúdo, monitoramento de mídia, o portal, entre outras.
A Folha apurou que a mudança na lei da EBC permitirá o fim do conselho curador, grupo formado por 22 integrantes com mandatos de dois anos que tomam as decisões mais importantes da companhia. Também está previsto o fim do mandato para o presidente, que poderá ser destituído a qualquer momento. Hoje, uma decisão desse tipo precisa de aval do conselho curador. Essas são travas que supostamente barravam ingerências políticas.
Caso essas medidas sejam aprovadas, o atual presidente da EBC, Ricardo Melo, indicado pela presidente afastada Dilma Rousseff, deixará o cargo definitivamente.
Melo foi destituído por Temer e recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou seu retorno provisoriamente até que o plenário tome uma decisão definitiva. Por isso, Temer tem pressa em rever a lei da EBC.
A empresa surgiu em 2007 para ser a "BBC brasileira" com a missão de fazer comunicação apartidária em diversas plataformas (rádio, TV, internet e celulares), a exemplo do modelo implantado na Europa e nos EUA.
Os documentários da britânica BBC, que se mantém de contribuições da população, são divulgados por grandes emissoras comerciais no mundo. No Brasil, já foram exibidos pela Rede Globo.
Desde sua criação, a EBC já consumiu R$ 2,6 bilhões do Tesouro Nacional. O número de funcionários passou de 1.462 para 2.564 e seus custos de produção saltaram de R$ 61 milhões para R$ 236,5 milhões –pelo menos 15% referentes aos serviços prestados à Presidência da República na cobertura de eventos. E continua gerando "traço" de audiência, contrariando uma de suas metas.
A presidente do conselho da EBC, Rita Freire, afirma que as mudanças pretendidas por Temer não se justificam. Diz que o caráter público da emissora se revela em programas como o "Estação Plural", ligados à diversidade sexual, e o "Caminhos da Reportagem", sobre jornalismo, conteúdos que não se veem em redes privadas. "O que a EBC precisa é desvinculação da Presidência da República", disse Freire.
INGERÊNCIAS
A Folha ouviu executivos da EBC sob condição de anonimato. Para eles, as interferências do governo na emissora começaram quando antigos funcionários foram substituídos, a partir de 2011, por outros com salários muito maiores do que a média dos funcionários "da casa".
Essa prática teria se acentuado sob a gestão de Edinho Silva, então ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), a quem a EBC está subordinada.
Os críticos questionam os salários altos de alguns profissionais, como o dos jornalistas Sidney Rezende, Paulo Moreira Leite e Luís Nassif. Segundo eles, os programas das "estrelas" da EBC eram "pró PT" e chegaram a ter reclamações de telespectadores à Ouvidoria pelo "alinhamento político".
Com a demissão de Ricardo Melo, esses contratos foram cancelados porLaerte Rimoli, escolhido para substituí-lo. Mas Melo reassumiu e logo levou ao ar uma entrevista com a presidente afastada Dilma Rousseff feita por Nassif –o que caiu como afronta na equipe de Temer.
"Não adianta inverter o governo", disse Jonas Valente, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal. "O que está em jogo não é eleger Flamengo ou Fluminense. Defendemos a rede pública, mas o governo precisa entender que ela não é uma plataforma política." SEM LÓGICA
Vários dos projetos da emissora refletem essa distorção. Um deles é o Brasil 4D, que transformaria a TV dos brasileiros em uma tela interativa capaz de acessar serviços online do governo.
O programa consumiu recursos não só da EBC, mas também das operadoras de telefonia, que já desembolsaram cerca de R$ 500 milhões para a compra de uma caixa receptora de sinais com o sistema Ginga de interatividade.
Desde 2010, as fabricantes de TV já produzem aparelhos com conversores digitais e softwares que permitem a interatividade –o que tornou o Ginga um projeto ultrapassado.
Procurado, o presidente da EBC, Ricardo Melo não quis se pronunciar. Edinho Silva disse ter contratado somente três diretores e negou direcionamentos políticos.
Em meio à discussão sobre políticas públicas para reduzir assassinatos, começo esse post com uma teoria, um tanto exótica, que implica que o consumo de vinho reduz a taxa de homicídios.
A teoria é a seguinte: tomar um vinho traz um entendimento qualitativo essencial da nossa existência no campo físico e espiritual que harmoniza nossos pensamentos e emoções, pacificando a fonte de ímpetos destruidores do nosso ser. Esse estado pacífico se reflete em nossos atos, palavras e vibrações, tendo portanto um efeito contagiante sobre as pessoas que nos cercam. Assim, o consumo de vinho reduz as taxas de homicídios.
Baboseira? Vamos aos dados.
O gráfico abaixo mostra o consumo de vinho por habitante no eixo horizontal e a taxa de homicídios no eixo vertical. Cada ponto no gráfico corresponde a um país.
A reta no gráfico pode ser interpretada como um resumo da relação entre o consumo de vinho e a taxa de homicídios pelo mundo.
Os dados, portanto, corroboram a teoria exposta acima. Em países com mais consumo de vinho (à direita no gráfico), há em média muito menos homicídios. Poderia ser apenas uma coincidência, mas a relação é forte, indicando que é improvável que a relação se deva apenas ao acaso.
E aí, devemos subsidiar o vinho para combater o crime?
Esse post não é sobre homicídios — um assunto muito interessante, mas que eu nunca estudei. O ponto deste post é o seguinte: uma associação entre duas variáveis pode refletir três coisas diferentes. No exemplo deste post, as 3 possibilidades são
1. Maior consumo de vinho reduz as taxas de homicídios;
2. Maiores taxas de homicídios reduzem o consumo de vinho. Nesse caso, países com altas taxas de homicídios teriam, em geral, menor consumo de vinho, como de fato mostra o gráfico.
3. Algum outro fator causa as duas coisas: maior consumo de vinho e menor taxa de homicídios.
Nesse exemplo, não há dúvida: a terceira possibilidade é a que ocorre na realidade. Países mais ricos e desenvolvidos têm, em geral, menos homicídios e mais consumo de tudo quanto é coisa — afinal, eles são mais ricos e desenvolvidos.
Em economia e nas ciências sociais, em geral, é difícil inferir causalidade entre duas coisas. Os dados mostram como as variáveis se relacionam (como no gráfico deste post), mas é difícil separar as três possibilidades acima.
Trabalho empírico em economia e ciências sociais buscar identificar o efeito causal de uma variável sobre outras por meio de técnicas estatísticas avançadas que conseguem achar um ponto de partida para a direção da causalidade. Exemplos tratados neste blog incluem o efeito do Ramadã sobre a economia, das notícias decorrupção sobre os votos e dos salários dos políticos sobre a qualidade dos candidatos.
Em muitos casos, porém, não temos informação melhor que a associação entre duas variáveis (como a deste gráfico).
A associação entre duas variáveis é, em geral, informativa. Só que é fundamental entender o que se pode e o que não se pode concluir a partir dela. No jargão da ciência, correlação não implica causalidade.
Tolstoy explicou isso em Guerra e Paz: “Sempre que, olhando meu relógio, vejo o ponteiro se aproximar do X, eu escuto badalarem os sinos da igreja aqui perto. Mas eu não posso inferir daí que a posição dos ponteiros do meu relógio é a causa da vibraçao dos sinos” (em tradução livre do inglês).
É sempre importante olhar para os dados. Há muitas histórias circulando por aí que não sobreviveriam a uma rápida passada de olhos pelos dados. Mas há também muitas histórias consistentes com a relação entre duas variáveis que fazem tanto sentido quanto a teoria do vinho nos trazendo um entendimento qualitativo essencial da nossa existência.
Yelena Isinbaieva, bicampeã olímpica de salto com vara, disse que todas suas vitórias foram "honestas, limpas e merecidas"; atleta fez apelo à Federação Internacional de Atletismo para não punir todos os atletas da modalidadePor: Misha Japaridze - 13.ago.13 13/11/2015
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Na mais rigorosa punição da história do atletismo, o conselho da Iaaf (entidade máxima da modalidade) decidiu, nesta sexta-feira (17), deixar a Rússia fora dos Jogos Olímpicos do Rio, de 5 a 21 de agosto.
O anúncio oficial será feito em Viena, capital da Áustria, após reunião da cúpula da associação, da qual faz parte o brasileiro Roberto Gesta de Melo, ex-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo.
A decisão foi tomada de forma unânime, depois de analisar recomendações feitas por um grupo de trabalho. "Estamos mandando um sinal bem claro aos atletas e para o público sobre nossa intenção reformar nosso esporte", afirmou Sebastian Coe, presidente da Iaaf, em entrevista coletiva após o anúncio. "Embora tenha havido progresso, o conselho foi unânime que de não poderia voltar sem suscitar a desconfiança do público."
Segundo Coe, o objetivo é mostrar aos atletas que o envolvimento com doping é "inegociável". "Não houve questão política na definição. Foi claro e sem ambiguidade."
Trata-se da maior restrição de uma nação em um só esporte em razão de casos sistemáticos de dopagem. A Iaaf passou a definir e reconhecer doping em 1928, à ocasião da Olimpíada de Amsterdã. Em Jogos Olímpicos, a primeira edição a ter testes foi em Grenoble-1968, de Inverno, na França.
A Rússia é uma potência olímpica do atletismo. São 77 medalhas conquistadas. Se somadas às da antiga União Soviética, o montante total é superado apenas pelo dos Estados Unidos.
Além de referendar a manutenção da suspensão, a Iaaf também criou uma brecha para permitir que atletas russos compitam em eventos internacionais desde que "mostrem clara e convincentemente que não estão corrompidos pelo sistema do país" ou tenham feito extraordinária contribuição à luta contra o doping.
Isso diz respeito a competidores que vivam fora da Rússia ou estejam sujeitos a outros programas antidoping. Para requerer a permissão, eles têm de apelar à Iaaf, que pode concedê-la ou não.
Os atletas aprovados nesta brecha, porém, competiriam não sob bandeira russa, mas de maneira neutra. Delatora que impulsionou a investigação, a atleta Iuliia Stepanova foi citada como adequada ao caso. Rune Andersen, líder do grupo de trabalho que acompanhou o esforço russo para tentar derrubar a suspensão, disse ter feito uma recomendação favorável ao indulto a ela.
Outra atleta que poderia ser beneficiada é a bicampeã olímpica (2004 e 2008) Ielena Isinbaieva, do saltadora com vara. Ela jamais foi flagrada em exame antidoping e manifestou o desejo de competir nos Jogos do Rio.
Em novembro passado, uma comissão independente instituída pela Wada (Agência Mundial Antidoping, na sigla em inglês) revelou um amplo esquema estatal de dopagem, centrado principalmente no atletismo.
O sistema, em vigor por anos, envolvia atletas, técnicos, dirigentes médicos, o laboratório certificado pela Wada e até mesmo o serviço secreto do país. O relatório indicou, também, anuência do governo russo, que negou enfaticamente as acusações.
A base da investigação foi um documentário levado ao ar pelo canal alemão ARD, com delação de uma atleta e um ex-funcionário da agência antidoping nacional.
A comissão, que foi chefiada pelo canadense Dick Pound, presidente da própria Wada entre 1999 e 2007, recomendou o banimento preventivo do atletismo russo de todas as competições internacionais até segunda ordem –em reportagem publicada nesta semana, o jornal norte-americano "The New York Times" afirmou que a agência ignorou denúncia de uma competidora do país em 2012.
Por 22 votos a favor e apenas um contra, o conselho da Iaaf acatou a recomendação no mesmo mês e, desde então, atletas da Rússia não pôde disputar qualquer evento fora de seu território. Por sua vez, a Wada descredenciou a Rusada (agência nacional antidoping local), por não se mostrar em conformidade com o Código Mundial Antidoping.
"É decepcionante ter um caso como esse em um país da elite esportiva, como a Rússia. Mas é preciso entender a natureza humana. No caso da Rússia, houve uma continuidade da atitude que eles adotaram durante a Guerra Fria, quando existia a União Soviética", afirmou Pound em entrevista à Folha, em novembro.
A reação foi imediata. Isinbaieva criticou duramente a suspensão provisória. "Por que esportistas como eu, esportistas limpos, deveriam pagar por aqueles que tiveram práticas desonestas?", indagou em entrevista coletiva à época. Outros atletas de relevo, como o campeão mundial dos 110 m com barreiras, Sergei Chubenkov, aderiram ao coro.
Curiosamente, a saltadora em altura Anna Chicherova, que também se queixou em novembro, caiu no antidoping depois que uma amostra dela, fornecida nos Jogos Olímpicos de Pequim, acabou sendo testada novamente pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
Depois de determinada a suspensão, a Iaaf definiu uma série de medidas a serem tomadas pelo governo e pela federação russa de atletismo para que seus atletas pudessem voltar a participar de competições internacionais, incluindo os Jogos do Rio. A equipe já perdeu, entre outros campeonatos, o Mundial indoor de Portland, realizado em março.
A entidade também compôs uma equipe de trabalho para acompanhar a evolução dos trabalhos. Para haver readmissão, a federação russa teria de demonstrar que segue regras internacionais de doping, ser capaz de conduzir seu programa antidoping sem interferências externas e assegurar que a participação de seus atletas não irá afetar a integridade das competições.
No mês de março, esta força-tarefa divulgou um primeiro balanço sobre as iniciativas russas. Apesar de dizer que houve "significativo progresso" para que se cumprissem as demandas, o conselho da Iaaf ressalvou que ainda havia muito trabalho por fazer. No fim, decidiu manter a punição
Nesta quinta-feira (16), o ministro do Esporte da Rússia, Vitaly Mutko, disse que o país cumpriu todas as recomendações feitas.
A afirmação, entretanto, contrasta com um novo relatório divulgado pela Wada, baseado em quase 3 mil testes feitos no país entre 18 de novembro passado e 29 de maio deste ano, sob coordenação da Iaaf e da UKAD (agência antidoping britânica).
No documento, a Wada relatou que 736 controles tiveram problemas, como inépcia ou intimidação dos oficiais de controle, evasão do local de competição e erros no preenchimento dos formulários de paradeiro. Há relato de que um atleta tentou se infiltrar em sala de controle com uma bolsa contendo urina "limpa". Ainda assim, houve 52 casos positivos.
Andersen, líder da força-tarefa, endossou o relatório. "Apesar do progresso, muitos critérios não foram totalmente satisfeitos, como tolerância sistêmica ao doping, principalmente. Isso parece não ter mudado substancialmente. Além disso, vimos que o técnico principal da seleção e muitos atletas parecem não reconhecer a extensão ou ignorar as regras antidoping. E os testes [antidoping têm encontrado obstáculos [para serem realizados]", comentou.
Representantes da comissão de atletas do Comitê Olímpico da Rússia enviou, recentemente, uma carta ao COI em que pede apoio e clemência aos atletas sem infrações por doping. Eles querem ter chance de disputar os Jogos do Rio.
O COI fará uma reunião na próxima terça-feira (21) para definir critérios de elegibilidade e analisar a situação da Rússia.
É o segundo grande revés para o esporte do país por causa do doping em apenas nove dias. No último dia 8, a tenista Maria Sharapova, 29, foi suspensa por dois anos pela Federação Internacional de Tênis devido ao uso da substância meldonium, proibida desde o início do ano.
Ex-número 1 do mundo, vencedora de cinco títulos de Grand Slam, Sharapova afirmou que vai recorrer da decisão na Corte Arbitral do Esporte.