12.08.2012

Ressaca, como se livrar

Prepare-se para o pior - O álcool seca tudo, sua pele, seu cabelo e até seu cérebro. Para complementar sua hidratação invista em um suplemento de óleo de peixe ou de complexo vitamínico B12 enquanto se arruma para sair. Com isso sua aparência estará mais fresca e menos confusa no dia seguinte Foto: Getty Images
Prepare-se para o pior - O álcool seca tudo, sua pele, seu cabelo e até seu cérebro. Para complementar sua hidratação invista em um suplemento de óleo de peixe ou de complexo vitamínico B12 enquanto se arruma para sair. Com isso sua aparência estará mais fresca e menos confusa no dia seguinte

Evite o inchaço - Tente dormir com um travesseiro extra. \"A altura adicional ajuda a promover a drenagem linfática e impede que o fluido se acumule\", diz maquiador Jemma Kidd. Você pode ainda aplicar um soro B5 para a pele antes de dormir Foto: Getty Images
Evite o inchaço - Tente dormir com um travesseiro extra. "A altura adicional ajuda a promover a drenagem linfática e impede que o fluido se acumule", diz maquiador Jemma Kidd. Você pode ainda aplicar um soro B5 para a pele antes de dormir

Invista em cafeína - A cafeína combate inflamações e ajuda a estimular sua pele, sendo um remédio perfeito para a ressaca. Sir John, responsável por maquiar modelos como Karlie Kloss, sugere colocar saquinhos de chá verde morno sobre os olhos por cinco minutos logo pela manhã. Depois repita o procedimento nas laterais do nariz, que também são um ponto de inflamação Foto: Getty Images
Invista em cafeína - A cafeína combate inflamações e ajuda a estimular sua pele, sendo um remédio perfeito para a ressaca. Sir John, responsável por maquiar modelos como Karlie Kloss, sugere colocar saquinhos de chá verde morno sobre os olhos por cinco minutos logo pela manhã. Depois repita o procedimento nas laterais do nariz, que também são um ponto de inflamação
Hora de se maquiar - Para disfarçar descolorações, comece com um corretivo. \"Os verdes neutralizam a vermelhidão e os amarelos cobrem os tons azulados que ficam ao redor do olho\", diz Jemma Foto: Getty Images
Hora de se maquiar - Para disfarçar descolorações, comece com um corretivo. "Os verdes neutralizam a vermelhidão e os amarelos cobrem os tons azulados que ficam ao redor do olho", diz Jemma
Ilumine seus olhos - Para abrir seus olhos e dar a impressão de que estão mais descansados Sir John tem um truque: \"Use lápis ou sombra bege sobre a linha dágua antes de passar a máscara de cílios\" Foto: Getty Images
Ilumine seus olhos - Para abrir seus olhos e dar a impressão de que estão mais descansados Sir John tem um truque: "Use lápis ou sombra bege sobre a linha dágua antes de passar a máscara de cílios"
Foto: Getty Images 
 

Realce sua pele - Atenção, esta será sua arma secreta. Aplique um iluminador no topo de suas maçãs do rosto, ao longo da faixa central do nariz e em dois pontos no meio da testa. Depois, aplique um blush pêssego em creme e pronto, já estará com a pele corada e luminosa Foto: Getty Images
Realce sua pele - Atenção, esta será sua arma secreta. Aplique um iluminador no topo de suas maçãs do rosto, ao longo da faixa central do nariz e em dois pontos no meio da testa. Depois, aplique um blush pêssego em creme e pronto, já estará com a pele corada e luminosa
Não carregue no make - Um olho muito pesado pode colocar seu disfarce a perder. Faça algo simples e discreto com sombra bege apenas para disfarçar as olheiras Foto: Getty Images
Não carregue no make - Um olho muito pesado pode colocar seu disfarce a perder. Faça algo simples e discreto com sombra bege apenas para disfarçar as olheiras
Escolha um batom ousado - Um batom de cor forte vai servir de distração. Além de bonito, ele deve ter uma fórmula cremosa para hidratar os lábios secos Foto: Getty Images
Escolha um batom ousado - Um batom de cor forte vai servir de distração. Além de bonito, ele deve ter uma fórmula cremosa para hidratar os lábios secos

Faça um penteado prático - Um coque alto é o suficiente para salvar seu cabelo. É um penteado chique e leva apenas um minuto Foto: Getty Images
Faça um penteado prático - Um coque alto é o suficiente para salvar seu cabelo. É um penteado chique e leva apenas um minuto
Foto: Getty Images



O beija-mão de Fux



STF


Luiz Fux teria se encontrado com figurões petistas para conquistar a vaga de ministro do STF. Foto: Nelson Jr/SCO/STF
Fora o beijo traidor de Judas relatado nos evangelhos de Mateus e Marcos, entrou para a história, como sinal de reverência e de subserviência, o cerimonial do “beija-mão” introduzido no ano 527 pela imperatriz bizantina Teodora, esposa de Justiniano I. A imperatriz, favorável ao aborto e contra a pena de morte à adúltera, virou santa da Igreja Ortodoxa. No seu rastro, os papas da Igreja Católica Apostólica Romana posicionaram-se como receptores do “beija-mão” e recebem visitantes que se inclinam e lançam um ósculo no anel pontifício.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro Luiz Fux, quando na sua terceira tentativa de obter uma cadeira vitalícia no Supremo Tribunal Federal (STF), buscou apoios variados e se submeteu ao “beija-mão”. É grande o elenco dos visitados por Fux. De José Dirceu a João Paulo Cunha. Sem falar em Antonio Palocci, Paulo Skaf, presidente da Fiesp, e João Pedro Stedile, do MST. Chegou ao ponto de buscar aproximação com a namorada de Dirceu, Evanise Santos. Segundo o deputado Cândido Vacarezza, Paulo Maluf, que responde a três ações no STF por lavagem de dinheiro da corrupção, intercedeu pelo magistrado. Fux só não buscou o apoio da torcida do Flamengo, pois nessas horas contam apenas os votos dos cartolas.
A conduta postulatória de Fux, na ocasião ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), serve para ilustrar como o lobby conta e nem sempre o mérito profissional representa o principal atributo para se chegar a uma cadeira na mais alta Corte. Não fosse primo do presidente Collor de Mello, o atual ministro Marco Aurélio, que nas últimas sessões propôs pena baixa e prescrita a Roberto Jefferson e, com relação ao segundo crime imputado, absolvição pela desconsideração ao voto condenatório do ministro Ayres Britto, não teria chegado ao STF como pouco conhecido juiz do trabalho. A então desembargadora Ellen Gracie havia sido vetada por Fernando Henrique Cardoso para o STJ, mas, após receber apoio do conterrâneo Nelson Jobim, fez um upgrade e foi indicada pelo mesmo FHC como ministra do Supremo. Se não era capacitada para um tribunal de hierarquia menor, como, num passe de mágica e em pouco tempo, Ellen Gracie acabou indicada para o órgão de cúpula da magistratura?
Fux, por escolha de Dilma Rousseff em fevereiro de 2011, chegou ao STF em março, quando a denúncia da ação penal apelidada de “mensalão” já havia sido recebida (agosto de 2007). O fato, aliás, contou com rumorosa audiência pública e total cobertura jornalística. Dirceu era, portanto, réu do “mensalão” quando Fux partiu para o “beija-mão”. Segundo o ministro, houve apenas um encontro. ­Dirceu ­­afirma terem sido duas visitas.
Sobre a visita ou visitas a Dirceu, Fux afirmou, sem corar, ter esquecido de que o ex-ministro era réu do “mensalão”. Com o deputado e também réu João Paulo Cunha, à época presidente da Câmara, o juiz esteve numa reunião para um café da manhã e se recusou a revelar o teor da conversa. É, no mínimo, estranho um ministro do STJ comparecer a esse tipo de reunião. Algo semelhante ao encontro do ministro Gilmar Mendes com representantes do partido Democratas após a conhecida reunião com Lula e Jobim.
Nos agendados encontros para o “beija-mão”, Fux admitiu que o tema “mensalão” foi mencionado. E restou claro que os apoiadores aguardavam do ministro um voto diferente do que deu. Sobre o processo, o magistrado, perante estrelas petistas, disse que “mataria no peito”. Na chave de leitura dos “mensaleiros” e “filomensaleiros”, o “matar no peito” seria o golaço da absolvição. Hoje interpretam a expressão como gol contra de um traíra. Fux agora ressalta com ênfase o que não disse quando do lobby: “Não troco consciência e independência por cargo”. E sentenciou: “A prova dos autos desmentia o discurso da falta de provas da responsabilidade de Dirceu e demais acusados”.
Sobre o “beija-mão”, recordo uma antiga conversa com o juiz Márcio José de Moraes. Perguntei se ele seria escolhido para ocupar uma vaga aberta no Supremo. Moraes era um jurista de mão-cheia, juiz independente que, em plena regime de exceção, havia, por corajosa sentença e como magistrado de primeiro grau, condenado a ditadura pelo assassinato do jornalista Vladimir Herzog. A resposta, que guardo até hoje e que contei e recontei aos meus filhos bacharéis em Direito: “Wálter, não tenho nenhuma chance de ir para o Supremo, pois me recuso a fazer campanha, lobby e pedir apoio para políticos. Se algum presidente da República achar que tenho mérito, que me escolha”.
Do episódio Fux sai com a toga chamuscada. Não dá impeachment

O século de Oscar Niemeyer

Morre o maior arquiteto brasileiro, o senhor das curvas que conferiu genialidade e beleza ao mundo com suas obras espalhadas por todos os continentes

Eliane Lobato e Michel Alecrim

Relembre, em vídeo, a trajetória e algumas obras do homem que desenhou Brasília:
IstoE_Oscar_255.jpg
chamada.jpg
104 ANOS
Em 2012, Niemeyer passou por quatro internações.
Na última, não resistiu, mas virou imortal
"Sinto-me feliz com o reconhecimento de minha obra de arquiteto. Mas sinto menos orgulho do que uma convicção íntima de que me dediquei ao máximo à realização de uma arquitetura diferente, mais leve, capaz de provocar surpresa aos que a conhecem. E que procurei ser solidário aos amigos e à minha família, e manter uma coerência político-ideológica diante deste mundo marcado por contradições intoleráveis. A vida é mais importante do que a arquitetura. A vida, a mulher, a família, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar."
O arquiteto Oscar Niemeyer sintetizou assim, em letras grandes, soltas por folhas de papel em branco sem linhas, seu pensamento numa entrevista à ISTOÉ – parte dela ao vivo, parte respondendo as perguntas à mão – em 2002. Essa reflexão, que pode ser vista hoje como uma revisão de sua própria história, resume o que era o “arquiteto do século”, título que chancela a genialidade de suas obras espalhadas pelo mundo. A tristeza, portanto, atravessa fronteiras. Niemeyer faleceu na quarta-feira 5 de dezembro, no Rio de Janeiro, aos 104 anos, às 21h55, após 34 dias internado no Hospital Samaritano, devido a uma infecção respiratória.
"Quando uma forma cria beleza, tem na beleza a sua própria justificativa"
Niemeyer costumava dizer que não gostava de ângulos retos. Falava que as retas foram criadas pelo homem e não têm caráter transformador. Por essa razão, prefere as curvas, essas sim, dádivas da natureza, capazes de dar beleza e leveza ao horizonte, aos leitos dos rios, e até ao corpo humano. As curvas de Niemeyer transformaram a paisagem urbana, inovaram, viraram escola e ganharam o mundo. O arquiteto introduziu as curvas em nosso cotidiano e, por acreditar que elas podem sempre nos conduzir a um lugar mais distante, viveu mais de 100 anos acreditando no novo.
Morreu cercado da família e falando de trabalho até os últimos momentos de lucidez, horas antes de falecer. Reverenciado em todo o mundo, ganhou homenagens pelo Brasil. A presidenta Dilma Rousseff cedeu o Palácio do Planalto, prédio projetado por ele, para o velório. “Niemeyer foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura. O Brasil perdeu um de seus gênios”, disse a presidenta, que ofereceu honras de chefe de Estado ao maior arquiteto brasileiro. Pelo Salão Branco do Planalto, onde até hoje foram velados apenas o presidente Tancredo Neves e o vice-presidente José Alencar, passaram autoridades e cerca de três mil pessoas.
01.jpg
HOMENAGEM
O corpo do arquiteto foi velado com honras de
chefe de Estado no Planalto, em Brasília 
A simplicidade foi a marca de toda a vida do arquiteto. No escritório na avenida Atlântica, em Copacabana, onde recebia gente de várias nacionalidades. Os móveis eram elegantes, alguns desenhados por ele, mas nada era luxuoso. Já sua casa na rua Prudente de Moraes, via de muito trânsito e, por isso, das menos nobres de Ipanema, era um refúgio que só abria aos mais amigos. A coerência entre o que pregava e como levava a vida é indiscutível. Nunca ostentou, nunca exibiu sinais de riqueza. Na arquitetura de suas curvas, conseguiu o que queria: realizar obras belas, marcantes, democráticas, com espaços desenhados para o homem circular à vontade. Espalhadas por várias cidades brasileiras e por todos os continentes, elas tiveram impacto em várias gerações. “Seu trabalho visionário teve uma influência profunda”, afirmou a arquiteta iraquiana Zaha Hadid, vencedora do prestigiado Prêmio Pritzker. “Ele me deu coragem para seguir minha própria arquitetura de total fluidez.”
Em Niterói (RJ), o Museu de Arte Contemporânea (MAC), parece uma nave espacial sobre as águas. A estrutura suspensa no ar e apoiada por uma fina base também leva à comparação com um cálice. Mas Niemeyer, ao idealizar a obra, disse que pensou numa flor que se abre na encosta, às margens da Baía de Guanabara. “Eu andei pelas rampas do museu. Elas são quase como uma dança no espaço, convidando você a ver o prédio de vários ângulos antes de entrar. É absolutamente mágico”, resumiu o arquiteto inglês Norman Foster, também ganhador do Pritzker. “Poucas pessoas têm a chance de conhecer seus heróis e sou grato por ter tido a oportunidade de passar um tempo com ele no Rio no ano passado.”
03.jpg
Além de desafiar a imaginação, as criações do mestre da arquitetura moderna têm em comum a capacidade de causar empatia imediata. Os traços da vela de uma jangada podem ser vislumbrados nas colunas do Palácio da Alvorada, em Brasília, e um olho humano salta a quem observa o museu que leva seu nome em Curitiba. “De um traço nasce a arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte”, definiu Niemeyer no livro “Conversa de Arquiteto”. A ambição artística foi assim rendendo construções com sua assinatura, que podem ser comparadas a imensas esculturas e se destinam a um duplo papel: ser útil ao homem e embelezar o mundo.
A paisagem da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte ficou muito mais bela com a instalação, na década de 1940, da Igreja de São Francisco de Assis em formato de montanhas, as mesmas que despontam em Minas. A paisagem de São Paulo, dominada pelas linhas retas, ficou mais humanizada com o ondulado edifício Copan, da década de 1950, hoje um cartão-postal da cidade. A Universidade de Constantine, na Argélia, é um conjunto arquitetônico da capital do país africano elevado à condição de arte. Um de seus prédios, feito em formato de livro, é um dos principais encantos de Niemeyer fora do Brasil. Um universo curvo saiu de sua prancheta para entrar no cotidiano das metrópoles. O arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-1965), referência não só para o brasileiro como para uma geração de profissionais no mundo, dizia que Niemeyer tinha “as montanhas do Rio dentro dos olhos”.
04.jpg
MODELOS DE CURVAS
Prédios ícones do arquiteto: o Museu de Arte Contemporânea, em Niterói,
o edifício Copan, em São Paulo, e o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba
Carioca, Niemeyer dizia admirar o Rio sob todos os aspectos. Gostava da forma alegre do povo, das praias – às quais raramente ia –, do samba, da natureza exuberante. Da cidade onde nasceu, ele absorveu também a proximidade entre a erudição e o popular, entre pobres e ricos. Neto do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Antonio Augusto Ribeiro de Almeida (1838-1919), sua casa, no bairro das Laranjeiras, zona sul do Rio, chegou a ser frequentada pelo ex-presidente Epitácio Pessoa (1865-1942). A origem elitista não o impediu de fazer inúmeros amigos nas rodadas de sinuca do Café Lamas, no largo do Machado, na mesma região, ou nas noitadas da Lapa, no Centro. Outra paixão da juventude do arquiteto foi o futebol. Quase jogou no Flamengo, mas ingressou mesmo foi no juvenil do Fluminense, onde os negros entravam pela porta dos fundos e tinham que se maquiar de brancos, para profundo desgosto dele, que depois se tornaria um comunista convicto até o fim da vida.
"O que me chama atenção é a curva livre e sensual"
A boemia aproximou Niemeyer do povo, mas o afastou dos estudos. Só com 21 anos ele ingressou na Escola Nacional de Belas Artes para cursar arquitetura, apesar de demonstrar talento para o desenho desde criança. “Nos primeiros anos de escola, pouco compareci às aulas. Ajudava meu pai na tipografia e somente nas horas de folgas podia frequentá-las. Mas em pouco tempo os assuntos da arquitetura absorviam-me inteiramente”, contou Niemeyer. Já casado com Annita Baldo, com quem conviveu até a morte dela, em 2004, ele passou sua época de vacas magras.
Formado, trabalhou com o urbanista Lúcio Costa (1902-1998). O escritório ganhou do ministro Gustavo Capanema a incumbência de projetar a nova sede do Ministério da Educação e Saúde. Sob a batuta do experiente Costa, ele teve seu croqui elogiado pelo consultor do projeto, Le Corbusier. Nele, surgiam os famosos pilotis do prédio, que se tornaram um marco do modernismo no Brasil. A mesma característica já estava presente no prédio da Obra do Berço, instituição filantrópica, na Lagoa Rodrigo de Freitas, o primeiro trabalho individual de Niemeyer. “Curioso, fiz um croqui diferente, em função do primeiro estudo de Le Corbusier. Carlos Leão (outro arquiteto do escritório) gostou da solução, Lúcio quis vê-la e eu, que nenhuma pretensão tinha de mudar o projeto em execução, joguei o croqui pela janela. Lúcio mandou buscá-lo e o adotou. Nesse momento, senti que não seria um arquiteto medíocre, que compreendia a arquitetura contemporânea e nela podia atuar corajosamente”, revelou Niemeyer no livro “Oscar Niemeyer”, do jornalista Marcos Sá Corrêa.
05.jpg
Em 1940, ele conheceu o então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (1902-1976), que o convidou para projetar o conjunto da lagoa da Pampulha, marco na carreira de Niemeyer. Ele ganhou projeção e, pouco depois, participou da construção da sede das Nações Unidas, em Nova York. O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon lamentou o sua morte: “O que fez dele um excelente arquiteto não foi apenas o seu vigor e talento. Ele imbuiu seu trabalho com um forte senso de humanismo e engajamento global”, afirmou. O maior desafio, porém, ainda estava por vir.
Eleito presidente, Kubitschek o convidou para construir, do nada, a nova capital federal. Mesmo filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) desde 1945, Niemeyer tinha carta branca para executar suas ideias mirabolantes – e a maior delas foi mesmo as colunas com pontas finas dos palácios da Alvorada, do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF). Naquela época, o voo do Rio para Brasília levava três horas. Na primeira viagem de Kubitschek, ele foi junto. Sentou-se ao lado do ministro da Guerra, o general Henrique Teixeira Lott, que lhe disse: “Dr. Niemeyer, o senhor vai projetar prédios bem clássicos para nós, não é?” Ele respondeu: “General, o senhor, na guerra, prefere arma clássica ou moderna?”
06.jpg
NOVOS HORIZONTES
O Palácio da Alvorada, a Catedral de Brasília e o complexo da Pampulha, em Minas
Apesar da proximidade com os políticos e de ser o autor dos projetos que viraram símbolos das instituições brasileiras, o comunismo declarado de Niemeyer sempre incomodou os militares. Nunca foi preso, mas foi chamado a depor diversas vezes, inclusive antes do golpe de 1964. Depois que os generais tomaram o poder, sua vida ficou mais difícil. A revista “Módulo”, fundada por ele em 1955, foi saqueada. O projeto para o aeroporto de Brasília, rejeitado. Niemeyer pediu demissão da Universidade de Brasília em reação às interferências do regime. A saída foi o exílio na França, a partir de 1967. Na semana passada, o presidente francês François Hollande lembrou da ligação do arquiteto com o país que o acolheu. “Ele tinha uma relação privilegiada com a França, não apenas porque construiu vários edifícios cuja modernidade e originalidade causavam espanto aos visitantes, mas também porque ele morou aqui enquanto esteve exilado”, disse.
"Tanto faz ser feliz ou infeliz, a vida é um sopro, um minuto"
O retorno, aos 72 anos, estava longe de marcar a aposentadoria do maior arquiteto brasileiro. Quando chegou, Niemeyer iniciou nova fase de vasta produção, já instalado em seu escritório no topo do edifício Ypiranga, onde deu expediente até quando pôde. Mesmo com idade avançada, trabalhou intensamente. Niemeyer produziu até o final e assinou ao longo da carreira mais de 130 projetos, dos quais um terço nunca saiu do papel, como um centro de música para a cidade do Rio. Além da arquitetura, lançou o romance “Diante do Nada”, em 1999. Dedicou-se também ao design de móveis, à pintura e à escultura.
O comunismo ferrenho de Niemeyer acabou ganhando um tom anedótico. O próprio ex-presidente cubano Fidel Castro, de quem o brasileiro era amigo, se referiu aos dois como os últimos comunistas do mundo. O arquiteto nunca deixou de elogiar o ditador soviético Joseph Stalin (1878-1953), acusado de uma série de crimes no período em que governou o país. Quando o regime estava ruindo, em 1991, publicou polêmico artigo defendendo ação de militares linha-dura que tentaram reverter o fim da União Soviética. A oposição ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992, também causou espanto. Niemeyer sempre justificou suas posições na coerência e se orgulhou de se manter fiel às suas convicções. Mas o trabalho não se misturava aos ideais. O fato de ser ateu não o impediu de projetar quatro igrejas católicas, uma mesquita, um templo da Igreja Universal do Reino de Deus e a Catedral de Brasília, além de diversas capelas. Mesmo comunista, elaborou o projeto de várias mansões e da sede de quatro bancos.
07.jpg
Em 2006, com quase 100 anos, Niemeyer casou-se pela segunda vez com sua secretária, Vera Lúcia Cabreira. O arquiteto só teve uma filha de seu primeiro casamento, Anna Maria, com quem trabalhou no design de móveis. Ela faleceu em junho, aos 82 anos. Embora idolatrado, Niemeyer também foi alvo de críticas, principalmente por fazer obras que deixavam a funcionalidade em segundo plano. Ora faltava um corrimão para uma escada, ora era o espaço para o ar-condicionado não previsto, ora era a ausência de paisagismo. A própria opção pelas formas curvas e pelas estruturas que se sobrepõem à utilidade encontrou opositores. Aos críticos, sempre tinha uma resposta: “Quando uma forma cria beleza, tem na beleza a sua própria justificativa.”
08.jpg
Colaboraram: Mariana Brugger, Tamara Menezes, Wilson Aquino e Izabelle Torres
Fotos: Adriano Machado; Arquivo O Cruzeiro/EM/D.A Press; JAMIL BITTAR; MARCELO SAYAO; Julio Alcantara/CB/D.A Press; Ichiro Guerra; Florian Knorn; Rene Burri / Magnum; JUAN ESTEVES

Documentos secretos da Ditadura

ISTOÉ teve acesso a arquivos que foram escondidos por delegado do Dops. Os papéis abrem uma nova linha de investigação para a Comissão da Verdade e mostram como agentes da repressão tentaram sumir com provas dos Anos de Chumbo

Rodrigo Cardoso

01.jpg
Cena 1: “Olhávamos, ainda, a noite pela janela quando ouvimos o barulho longe dos tanques que se aproximavam. Esperávamos o pior desde a publicação do AI-5, quatro dias antes. O 17 de dezembro de 1968 foi assim para mim. Eu morava no 209-A. As paredes estavam forradas de fotos do Che Guevara, em algumas, como um galã de Hollywood, de calça jeans, sem camisa, fumando Havanas, quando dois policiais entraram. Numa moldura bonita, presente do meu irmão, havia uma foto do meu ídolo na sua pose clássica, aquela com estrelinha na frente da boina. Um dos policiais foi objetivo, pegou o quadro da parede e falou: ‘Este merece ser levado.’ Num instante o quadro já estava em minhas mãos. Eu disse: ‘Esse não.’ E, já com o quadro no chão, eu pisoteava o pobre Che, como uma possessa, enquanto me desculpava em voz alta com ele: ‘Desculpe, Che, mas não vou deixar que eles te levem.’”
Esse é o início do depoimento da aposentada paulista Rute Maria Bevilaqua, 66 anos. Em 1968, aos 22 anos, ela cursava física e morava em um dos apartamentos do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp), quando ele foi tomado por agentes da ditadura da polícia e do Exército à caça de comunistas.
02.jpg
HISTÓRIA
Torturado e preso nos Anos de Chumbo, o professor universitário Djalma de Carvalho,
63 anos, reencontrou seu passado nos documentos achados na fazenda do delegado Machado
02-1.jpg
Cena 2: “A caminho do presídio em um ônibus, um policial, ao lado da porta do motorista, portava uma arma de cano longo e olhava pra gente. Quando o ônibus ia entrar na rua Rego Freitas, na esquina com a Consolação, eu joguei para fora um livro com um bilhete na primeira página. Nele, eu dava dois números de telefone, explicava que estávamos sendo todos presos, ‘centenas de pessoas’, e pedia que quem pegasse o livro, por favor, avisasse meus pais. Imagine o tamanho da idiotice e das consequências: meus pais eram comunistas com várias passagens pelo Dops (o extinto e temido Departamento de Ordem Política e Social). Naquele dia, o mais comprido da minha vida, mais emoções nos esperavam.”
Rute estava entre os 800 estudantes presos por autoridades do governo no Crusp, um centro de mobilização de jovens contra a repressão do governo militar da época. Nesse episódio que marcou a história da maior universidade brasileira, tropas do Exército e tanques evacuaram o prédio e portas de apartamentos foram abertas a pontapés enquanto soldados ficavam de tocaia entre galhos de árvores. Fichada pela Delegacia Especializada de Ordem Política, Rute foi acusada de “transportar lajotas e ‘molotov’ na invasão do Crusp”. Assim está escrito nos registros dela que ISTOÉ revela com exclusividade. A ficha não estava nos arquivos do Dops que foram liberados para consulta pública em 1994. O documento não tinha vindo a público até hoje porque o ex-delegado do Dops Tácito Pinheiro Machado o escondeu por décadas em sua residência.
03.jpg
INVASÃO
Filha de comunistas, Rute Maria Bevilaqua, 66 anos, foi um dos 800 estudantes presos
por autoridades do governo no Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (Crusp)
03-1.jpg
A ficha de Rute foi encontrada por acaso por um ex-cortador de cana em uma casa abandonada no meio de uma fazenda que pertenceu a Machado, em Jaborandi, interior de São Paulo. No total, foram descobertas ali 110 fichas de pessoas tachadas de subversivas. E mais: boletins culturais censurados, um manual de subversão e contrassubversão que ensinava policiais a identificar os comunistas e envelopes classificados como “secreto”, “confidencial” e “reservado” de ministérios, embaixadas, universidades e igrejas enviadas a um outro delegado do Dops, Alcides Cintra Bueno. Todo esse material – que ainda não foi colocado à disposição para consulta porque vem passando por uma espécie de restauro feito pelo Arquivo Público de São Paulo, para onde ele fora enviado após ser encontrado em 2007 – foi compilado minuciosamente em um livro, “Memórias da Resistência” (Compacta Gráfica e Editora), cujo lançamento está previsto para sábado 8 na cidade paulista de Franca.
Sua publicação, além de trazer à luz um material inédito, mostra que agentes da repressão tentaram sumir com provas sobre os Anos de Chumbo. A ocultação em ambiente privado de documentos produzidos em órgãos públicos do regime militar era o modus operandi entre as autoridades e estabelece uma nova linha de investigação para a Comissão da Verdade. “Essa documentação encontrada na fazenda em Jaborandi abriu um precedente para se averiguar se há outros materiais espalhados por aí que não chegaram até nós”, afirma a historiadora Rafaela Leuchtenberg, diretora do Fundo Dops do Arquivo Público, para onde foram recolhidas em 1991 todas as informações produzidas pelo Dops que se encontravam em posse da Polícia Federal. “Não tínhamos no acervo fichários da delegacia de ordem política, como as achadas em Jaborandi, mas apenas da delegacia de ordem social.” Esse caso precipitou uma recomendação feita pelo Ministério Público Federal à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para que toda a documentação produzida nas delegacias do Estado na ditadura militar (1964-1985) fosse enviada ao Arquivo Público.
04.jpg
RESGATE
Buscas na fazenda do delegado do Dops Tácito Machado, em Jaborandi,
onde um ex-cortador de cana encontrou centenas de documentos da repressão
05.jpg
Com isso, desde as fichas encontradas em Jaborandi, agora reveladas por ISTOÉ, outros três conjuntos de materiais chegaram ao órgão. Dois são emblemáticos. De Santos, em 2010, vieram 11,6 mil prontuários e aproximadamente 40 mil fichas produzidas por uma sucursal do Dops que atuava no litoral paulista. E em maio, 14 pacotes de documentos chegaram da cidade paulista de Apiaí. Um delegado da região havia retirado o montante da delegacia e levado para casa. Com a morte dele, sua viúva resolveu entregar o acervo para a polícia. O Arquivo ainda averigua o conteúdo das descobertas. Em Porto Alegre, em um caso semelhante registrado no fim do mês passado, 200 páginas de documentos entregues à polícia gaúcha pela família de um coronel da reserva do Exército assassinado comprovaram que o ex-deputado federal Rubens Paiva, desaparecido há 41 anos, foi sequestrado por militares e levado para o Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), no Rio de Janeiro, em 1971.
A papelada revela, ainda, uma estratégia dos militares para acobertar o envolvimento deles no atentado do Riocentro, em 1981. Na ocasião, uma bomba explodiu dentro de um carro estacionado naquele centro de convenções, onde aconteceria um show em comemoração ao Dia do Trabalhador, matando um agente do DOI-Codi e ferindo outro. Todos esses casos possibilitaram uma nova linha de investigação para a Comissão Nacional da Verdade (CNV), criada para apurar graves violações de direitos humanos praticadas por agentes públicos entre 1946 e 1988. “Faço um convite aos brasileiros e brasileiras que tenham em suas casas arquivos particulares: os entreguem”, afirma o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles, coordenador da CNV, após o recolhimento do material na casa do coronel do Exército em Porto Alegre. “É um processo de reconstrução do seu país. Não precisa nem se identificar; basta telefonar e dizer que tem um documento.”
06.jpg
VIOLÊNCIA
O aposentado Edson José de Senne foi preso e torturado
aos 32 anos, em 1969, porque recebia o jornal
06-1.jpg
O escritório paulista da CNV, segundo o seu coordenador Ivan Seixas, está prestes a formalizar a descoberta dos documentos na fazenda do ex-delegado Machado, em Jaborandi, e a requerer diligências para apurar os fatos. “O porquê de essa papelada ter ido parar lá ainda é um nó a ser desfeito”, afirma o historiador Tito Bellini, professor da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (Uftm) e um dos organizadores do “Memórias da Resistência”. Além da aposentada Rute, do Crusp – ela não foi vítima de violência ao ser presa na universidade e nega as acusações que constam em sua ficha –, ISTOÉ conversou com outros dois brasileiros cujas fichas também estavam apodrecendo na propriedade de Machado, um policial falecido em 2005, aos 79 anos. Ele figura na categoria repressores e é citado em 27 processos do projeto “Brasil Nunca Mais”, trabalho encabeçado por um grupo de religiosos e advogados que coletaram cópias de processos políticos que tramitaram pela Justiça Militar entre 1964 e 1979 para obter informações e evidências das violações cometidas pelo regime militar.
Tanto o aposentado paulista Edson José de Senne, 75 anos, quanto o professor universitário Djalma de Carvalho, 63 – ligados às Forças Armadas da Libertação Nacional (Faln), de Ribeirão Preto, provavelmente a única organização clandestina do Brasil que não se formou a partir das capitais –, foram torturados ao serem presos naqueles anos de chumbo. Nenhum, porém, teve contato ou sequer ouviu falar de Machado. Trata-se de um agente cujas ações são pouco conhecidas inclusive pela CNV, provavelmente por ele ter sido mais ligado à burocracia dos órgãos repressores. “Meu pai sabia, evidentemente, todos sabiam das torturas. Pau de arara era comum em delegacias até para bandidinhos”, diz o filho do delegado Machado, do Dops, o também delegado Raul Pinheiro Machado, que mora em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. “Mas ele nunca torturou ninguém, pelo contrário, até livrou a barra de comunistas amigos.”
07.jpg
REENCONTRO
Beatriz Paiva mostra parte dos documentos sobre seu pai, Rubens Paiva,
desaparecido em 1971, encontrados em Porto Alegre
08.jpg
Em 1991, segundo Raul, ao abrir um baú na casa de veraneio da família, em Jaborandi, ele se deparou com documentos timbrados de órgãos da polícia paulista, mas achou que a papelada não tinha valor. Certo dia, porém, seu pai o chamou para uma conversa: “Filho, muitos documentos (produzidos pelo governo militar) deveriam ser queimados porque podem comprometer pessoas que, hoje, estão aí se tornando notórios.” Raul, assim ele conta, teria dito a Machado: “Pai, acho que nada deve ser queimado. Isso é história, tem de ser mostrado às pessoas”. Pai e filho nunca mais tocaram nesse assunto. Dentro do baú, encontrado em 2007, há fragmentos de histórias como a do professor universitário Djalma de Carvalho, quatro filhas e três netos, morador de Paranaíba, em Mato Grosso.
Carvalho era militante da Faln e do Movimento de Libertação Popular (Molipo) e foi preso duas vezes entre os anos 60 e 70. “Na primeira me estouraram todo. Palmatória, chutes, me atiravam com as costas contra a parede... Na segunda, trouxeram um companheiro em carne viva, inteiro ensanguentado, unhas arrancadas, com a cara toda deformada. Eles o enrolaram em um pano, o colocaram na máquina de choque, ligaram fios na língua e nas orelhas dele e mandaram eu torturá-lo”, relembra Carvalho, que na Molipo escondia perseguidos políticos e os ajudava a sair do Brasil. “Claro que não fiz isso. Eu o encontrei anos depois, nos abraçamos e choramos muito. Tínhamos passado pelo ventre da besta e sobrevivido.”
O aposentado Senne, de Ribeirão Preto, também é outro sobrevivente cuja parte da memória estava se apagando no fundo do baú da família Machado. Foi preso aos 32 anos, em 1969, porque recebia o jornal “O Berro”, o veículo de comunicação das Faln. “Fiquei dois dias preso. Recebi tortura violenta. Não conseguia escrever lá na delegacia, meus dedos sangravam de tanto choque”, conta ele, que tem problemas de audição causados por um tapa na orelha que recebeu nos porões da ditadura. “Nunca contei para o meu pai as torturas que sofri. Queria poupá-lo.”
Cena final: Mês passado, no Crusp da cidade universitária, a aposentada Rute entra novamente no apartamento 209-A quase 45 anos depois de ser retirada de lá à força. Depois de fotografar para esta reportagem, lembrou de quando debruçava a cabeça na janela para paquerar os alunos que caminhavam lá embaixo. Recordou também de quando, ainda criança, rezava baixinho para que o pai, um ativista do Partido Comunista Brasileiro (PCB) com sete prisões na biografia, deixasse de ser comunista. Memórias de um tempo triste e feliz ao mesmo tempo, que não podem ficar sepultadas em nenhum baú particular. Para o bem do País.
09.jpg]
Fotos: Rafael Hupsel/Agência Istoé 

Células cardíacas se refazem


estudos na 'nature'
Cientistas descobrem como células cardíacas se refazem 

Coração de camundongo recém-nascido se regenera, diz estudo

Regeneração dos corações nunca havia sido observada em mamíferos
Cientistas americanos descobriram que os corações de camundongos recém-nascidos podem se regenerar, em um processo nunca visto entre mamíferos e divulgado por meio de um estudo nesta sexta-feira pela revista Science.
Os pesquisadores do Centro Médico Southwestern, da Universidade do Texas, autores da pesquisa, removeram o que é conhecido como o ápice ventricular esquerdo do coração (cerca de 15% do músculo cardíaco) dos camundongos, apenas um dia depois de eles terem nascido.
Foi observado que o coração se recompôs completamente após 21 dias. Dois meses depois, o órgão parecia estar funcionando normalmente.
Muitos peixes e anfíbios são conhecidos por sua capacidade de reconstruir o tecido de seus corações, mas, segundo o estudo divulgado nesta sexta, isso nunca tinha sido observado em mamíferos.
Para especialistas britânicos, o entendimento desse processo nos camundongos pode ajudar em tratamentos cardíacos para humanos.
Período curto
No entanto, quando o mesmo experimento foi realizado em roedores com uma semana de vida, o coração foi incapaz de se refazer sozinho, indicando que é curto o período em que os animais preservam a habilidade de autorregeneração.
Acredita-se que as células cardíacas continuem a se replicar e se recompor durante um breve intervalo após o nascimento do camundongo.
“Nossos resultados mostram que as células do novo músculo cardíaco, que recuperam a área amputada do coração, vêm da proliferação e migração de células cardíacas pré-existentes”, disse um dos autores do estudo, o professor Eric Olson. “Não temos evidência de que tenham vindo de uma população de células-tronco.”
Segundo Olson, há motivos para acreditar que o coração humano tenha a mesma capacidade.
“Tudo o que sabemos sobre o desenvolvimento e as funções iniciais do coração do camundongo são comparáveis ao coração humano. Portanto, estamos confiantes que esse processo pode se repetir em humanos, ainda que isso ainda precise ser mostrado.”
Ataques cardíacos
Os cientistas americanos agora buscam formas de ativar esta capacidade regenerativa em corações de camundongos adultos, com a ambição de fazer o mesmo em humanos e corrigir danos causados durante ataques cardíacos.
“Identificamos um micro-RNA (pequeno pedaço de material genético) que regula esse processo e vamos tentar usá-lo como forma de incrementar a capacidade de regeneração cardíaca. Também estamos buscando novas drogas que possam reavivar esse mecanismo na vida adulta”, afirma Olson.
O pesquisador diz, no entanto, que novas pesquisas esbarram em desafios, como evitar que a alteração das células cardíacas humanas provoque arritmias, por exemplo. Além disso, o funcionamento do coração humano é mais complexo do que o de outros animais.

Final de Ano do SBT


'Menina fantasma' grava vinheta de fim de ano com elenco do SBT

A atriz Ana Lyvia Padilha fez sucesso com a pegadinha do elevador

O vídeo  da pegadinha da menina fantasma do elevador fez tanto sucesso, que o SBT decidiu incorporar a menina em seu cast de artistas. Tanto que atriz mirim Ana Lyvia Padilha, 11 anos, gravou a vinheta de fim de ano do canal com a caracterização da personagem, segurando sua bonequinha nas mãos.
Na pegadinha, que fez sucesso no Brasil e no mundo, via Internet, a menina fantasma aparece e some, assustando pessoas que estão dentro de um elevador.
A atriz Ana Lyvia Padilha, 11, aparece no vídeo com a caracterização sombria da personagem, segurando sua bonequinha nas mãos.
Os artistas do SBT cantam uma música na vinheta que diz: "SBT, é pra você que a gente faz TV / SBT, 2013 junto com você".
O vídeo começa a ser exibido no próximo domingo (6).

Gravidez real

Reais problemas de uma gravidez real

Distúrbio que afeta até cinco gestantes a cada mil, hiperemese gravídica, que levou Kate Middleton a ser internada, é ocasionado por fatores orgânicos e psicológicos


A hiperemese gravídica é marcada por vômitos contínuos no primeiro trimestre da gestação
Foto: AP/Alastair Grant
A hiperemese gravídica é marcada por vômitos contínuos no primeiro trimestre da gestação AP/Alastair Grant
RIO - A gestação já completara 22 semanas, época em que o ganho de peso da grávida deveria se tornar mais estável. Mas, aos 18 anos, Luana (nome fictício) só via o ponteiro da balança pender na direção contrária. Após uma internação por risco de aborto, chegou ao Hospital das Clínicas da UFMG com apenas 37,5 quilos. Nos dois primeiros meses de gestação, havia apresentado hiperemese gravídica (HG), quadro que culminou em anorexia nervosa, fazendo a jovem perder 11 quilos em 9 meses.
O caso extremo, e raro ao combinar dois distúrbios, foi consequência de uma síndrome que atinge entre uma e cinco grávidas a cada mil no mundo. A hiperemese gravídica — que provocou, no início da semana, a internação de Kate Middleton, mulher do príncipe William, do Reino Unido — é marcada por vômitos contínuos no primeiro trimestre da gestação (até a 14ª semana). O quadro acarreta perda de peso materno e pode prejudicar o desenvolvimento do bebê, caso não haja uma reposição nutricional. A redução de peso pode se dar de forma tão rápida que a gestante chega a perder entre 300 e 500 gramas por dia.
A causa e a cura são praticamente desconhecidas — tratam-se os sintomas, ou seja, as náuseas. Sabe-se, entretanto, que a doença está relacionada à intensa produção hormonal, principalmente do hCG (gonadotrofina coriônica humana) e da progesterona. Estudos apontam ainda que 66% das pacientes com HG apresentam também um hipertireoidismo transitório.
— É um quadro tratado como distúrbio próprio da gravidez e não tem origem determinada. Pode acontecer em gestações normais, sem grandes intercorrências. É mais comum, entretanto, em gestações gemilares (de gêmeos), já que tendo duas placentas a produção de hormônios é mais abundante — explica Rita Bormia, vice-diretora da Maternidade Escola da UFRJ, ressaltando que, numa gravidez posterior, 25% das gestantes podem voltar a desenvolver a HG.
Nos casos mais graves, em que há perda de peso acima dos 5%, é possível que a gestante apresente quadro de anemia, desidratação ou problemas renais. O procedimento padrão, então, é a internação para reposição de soluções e vitaminas, além de medicação para controle das náuseas.
— Interrompe-se a alimentação por via oral e a paciente passa a receber hidratação venosa. Ainda não surgiu uma medicação para interromper esse ciclo de vômitos instantaneamente. Mas, em geral, o distúrbio se resolve espontaneamente, com o fim do primeiro trimestre da gravidez — explica Rita.
Outra causa levantada, com muita cautela, por médicos está ligada a fatores psicossomáticos, em geral a depressão. Em alguns casos, o ato de vomitar pode ser, para a gestante, uma forma de expressar a sua rejeição ao feto. Entretanto, especialistas evitam estereotipar essa equação.
— Nenhuma gestação é totalmente rejeitada ou totalmente desejada, isso acontece em maior ou menor grau dependendo do caso. Mesmo na gravidez planejada a mulher passa por um processo de modificação do corpo e do seu papel que traz conflitos internos. Somam-se a isso os problemas familiares, conjugais e financeiros — enumera Marina Herdeiro, autora de um trabalho sobre os aspectos psicológicos da HG e psicóloga do hospital universitário da Unicamp.
Professor de psiquiatria da UFMG, Maurício Daker lembra que o caso de Luana se tratou de uma rara coincidência em que dois distúrbios se sobrepuseram, principalmente por causa do histórico familiar da paciente.
— O caso da paciente é clínico e não estatístico. Mas a associação da hiperemese na gravidez com um quadro de depressão e obsessão levou ao agravamento da anorexia. Já havia uma tendência de se preocupar com o peso, muito ligada à idade e à condição familiar, e a dificuldade de se alimentar ajudou a agravar a questão. Após o nascimento do bebê, ela passou a controlar melhor o distúrbio alimentar — afirma Daker, que atuou no caso.
As causas variadas da hiperemese levam à necessidade de um tratamento multidisciplinar, aponta a psicóloga:
— Como várias patologias que incluem diversos fatores, o importante para a gestante que sofre de hiperemese é ter uma atenção multiprofissional. Não podemos afirmar que o distúrbio é gerado puramente por fatores psíquicos ou orgânicos. É preciso um obstetra atento e acompanhamento psicológico que ajude a gestante a compreender esse momento de mudança.

Lentes de contato especiais podem recuperar a visão

Discos vêm carregados com células-tronco que se enxertam nos olhos. Técnica, dizem cientistas britânicos, pode ajudar milhões de pessoas com cegueira



A tecnologia foi desenvolvida para o tratamento de lesão da córnea
Foto: Fabio Seixo/27-09-2002

A tecnologia foi desenvolvida para o tratamento de lesão da córnea 
RIO - Lentes de contato carregadas com células-tronco podem reparar problemas de visão. É o que dizem pesquisadores da Universidade de Sheffield, na Inglaterra. Os autores divulgaram, em comunicado, que a nova técnica pode ajudar milhões de pessoas a recuperar males dos olho.
A tecnologia foi desenvolvida para o tratamento de lesão da córnea, a camada transparente na parte frontal do olho, o que é uma das principais causas da cegueira no mundo. Com o novo implante, que imita as características estruturais do órgão, os investigadores desenvolveram um método para a produção de membranas finas delicadas que ajudam a enxertar as células sobre o próprio.
Através de uma série de técnicas complexas, os pesquisadores são capazes, então, de criar um disco de material biodegradável que pode ser fixado sobre a córnea. Uma característica fundamental deste novo disco é que ele contém pequenas bolsas para abrigar e proteger as células-tronco, o que as mantêm nos olhos.
— O disco tem um anel externo contendo depósitos em que as células retiradas do olho saudável de um paciente podem ser colocadas — revela Ilida Ortega Asencio, um dos criadores da lente.
Para alguns pacientes, porém, o tratamento pode falhar depois de alguns anos, quando os olhos reparados não conseguem mais reter as células-tronco.

Tortura na prisão


Tortura é principal reclamação sobre prisões feita ao Disque Denúncia do governo

Número é mantido pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

RIO - A coordenadora-geral de Combate à Tortura da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ana Paula Diniz, afirmou que 65% das reclamações relacionadas ao sistema penitenciário feitas ao Disque Denúncia do órgão referem-se à tortura. Ela participou na sexta-feirado I Encontro Nacional dos Conselhos da Comunidade, promovido pelos ministérios da Justiça e da Saúde e Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Ao citar estes dados, Ana Paula pediu maior envolvimento dos conselhos da comunidade no combate a esse problema:
- Os conselhos também são instrumentos de proteção dos direitos dos presos.
O padre Valdir João Silveira, coordenador da Pastoral Carcerária, lembrou que os presos dependem da atuação da sociedade em defesa de seus direitos, porque eles mesmos não podem reclamar.
- Se os presos se organizarem para debater seus direitos, será falta de disciplina, sujeita à punição - afirmou Silveira. 

Medicamento contra paralisia combate alcoolismo a longo prazo

Baclofeno já tinha sido testado em curto e médio prazo. Pesquisa foi conduzida na França entre 2008 e 2010

AFP


O estudo focou em 100 pacientes dependentes de álcool e resistentes aos tratamentos convencionais
Foto: Divulgação/02-10-2012
O estudo focou em 100 pacientes dependentes de álcool e resistentes aos tratamentos convencionais Divulgação/02-10-2012
RIO - Um estudo dirigido por um médico francês de 2008 a 2010, publicado esta semana na revista "Frontiers in Psychiatry", mostra a eficácia de uma substância chamada baclofeno no tratamento a longo prazo do alcoolismo.
O medicamento é originalmente prescrito pela neurologia para o tratamento de doenças como a esclerose múltipla e paralisia, mas é cada vez mais usado na França no tratamento de dependência de álcool. Até o momento, a eficácia desta molécula tinha sido testada apenas em curto e médio prazo, até um ano após o início do tratamento.
Os autores advertem, no entanto, que produto não é milagroso e apresenta falhas na sua utilização, principalmente relacionadas com a intolerância de determinados efeitos colaterais, como fadiga e sonolência.
O novo estudo, liderado por Renaud de Beaurepaire, do Grupo Hospitalar Paul-Giraud em Villejuif, perto de Paris, focou em 100 pacientes dependentes de álcool e resistentes aos tratamentos convencionais. Eles foram tratados com doses crescentes de baclofeno e sem limite superior.
Os resultados mostram que a porcentagem de pacientes que se tornou totalmente abstinente ou que passou a ter um consumo normal, segundo os padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS), foi de aproximadamente 50% em todas as avaliações realizadas após três meses, seis meses, um ano e dois anos.
Um número de pacientes também conseguiu diminuir significativamente o seu consumo de álcool, mas sem ainda ter total controle, e passaram a se enquadrar na categoria de pacientes com "risco moderado", de acordo com padrões da OMS.
O número total de pacientes que "melhorou significativamente" com o tratamento foi de 84% em três meses, 70% em seis meses, 63% em um ano e 62% em dois anos, indica o estudo.
O pesquisador é um dos primeiros a receitar altas doses de baclofeno na França e é também autor de um grande estudo nacional, cujos resultados serão publicados em 2014.
"Esta é a primeira vez que acompanhamos por dois anos com resultados igualmente bons", afirmou à AFP o professor Philippe Jaury, da Universidade Paris-Descartes.

Brasileiros estão entre os mais lentos para retomar ritmo de trabalho após férias

Para 58% dos diretores de RH do Brasil, profissionais voltam à velocidade normal em até dois dias. Mas 29% dizem que podem levar de 3 a 4 dias

RIO - Os profissionais brasileiros estão entre os que mais demoram a retomar o ritmo normal de trabalho após as férias, aponta pesquisa global da Robert Half, empresa de recrutamento especializado, realizada com 1.777 diretores de RH de 15 países e grandes centros. Na média mundial, 74% dos entrevistados revelam que o ritmo normal é recuperado em até dois dias, enquanto no Brasil o índice é de 58% para esta faixa de tempo.
De acordo com a pesquisa, no entanto, 29% dos diretores de RH brasileiros dizem que os profissionais demoram entre três e quatro dias para retomar o padrão habitual de trabalho após as férias. Dentre todos os países e grandes centros pesquisados, o Brasil é que o aparece com maior índice nesta faixa de tempo. Já 11% dos entrevistados do país registram que os colaboradores tardam em até uma semana.
Na média mundial, apenas 18% dos entrevistados disseram que os profissionais demoram entre três e quatro dias para retornar ao ritmo normal e 7% até uma semana. No Chile, 19% dos entrevistados revelaram que os profisionais podem levar uma semana para retomar o ritmo normal de trabalho.
A pesquisa também avaliou como a carga de trabalho é gerenciada quando membros da equipe estão de férias. A principal maneira de administrar a demanda de trabalho é delegando tarefas para outros funcionários, de acordo com 72% dos diretores de RH brasileiros e 66%, na média mundial. A segunda opção mais escolhida é a que os gerentes assumem as responsabilidades (34%, no Brasil, e 35%, na média global).
Para 28% dos entrevistados brasileiros, quando membros da equipe estão de férias os prazos são perdidos, enquanto na média mundial apenas 20% apontaram esta opção. Um em cada cinco diretores de RH do Brasil (20%) apontaram ainda que os projetos são colocados em espera nestas situações. Mundialmente, 21% escolheram esta opção. Ainda de acordo com o levantamento, no Brasil, apenas 5% dos diretores de RH brasileiros admitem contratar profissionais temporários para substituir os funcionários de férias. Neste caso, a média global é de 8%.
.

Van Gogh ganha biografia que refuta hipótese de suicídio do artista


 
Estudos dizem que Van Goh sofria com a esquizofrenia
Foto: AP/Van Gogh Museum



Vencedores do Pulitzer com livro sobre Pollock, Steven Naifeh e Gregory Smith lançam no Brasil livro que defende que o artista foi assassinado

RIO - Em 27 de julho de 1890, Vincent Van Gogh havia saído da Estalagem Ravoux, em Auvers, ao norte de Paris, para pintar campos de trigo. No caminho, encontrou René e Gaston Secrétan. De família burguesa, a dupla pagava ao artista bebidas e mulheres. Embora possa soar amistosa, a relação com o pintor era turbulenta. René costumava se divertir trocando o açúcar por sal nos cafés que servia a Vincent. Certa vez, passou pimenta num dos pincéis que o artista, como que para pensar melhor, costumava levar à boca.
E René tinha um revólver.
Naquele dia, Van Gogh voltou à estalagem embriagado — e com um ferimento à bala. Morreu 30 horas depois. Pouco antes, policiais o interrogaram. “Você queria se suicidar?” O pintor soou indeciso: “Creio que sim.” Quando soube que suicídio era crime, disse apenas: “Não acusem ninguém.”
Van Gogh teria protegido seu algoz.
O próprio algoz relatou a cena nos anos 1950 numa entrevista, mas ela não teve repercussão. E é também o relato de René que sustenta boa parte da tese de assassinato do pintor, e não suicídio, defendida por Steven Naifeh e Gregory White Smith em “Van Gogh: a vida”, que a Companhia das Letras lança nesta semana no Brasil. As mais de mil páginas dedicadas ao pintor holandês pós-impressionista, que ficou conhecido pela personalidade caótica e pelas longas cartas ao dedicado irmão Theo, são fruto de dez anos de pesquisas. Daí o ar inédito de relatos quase esquecidos e resgatados agora, como o de René.
Embora não tenham um apurado poder de síntese — além das mais de mil páginas do livro, os autores criaram um site para abrigar as milhares de notas e documentos que sustentam o livro —, Naifeh e Smith têm certo know how em biografias de artistas de vidas conturbadas: em 1991, ganharam o Pulitzer com o livro “Jackson Pollock: An American saga” (ainda inédito no Brasil).
Em entrevista ao GLOBO, o advogado e historiador da arte Steven Naifeh conta como o livro foi elaborado, ataca o mito de que a produção do pintor era fruto de loucura (“Cada cor e cada pincelada em sua arte foram resultado de intenso e focado pensamento”), diz que se sente tentado a biografar Gauguin e afirma que até peritos criminais concordam com a derrocada da ideia de que Van Gogh teria se matado.
Quando e por que o senhor iniciou a pesquisa para a biografia?
Começamos o livro no ano 2000, e foram dez anos para escrever e outro ano para editar e publicar. Mas isso aconteceu porque nós dois trabalhamos seis ou sete dias por semana no livro. E teria levado muito mais tempo, se não pudéssemos digitalizar o gigantesco acervo sobre Van Gogh e organizá-lo também num arquivo digital.
O livro tem recebido boas críticas pela ampla pesquisa. Que obstáculos vocês encontraram no processo?
As mesmas coisas que fazem de Van Gogh um objeto muito atraente fazem também o livro muito difícil de ser escrito. Há tanto material histórico sobre o pintor — certamente mais do que há de qualquer outro grande artista e apenas em parte por causa das cartas enviadas a Theo — que entendemos que estávamos diante de uma oportunidade única de reconstruir a vida e o trabalho do pintor. Permitimos que as pessoas tenham quase a mesma experiência da vida de Van Gogh que ele próprio teve.
Há outras biografias confiáveis que serviram de base?
Existem muitas biografias de Van Gogh e algumas foram muito úteis. Mas, para entender o artista, tivemos que conhecer o museu de imagens que estavam em sua imaginação, assim como a vasta biblioteca de livros que ele leu e releu. Tivemos que conhecer a era em que ele viveu e todos os documentos da época, incluindo as cartas à família. Fomos os primeiros escritores fora do Museu Van Gogh a terem acesso completo a esses documentos. Nós nadamos num oceano de informações.
Observando tudo o que já foi escrito sobre o artista, quais as principais mentiras a respeito de Van Gogh?
Eu diria que o maior erro é a ideia de que sua arte é produto de loucura. Ele foi diagnosticado com epilepsia do lobo temporal. Sofria de sífilis, tinha problemas médicos. Sem dúvida, sua loucura era parte de sua vida, e sua arte era produto de sua vida. Mas sua produção era brilhantemente inteligente e completamente lúcida. Tinha episódios psicóticos, mas nunca trabalhava nesses casos. Cada cor e cada pincelada em sua arte foram resultado de intenso e focado pensamento.
Uma das críticas do “The New York Times” afirma que o livro pode nos fazer crer que o “artista era manipulador”. O senhor concorda?
Não há dúvidas de que Van Gogh era manipulador, especialmente com Theo. É difícil também não vê-lo como egoísta. Depois que Theo passou a apoiá-lo, Vincent continuou pedindo mais dinheiro, mesmo Theo apoiando também sua mãe, uma de suas irmãs, a mulher e o filho. Mas isso é apenas parte do que Van Gogh era. É ingênuo pensar que pessoas incríveis não têm falhas.
Muitos historiadores defendem que o artista se suicidou, e o Museu Van Gogh não aceita o veredicto de assassinato. O senhor acredita que ele era tão autodestrutivo?
A posição oficial do Museu Van Gogh é que “consideradas todas as informações, seria prematuro descartar suicídio como causa da morte”. Isso é razoável. Quando o livro saiu (nos Estados Unidos) a maioria dos curadores e museus com que falamos, além dos peritos criminais que nos contataram, todos concordam conosco.
Depois do Pulitzer, sentiu mais pressão nesse livro?
Absolutamente. Queríamos alguém tão perfeito para um biógrafo como Pollock. Não há muitos candidatos. Se você quer fazer uma biografia de um artista dessa escala, quer que ele tenha um bom trabalho, que tenha influenciado a arte. Quer ter informação para reconstruir tudo e não quer que ninguém tenha chegado lá antes. Van Gogh era perfeito.
Que artistas o senhor acredita que ainda carecem de ampla biografia?
Estamos tentados a escrever sobre Gauguin, mas um livro desse tipo é um investimento assustador que precisamos ter uma longa pausa antes.

Carlinhos Cachoeira é condenado a 39 anos e é preso novamente

Agora faltam serem julgados: Gurgel,  Gilmar, Demóstenes e Policarpo (Veja)

Bicheiro estava em liberdade há pouco mais de 2 semanas


Durou pouco a liberdade de Cachoeir
Pouco mais de duas semanas após ser libertado, o empresário Carlinhos Cachoeira voltou a ser preso na tarde desta sexta-feira (7).
Sua prisão decorre da sentença, dada hoje, do processo criado após as investigações da Operação Monte Carlo, realizada em fevereiro pela PF.
O empresário foi condenado a 39 anos e 8 meses de prisão por diversos crimes, como corrupção ativa, formação de quadrilha e peculato. Segundo a acusação, ele controlava um esquema centrado em jogo ilegal, mas que se expandiu para desvio de recursos públicos por meio de corrupção de agentes estatais.
Com Cachoeira como pivô, as apurações da Polícia Federal levaram a uma crise política, com a criação de uma CPI e a cassação do mandato do ex-senador Demóstenes Torres.
A decisão do juiz da 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia, que o absolve de outras imputações, ainda pode ser contestada em recursos. Antes dessa nova prisão, Cachoeira esteve preso 266 dias. No mês passado, havia conseguido um habeas corpus e deixou a prisão no dia 21 de novembro.
Ele foi preso preventivamente no dia 29 de fevereiro com base nas investigações da Operação Monte Carlo, que apurou esquema de corrupção e exploração ilegal de jogos na região Centro-Oeste. Enquanto o processo corria na Justiça Federal, a defesa do empresário apresentou vários recursos na Justiça, em Brasília, a maioria para libertá-lo.

Teste mede se consumo de álcool está abusivo

Objetivo de novo site é orientar sobre como lidar com a bebida e preservar a saúde

POR Daniele Maia
Rio -  Seu consumo de bebida alcoólica é considerado de baixo risco, ou você tende a sofrer de alcoolismo? Um site lançado ontem pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) traz um teste que responde a esta pergunta. O portal Informálcool (www.informalcool.org.br) também oferece orientações sobre o hábito de beber, além de textos científicos e dicas em geral.
Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
O projeto da Unifesp é em parceria com as universidades federais de Juiz de Fora e do Paraná, e tem apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo a biomédica Maria Lúcia Formigoni, professora da Unifesp e coordenadora do programa no Brasil, o grande objetivo do site é fazer com que as pessoas parem e reflitam sobre seus hábitos de consumo de bebida alcoólica.
“O que você considera apenas ‘um pouco’ já pode trazer sérios problemas. Por isso, é preciso ter limites e saber até onde ir. Por exemplo, para alguns indivíduos, beber 5 ou 6 doses pode ser considerado ‘pouco’. Mas esse ‘pouco’ pode acarretar violência doméstica, acidente de carro ou coisas do tipo”, alerta Maria Lúcia, que coordena também o Departamento de Psicobiologia da Unifesp.
Ao fazer o teste, homens e mulheres têm uma pontuação limite. Para eles, 4 ou mais é considerado “consumo de risco”. Para elas, pontuação 3 ou mais já é sinal de alerta, também.
Nesses casos, o site apresenta um link que direciona o usuário ao programa Beber Menos. “A pessoa se cadastra e pode fazer monitoramento de seus hábitos e consumo regular de bebida. Não é preciso se identificar, se não quiser, mas tem que fornecer um e-mail válido para que possamos nos comunicar e acompanhar esse monitoramento”, explicou Maria Lúcia.
Lançada simultaneamente no Brasil, no México, na Índia e na Bielorrússia, a iniciativa congregra pesquisadores de universidades desses quatro países.

NEON: COMO USAR O TOM DA MODA?

Neon: como usar o tom da moda?

Dicas para você entrar na moda sem exagerar na dose!

Se combinar cores fortes já não é uma tarefa fácil, imagine conseguir um look harmônico com os tons neons? Pois, este será o desafio das brasileiras durante a temporada do verão 2013.
Você já deve ter visto nas vitrines sapatos, calças, blusas e saias com aquelas cores fortes, que mais parecem estar “acesas” e lembram mais aquelas canetas marca-textos. Esses são os tons neons! Confira algumas dicas para acertar no visual!
- O primeiro passo é escolher apenas um item do look para usar no tom de neon. Qualquer número acima de “um” pode representar um exagero e transformar o seu look em algo muito próximo a um integrante de circo!
- Uma boa dica é apostar na mistura de opostos, ou seja, usar o neon com tons sérios e discretos. Misture as peças em neon com roupas bege, off white e caqui. Use também com cinza claro ou com preto.
- As peças em neon caem muito bem com jeans também, principalmente as versões mais escuras. Aí, o cuidado deverá ser com os sapatos, que devem manter a linha “discreta”.
- A maquiagem também precisa ser feita com cautela. Quando for usar uma peça em neon, evite batons e sombras muito fortes. O batom vermelho deve ser excluído do look, sem piedade!
- Tudo bem que o maxi colar está em alta. Mas, eles não combinam com blusas em neon. Neste caso, só mesmo se você estiver usando um short, uma saia, uma calça ou um sapato nestas cores mais fortes.

Cores neon: tendência de moda Verão 2013

Prepare seu guarda-roupa para 2013. As cores neon estão entre as tendências de moda para o próximo Verão.
Ainda estamos no Inverno, mas as tendências de moda para o Verão de 2013  já estão aí. Estilistas do mundo todo sempre acabam apostando na diversidade de cores para as estações mais quentes. Diferentemente do Inverno, em que as pessoas costumam se vestir com roupas e acessórios em tons mais neutros, o Verão exige looks mais coloridos.

O Verão 2013 será uma explosão de cores!
As cores neon marcaram presença no Verão de 2012 e, pelo que se viu nos últimos desfiles do mundo todo, tudo indica que as tonalidades mais “acesas” continuarão na moda de 2013.
Veja outras tendências em: Shorts Jeans – Modelos Verão 2013
As cores neon foram muito usadas nos anos 80. Depois de um bom tempo, meio desaparecidas dos looks, voltaram para ficar. Embora muitas pessoas não gostem da intensidade destas tonalidades, não se pode negar o fascínio que elas exercem sobre a grande maioria, caindo no gosto das crianças e até dos mais velhos.
O próximo Verão permitirá o uso do neon em todos os setores da moda. A tendência mais forte, porém, está nas cores dos biquínis. E isso promete deixar as mulheres mais bonitas, na piscina ou na praia. Imagine um belo bronzeado, em contraste com as cores neon?

A modelo Nicole Bahls é uma das adeptas dos biquínis em cor neon
E o neon estará também nos esmaltes, maquiagens, sapatos e acessórios em geral.

Maquiagem em cores neon

Acessórios em tons neon

Dicas para o uso de cores neon

 A moda permite que as pessoas soltem a imaginação, fazendo combinações que são resultado da personalidade de cada um, em conjunto com as tendências. Mesmo diante desta liberdade, é necessário tomar alguns cuidados, na composição dos looks. As cores neon marcam bastante presença e, por isso, é preciso saber combiná-las bem a outros itens, para que não haja exageros – o que resultará em cafonice.
Quando for usar cores neon, procure combiná-las com acessórios e roupas em tons mais neutros. Veja, como exemplo, os looks das famosas abaixo, em que a neutralidade da roupa foi quebrada pelo uso de calçados em cor neon. O resultado ficou discreto e mais moderno:

Calçados neon quebraram um pouco o visual clássico
Da mesma forma, se optar por esmaltes em neon, procure não usar outra tonalidade acesa nas roupas e acessórios, pois ficaria excessivo. O melhor que você deve fazer é usar um sapato ou bolsa da mesma cor do esmalte, enquanto as outras peças sejam em tons neutros.
A próxima foto traz um look mais formal, em tecido de alfaiataria. Embora seja um look de Inverno, muitas mulheres usam calças e terninhos no Verão, por conta de seu trabalho.

Alfaiataria em neon
Apesar da touca, o visual ficou perfeito, com o conjuntinho em rosa neon. Contudo, se você usa este tipo de roupa em seu trabalho, procure evitar cores como esta. Dentro ou fora da empresa, representando-a, o melhor a fazer é usar tons neutros.
Você tem um tênis branquinho, sem graça e sem uso? Que tal dar uma cara nova para ele, para o próximo Verão? Compre algumas tintas de tecido em cores neon e transforme seu tênis:

Tênis sem graça ganhou cara nova com as tintas neon
A regra para o uso é a mesma: combine com cores neutras. Neste caso, um shorts jeans e uma regata branca ou outra cor discreta, ficaria muito bem com o tênis mais alegre.
Basta ter alguns cuidados, sabendo dosar o uso do neon e seu visual estará alegre e despojado, com a cara do Verão 2013.