12.04.2012

Câncer de tireoide: Tire as sua dúvidas


A tireoide é uma glândula constituída por dois lobos, o esquerdo e o direito, ligados por um istmo. Juntos, eles assumem o formato de uma borboleta de asas abertas, de um escudo ou da letra H.
Os hormônios tireoideanos são fundamentais para o metabolismo. A quantidade que a glândula produz é regulada pela hipófise, glândula situada no cérebro que fabrica o TSH, o hormônio estimulador da tireoide.
TIPOS DE TUMOR

O câncer de tireoide atinge três vezes mais as mulheres do que os homens, na faixa entre os 20 e os 65 anos. Os tipos mais comuns são os carcinomas papilífero, folicular, medular e o anaplásico.
O carcinoma papilífero, responsável por 70%, 80% dos casos, é um tumor pouco agressivo, de evolução lenta. Na maioria das vezes, é diagnosticado num exame de rotina e reage bem ao tratamento. Quando ocorrem metástases, os gânglios linfáticos costumam ser os inicialmente afetados.
O segundo tipo mais frequente é o carcinoma folicular que costuma manifestar-se depois dos 35 anos e oferece risco maior de recidivas e metástases. Nos casos mais avançados, pulmões e ossos são os órgãos em que primeiro se disseminam as células tumorais.
O carcinoma medular é responsável por aproximadamente 5% dos casos de câncer da tireoide. Em geral, trata-se de um tumor mais agressivo, relacionado com certas síndomes genéticas e que secreta uma proteína que acarreta a calcificação dos ossos.
O carcinoma anaplásico corresponde a 2% dos casos de tumores da tireoide. De crescimento rápido, em pouco tempo atinge órgãos à distância, como os pulmões, os ossos e o fígado.

FATORES DE RISCO
Os fatores de risco mais comumente associados ao câncer de tireoide são: 1) radiação na região do pescoço para tratamento de doenças anteriores, ou à que são submetidos certos profissionais no exercício de suas funções ou, ainda, à que foram expostos os sobreviventes de acidentes nucleares;
2) algumas síndromes genéticas e
3) história da doença ou de bócio na família.

SINAIS  e SINTOMAS
Tanto o carcinoma papilífero quanto o folicular costumam ser assintomáticos nas fases iniciais. Quando os sinais aparecem, o mais comum da doença costuma ser o aparecimento de nódulo palpável ou visível na região da tireoide ou do pescoço. Em estágios mais avançados, podem ocorrer também aumento dos gânglios linfáticos e do volume do pescoço, rouquidão, tosse persistente, dificuldade para engolir e sensação de compressão da traqueia .
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de câncer na tireoide considera os achados no exame clínico de palpação da glândula e a presença de gânglios linfáticos aumentados. Entretanto, como apenas pequeno número de nódulos é palpável, exames de imagem como a ultrassonografia, a cintilografia e a ressonância magnética são recursos úteis para o diagnóstico.  O mais importante, porém, é a biopsia de aspiração com agulha fina para identificar a presença ou não de células tumorais malignas.
TRATAMENTO
Em geral, o tratamento do câncer de tireoide é cirúrgico (tireoidectomia total ou parcial) e leva em conta o tipo e a gravidade da doença. Caso as células malignas tenham comprometido os gânglios cervicais, é necessário retirá-los.
Rouquidão e queda de cálcio são complicações da tireoidectomia associadas a lesões de estruturas como os nervos laríngeos e as glândulas paratireoides respectivamente durante a cirurgia.
Depois de quatro a seis semanas da intervenção, o paciente recebe doses terapêuticas de iodo radioativo em ambiente hospitalar para extinguir qualquer tecido remanescente de células tumorais no corpo e evitar metástases. Quando os carcinomas papilíferos e foliculares não respondem a esse tratamento, é possível recorrer à terapêutica antiangiogênica que consiste em bloquear a formação de novos vasos sanguíneos para impedir que as células tumorais recebam nutrientes e oxigênio através da circulação. O passo seguinte é indicar a reposição hormonal com levotiroxina por via oral para substituir os hormônios que deixaram de ser produzidos pela tireoide. Radioterapia, associada ou não à quimioterapia, é recomendada na ocorrência de tumores mais agressivos, como o carcinoma medular e o carcinoma anaplásico.

RECOMENDAÇÕES
* Lembre-se de que o câncer de tireoide é tratável e são altos os índices de cura. Entretanto, em aproximadamente 30% dos casos, a doença pode recidivar. Por isso, é fundamental manter o acompanhamento médico por toda a vida, uma vez que o sucesso do tratamento está diretamente correlacionado com o diagnóstico precoce;
* Não se descuide da reposição do hormônio tiroxina que deixou de ser produzido naturalmente pela tireoide depois que a glândula foi retirada. Ele é indispensável para a regulação harmônica do metabolismo;
* Procure adotar uma dieta equilibrada e saudável.  Entre outras vantagens, a prática regular de exercícios físicos vai ajudar a evitar o excesso de peso.

Tire 12 dúvidas sobre o câncer de tireoide

Doença da presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, é muito comum em mulheres

O câncer de tiroide pode ser considerado o mais comum na região da cabeça e pescoço e acomete, principalmente, as mulheres. No Brasil, correspondeu a 1,3% de todos os casos de câncer matriculados no INCA de 1994 a 1998 e a 6,4% de todos os cânceres da cabeça e pescoço. A seguir, tire as principais dúvidas sobre o câncer de tireoide. 
O que é a tireoide?

A tireoide é uma das glândulas mais importantes do nosso corpo. É ela que regula a produção de hormônios que interferem no funcionamento de vários orgãos do corpo humano, como o coração, os rins, intestino e, no caso das mulheres, regula o ciclo menstrual. Ela tem apenas 25 gramas e fica no pescoço, entre a laringe e a faringe.
Quais são os tipos de câncer de tireoide?

Segundo o endocrinologista Fabiano Tegão Nave, da clínica OrthoHormone, em São Paulo, há três tipos de carcinomas: os bem diferenciados (papilífero e folicular), os moderadamente diferenciados (medular) e os indiferenciados (anaplásico).

- Papilífero: é o mais comum e menos agressivo - corresponde a cerca de 80-85% dos casos de câncer de tireoide.
- Folicular: também é pouco agressivo e corresponde a cerca de 15% dos casos.
- Medular: tipo de câncer um pouco mais agressivo, que corresponde a cerca de 3-5% dos casos da doença.
- Anaplásico: forma bem agressiva e rara que, geralmente, acomete idosos acima dos 70 anos de idade. Corresponde a cerca de 1% dos cânceres de tireoide e costuma ser fatal. 
Quais são os fatores de risco do câncer de tireoide?

Segundo o cirurgião de cabeça e pescoço Dorival de Carlucci, do Hospital São Luiz, em São Paulo, o fator de risco mais conhecido é a exposição à radiação. "Por exemplo, com o acidente nuclear de Fukushima,no Japão, a incidência deste câncer aumentou bastante, assim como aconteceu em Chernobyl e em Goiânia, no acidente radiológico", afirma. Pessoas que trabalham com radiação ou pacientes que realizam muitos exames que envolvam substâncias radioativas também devem estar atentos. 
Nódulos indolores podem ser sinal de câncer de tireoide
É possível se prevenir contra o câncer de tireoide?

Infelizmente, não é possível prevenir este tipo de câncer. "O máximo a ser feito é o diagnóstico precoce", diz Carlucci. 
Quais são os sintomas desse câncer?

O principal sinal é a aparição de um nódulo indolor na tireoide. "Por isso, faz parte do exame clínico apalpar essa região para identificar possíveis nódulos", explica o endocrinologista Pedro Saddi, da Unifesp.  
Como o câncer de tireoide é detectado?

A ultrassonografia confirma a presença do nódulo. "Hoje em dia, o ultrassom está cada vez mais potente. Ele detecta nódulos cada vez menores e ainda informa a quantidade, se ele é sólido etc.?, explica o cirurgião do Hospital São Luiz. ?Essas são pistas necessárias para a detecção correta do câncer.?

No entanto, para saber se ele é benigno ou maligno, o paciente deverá ser submetido a uma biópsia. "O diagnóstico de câncer é feito com a punção aspirativa com agulha fina (PAAF), que consiste na introdução de uma agulha fina no nódulo e aspiração do conteúdo dele. O material será encaminhado a um patologista, que irá analisar as células colhidas e diferenciar se o nódulo é maligno ou não", esclarece o endocrinologista Fabiano Nave. 
Quais são os tratamentos para este tipo de câncer?

O tratamento tem três etapas: a remoção cirúrgica, chamada de tireoidectomia, a ablação da tireoide remanescente e a terapia hormonal supressiva.

Cirurgia: com a detecção do câncer, os médicos realizam a tireoidectomia, ou seja, removem a tireoide.

Ablação da tireoide remanescente: ao contrário de outros tipos de câncer, a radioterapia externa não funciona no câncer de tireoide. Por isso, o paciente ingere iodo radioativo, que irá destruir as células de tireoide que sobraram depois da cirurgia. "A região do pescoço é muito delicada. Por isso, nem sempre isso é possível retirar completamente a glândula da tireoide. Aí entra o iodo radioativo", conta Dorival de Carlucci.  
Ultrassom detecta o câncer de tireoide
Segundo o cirurgião, a tireoide precisa de iodo para funcionar. Nesse procedimento, o paciente fica um período de 20 a 30 dias sem receber iodo e, quando recebe, a substância vem em forma radioativa. As células de tireoide que sobraram irão se alimentar deste iodo que, por ser radioativo, irá destruí-las.  
"Ela é indicada apenas para os casos de câncer papilífero e folicular, menos agressivos, pois não funciona com os tipos medular e anaplásico?, conta o endocrinologista Fabiano. O médico também conta que existem grandes controvérsias sobre o tratamento ablativo em tumores pequenos (menores que 1 cm). ?Nesses casos, o tratamento com iodo deve ser discutido com o médico responsável pelo caso", afirma. 
Terapia hormonal supressiva: como o tratamento remove completamente a tireoide, o paciente desenvolve o quadro de hipotireoidismo. Como essa glândula produz hormônios fundamentais para a manutenção da vida, torna-se necessário repor essa falta de maneira artificial. "A reposição hormonal é feita com o hormônio tireoidiano T4 sintético (levotiroxina), tomado uma vez ao dia, em jejum", diz Fabiano Nave. 
No Brasil, o mais comum é que se retire completamente a glândula, pois, segundo Dorival de Carlucci, o câncer se manifesta dos dois lados em 50 a 60% dos casos.
O cirurgião Dorival de Carlucci explica que essa terapia, ao mesmo tempo em que repõe os hormônios, impede o crescimento de um possível tumor que tenha resistido. Isso porque a reposição hormonal faz com que a hipófise - área do cérebro que controla a glândula - pense que a tireoide está trabalhando e, dessa forma, não estimulará o seu funcionamento. Com isso, dois problemas são resolvidos: o hipotireoidismo e o risco de alimentar possíveis tumores. Esse tratamento deve ser feito durante, pelo menos, cinco anos. 
É sempre necessário remover a glândula tireoide completamente?

No Brasil, o mais comum é que se retire completamente a glândula, pois, segundo Dorival de Carlucci, o câncer se manifesta dos dois lados em 50 a 60% dos casos. "A tireoide é parecida com uma borboleta. Em alguns casos, é como se o câncer ocorresse nas duas asas. No entanto, em alguns lugares do mundo, preconiza-se a remoção de apenas um dos lados da 'asa' em pacientes considerados de baixo risco, ou seja, com menos de 45 anos, que tenham tumores únicos, sem nenhum outro nódulo na glândula e cujo nódulo detectado seja inferior a dois centímetros", pontua o cirurgião. 
É verdade que o tratamento deste câncer deixa a pessoa rouca ou modifica a sua voz?

"Quando realizada por cirurgião especialista, o risco de complicações mais sérias decorrentes desta cirurgia, como a rouquidão permanente, é menor do que 1% dos casos", afirma Abrão Cury, supervisor de Clínica Médica do HCor, em São Paulo. Isso acontece porque, conta Dorival de Carlucci, atrás da tireoide, bem encostada, existe um nervo, responsável pela movimentação das pregas vocais.  
Ultrassom também serve para acompanhar paciente depois da cura
"A cirurgia tem que ser precisa o suficiente para separar a glândula do nervo, mas nem sempre isso é possível, pois, em alguns casos, o câncer pode extravasar a tireoide e chegar ao nervo. Nessa situação, é obrigatório cortar o nervo, aí o paciente fica rouco", diz o cirurgião do Hospital São Luiz. 
O que é feito depois do tratamento do câncer?

Depois do fim do tratamento, o paciente deve ser acompanhado com certa frequência. "Ele deverá fazer exames de imagem periodicamente, como ultrassom do pescoço e radiografia do pulmão a cada seis meses ou um ano", diz Dorival de Carlucci. Isso porque, segundo o cirurgião, a região do pescoço e dos pulmões e dos ossos são as mais ocorrentes no que se refere à metástase do câncer.

Além disso, é feita a dosagem periódica da tireoglobulina, substância produzida pela tireoide. "A substância fica zerada em quem não tem a glândula. Se a tireoglobulina subir no sangue, é indício de metástase em alguma parte do corpo", completa. 
Qual são as pessoas mais atingidas?

Mulheres de 30 a 40 anos costumam ter mais nódulos de tireoide. "Para que se tenha noção, 40% das mulheres apresentam qualquer tipo de nódulo na glândula. Dessas, 8% tem câncer", aponta o cirurgião Dorival de Carlucci. 
Quais são as chances de cura?

Os números são altos: aproximadamente 97% dos pacientes são curados.  
Qual é o índice de recorrência?

Segundo Dorival de Carlucci, do Hospital São Luiz, 3% dos portadores de câncer de tireoide acabam passando pelo processo de metástase.  


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