"A insistência de Michel Temer em dizer que não será candidato em
2018 não deve ser vista como fingimento". "No Brasil de 2016, a única certeza duradoura é a
desvalorização do voto popular. Tornou-se uma mercadoria de alto risco,
um direito desvalorizado, que a visão golpista identifica com
oportunismo, irresponsabilidade e demagogia - exatamente como ocorria
nos primeiros anos da ditadura de 64"; "Isso se explica pelo caráter
extremo e radical do ajuste que se pretende impor ao país, que só poderá
ser implantado caso a maioria da população seja mantida numa situação
de absoluta impotência política, destituída de qualquer meio de
resistência, a começar pelo voto", completa PML; para ele, "tudo será
feito para que o povo não possa votar. Esta é a mensagem"
Em carta enviada neste sábado 13 aos países do Mercosul, o chanceler
interino José Serra aponta como um dos argumentos para quebrar as regras
do Mercosul a suposta ausência de democracia na Venezuela; no texto, o
tucano afirma que o país governado por Nicolás Maduro "descumpriu
unilateralmente" o protocolo de adesão ao bloco e promete trabalhar para
fortalecer laços e "restabelecer a democracia" no país; golpe
brasileiro já foi denunciado por senadores franceses, pela maior
entidade de intelectuais dos Estados Unidos voltada para a América
Latina, a LASA, pelo senador americano Bernie Sanders e por toda a
imprensa internacional; Serra foi também delatado por Marcelo Odebrecht
por um caixa dois de R$ 23 milhões
BRASIL
Presidente Dilma Rousseff se manifesta contra a repressão a
manifestações que vêm ocorrendo em todo o Brasil contra o governo
interino de Michel Temer, especialmente durante a Olimpíada; "O povo na
rua se manifestando pacificamente é uma das melhores expressões de um
País democrático", postou Dilma no Twitter neste sábado 13; "Reprimir
essas manifestações, como aconteceu no Rio de Janeiro e com os
estudantes em São Paulo, é um golpe à nossa democracia", completou;
nessa semana, atos nas duas cidades contra o governo interino e os
"jogos da exclusão" foram reprimidos pela Polícia Militar; na noite
desta sexta, no Mineirão, um policial disse que contra Temer podia ter
protesto, mas contra a Globo, não; vídeos de manifestações em
arquibancadas mostram que atos também vinham sendo reprimidos, com
cartazes tomados e torcedores expulsos dos locais
Jornalista Mehdi Hassan, que faz o programa Up Front, um dos
mais populares da Al Jazeera, divulgou vídeo neste fim de semana em que
fala sobre a hipocrisia do golpe brasileiro; ele lembra que a presidente
Dilma Rousseff foi afastada temporariamente para que se colocasse em
seu lugar um interino inelegível por fraudes eleitorais, chamado Michel
Temer; Hassan ironiza ainda a proteção a Eduardo Cunha, o cérebro do
golpe, e lembra que 303 deputados e 49 senadores brasileiros são
investigados por acusações muito mais graves do que as que pesam contra
Dilma; "Olhem-se no espelho", diz ele; Hassan é o mesmo que,
recentemente, fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso passar
vergonha numa entrevista à Al Jazeera; assista seu novo vídeo
247 – Um dos
maiores exemplos de hipocrisia. Assim o jornalista Mehdi Hassan, que faz
o programa Up Front, um dos mais populares da Al Jazeera, retrata o
golpe brasileiro de 2016. Hassan divulgou um vídeo neste fim
de semana sobre o caso. Nele o âncora lembra que a presidente Dilma
Rousseff foi afastada temporariamente para que se colocasse em seu lugar
um interino inelegível por fraudes eleitorais, chamado Michel Temer. Hassan ironiza ainda a proteção a
Eduardo Cunha, o cérebro do golpe, e lembra que 303 deputados e 49
senadores brasileiros são investigados por acusações muito mais graves
do que as que pesam contra Dilma. "Olhem-se no espelho", diz ele, que também cita os três ministros já demitidos por Temer por escândalos. Hassan é o mesmo que, recentemente,
fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso passar vergonha numa
entrevista à Al Jazeera (relembre aqui). Assista seu novo vídeo na página do Up Front no Facebook.
"A nota 'Curitiba Games', coluna Expresso, veiculada na revista Época
faz a categórica afirmação de que, 'irritados', investigadores da Força
Tarefa da Lava Jato estariam preparando uma denúncia contra o
ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva", diz nota divulgada neste
sábado pelos advogados de Lula; de acordo com eles, "a prática de atos
de persecução penal em conluio com setores da imprensa e motivados por
desejos e sentimentos dos agentes públicos envolvidos contraria qualquer
noção de devido processo legal e de processo justo", o que será
novamente levado à Corte de Direitos Humanos das Nações Unidas
No quinto capítulo do livro sobre o impeachment da presidente Dilma
Rousseff, o jornalista Raimundo Rodrigues Pereira destaca que, para se
condenar alguém, são fundamentais três cuidados, e o primeiro deles é a
necessidade de se mostrar algo como um cadáver, ou seja, o crime tem de
ser concreto, material; o autor detalha o parecer pró-golpe do senador
Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da Comissão Especial do
Impeachment, e diz que o importante do documento não é o que Anastasia
diz e que todos sabem e com o que concordam, mas o que ele não diz ou
não destaca. Por exemplo, que os 62,3% da dívida bruta como porcentagem
do PIB do governo Dilma no final de 2015 eram menores do que os 64,9% da
mesma dívida no final de 2002, último ano do segundo mandato de FHC
Dilma Rousseff pretende dividir a
já célebre carta sobre o impeachment em duas partes. A primeira será
enviada ao Senado nos próximos dias. A outra deve ser divulgada no dia
de seu afastamento definitivo, se ele ocorrer.
A segunda será, de acordo com aliados,
um documento “para a história”, uma espécie de carta-testamento, como
foi a que Getúlio Vargas deixou ao se suicidar, em 1954. Dilma deve
falar da memória do país e das lutas da esquerda brasileira em
contraponto às forças contrárias, introduzindo-se, e também a Lula,
nesse contexto.
A carta ao Senado, por sinal, deverá ter, sim, a palavra “golpe”.
“A presidenta me disse que vai usar essa
expressão, que define com precisão o momento que vivemos”, diz o
senador Lindberg Farias (PT-RJ). Ele se reuniu com ela na noite de
quinta (11).
O uso da palavra “golpe” na carta virou
uma novela. Ela saiu do rascunho do documento pela primeira vez por
sugestão do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que passou os últimos
meses dizendo estar indeciso sobre o impeachment mas votou a favor da
saída da presidenta.
O ministro-chefe da Casa
Civil, Eliseu Padilha, disse, em vídeo divulgado hoje (12) por sua
assessoria, que, sem uma reforma da Previdência Social que possibilite
amenizar os déficits que vêm sendo registrados, “não vai haver mais a
garantia do recebimento da aposentadoria” pelos beneficiados. O vídeo foi publicado na página do Gabinete Civil no Facebook. “A reforma da Previdência é indispensável para que o Brasil
volte a ter confiança, seja no mercado interno ou externo. O déficit da
Previdência em 2015 foi R$ 86 bilhões. Em 2016, foi R$ 146 bilhões, e,
em 2017, entre R$ 180 e R$ 200 bilhões. Isso não pode continuar sob pena
de não conseguir mais pagar a aposentadoria”, disse o ministro. Eliseu
Padilha disse que, sem uma reforma da Previdência que possibilite
amenizar os déficits, “não vai haver mais a garantia do recebimento da
aposentadoria" “Então, tem de mudar para preservar, porque se não mudar, não vai haver mais a garantia do recebimento da aposentadoria”, afirmou. Segundo
o ministro, as mudanças defendidas pelo governo não vão colocar em
risco os direitos já adquiridos pelos trabalhadores. “Ninguém perderá
nenhum direito adquirido. Não precisa correr para o posto do INSS. Todo
mundo terá o seu direito preservado. Não perderá absolutamente nada”,
finalizou Padilha.
Desde 2013 o Brasil vive momentos de tensão política e social.
Indubitavelmente, o resultado desse processo foi uma derrota política
retumbante do governo Dilma Rousseff, do seu partido, o PT, e da
esquerda brasileira de uma maneira geral. Essa alteração é complexa e
envolve uma miríade de variáveis, as quais podem ser categorizadas com
profundidade. Análise essa que escapa dos objetivos deste pequeno texto.
Entretanto,
é possível observar que houve uma derrota no campo das ideias e no
imaginário da “opinião pública”, simbolicamente direcionada ao PT. De
forma mais abrangente, é possível dizer que a esquerda brasileira perdeu
corações e mentes no período recente. A despeito de seus enormes erros
na condução do partido e dos governos, a transformação que se deu no
poder foi paulatinamente construída pelos conservadores.
As
ideias antagônicas foram constantemente plantadas, de maneira nítida a
quem consegue enxergar além das obviedades: seja na mídia tradicional,
seja nos partidos políticos, seja no enfoque pontual de problemas
estruturais. É do jogo. A disputa de ideias e de versões é constante em
qualquer sociedade minimamente sadia e organizada.
As disputas
entre os “progressistas” e “conservadores” não conformam uma
especificidade do nosso tempo e tampouco do Brasil. O PT apenas
encabeçou um grupo que possui alguma articulação desde o PTB, pelo
menos. Podemos chamar esse segmento de “centro-esquerda”, com
enraizamento em setores populares. Quer dizer, não são grupos políticos e
sociais que buscam acabar com o capitalismo, mas compreendem que
existem distorções históricas e mesmo do próprio sistema que requerem
interferências de políticas públicas e, portanto, do Estado.
No
campo econômico, particularmente, tais grupos partem da visão de que é
preciso correções na distribuição porque o livre mercado tende a
concentrar a renda e a riqueza. Seja porque uns capitais são maiores do
que outros, seja porque há assimetria na relação capital-trabalho, seja
porque os países estão em estágios distintos de acúmulo de capital e,
por consequência, de inserção tecnológica.
No caso do PT, ao
longo dos últimos governos, houve uma identificação de grupos populares
com as políticas implementadas, como as de transferência direta de
renda, elevação do salário mínimo em termos reais e políticas de acesso à
educação superior. Sejam esses grupos mais ou menos conscientes disto,
os 13 anos de governo “do PT” proporcionaram uma inclusão social nunca
ocorrida no Brasil.
Ao redor do mundo, há segmentos mais à
direita que também patrocinam tais políticas. Não por acaso, desde o
século XIX, traços social-democratas nasciam na direita e no
conservadorismo, o caso alemão é icônico. Remediar os pobres e ampliar
direitos sociais, trabalhistas e civis era uma forma de garantir a
estabilidade social em um sistema que reproduz cronicamente a
desigualdade.
Sob outra perspectiva, pode-se dizer que dominar
grupos sociais exige sacrifício. Aqueles que exercem o poder precisam de
consentimento dos dominados. A dominação não ocorre mais através da
força bruta, como era nas sociedades mais primitivas. Os dominados
precisam se sentir beneficiados com o sistema para que haja
estabilidade. Coloquialmente, essa ideia está na analogia de entregar
alguns anéis e preservar os dedos.
Contudo, no caso brasileiro,
os grupos políticos que emergem ao poder não parecem ter tais intenções.
Os sinais autoritários são claros. Na proibição de protestos nos
estádios, na tentativa de restringir o pensamento crítico que contesta a
ordem social posta (sob o rótulo de “escola sem partido”) , na
constante tentativa de criminalizar e desqualificar a esquerda, seus
representantes políticos e intelectuais.
Além de tirar o PT do
poder, os grupos mais conservadores querem aniquilar com o partido e com
tudo o que ele representa. O Ministro do STF Gilmar Mendes chegou a
ensaiar um pedido de cassação do partido, tal qual ocorreu com os
“comunistas” após o golpe de 1964. Eles não querem adversários que
contestem seu poder, sua ordem e o modus operandi na Terra Brasilis.
Suas
intenções no campo da organização são igualmente claras: privatizações,
perda de direitos sociais e trabalhistas, enxugamento das políticas
públicas como saúde, educação e assistência social, redução de salários,
congelamento de gastos e sepultamento da constituição de 1988.
A
derrota do PT parece irreversível. É bastante provável que haja uma
disputa nas esquerdas pelo seu espólio, ou mesmo internamente, caso o
partido sobreviva. Cabe a reflexão, entretanto, do que ocorrerá caso o
partido seja banido e não haja um substituto à altura. Ora, o partido
nunca foi revolucionário e sempre esteve de acordo com a ordem posta,
ele propõe apenas remédios e ajustes para que haja maior justiça social e
menor desequilíbrio econômico. É um partido que representa a
conciliação de interesses, a partir da voz dos trabalhadores e dos mais
excluídos. Sem esse campo político, sob o nome de “PT” ou sob outro
agrupamento, a possibilidade de conciliação é mais difícil.
O
Brasil é um país bastante heterogêneo, desigual, com um passivo social
de 388 anos de escravidão, com periferias imensas nas principais
capitais. É preciso ter em mente que 50% da população recebe menos de R$
1.300,00 mensais! Na derruba recente, os grupos populares não saíram em
massa às ruas para defender o governo, possivelmente por insatisfações
diversas, já sentindo os efeitos do austericídio de 2015.
A
partir do momento em que esses grupos sentirem na pele o que representa o
aniquilamento da esquerda e sem uma direita consciente de que é preciso
atender aos dominados, os riscos de disrupção social não são pequenos.
Indaga-se se o caminho escolhido pela elite brasileira de destruir seus
adversários é mesmo inteligente. Aniquilar a voz e os direitos dos
dominados pode ter efeitos deletérios sobre os interesses de quem
executa essas articulações
No ato em defesa do juiz Sérgio Moro, atriz elogiou ‘civilidade’ de Curitiba e disse que Norte e Nordeste não sabem da Lava Jato
A participação de artistas no ato em defesa do juiz Sérgio Moro,
responsável pela Operação Lava Jato, está dando o que falar. Os atores
Victor Fasano, Lucinha Lins, Luana Piovani, Susana Viera e Jorge
Pontual, além do cantor Fagner, participaram do evento em Curitiba.
Porém, o que marcou o encontro foi uma declaração de Susana durante uma
entrevista, que foi considerada preconceituosa.
“Eu acho que as pessoas do Norte e Nordeste não têm conhecimento do que
está sendo feito aqui [em Curitiba]. Tem que espalhar isso para o
Brasil”, disse. Em contrapartida, fez diversos elogios à capital do
Paraná: “Uma das capitais mais adiantadas do Brasil em civilidade,
educação, limpeza, educação das crianças”.
A hashtag #norteenordeste ficou entre os assuntos mais comentados do
Twitter na manhã de terça-feira (9) e gerou inúmeras críticas a Susana.
Em 2012, ao interpretar Maria no espetáculo A Paixão de Cristo, em Nova
Jerusalém (PE), a atriz já havia se referido ao Nordeste como uma região
atrasada e miserável.
Na rede social, o também ator José de Abreu não deixou o assunto passar
em branco. “Na boa, Susana Vieira, Victor Fasano e o ator pornô [se
referindo a Alexandre Frota] é tudo o que eles têm no meio artístico? Tá
‘maus’! Susana Vieira pensa que o Nordeste é feito de idiotas?”,
questionou.
“Será que Fagner concorda com a Susana Vieira? O Nordeste não sabe o que
é a Lava Jato. O futuro vai cobrar a fatura dos artistas que apoiam o
passado”, prosseguiu. Fonte: Forum.
Esposa
do ex-presidente da Câmara dos Deputados não está sendo encontrada para
intimação pessoal. Ela é ré em ação penal na Lava Jato, por evasão de
divisas e lavagem de dinheiro
Estadão Conteúdo
Brasília
- O juiz federal Sérgio Moro mandou a mulher do ex-presidente da Câmara
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) apresentar 'de imediato' seu novo endereço. Ré
em ação penal na Operação Lava Jato, por evasão de divisas e lavagem de
mais de US$ 1 milhão, Cláudia Cruz não está sendo encontrada para
intimação pessoal. A mulher de Cunha é acusada de ter evadido
dinheiro e lavado US$ 1 milhão provenientes de crimes praticados pelo
ex-presidente da Câmara no esquema de corrupção na Petrobrás. Em
despacho na terça-feira, 9, Moro afirmou que foi programada a audiências
das testemunhas de acusação do processo para 26 de agosto e que 'há
dificuldades para intimação pessoal da acusada Cláudia Cordeiro Cruz'. "O endereço disponível nos autos informado pela defesa era o endereço da Presidência da Câmara, não mais ocupada pelo marido
da acusada", afirmou Moro. "Não há outro endereço disponível. A defesa
contatada por telefone não prestou objetivamente informações sobre o
endereço residencial." Reprodução
Cunha e sua esposa, a jornalista Cláudia Cruz
Após renunciar ao mandato de presidente da Câmara, em 7 de julho, Eduardo Cunha devolveu as chaves da residência oficial em Brasília, em 1º de agosto. O deputado suspenso vai ocupar um apartamento funcional oferecido pela Casa.
O
juiz da Lava Jato afirmou taxativamente que 'é dever da defesa manter o
Juízo informado sobre qualquer mudança de endereço de seu cliente'. "É
evidente que aqui não há um propósito de ocultação, mas apenas a
intenção da defesa de ter mais prazo para se manifestar sobre o despacho
(que trata da audiência). Não obstante, a recusa além de violar dever
processual prejudica o andamento do processo. Assim, intime-se a defesa
para apresentar de imediato o endereço atual e onde a acusada Cláudia
Cordeiro Cruz pode ser encontrada", determinou o magistrado.
"Esclareço que isso não afetará o prazo para manifestação. Faça-se a intimação por telefone ou outro meio expedito, já que inviável esperar o prazo do processo eletrônico." Esta não é a primeira vez
que a Justiça Federal encontra dificuldade para intimar Cláudia Cruz.
No fim de junho, após o juiz Moro aceitar a denúncia da Procuradoria da
República contra ela, a Justiça tentou por duas vezes achar a mulher de
Eduardo Cunha para informá-la que havia se tornado ré no processo. Defesa O
advogado Pierpaolo Bottini, que defende a mulher do deputado Eduardo
Cunha, afirmou que ela está à disposição da Justiça para prestar todos
os esclarecimentos. Pierpaolo esclareceu que Cláudia Cruz estava de
mudança (da residência oficial da Presidência da Câmara). "Uma vez
instada, a defesa apresentou dois endereços de Cláudia, tanto em
Brasília como no Rio", disse Pierpaolo Bottini. "Mais que isso, ela se
deu por intimada, dispensando a necessidade de intimação pessoal no
sentido de contribuir com a Justiça e dar celeridade ao procedimento.
Claramente, não há nenhum interesse em procrastinar, mas interesse em
colaborar com a Justiça."
Depois de comandar o golpe parlamentar, deputado afastado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conseguiu colocar de joelhos o interino Michel
Temer e seu sucessor na Câmara, Rodrigo Maia; Cunha mandou avisar que
não admite ser cassado; para ele, Temer e os partidos que apoiam o seu
governo lhe devem gratidão por ter deflagrado o golpe; caso seja
ignorado, ameaça reagir; não é a toa que a votação da sua cassação ficou
para 12 de setembro, após o impeachment e numa segunda-feira, dia de
quórum fraco; para o jornalista Kennedy Alencar, adiar a votação sobre
Cunha "mostra que o governo e boa parcela da Câmara temem segredos que
Cunha possa tornar públicos" e "uma clara articulação para facilitar a
vida do ex-presidente da Câmara"
247 - O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB)
mandou avisar que não admite ser cassado. Admite menos ainda ser enviado
para casa antes do impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff. Em
privado, Cunha diz que Michel Temer e os partidos que apoiam o seu
governo lhe devem gratidão por ter deflagrado o golpe. Ignorado, ameaçou
reagir. E seu encontro com a guilhotina foi empurrado para 12 de
setembro —uma segunda-feira, dia de quórum fraco. Contrariando aqueles
que esperavam a votação para agosto, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM) deu nova sobrevida ao antecessor. Segundo o jornalista Josias de Souza, "empenhado em evitar confusões
que coloquem em risco o afastamento de Dilma, o Planalto celebra o
silêncio de Cunha". Ele complementa: "Na Câmara, o mutismo da maioria
evidencia o poder de fogo do personagem. Nesse cenário, basta que um
deputado agache no plenário para ser considerado um político de grande
altivez". O jornalista Kennedy Alencar faz avaliação semelhante. Para ele,
adiar a votação de Cunha para 12 de setembro "mostra que o governo e boa
parcela da Câmara temem segredos que Cunha possa tornar públicos" e
"uma clara articulação para facilitar a vida do ex-presidente da
Câmara". "Aprovar o impeachment de Dilma e dar a Cunha a chance de escapar
confirma o uso de dois pesos e duas medidas e reforça a tese de um golpe
parlamentar contra a petista", ressalta.
Ele pontua que "será um escândalo realizar essa votação num dia de
baixa presença no Congresso Nacional". "Como são necessários 257 votos
dos 513 deputados para que Cunha seja cassado, essa data é um presente
para o peemedebista e um tapa na cara da sociedade diante da quantidade
de acusações graves que pesam contra ele", diz.
"Recentemente, Emílio Odebrecht, presidente do conselho da maior
empreiteira do País que leva o sobrenome da família, recebeu o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conversa delicada. FHC
falou sobre a possibilidade de um abrandamento da denúncia envolvendo
José Serra e Aécio Neves", informa o jornalista Maurício Dias, da Carta
Capital; "Emílio, delicada e amavelmente, respondeu mais ou menos assim:
'Temos 52 executivos. Se quiséssemos, não teríamos condições de
influenciá-los'
FHC pediu a Emílio Odebrecht blindagem para Serra e Aécio
"Recentemente, Emílio Odebrecht, presidente do conselho da
maior empreiteira do País que leva o sobrenome da família, recebeu o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conversa delicada. FHC
falou sobre a possibilidade de um abrandamento da denúncia envolvendo
José Serra e Aécio Neves", informa o jornalista Maurício Dias, da Carta
Capital; "Emílio, delicada e amavelmente, respondeu mais ou menos assim:
'Temos 52 executivos. Se quiséssemos, não teríamos condições de
influenciá-los'”
12 de Agosto de 2016 às 10:33
Por Maurício Dias, na coluna Rosa dos Ventos (Carta Capital) Recentemente, Emílio Odebrecht,
presidente do conselho da maior empreiteira do País que leva o sobrenome
da família, recebeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma
conversa delicada.
Encontro
posterior ao vazamento de trechos das delações premiadas dos executivos
da empresa e, principalmente, a de Marcelo Odebrecht, filho de Emílio,
preso em Curitiba pela Operação Lava Jato.
FHC falou sobre a possibilidade de um abrandamento da denúncia envolvendo José Serra e Aécio Neves.
Emílio,
delicada e amavelmente, respondeu mais ou menos assim: “Temos 52
executivos. Se quiséssemos, não teríamos condições de influenciá-los”.
E arrematou: “Se não temos condições aqui dentro, imagine lá fora”.
O cheiro acre do gás lacrimogêneo
pairou ontem sobre a rua da Consolação, em São Paulo, onde a Polícia
Militar dispersou com bombas e cassetetes um protesto estudantil. Um
outro confronto entre policiais e secundaristas, na Praça Roosevelt, já
havia produzido 13 prisões, inclusive a apreensão de alguns menores,
segundo publicou no Facebook o movimento Território Livre. Os estudantes
não protestavam contra Temer mas contra o projeto “escola sem partido”,
que tramita na Câmara, apoiado por um movimento conservador, e visa
esvaziar de conteúdos críticos os currículos e práticas pedagógicas no
ensino fundamental e médio. Mais informações em https://www.facebook.com/tlivre A ação policial contra os estudantes
foi mais um ensaio da escalada repressiva que se anuncia no horizonte
da vida depois do golpe. Precisamos nos adaptar ao lema de Temer, Ordem e
Progresso. É disso que falam ensaios como este, bem com a proibição de
protestos nos Jogos Olímpicos do Rio. Precisamos entender que daqui para
a frente tudo será diferente, não haverá complacência com protestos,
movimentos sociais, com aquela farra democrática a que estávamos
acostumados. Temer tenta enquadrar o Brasil mas é
enquadrado pelas elites. Por isso disse aos empresários que não será
candidato à reeleição em 2018. Com os sinais de reprovação à gastança e
ás medidas populistas, os que de fato mandam no país avisaram ao
interino que está para ser efetivado: “não foi para isso que te
colocamos aí”. Mas para implementar a agenda
neoliberal que é a razão do impeachment de Dilma, Temer vai ter que
reprimir. E para isso, é bom ir ensaiando. Um ensaio no Rio, outro em
São Paulo, afora as operações atabalhoadas contra supostos terroristas.
Tudo isso lembra um passado que parecia sepultado. Não é paranoia. Não
vê quem não quer.
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para 12 de
setembro a votação da cassação do mandato de Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
uma segunda-feira, a 20 dias das eleições municipais; aliados já
comemoram a provável impossibilidade de se ter quórum no primeiro dia
útil da semana, somado ao esvaziamento que haverá em plenário próximo da
data do pleito municipal; para votar a cassação, são necessários ao
menos 257 votos; Paulinho da Força (SD-SP) comemorou descaradamente a
escolha da data; Jovair Arantes (PTB-GO) foi outro, ao dizer que o
quórum não pode ser controlado pela Câmara nesse período; fiéis
escudeiros de Cunha, que disse ao delator Júlio Camargo que sustentava
200 deputados, já imaginam que a votação ocorra apenas em novembro
Apesar de a Operação Lava Jato e a mídia anti Lula tentarem
transformar em verdadeiros palácios imóveis que afirmam que o
ex-presidente só poderia ter adquirido aceitando propina, na verdade os
já lendários tríplex no Guarujá e Sítio em Atibaia são propriedades
modestas, de classe média, e, mesmo que fossem de Lula, seriam
compatíveis com seus rendimentos. O apartamento de número 164 A do edifício Solaris, no Guarujá, tem
215 metros quadrados. É um imóvel típico de classe média. O Blog fez uma
pesquisa e descobriu que os apartamentos desse prédio pertencem a
gerentes de banco, médicos, advogados e até a representantes comerciais,
entre outros. Apesar de toda a mística criada pela mídia, não é sem razão que as
imagens do apartamento em si que a mídia divulga são sempre imagens
publicitárias do empreendimento imobiliário, em geral produzidas em
computador e mostrando o apartamento mobiliado. A intenção é a de vender
ao público a imagem de um imóvel nababesco. Vale conferir imagens mais, digamos, “pé no chão” do imóvel pelo qual
a Lava Jato e a mídia anti Lula dizem que o ex-presidente vendeu sua
alma. Quanto ao preço desse imóvel que dizem que fez Lula perder a cabeça e
roubar o país, a mídia diz que custa “entre 1,5 e 1,8 milhão de reais”.
As avaliações pouco confiáveis da mídia antipetista e antilulista podem
ser conferidasaqui, aqui ou aqui Um detalhe: não existe prova de que o apartamento pertença a Lula,
apesar de ser um imóvel tão modesto (em se tratando de um
ex-presidente). Para termo de comparação, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso comprou recentemente um apartamento de 200 mil euros para filho que teve – ou que pensou ter tido – fora do casamento e outro apartamento de 950 mil reais para a nova esposa, 46 anos mais jovem que ele. De onde vem o dinheiro para o tucano comprar imóveis tão caros para
dar de presente? Qual é a atividade de FHC que está lhe rendendo tanto
dinheiro? Para Ministério Público, Polícia Federal etc., não vem ao
caso. Quanto ao sítio em Atibaia que os inimigos de Lula na mídia, no
Ministério Público e na PF dizem ser dele, esse é alvo de uma campanha
ridícula que tenta transformar uma propriedade de meros 800 mil reais
(valor lançado em escritura e que não sofreu contestação dos
investigadores anti Lula) em outra propriedade nababesca. A mídia chegou a alardear que o sítio em Atibaia (SP) que dizem ser
de Lula tem “até um Cristo Redentor”. Nas imagens abaixo, você confere
essa propriedade “faraônica”. No último domingo, porém, um fato inédito no jornalismo corporativo
brasileiro mostra quão diferentes são os critérios para tratar homens
públicos no Brasil. Reportagem do
jornal Folha de São Paulo revelou que executivos da empreiteira
Norberto Odebrecht afirmaram aos investigadores da Operação Lava Jato
que a empresa pagou ao ministro das Relações Exteriores, José Serra
(PSDB-SP), R$ 23 milhões por baixo do pano. No âmbito da delação premiada de executivos e do próprio presidente
da empreiteira, para comprovar que houve o pagamento por meio de caixa
dois a Serra a Odebrecht vai apresentar extratos bancários de depósitos
realizados fora do país que tinham como destinatário o ex-governador de
São Paulo e atual senador pelo Estado. A Folha também apurou que funcionários da companhia relatarão que os
pagamentos foram propina a Serra no período em que ele foi governador de
São Paulo (de 2007 a 2010). Os pagamentos estariam vinculados à
construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas, obra que não termina
nunca – os tucanos governam São Paulo há vinte anos e essa obra já dura
uma década. Contudo, a cereja do bolo é que, em valores atualizados, a suposta propina atinge 34,5 milhões de reais. Vale lembrar que a Odebrechet é só uma das empreiteiras que acusam
Serra. Em junho, saiu timidamente na imprensa antipetista que a
empreiteira OAS também
afirma, em acordo de delação premiada, ter pago propina a Serra. O
valor dos pagamentos não foi divulgado, mas é perfeitamente verossímil
supor que não sejam valores muito diferentes dos denunciados pela
Odebrechet. Este Blog não acredita na denúncia contra Serra, assim como não
acredita nas denúncias contra Lula. Em benefício do Estado Democrático
de Direito, ambos devem ser considerados inocentes enquanto seus
acusadores não provarem o que dizem. Lula foi acusado sem provas, com base em suspeitas e especulações de
procuradores. Serra foi acusado com mais elementos. Há provas
testemunhais contra ele, enquanto que, contra Lula, vale repetir, só
existem suposições de investigadores da Lava Jato. Contudo, os
acusadores de Serra têm que provar o que dizem, assim como os
procuradores têm que provar as acusações que fazem a Lula. O que espanta, enoja, indigna, porém, é que a mídia, setores da
opinião pública e a própria Lava Jato tratam os dois políticos de forma
diametralmente diferente. Não querem saber de presunção de inocência
para Lula, mas querem o benefício para Serra. Aliás, os próprios tucanos
condenam Lula com base nas evidências contra si, mas absolvem Serra
apesar de pesarem contra si evidências igualmente sérias. E não é só. Apesar das denúncias contra Serra, ele ainda não responde
a processo. Como sempre, quando se trata do PSDB as providências da
Justiça demoram tanto que eventuais crimes acabam ficando impunes. O
mensalão do PT, por exemplo, foi julgado em apenas seis anos. Já o
mensalão do PSDB está parado na Justiça há 18 anos. A comparação entre os casos de Serra e Lula, porém, é de uma
eloquência tonitruante. Só para efeito de comparação, os 34,5 milhões de
reais de propina que o tucano teria recebido só da Odebrechet seriam
suficientes para comprar 13 triplex e 13 sítios em Atibaia. Apesar disso, a notícia saiu uma única vez na Folha, o resto da mídia
soltou notinhas escondidas nos dias seguintes, o Jornal Nacional não
noticiou absolutamente nada e o caso caminha celeremente para o
ostracismo. Os colunistas e editorialistas da mídia antipetista e até os
comentaristas de internet, eternamente indignados com a “corrupção do
PT”, não dizem nada, não cobram apurações, não fazem uma única das
ilações que fazem quando a denúncia é contra petistas. Eis por que este Blog não aceita o linchamento de Lula ou do PT sob a
desculpa de repúdio à corrupção. Se houvesse tratamento igual para
denúncias igualmente graves contra uns e outros, aqui não haveria a
menor queixa – talvez contra o julgamento precipitado e a violação da
presunção da inocência. Mas acusar e condenar uns sem julgamento e
absolver outros sem nem investigar, isso é inaceitável. Ou a lei vale igual para todos ou não vale para ninguém. Ou o repúdio
à corrupção vale para todos os acusados ou não passa de farsa. E é
facílimo mostrar como as suspeitas de corrupção contra tucanos e seus
aliados são tratadas diferente das suspeitas contra petistas e os seus. É irônico a acusação de roubo de dinheiro público contra Serra
envolver valores 13 vezes maiores do que os da acusação contra Lula. E é
simbólico. Vale a antiga premissa de que, no Brasil, para ficar impune é preciso
roubar muito. Mesmo se formos admitir que tanto o petista quanto o
tucano são “ladrões” – e isso é inadmissível, até prova em contrário –,
fica claro que o segredo da impunidade dos tucanos pode ser roubarem
muito, o suficiente para comprar morosidade da Justiça, comprar
impunidade.
Acusado no depoimento de Marcelo Odebrecht de ter pedido em pleno
Palácio do Jaburu uma doação de R$ 10 milhões, via caixa dois, que teria
sido entregue em dinheiro vivo, o interino Michel Temer tratou do tema,
em entrevista ao Valor; "Eu era presidente do partido e ele acertou uma
contribuição. Até se falou em R$ 10 milhões, mas na verdade foram R$
11,3 milhões que ele entregou ao partido — tem a prestação de contas
para todos os candidatos a governador...", disse ele, afirmando que as
doações de empresas foram criminalizadas no Brasil; Temer anunciou uma
"luta feroz na Previdência", a abertura do pré-sal e disse que não será
candidato em 2018, como se tivesse voto para isso – hoje, segundo a Vox
Populi, 79% dos brasileiros defendem sua saída imediata
– O interino Michel Temer concedeu uma entrevista ao Valor Econômico (leia aqui),
em que falou de temas como a reforma da Previdência, a abertura do
pré-sal e o pedido de R$ 10 milhões feito ao empreiteiro Marcelo
Odebrecht, em pleno Jaburu, que teria sido materializado numa doação em
dinheiro vivo (leia aqui).
Sobre Previdência, ele defendeu idade mínima de 65 anos para os homens e 62 para as mulheres. "Sabidamente
as mulheres hoje vivem mais que os homens, mas tem essa coisa da dupla,
tríplice jornada. Na minha cabeça, tem que haver uma pequena diferença.
Se o homem se aposenta com 65, a mulher pode se aposentar com 62. Já é
um avanço", disse ele, que previu uma batalha sobre o tema. "As
centrais vão acabar não apoiando, seja qual for a reforma. Se não
apoiarem, vamos mandar ao Congresso e ver o que acontece. Queremos fazer
depois uma publicidade aos jovens e dizer: 'Vocês, daqui a dez, 20
anos, não vão ter como receber' (...) Sim,
vai ser uma luta feroz, mas vai ter que ser enfrentada. Quando você me
pergunta o que ocorrerá depois do impeachment, essa será uma das
batalhas."
Temer também falou sobre
seu pedido de R$ 10 milhões à Odebrecht, em pleno Palácio do Jaburu,
que, segundo Marcelo Odebrecht foi doado, via caixa dois e em dinheiro
vivo – dos quais R$ 4 milhões para Eliseu Padilha, braço direito de
Temer.
"Eu não tenho medo dessas
coisas. Eu era presidente do partido e ele acertou uma contribuição.
Até se falou em R$ 10 milhões, mas na verdade foram R$ 11,3 milhões que
ele entregou ao partido — tem a prestação de contas para todos os
candidatos a governador...", disse o interino. "Eu
não sei se ele falou. A coisa vai para a imprensa e você não sabe se é
fruto da delação, se é fruto do advogado. Você não sabe de onde veio.
Então, o que eu faço? Eu não vou negar que ele esteve comigo, como
tantos outros empresários estiveram comigo. Ainda hoje, quando não há a
menor possibilidade de pessoa jurídica [doar dinheiro para campanha]
eles vêm me perguntar como vão colaborar. Quando havia a possibilidade
das doações, era uma enxurrada de gente pedindo para colaborar."
Temer também disse que
não será candidato em 2018, como se tivesse voto para isso e fosse um
candidato viável – hoje, 79% dos brasileiros, segundo o Vox Populi,
defendem sua imediata saída, seja com novas eleições, seja com a volta
de Dilma.
Sobre a abertura do
pré-sal, outro tema polêmico, também rejeitado pela maioria dos
brasileiros, Temer disse que vai passar. "É prioridade na Câmara, será
aprovado, mas o problema é que as eleições municipais atrapalham as
votações."
O interino também disse
não temer a ação movida pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral, que
pede a cassação da chapa Dilma-Temer. "São
questões apartadas, o vice e o presidente são instituições separadas no
texto constitucional. Embora examinadas conjuntamente, minha conta foi
prestada separadamente. O que é preciso é verificar se o que eu recebi
foi fruto também de desajustes eleitorais."
108 Comentários em "Temer e a Odebrecht: não foram 10, foram 11 milhões" Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247
"Esforço para descriminalizar contribuições eleitorais destinadas a
Temer e Serra, iguais àquelas usadas para perseguir lideranças ligadas
ao governo Lula-Dilma, não reflete apenas a realidade de um país onde a
Justiça funciona seletivamente. Expressa uma tentativa de construir uma
nova ordem republicana, pós-impeachment, com exclusão de lideranças
populares e sem alternâncias no poder, como aquela iniciada pela chegada
do Partido dos Trabalhadores ao Planalto, em 2003". Temer foi citado por Marcelo Odebrecht como
responsável por um pedido de R$ 10 milhões, doado via caixa dois, e
Serra de R$ 23 milhões. Sem um grama de espírito panfletário, pode-se dizer que o poder de uma classe dominante funciona assim mesmo. Depois de conduzir um processo
seletivo de criminalização e encarceramento de adversários políticos,
os aliados de Michel Temer, acusados de envolvimento nos mesmos crimes
de corrupção apurados na Lava Jato resolvem preparar um conforto
exclusivo -- encerrar a operação e garantir anistia para os amigos que
deram o azar de serem apanhados na operação. Depois que as forças do
adversário foram duramente atingidas, suas fileiras se encontram
dispersas e boa parte das lideranças, encarceradas, procura-se fazer
uma previsível correção de rota. A entrevista de Michel Temer
publicada no Valor de hoje é parte deste esforço. Apanhado numa delação
premiada de Marcelo Odebrecht, Temer admitiu que recebeu o dinheiro. Não
foram 10 milhões de reais. Foram 11,3 milhões esclareceu, com prudência
profissional, já que este é o número consta da "prestação de contas do
período." Temer fala de um período em que, como vice presidente da
República e presidente do PMDB, havia uma "enxurrada de empresários
querendo colaborar" e que, na época, 2010, isso era perfeitamente legal.
Tocando no nervo da discussão, afirmou aos jornalistas: "Essas doações estão sendo
criminalizadas. Por quê? Não pelo seu aspecto formal, mas pelo seu
aspecto mais indutivo, achando que aquilo entrou porque havia propina.
Então, vai precisar provar que aquele valor que entrou no partido e que
houve prestação de contas é fruto de propina. É uma questão a ser
examinada." Este é o ponto em
discussão. Envolve o destino de investigações que começam a se aproximar
de figurões do governo Temer -- além do próprio interino, estão citados
José Serra e Eliseu Padilha, sem falar no eterno Aécio Neves. Também diz respeito a quem está
interessado em debater formas de reconstruir o sistema democrático
massacrado por condenações duríssimas. Ainda envolve os debates sobre
acordos de leniência, que protegem os empregados de uma empresa -- e o
PIB do país inteiro -- contra desmandos e abusos cometidos por
executivos e dirigentes acusados de corrupção. Podemos avançar numa
saída democrática. Ou abrir espaço para um regime autoritário, que
exclui a participação das lideranças populares. O argumento do presidente
interino ajuda a recordar que o eixo das condenações da Lava Jato foi
constituido por essa mudança de natureza. Alterou-se a visão do chamado
objeto investigado. Aquilo que se via como doações de campanha, e que
eram perfeitamente legais na época, constituindo no máximo
irregularidades fiscais conhecidas como caixa 2, passaram a ser
classificadas como propina. Não era um percurso fácil, porém. Em março do ano passado, quando o
impeachment não passava de um projeto obsceno dos adversários de Dilma
vencidos cinco meses antes nas urnas presidenciais, a Folha de S. Paulo
registrou a dificuldade de separar uma coisa da outra."Doação ou
propina," escreveu o jornal em editorial, que informou: "Em relatórios
enviados ao STF, Polícia Federal diz que, em alguns casos, dispõe de
'elementos iniciais' a indicar que a doação eleitoral foi utilizada como
forma de corrupção." Conforme o jornal, em alguns casos a própria "PF
ressaltava a necessidade de aprofundar análises." Já naquele momento, as
investigações apontavam para um equilíbrio notável na distribuição de
doações de campanha, que jamais seria acompanhado, mais tarde, pela
investigações e punições. Um levantamento do Estado de S. Paulo mostrou
que entre 2007 e 2013, o PMDB, PSDB e PMDB receberam um bolo total de R$
571 milhões em donativos de empresas, dos quais 77% haviam saido de
empresas com negócios ligados a Petrobras, alvo da Lava Jato. Segundo o
jornal, o Partido dos Trabalhadores ficou com a maior parte e o PSDB
veio logo atrás, com mais 42% dos donativos. Na campanha de 2014, as
grandes empreiteiras envolvidas também fizeram doações aos grandes
concorrentes, partilhando somas equivalentes mas não iguais. Se a OAS
chegou a doar R$ 30 milhões a Dilma, deixando R$ 10,7 milhões para
Aécio, a candidata do PT recebeu R$ 16,8 milhões da Andrade Gutierrez,
contra R$ 20,2 milhões para Aécio. Como registrei em A Outra
História da Lava Jato: "Estamos falando de quem negocia bilhões de
reais, para lá e para cá. Dinheiro puro, sem ideologia. Vamos falar em
cortesia e boas maneiras?" Interpretando o espírito da
legislação, escrevi: O jogo sempre foi este e é para ser este: pedir e
prometer, pagar e esperar." O que separa uma coisa da outra? A política. Entrevistado neste espaço, o professor Sidne Chalhoub, que leciona História do Brasil em Harvard, esclarece o ponto: -- Hoje o Judiciário tem hoje um
poder imenso, sem paralelo. A tese é que 'tudo é corrupção e todos são
corruptos.'A partir daí, cria-se o arbítrio, que é o caminho para a
seletividade, para o uso político da Justiça." Avançando no ponto de vista,
Chalhoub explica que a natureza da legislação contribui para esse poder
discricionário dos magistrados: "Nosso sistema legal tem regras
múltiplas, contraditórias e incoerentes. Essa situação cria um espaço
infinito para se agir arbitrariamente, porque a cada dia você pode mudar
a interpretação de determinada lei, de uma regra, e aplicá-la
seletivamente." A política entrou em cena, nos
primórdios da Lava Jato, para culpar e criminalizar. Volta a cena,
agora, para aliviar e inocentar. Essa é a questão. As coisas não poderiam estar mais claras. Após a destruição do sistema
político construído a partir da Constituição de 1988, que instituiu o
mais amplo e duradouro regime de liberdades públicas da história do
país, o plano é consolidar uma nova ordem republicana. Ampla, geral e irrestrita, a
anistia de 1979 preparou a democracia dos anos seguintes. Recusou as
objeções contra Leonel Brizola, Miguel Arraes e outras lideranças
consideradas indesejáveis pelos poderosos de então. Deu-se um jeito para
abrir a porta das cadeias para os condenados por ações armadas. Nasceu
um país onde a liberdade de expressão e o direito de organização eram
valores absolutos. Os partidos comunistas, mantidos na ilegalidade desde
1947, foram legalizados antes da Constituinte. As centrais sindicais,
alvo de perseguição duríssima por parte dos golpistas de 64, puderam ser
organizadas. O debate, hoje, envolve o país
dos próximos anos, onde a votação do impeachment de Dilma será uma
fronteira. A anistia entre amigos humilha os que acreditam que todos são
iguais perante a lei. Institui a desigualdade como método preferencial
de tratamento político. O acordo que se busca em 2016 tem
como base a preservação dos amigos e a exclusão de lideranças populares
que têm sua expressão maior é o Partido dos Trabalhadores, cuja
extinção já aparece no radar, e a consolidação de um monopólio político
conservador, à prova de alternâncias no poder, como aquela iniciada pela
chegada de Lula ao Planalto, em 2003. Recuperando uma posição de força
perdida no final da ditadura militar, a classe dominante não quer
riscos.
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