Presidente da Transpetro tinha intermediários para fazer o dinheiro chegar aos políticos
"taxa de sucesso" era de 60% para Temer e sua quadrilha do PMDB
Machado contou, com objetividade, como as empresas contratadas pela Transpetro eram instadas a pagar propina. Caso não pagassem ou deixassem de pagar, os empreendimentos não sofriam represálias durante a vigência dos contratos. A retaliação ocorria depois: "Depois não conseguiam novos contratos", disse o ex-presidente da estatal.
Machado não tinha poder de incluir empresas, mas de excluí-las, como relatou aos procuradores da República. Aceitaram pagar propina, conforme o delator disse no primeiro termo de colaboração, as seguintes empresas: Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, NM Engenharia, Estre Ambiental, Pollydutos, Essencis Soluções Ambientais, Lumina Resíduos Industriais e Estaleiro Rio Tietê. "Essas empresas aceitaram pagar propina praticamente em base mensal", disse Machado.
Antes, o presidente da Transpetro tinha intermediários para fazer o dinheiro chegar aos políticos. Depois, por achar arriscado, mudou a forma de operar o esquema. As empresas deveriam indicar local e pessoa para quem o dinheiro deveria ser entregue. Foi criado um "mecanismo de codinomes", de modo que "entregador da empresa e recebedor do político tinham codinomes para tratar um com outro".
Os pedidos de políticos pareciam sem fim, segundo Machado. Ele afirmou que a "taxa de sucesso" no atendimento a eles era de cerca de 60% do montante solicitado.
Num segundo relato sobre empresas participantes do esquema, registrado no termo de colaboração número dois, o delator listou empresas que topavam pagar propina tanto por meio de doações eleitorais oficiais quanto em dinheiro vivo: Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, NM Engenharia, Lumina, Essencis, Estre/Pollydutos/Rio Tietê, Irodotos Navigacion, Devaran International, além de algumas de forma esporádica, como UTC, GDK, MPE Engenharia, Skanska e Bauruense Tecnologia.
Os contatos ocorriam sempre com donos ou presidentes das empresas, segundo o delator. O percentual cobrado variava de 1,5%, na parte de navios, a 3%, na área de serviços. Em alguns casos, as entregas do dinheiro envolviam codinomes e senhas para entregadores e recebedores do dinheiro. Machado se recordava de algumas senhas: "arara", "melancia" e "sol". O ex-presidente da Transpetro geria um "fundo de propina", segundo ele.
O delator relatou planos políticos seus – ser candidato a governador do Ceará em 2010 – e de um de seus filhos – disputar o mandato de deputado federal. Uma empresa pediu para Machado abrir contas no exterior. Outras pressionavam por aditivos nos contratos, delegando a pressão inclusive a políticos que sustentavam Machado no cargo.
"Pediram muito que o depoente não rejeitasse imediatamente os aditivos, porque tinham esperança de que o depoente fosse pressionado por seus aliados políticos na época das eleições", registra o termo de colaboração número três. "O depoente chegou a ser questionado por político do PMDB sobre o assunto, não se lembrando de qual político, mas sabendo que foi um dos seguintes: Edison Lobão, Renan Calheiros, Romero Jucá, Jader Barbalho ou José Sarney."
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