3.23.2015

D.Hélder: “Sonho que se sonha só é só um sonho; mas sonho que se sonha junto é realidade”



1. Queridos(as) leitores(as)A Secretaria de Educação de Olinda apresenta mais um número da revista“Troca-Troca: experiências educacionais”, resultado de um esforço coletivode traduzir experiências da vivência pedagógica do chão da Escola emuma publicação, a partir do debate, da reflexão, da troca, reafirmando opensamento de Paulo Freire, cantado por Raul Seixas e profetizado por D.Hélder: “Sonho que se sonha só é só um sonho; mas sonho que se sonha junto é realidade”.E como produção coletiva a Revista “Troca-Troca: experiências educacionais”vem marcada por toda diversidade, esperança e criatividade presentes noprocesso de aprendizagem da Rede, constituindo-se, assim, numa espéciede mural da prática pedagógica de Olinda: para uns(umas) gratificante, paraoutros(as) desafiante e para todos(as), o reconhecimento de que, apesar dasdificuldades, “uma outra educação é possível”, lembrando mais uma vez osaudoso mestre Paulo Freire.O compromisso do governo municipal com o fortalecimento da condição deOlinda “Cidade Educadora” tem, hoje, na Revista “Troca-Troca: experiênciaseducacionais” um instrumento importantíssimo de promoção da agenda daeducação para além dos muros da Escola.Parabéns a todos(as) que vêm contribuindo para o êxito desse processo.Contem sempre conosco!Leocádia da HoraSecretária de Educação de Olinda
2. Ação REAlizAçãO PREFEiTURA MUNiCiPAl DE OliNDA Renildo Calheiros PREFEiTO Horácio Reis ViCE-PREFEiTO SECRETARiA DE EDUCAçãO DE OliNDA leocádia Maria da Hora Neta SECRETáRiA Maria dos Prazeres Advíncula SECRETáRiA EXECUTiVA DiRETORiA DE ENSiNO Edineide César DiRETORA leila loureiro ASSESSORA TÉCNiCO-PEDAGÓGiCA Ana Cristina Fonseca ASSESSORA TÉCNiCA DEPARTAMENTO DE EDUCAçãO BáSiCA Fátima Guerra CHEFE DO DEPARTAMENTO DE EDUCAçãO BáSiCA COMiSSãO ORGANizADORA Adaneusa Alves do Nascimento – Coordenadora – Ensino Fundamental Ana Maria Galvão Brito – Departamento de Gestão Francisca Nascimento - Departamento de Acompanhamento e Registro Escolar leilza Ferrer – Divisão de Educação infantil leonardo Renné – Departamento de Tecnologia Educacional, Comunicação e idiomas Maria Amélia Feitosa Ferraz – Divisão de Educação de Jovens e Adultos Rosa Raposo – Divisão de inclusão Cristiane Goulart – Chefe da Divisão de Ensino Fundamental ASSESSORiA Elma Bezerra Marques da Silva Jeanne Amália de Andrade Tavares REViSãO Jeanne Amália de Andrade Tavares PROJETO GRáFiCO E DiAGRAMAçãO NúClEO DE PRODUçãO Oi KABUM!-RECiFE Camilo Maia Lívia Damares luiz Alberto Rodrigo Gomes TRATAMENTO DE iMAGENS & FOTOGRAFiA COMPlEMENTAR Daniela Pinheiro Denison lima Capa Rodrigo Gomes sobre fotos e desenhos dos projetos
3. A ideia inicial era propor uma ação que estimulasse os(as) professores(as) a registrarem e socializaremexperiências vividas em sala de aula. Na primeira versão, em 2001, os(as) professores(as) traziam o esboço doseu projeto e, através do acompanhamento da equipe técnica do Ensino Fundamental e assessoria, discutiame vislumbravam possíveis (re)direcionamentos às ações pedagógicas. Após esses encontros de elaboração ereelaboração, os projetos concluídos eram apresentados a professores, em encontros bimestrais, ao longo dosegundo semestre.A partir da iniciativa de promover encontros para socializar as experiências em 2002/2003, nasceu uma novaideia: a criação de uma revista para a publicação dos textos com relatos de experiências dos professores.A nova idéia foi tomando forma e materializou-se, em 2005, no lançamento do primeiro número da revista“Troca-Troca, Experiências Educacionais”. Em 2007, houve a publicação do segundo número e, em 2009, aconsolidação dessa iniciativa com o lançamento do terceiro número da Revista.Ao longo de 2009, com a determinação de dar continuidade a essa ação como Política de Incentivo àvalorização do desempenho do(a) professor(a) da rede municipal, a secretária de Educação, leocádia daHora, na perspectiva de ampliar a participação docente e discente, solicitou a formação de uma equipecomposta por duas assessoras e sete técnicos da Diretoria de Ensino para compor uma comissão queorganizasse todo o processo, dos encontros ao lançamento do quarto número em 2010.A partir da cooperação dessa comissão, o apoio da Diretoria de Ensino e participação da assessoria, a “AçãoTroca-Troca: experiências educacionais” – 2009/2010 foi possível acompanhar os projetos desenvolvidos emsala de aula por estudantes e professores(as) da Educação Básica nas seguintes etapas e modalidades deensino: Educação infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos. 3Foram realizados cinco encontros, de setembro a dezembro de 2009, com apresentações de práticaspedagógicas de diferentes áreas do conhecimento, constituindo-se, assim, numa verdadeira dinâmica deformação de professores(as) desenvolvida com a interação de todos(as) participantes.Nesse quarto número da revista, estão contemplados 34 projetos, apresentados em forma de relatos escritose registros fotográficos, dos quais três se classificaram no Prêmio Anita Paes Barreto 2009. Esse prêmio éconcedido, anualmente, pela Secretaria de Educação de Olinda a professores que desenvolveram projetospedagógicos em escolas da rede municipal de Olinda e, assim, contribuíram para a melhoria da aprendizagemdos estudantes.A “Ação Troca-Troca: experiências educacionais” vem se consolidando como uma política educacional daSecretaria de Educação de Olinda, na medida em que estimula a organização e dinamização de projetosdidáticos nas salas de aulas, contribuindo para o sucesso dos processos de ensino e aprendizagem, elevando aqualidade da Educação Básica das escolas públicas municipais.Comissão OrganizadoraAdaneusa Alves do Nascimento – Coordenadora – Ensino FundamentalAna Maria Galvão Brito – Departamento de GestãoFrancisca Nascimento - Departamento de Acompanhamento e Registro Escolarleilza Ferrer – Divisão de Educação infantilleonardo Renné – DTECiMaria Amélia Feitosa Ferraz – Divisão de Educação de Jovens e AdultosRosa Raposo – Divisão de inclusãoCristiane Goulart – Chefe da Divisão de Ensino Fundamental
4. Eis a quarta edição da Revista Troca-Troca: experiências educacionais! Isso significa, primeiramente, que a rede municipal de Olinda incentiva e divulga o trabalho de professores(as) que (re)criaram uma prática educativa que visa à promoção do desejo de ensinar e aprender, baseada na igualdade de oportunidades, na crença de que todos podem aprender, no respeito ao tempo de aprendizagem individual. Segundo, que aponta os professores que têm buscado a melhoria do ensino nas escolas públicas de forma coletiva, quebrando a grande barreira do individualismo, da competição. Esta revista traz a experiência de professores que não ficaram isolados, fazendo seu trabalho sozinho. São professores, professores-multiplicadores, professores responsáveis por biblioteca, coordenadores pedagógicos que expuseram o que ocorre no seu dia-a-dia pedagógico, acreditando que cumpriram de forma competente a tarefa de levar4 o outro a se encontrar com o conhecimento. E, por fim, que estamos cumprindo o grande desafio do séc. XXI que é tornar a escola pública brasileira um locus de produção de conhecimento, de pesquisa, de reflexão-ação. Digo isso porque o mundo se movimenta por quem escreve, divulga conhecimento, contesta, questiona, propõe, enfim, sai da condição de mero receptor passivo. Nas próximas páginas você, meu caro leitor, minha cara leitora, vai conhecer o trabalho de mestres que dignificam a profissão de professor ao trabalhar com seriedade, responsabilidade e, principalmente, com amor, enfrentando as situações adversas da sala de aula com sabedoria e criatividade. Jeanne amália de andrade Tavares Assessora da Ação Troca-troca
5. O número crescente de projetos didáticos realizados pelosprofessores e divulgados, ao longo de nove anos, traz a certezade que o estímulo, o acompanhamento e o crédito que se dá aatividade de cada educador, provocam a coragem e paixão para arealização e registro de um formato de vivência pedagógica quecontribui para que o estudante permaneça com prazer na escola eque, principalmente, melhore a sua aprendizagem.Nisso reside o valor cultural e pedagógico da revista “TROCA-TROCA:experiências educacionais” para a rede municipal de Olinda”, hoje,resultado de uma ação permanente da Secretaria de Educação,desenvolvida pela Diretoria de Ensino.Nessa 4ª edição, a revista divulga projetos didáticos, vivenciadostanto dentro quanto fora de salas de aulas e, socializados nosencontros mensais da ação TROCA-TROCA.Você, leitor(a), certamente, irá se deliciar com esses relatos queabordam temas variados. Assim, vai conhecer, por exemplo, algumaspossibilidades pedagógicas de um jogo milenar no relato “O xadrez 5na escola, ou melhor, nas escolas”; sentir a força de um cientistasocial que ousou enfrentar a fome, em suas várias dimensões, no“Você tem fome de quê, Josué?”; observar a beleza da arte e dascores no “Colorindo e brincando com Cândido Portinari”; reconhecerque o simples também pode ser belo em “Vitalino: vida e obravitalina”; compreender a importância de introduzir as crianças natemática da diversidade das pessoas humanas no “Aprendendo comdiferenças”; e o cuidado que a escola deve ter com a nutrição dascrianças no relato “Alimentação Saudável: uma (re)construção devalores”, além de muitos outros.Dizem que uma ação só acontece se é feita com paixão. Mas apaixão precisa de uma ocasião e lugar para se materializar. EmOlinda, ela contou com a participação dos professores, diretores,técnicos, estudantes e pais, das escolas onde esses trabalhos sedesenvolveram. Atualmente, a minha paixão pela ação TROCA-TROCA se expressa na forma de assessoria.Sinto uma paixão alegre e renovadora a cada nova revista, comotambém espero que a leitura possa estimular a realização de açõespedagógicas que promovam aprendizagem dos estudantes.Boa leitura!Elma Bezerra Marques da SilvaAssessora da ação TROCA-TROCA
6. Sumário08 A vida desabrocha na horta e no jardim! 10 Minhas raízes estão na África13 Aprendendo com as diferenças 15 Heitor Villa Lobos visitando nosso folclore16 Leão do Norte 18 Mídias Sociais: mecanismos de apoio e comunicação em curso EAD21 Prêmio leitor de ouro 22 Alimentação saudável: uma (re) construção de valores24 Bantos e Nagôs: a presença da África no meu bairro 26 Ensinando através das diversas leituras da cultura popular28 Escola Ministro Marcos Freire no combate à desnutrição 30 Meu Bairro, minha vida: resgatando a noção de pertencimento32 o teatro e os recursos recicláveis: o lado lúdico do lixo 34 Construção de objetos de aprendizagem: da imaginação ao virtual36 o uso da água: abordagem interdisciplinar de uma experiência extraclasse 38 Vivendo o folcore e formando leitores e escritores
7. 40 o xadrez na escola, ou melhor, nas escolas: exposição itinerante do xadrez 42 Viajando nos contos de fadas, levando a leitura e a escrita na bagagem44 Prevenir é melhor que remediar 46 Respeitem os meus cabelos brancos!48 Tutoria virtual e os futuros caminhos da formação continuada de professores 50 “Se essa rua fosse minha...”52 Salvem o Beberibe! o rio não pode morrer 54 Colorindo e brincando com as cores de Cândido Portinari56 Lendas, canções, contos e encantos no caminho da alfabetização 58 Um olhar sobre a obra do mestre Vitalino61 Villa Lobos um mimo de multiculturalidade 62 “Você tem fome de quê”, Josué?64 Vitalino, vida e obra vitalina 66 Raízes da minha cidade68 Pequenos leitores e escritores de olinda registrando histórias em vídeo 70 Amigos do verde72 Hoje é dia de... ole (oficina de leitura e escrita)! 74 Horta: plantando e colhendo saberes
8. Escola Municipal CaIC Norma Coelho prOfa. aNa rEIS A vida desabrocha na horta e no jardim! A temática do projeto surgiu da necessidade de refletir junto com as crianças a importância de Norma Coelho pelos professores e coordenadora com as turmas dos Grupos: iii (3 Anos), iV (4 Anos) e ambiente e os materiais que seriam utilizados para o plantio na horta. uma alimentação mais saudável V (5 Anos). e a necessidade de reeducar os O segundo passo foi preparar os hábitos alimentares para atingir As atividades pedagógicas canteiros e mostrar as sementes esse objetivo. Além disso, o permitiram a integração dos que seriam plantadas, como trabalho proporcionou às crianças temas educação, alimentação também a forma de cultivá-las. a oportunidade de um contato saudável, nutrição e meio Atrelada a essa atividade, foi com a natureza, ao serem ambiente, tornando a discussão confeccionado um mostruário realizadas atividades de plantio desses elementos fundamentais com as crianças. e a colheita de variadas espécies para a exploração da leitura e da diretamente da horta da escola. escrita. O terceiro passo durou um pouco mais de tempo, pois consistia em O projeto foi realizado no Centro O primeiro passo foi apresentar, visitar a horta diariamente para de Educação infantil Professora numa roda de conversa, o alguns cuidados como regar as8
9. Arquivo de Ana Reis 9 plantas e limpar os canteiros e flores explorando diversas Acreditamos que a aprendizagem e observar o desenvolvimento técnicas artísticas explorando tornou-se significativa e prazerosa das culturas plantadas (coentro, a criatividade das crianças para todos os envolvidos no couve, quiabo e tomate), (desenho com sementes, pintura projeto, pois a satisfação na aguardando o tempo da vazada, pintura surpresa e execução de cada atividade colheita. colagem); leitura dos livros “A era visível nos olhinhos de cada horta”, textos da coleção “Os criança. Eis um pouco das atividades vegetais”, “A cesta de Dona que realizamos ao longo das Maricota”; experiências culinárias três etapas de desenvolvimento com execução de receitas e do projeto: observação das degustação de frutas, legumes, características e classificação chá, lambedor e sucos. dos vegetais existentes na horta da escola (ornamentais O referido projeto realizou sua medicinais e as que servem culminância através da colheita como alimentos); confecção das hortaliças e frutas (coentro, de um livro sobre os vegetais tomate, couve e quiabo). Arquivo de Ana Reis
10. Escola Municipal alto do Sol Nascente prOfa. CrISTIaNE BELCHIOr dE MELO Minhas raízes estão na África e formação da etnia brasileira, mediante fatos protagonizados por este povo, além de provocar a reflexão crítica da história, cultura e realidade social afro brasileira. Era necessário rever com os estudantes a ideia de que a nossa cultura é influenciada transversal pelo eurocentrismo. Pluralidade Cultural O projeto despertou nos e outros estudantes orgulho pela possíveis formação étnica e cultural de assuntos. todos os brasileiros e a alegria em conhecer, cada vez mais, a Na sociedade verdadeira História do Brasil, atual, depois identificando suas negras raízes. de 120 anos10 de abolição da O racismo no Brasil é grave e escravidão dos perigoso, pois se concretiza negros no Brasil, através de atitudes e linguagens é lamentável nos implícitas, ninguém assume ser depararmos ainda preconceituoso ou racista. Essa com o preconceito e negação alimenta a existência discriminação com os desse mal na sociedade porque, afros descendentes, a partir do momento que o pois o preconceito racismo for assumido, torna- provém da ignorância, se notório e imprescindível à da falta de conhecimentos tomada de atitudes e políticas e intolerância com as sociais e educacionais contra o diferenças. mesmo. Segundo Orlandi, “Dizer e silenciar andam juntos... Há, Este projeto levou os estudantes pois uma declinação política a conhecerem a história da de significados que resulta no áfrica, pois é preciso conhecer a silenciamento como forma não E ste projeto idealizado para os estudantes do Nível i da Educação de Jovens e história daquele continente para melhor fundamentar o ensino de calar mas de fazer dizer ‘uma’ coisa, para não deixar de dizer e a aprendizagem da cultura ‘outras’. Ou seja, o silêncio Adultos da Escola Alto do Sol africana e afro brasileira que recorta o dizer. Esta é a sua Nascente – Olinda - PE, amplia fazem parte, obrigatoriamente, dimensão política” (In: Construir as oportunidades de trabalho do currículo escolar. Almejamos Notícias, 1995: 55). em sala de aula ao envolver com este trabalho proporcionar Componentes Curriculares de aos estudantes da EJA a aquisição Ao observar alguns Geografia, História, Matemática, de conhecimentos sobre comportamentos de estudantes, Linguagem, Ciências, Filosofia, diversos aspectos desta cultura, materiais pedagógicos, livros Artes. Além disso, o tema resgatando as contribuições didáticos, currículos, filmes e dos povos africanos na história
11. desenhos infantis, percebe-se este projeto, a sua culminância Souza, poetisa; Carolina Mariao quanto o sistema educacional deu-se com uma aula passeio, de Jesus, escritora; Cartola ebrasileiro é omisso e, muitas recurso difundido por Freinet, Jamelão, sambistas.vezes, incentivador do racismo. A onde os estudantes visitaram odiscriminação racial na sociedade Museu do Estado de Pernambuco, O fechamento deste projeto e dobrasileira acarreta conseqüências no bairro das Graças - Recife, ano letivo de 2008 aconteceu comque se intensificam no âmbito observaram vários elementos da outra aula passeio, desta vez paraescolar, causando aos indivíduos cultura africana e afro-brasileira o Engenho Canoas, localizado nonegros sentimentos de auto- e se aproximaram, de forma município de Ipojuca - PE. Esserejeição, rejeição ao colega mais concreta da história, das engenho foi palco de várias cenasda mesma cor, introversão, artes e da religiosidade. Utilizar durante o período escravistapouca participação em sala os sentidos faz com que a e continua em funcionamentode aula, falta de auto-estima, aprendizagem se efetive, quando produzindo vários produtosdificuldade de aprendizagem e, vamos ao museu sentimos a regionais.consequentemente, a repetência história reviver em nós, não see evasão escolar. inicialmente trata mais de palavras e figuras Após a visita ao engenho, fomoseste trabalho abordou a geografia abstratas dos livros didáticos, o à Porto de Galinhas. Essa praia,do continente africano, para isso que vemos, sentimos e tocamos há tempo atrás, era chamadaos estudantes assistiram ao filme se fixa mais profundamente em Porto Rico, devido à extração do“lugar nenhum na áfrica”. nossa mente. Pau Brasil. Após a abolição dosEsse filme, além de mostrar escravos, os negros continuavamas belezas e diversidades do No dia da Consciência Negra, sendo trazidos clandestinamentecontinente africano, trata de 20 de novembro, a Diretoria de para Pernambuco. Desviados dequestões culturais que foram Ensino de Olinda, através da Recife, onde havia fiscalização,enfatizadas e debatidas após a Divisão da EJA, enviou grupos os negros desembarcavam nessaexibição. de capoeira e afoxé às escolas praia, escondidos em engradados 11 para que os estudantes tivessem de galinhas d’Angola. A chegadaApós o término de todas as mais aproximação com nossa dos escravos na beira mar eraatividades, foram realizados cultura. Na fase final do projeto anunciada pela senha “temcírculos de cultura para trocar destacamos personalidades negras galinha nova no porto!”. Poridéias e discutir o assunto lido, importantes em vários setores da causa disso, Porto Rico ficououvido, assistido. sociedade, como: Mestre Vitalino, conhecida como Porto das artista plástico; luiz Gonzaga, Galinhas. Nessa aula passeio,O passo seguinte foi debater compositor e cantor; Auta de ainda foram observados aspectossobre a luta dos africanos pelaliberdade no solo brasileiro,os movimentos de resistênciae libertação, as rebeliões, os Arquivo de Christiane Belchiorquilombos. Como estímulo paraessa etapa, utilizamos outrofilme que oferece aos estudantesconhecimentos acerca dahistória do Brasil e do seu povo:“Quilombo”. O filme aborda todasas questões acima e proporcionoua oportunidade de chamara atenção para as questõesgeográficas e culturais da regiãoNordeste, já que esta foi ícone naluta pela liberdade, rota de fugae de tráfico de escravos.Para dinamizar e enriquecer
12. Arquivo de Christiane Belchior12 como a fauna, flora, hidrografia e GRAFSET, 2004. relevo pernambucanos. CORRÊA, Marlene. Caminhando Nordeste. São Paulo: FTD, 1994. BRASil. Educação anti-racista: caminhos aber- Assim, concluimos o Projeto tos pela lei Federal nº 10.639/03/ Secretaria de Minhas Raízes Estão na África e Educação Continuada, Alfabetização e Diversida- o ano letivo de 2008 com uma de. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria imensa, rica e nova bagagem de Educação Continuada, Alfabetização e Diversi- cultural e étnica, além de um dade, 2005. Texto disponível em http://unesdoc. novo olhar sobre a participação unesco.org/images/0014/001432/143283por.pdf dos negros na construção do Acesso em 17/07/2009. Brasil. revista Construir Notícias, nº 29, ano 05, julho/ agosto de 2006. rEEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS E WEBIBLIOGrÁfICaS BRASil. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Texto disponível em http://portal. mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/leis/ lein9394.pdf. Acesso em 07/07/09. BENJAMiM, Roberto. a África está em nós: his- tória e cultura afro-brasileira. João Pessoa-PB:
13. Escola Municipal Claudino leal prOfa. adrIaNa MarIa dE aLMEIda araúJOAprendendo com as diferençasP ara viver democraticamente em uma sociedade, é precisorespeitar os diferentes grupos elemento enriquecedor pessoal e social. tem pontinhos”? “Ah! Tem esses pontinhos na caixa dos perfumes da Natura” foram alguns dose culturas que a constituem. comentários das crianças. Durante o projeto foramBaseado nesse pressuposto, trabalhados, na hora do conto,o Ministério de Educação livros como “Menina bonita do Foi a partir desses comentáriosimplementou a política de laço de fita” que apresenta a que iniciamos a discussão einclusão educacional, pautada busca da identidade étnica de apresentação dos livros didáticosnos princípios éticos do respeito uma menina, “O grande dia” e paradidáticos em Braille,aos direitos humanos, na proposta cujo tema é a deficiência física, levando-os a refletir que o fatopedagógica que propõe ensinar a “O patinho feio”, entre outros. de uma pessoa possuir umatodos os estudantes, valorizando Fazíamos a leitura e, em seguida, deficiência não deve ser motivoas diferenças de cada um no os estudantes liam o mesmo livro para impedi-la de ter acessoprocesso educacional e na para a turma. às mesmas oportunidades queconcepção política de construção as pessoas sem deficiênciasde sistemas educacionais com têm, mesmo que para isso sejaescolas abertas para todos. Outro momento enriquecedor necessária a utilização de umA ideia de realizar o projeto foi o de uma mostra de filmes na recurso específico.surgiu, a partir das observações escola, onde as crianças tiveramdiárias da relação entre a oportunidade de assistir aestudantes com deficiência clássicos infantis contados na No caso do deficiente visual, 13e os colegas de sala, e da Língua Brasileira de Sinais – um recurso indispensável parapossibilidade de reflexão sobre LIBRAS. Neste momento, fizemos apropriação da escrita e leituraas deficiências e diversidades um levantamento sobre o que em Braille é a reglete e o punção.presentes na sociedade de forma eles sabiam sobre liBRAS e quem Mostramos estes recursos e comolúdica e respeitosa. a usava. Timidamente algumas são usados, mostramos também o crianças diziam: “É o mudo que alfabeto em Braille, comparando- fala assim.”, “Eu conheço uma os com o alfabeto dactológicoO projeto foi apresentado às pessoa que fala assim.”. (alfabeto do surdo), levando-oscolegas professoras em uma à conclusão de que são alfabetosreunião pedagógica e, nessa específicos, para pessoas queconversa, resolvemos que cada Ao visitar a biblioteca, têm necessidades e maneirasuma iria pesquisar materiais sobre apresentamos os livros em Braille diferentes de aprender.o tema para compor o projeto. e como desafio pedimos que todosOs materiais foram entregues a lessem. “Tia, como vou ler sócoordenadora que os agrupou,formando um pequeno acervopara empréstimo, garantindo, Arquivo de Adriana Araújodessa forma, acesso de todas asprofessoras ao material.Assim, procuramos através dediversas atividades, respeitandoas especificidades, faixa etária eo seu nível de desenvolvimento,proporcionar aos estudantes, oconhecimento, o respeito e avalorização das diferenças como
14. A música também esteve presente Adriana que deixaram o recado: BRUNO, Marilda Moraes Garcia. Deficiência “cada um com as suas diferenças visual: reflexão sobre a prática pedagógica. SP: como estimuladora da linguagem laramara, 1997. verbal e corporal, além de contribuem para harmonia do MARTiNS, lúcia de Araújo Ramos et al. inclusão: contribuir como instrumento de universo.”. A diversidade esteve compartilhando saberes. Petrópolis, RJ: Vozes, conscientização, uma vez que, presente no jogral apresentado 2006. através da exploração do texto pelos estudantes da professora SOUZA, Eloysa Godinho. Surdez e significado escrito da música constituíamos Maria do Carmo, os estudantes da social. São Paulo: Cortez, 1982. um momento de debate e professora léa também deram o STAiNBACK S. e STAiNBACK w. inclusão: Um guia reflexão. seu recado cantando: “(...) VOCÊ para educadores. Trad. Magda França lopes. É ESPECiAl NãO EXiSTE OUTRO Porto Alegre: Artmed, 1999. iGUAl, DEUS CRiOU VOCÊ ASSiM BElARMiNO, Joana. A valorização do Braille na Um trabalho tão bonito merecia DiFERENTE DE MiM.”. educação. Texto disponível em www.intervvox. um “dia especial”. No final do nce.ufrj.br. Acessado em 18/03/07. mês de agosto, de forma coletiva, MACHADO. Ana Maria. Menina bonita do laço de fizemos a culminância do projeto, Com este projeto percebemos fita. São Paulo: Ática, 2004. onde cada turma apresentou que as crianças das turmas do SECCO, Patrícia Engel. O grande dia. São Paulo: aos colegas e professores uma 1º e 2º ciclo do turno matutino Melhoramentos, 2003. atividade relacionada ao tema. conseguiram mudar suas ANDERSEN, Hans Christian. O patinho feio. ziT atitudes, compreendendo que é Editora, 2005. essencial respeitar o outro, para CURVELO, Gisélia. O diálogo das cores. Edições Ah! Foi um momento mágico! Bagaço, 2004. se construir uma convivência Ficamos parados, dominados harmoniosa. pela emoção ao ver um grupo de estudantes trazerem as bênçãos Para nós, educadores, ficou ainda do criador através do “PAi NOSSO” mais evidente que precisamos em liBRAS, acompanhados pela refletir sobre as diferenças, professora Ana Paula; a história construindo uma prática mais do patinho feio também esteve humanitária e consciente que presente na dramatização leve em conta as capacidades14 realizada pelos estudantes da e limitações individuais, professora Verônica, até a menina assegurando, dessa forma, um bonita do laço de fita esteve exercício de cidadania para presente com coelhinho e tudo o todos. que tinha direito através de uma dramatização realizada pelos REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS estudantes da professora Miriam. E wEBiBliOGRáFiCAS Vocês já pensaram numa revolta das cores? Pois, isso também foi BRASil, Ministério da Educação. Diretrizes possível através da dramatização Nacionais para a Educação Especial na Escola do livro “O diálogo das cores” Básica/Secretária de Educação Especial na Escola Básica/Secretaria de Educação Especial. MEC. pelos estudantes da professora Arquivo de Adriana Araújo
15. Escola Municipal alto do Sol Nascente prOfa. EdNa MENdESHeitor Villa Lobos visitando nosso folcloreD urante uma conversa em uma reunião no início do2º semestre, a coordenadora pelas crianças e produção de textos; em Artes, exploramos os elementos da música e da dança; pesquisadas, montamos um mural. Esse momento foi muito rico, pois íamos organizando empedagógica nos convidou a em Ciências, apresentamos categorias o que representavapensar como iríamos trabalhar o origem e a diversidade de o nosso folclore, ou seja, o quetema folclore com os estudantes alimentos da nossa cultura; em nos representava. A nossa riquezadurante o mês de agosto. História e Geografia, focamos cultural é tanta que causoulembrou-nos também que o os elementos e manifestações espanto em alguns estudantesmunicípio de Olinda estava culturais, o espaço geográfico em como Renato que exclamou:recebendo a Mostra internacional que ocorrem essas manifestações; “Puxa! isso tudo é o nossode Música Olinda – MiMO que e, em Matemática, construímos folclore?”. Seus colegas tambémprestava homenagem a Heitor algumas situações em que fossem ratificaram suas palavras.Villa Lobos, logo poderíamos desenvolvidas as habilidades dosunir os dois assuntos, pois esse eixos números e operações e Propusemos atividades decompositor contempla, em suas grandezas e medidas. desenho, pintura, quebra-cabeça,obras, muitos elementos da recorte e colagem e confecção decultura pernambucana. iniciamos o trabalho com os bonecos e enfeites com materiais estudantes apresentando Heitor recicláveis. A cada trabalho, osAssim, nasceu este projeto que Villa lobos através de fotos, estudantes se empolgavam mais,teve como objetivos: explorar músicas e história de sua vida. participando coletivamente daa vida e a obra de Villa lobos, Durante essa roda de conversa atividade proposta.apresentando a importância do luciano, estudante do 1º ano 15seu trabalho no contexto nacional do 1º Ciclo perguntou como ele Para a culminância do projeto,e internacional e conhecer as conseguiu fazer tanta música e montamos uma dramatização emobras desse autor que trazem seu amiguinho da mesma série, que um estudante representariaem sua composição a diversidade Renato, perguntou o que era o maestro Villa lobos interagindodas manifestações folclóricas do reger uma orquestra. com os elementos do folclorenosso estado. A ideia subjacente do nosso estado. Estudantesa esse trabalho era “conhecer Trouxemos na aula seguinte das turmas A e B do 1º ano docaracterísticas fundamentais um CD com músicas de Villa 1º ciclo apresentaram a músicado Brasil nas dimensões sociais, lobos. Ao ouvir as músicas, as “Carneirinho, carneirão” sob amateriais e culturais como meio crianças ficaram surpresas, pois regência do personagem-maestro.para construir progressivamente reconheciam algumas daquelas Uns estudantes recitarama noção de identidade nacional músicas. provérbios, outros contarame pessoal e o sentimento de piadas, parlendas para o pequenopertinência ao país”, como afirma Essa audição provocou um Villa. E, para encerrar, dançamoso PCN de Língua Portuguesa. debate sobre as brincadeiras, ao som de vários frevos de rua. cantigas de rodas e festividadesAssim sendo, elaborei uma que os estudantes conheciam e REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCASversão preliminar do projeto, participavam. wallace, estudanteapresentei-o, em reunião, aos do 1º ano do 1º Ciclo disse que SANTA ROSA, NEREiDE SCHilARO. Villa lobos. São Paulo: Callis, 2009. (Coleção Crianças famosas)professores que concordaram ia ver o carnaval de Olinda, Cante comigo - cantigas de rodas – v.4. Ultraem desenvolvê-lo. inicialmente, para ver os bonecos gigantes e Comunicação.elaboramos um cronograma para suas amigas, luana e Jennifer, Revista Nova Escola, março e abril de 2001.realizar as atividades. Essas disseram que gostavam mais de Coleção lendas do folclore brasileiro (Bumba-atividades contemplaram os São João e de cantigas de rodas. meu-boi, lobisomem, Boitatá, Saci-pererê econteúdos de várias áreas de Bicho-papão).conhecimento, por exemplo, Em seguida, solicitamos que BRASil. Parâmetros Curriculares Nacionais -em Língua Portuguesa houve fizessem uma pesquisa na Língua Portuguesa, MEC, Secretaria de Educaçãoa leitura de histórias, análise família sobre o folclore. Com Fundamental, 1998.fonológica de palavras escolhidas a produção das informações Material de apoio enviado pela secretaria de Educação de Olinda.
16. Escola Municipal Monte Castelo prOfa. Lyza GENNIfEr MOrEIra dE BarrOS SOuSa Leão do Norte N o início do segundo semestre de 2008, numa roda de conversa com os estudantes Diante dessas indagações vislumbrei a possibilidade de ampliar o conhecimento sobre a cultura pernambucana acompanhado de visitas a centros de divulgação do tema em do 2º ano do 2º Ciclo sobre a da nossa cultura, a partir da questão (Museu do Mamulengo, cultura popular pernambucana análise dessa música. Assim, Mercado da Ribeira, Alto da Sé, e, ao ouvir a musica de lenine acordamos vivenciar o projeto entre outros) e entrevistas a “Leão do Norte”, vieram à tona leão do Norte, numa perspectiva profissionais envolvidos nessa alguns questionamentos sobre interdisciplinar que viesse divulgação. Foram realizadas elementos da música, até então aprofundar alguns nomes também entrevistas com desconhecidos pelos estudantes, e manifestações populares os familiares e vizinhos dos como por exemplo, “O que é desconhecidas pelos estudantes. educandos, no intuito de resgatar calunga? O que é o auto de Ariano a cultura popular de épocas Suassuna? Quem foi João Cabral? Para realização do trabalho passadas. O que é macambira?”. de pesquisa foi feito um levantamento bibliográfico As palavras–chave de cada estrofe da música formaram um eixo para pesquisa, com o total de seis eixos temáticos. intercaladas a cada eixo aconteceram as16 visitas ou oficinas de artes. Ao todo foram três oficinas: bonecos de barro, mamulengo e dança. Montamos uma coreografia na qual cada personagem da cultura popular pernambucana foi representado por um estudante, como se fosse um boneco de barro que ganhava vida na medida em que a música falava seu nome. As palavras-chave de cada eixo provocavam rodas de conversa e, no dia seguinte, os estudantes traziam para escola o que encontravam sobre o assunto e, em grupo, o material pesquisado era analisado. Eles trouxeram livros, textos da internet, textos de jornais e até um cartaz da campanha de vacinação, no qual havia bonecos de barro. Quando um dos estudantes viu num jornal, trazido para a sala, a reportagem sobre a obra “Morte e Arquivo de lyza Sousa
17. Arquivo de lyza SousaVida Severina”, de João Cabral deMelo Neto, comentou: “Eu já vi aestátua desse homem perto do rioquando fui à cidade com a minhamãe!”.Trouxe o livro “Morte e VidaSeverina” para lermos algunstrechos do primeiro capítulona sala. Ao final da leitura, umestudante questionou dizendo:“Severino é nome de pobre,não é?” Essa pergunta, quaseafirmação, nos proporcionouuma discussão sobre a vida dosretirantes pernambucanos epercebemos que havia alguns 1995.Severinos entre as famílias,inclusive na minha. Nessa 2ª apresentação, estavam Leão do Norte. Disponível emAcesso presentes alguns representantes em 02/08/09.Esta foi apenas uma das situações da Secretaria de Educação e SUASSUNA, Ariano. Auto da compadecida – 22ªde aprendizagem ocorridas toda comunidade escolar. Parecia edição- São Paulo: Agir, 1986.durante a pesquisa bibliográfica. que um filme de todas as etapas CABRAl, João de Melo Neto. Morte e vidaFormamos um glossário da música do projeto passavam em minha Severina - 28ª Edição. Rio de Janeiro: Josécom os significados das palavras cabeça e acredito que o mesmo Olímpio, 1990.construídos pela turma. ocorreu para os estudantes. BARROS, weydson leal. Centenário do Frevo – 1. Meu coração batia no compasso Edição, Olinda, 2008.No final do mês de agosto, do caboclinho. TEiXEiRA, Francisco. História Pernambuco. São 17aconteceu na escola a gincana Naquele momento tive a sensação Paulo: ática, 2004.do folclore e uma das tarefas foi de dever cumprido, pois a turmaapresentar um ritmo da cultura apresentou com segurança olocal. conceito de que cultura é tudo que é produzido pelo ser humano.Como a música leão do Norte Partimos da literatura,tem o ritmo do caboclinho, percorremos a História, chegamosconseguimos cumprir a tarefa à Geografia, observamos ascom êxito e apresentamos Ciências e culminamos nasnossas descobertas para todos Artes. Foi uma viagem prazerosaos colegas. Na ocasião, tivemos que fortaleceu nossa propostaa presença dos pais que se pedagógica na perspectiva deperceberam como parte daquela construção da cidadania.apresentação, inclusive uma mãevestiu-se como caboclo de lança E, para concluir este propósito,e dançou após a apresentação. estamos na 4ª edição da revistaA participação da família traz Troca-troca, contando-lhes um pouco da vivência neste projeto.uma contribuição significativaao processo de ensino eaprendizagem. REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS E wEBiBliOGRáFiCASO grupo ficou orgulhoso de suaapresentação e fomos convidados SIEBERT, Célia. Geografia de Pernambuco. 4ªpara apresentar esta oficina na série, 2a Edição Renovada. São Paulo: FTD,reinauguração da escola, antes 2005.em reforma. JORNAl DO COMÉRCiO. Coleção Pernambuco imortal - Agamenon e o Estado Novo. Recife,
18. Núcleo de Tecnologia educacional, Comunicação e Idiomas – NTECI prOfaS.: rOSINEIdE pESSOa, ÁurEa MarIa CarLOS E SIMONE rOdrIGuES dE MELO Mídias Sociais: mecanismos de apoio e comunicação em curso EAD A presente investigação busca passíveis de serem usados no entre organização e os diversos analisar o uso das mídias cotidiano escolar. Seu emprego públicos que a constituem e com sociais como ferramentas também objetivou a promoção ela interagem. Devido a essa comunicacionais em um curso de trocas intelectuais, sociais expansão, as redes sociais se de formação na modalidade e afetivas. Nesta análise foi tornam cada dia um canal mais Educação a Distância - EAD, considerado a concepção de importante, que possibilita a no município de Olinda. Nessa Mídias Sociais e seu emprego interação e manifestação dos investigação, as autoras e na educação. Por conseguinte, mais diversos tipos de públicos. também tutoras do Curso de identificar a prática de três As redes sociais Tecnologias na Educação – tutoras e suas respectivas turmas virtuais funcionariam CTE/120h -, analisaram tais no uso de mídias, como: Youtube, por meio da interação ferramentas como promotoras Orkut, e Google Docs e outras. social. Onde se busca da interação entre os cursistas. Segundo Castells (2002), as redes conectar pessoas No caso do curso de tecnologias mundiais atribuem uma nova e proporcionar sua na educação, as adoções dessas morfologia social às sociedades comunicação e, mídias sociais justificaram- e a difusão da lógica de redes portanto, podem se diante das dificuldades modifica, de certo modo, os ser utilizadas para comunicacionais ocorridas no processos produtivos e de forjar laços sociais18 ambiente E-proinfo. Esta adoção experiência, poder e cultura. (DAMBRÓES e REiS, teve como objetivos didáticos Deste modo, a internet, segundo 2008). Fica então integrar os estudantes dentro Pinho (2003), permite uma evidente o vasto destas novas lógicas de escritas comunicação aberta e dialógica, uso da internet no e leitura destes recursos, além onde há o estabelecimento de processo ensino de apresentar estas ferramentas relacionamentos mais próximos, aprendizagem e a integradoras como instrumentos permanentes e duradouros realização de cursos na modalidade EAD. Por sua vez, dentreArquivo de rosineide pessoa as inúmeras mídias contidas na web 2.0 e sua integração midiática nas diversas modalidades de ensino presenciais e semipresencias. Mídias sociais chegaram como instrumentos de comunicação necessários para o desenvolvimento de um novo tipo de relação entre educadores e educandos. Fazer uso dessas mídias permite a formação das
19. chamadas comunidades dinâmicasde aprendizagem (Campos, Roquee Amaral, 2007). Entretanto, cabeao tutor adquirir uma constantepredisposição a aprender epermitir que seus colaboradoresassumam o protagonismo desua aprendizagem. As diversasmudanças de paradigmaseducacionais veem para atendero atual perfil dos estudantes(Oliveira, lima, Novaes & Pessoa,2007) inclusive dos estudantesdos cursos EAD.Foram aplicados questionários aoscursistas durante os encontros Arquivo de rosineide pessoa durante as oficinas realizadas no cursistas, ou seja, 8%. Oito primeiro módulo do curso de CTE cursistas abriram uma página no por um período de dois meses. Orkut, após iniciarem o curso, e A pesquisa de natureza qualitativa seis deles, ou seja, 24%, passaram obteve os dados através das a fazer uso do MSN. entrevistas e do acesso de suas Na análise dos depoimentos do páginas pessoais e blogs. As uso das redes sociais pesquisadas, entrevistas objetivaram investigar constatou-se que essas redes têm os tipos de aplicações das Mídias sido usadas como ferramentas Sociais na aprendizagem e seu para a realização de estratégias 19 emprego na comunicação entre de comunicação. As ferramentas os envolvidos. Os depoimentos mais utilizadas são os blogs, os colhidos das três tutoras e dos microblogs, os fóruns, os grupos cursistas se deram nos encontros de discussão das comunidades presenciais, contatos via AVA/e- online e as ferramentas wiki. proinfo, nas mensagens dos blogs, Neste estudo observou-se que nas páginas pessoais e durante as redes sociais estão sendo as oficinas realizadas no primeiro utilizadas como um novopresenciais no NTECi. Também módulo do curso de CTE por um instrumento para a realizaçãoforam registrados as entrevistas período de dois meses. de comunicação no cursopessoais, conversas informais, Participaram da pesquisa 24 de CTE-120. Entretanto, éalém do registro dos acessos cursistas, ou seja, 59% do número necessária uma constanteas páginas pessoais e blogs dos dos estudantes matriculados no avaliação quanto ao seu uso noscursistas. Estas ferramentas curso de CTE-120. Destes, 22 cursos semipresenciais visandometodológicas objetivaram cursistas, ou seja, 92% faz uso aprimorar seu desenvolvimentoinvestigar como poderiam de alguma mídia social. Dentre como ferramenta de comunicaçãoser aplicados pedagogicamente as as mídias, o MSN é a mais usada, social.Mídias Sociais e como os cursistas perfazendo o percentual de No caso pontual da introduçãoestabelecem a comunicação entre 88% dos cursistas, seguidos por dessas mídias, observou-se quesi. Também foram utilizados 75% que utilizam o Orkut e 67% estas serviram para aproximaro registro dos depoimentos que faz uso do Google docs. Já cursistas e tutores na tentativacolhidos das três tutoras, dos o percentual de 50% faz uso de de facilitar o aprendizado. Seucursistas - durante os encontros outras mídias sociais (Sonico, uso foi estabelecer a interaçãopresenciais - nos contatos via Hi5, Flickr, Tagged, entre outras). entre pessoas diferentes queAVA/E-proinfo (Ambiente virtual O número de cursistas que não nem sempre tinham os mesmosde Aprendizagem), nas mensagens possuíam a mídia mais relatada, conceitos e ideias, mas quedos blogs, nas páginas pessoais e no caso do MSN foram de dois passam a ter voz ativa, tornando-
20. Arquivo de rosineide pessoa se então, formadores de opinião. br/web/interna.asp?id_canais=4&id_subcanais=1 Observou-se nos encontros 3&id_noticia=18565&colunista=1> Acessado em presenciais uma interação 10/06/2009.20 crescente entre os envolvidos na DAMBRÓS, J. e Reis, C. a marca nas redes pesquisa, quando da discussão sociais virtuais: uma proposta de gestão quanto à natureza das interações colaborativa. Anais do XXXi Congresso de entre eles, uso das linguagens Ciências da Comunicação, intercom/UFRN/ e opiniões positivas sobre o Uem/UnP/Fatern, 02 a 06 de Setembro de emprego das mídias em suas salas 2008/ organizado por Maria do Carmo Barbosa e Moacir Barbosa de Souza – São Paulo: de aula presencial. intercom, 2008. iSBN 978-85-88537-42-2. Texto disponível em Acessado em 04/03/09. CAMPOS, G., H. B.; Roque, G. O.; Amaral, S. B. dialética da Educação à distância. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2007. OliVEiRA, A. G. O., lima, l. F., Novaes, R. A. G. e Pessoa, R. S. professor-Multiplicador: propostas de ação e atuação profissional – Trabalho de Conclusão de Curso de Tecnologia em Educação. PUC/Rio, 2007. CASTEllS, M. a sociedade em rede: a era da informação. São Paulo: Paz e Terra, 2002. PiNHO, J. B. relações públicas na Internet: ÁurEa MarIa Técnicas e Estratégias para informar e CarLOS E SIMONE influenciar públicos de interesse. São Paulo: rOdrIGuES dE Summus, 2003. MELO POMERANz, Ricardo. difícil de decolar. Disponível em
21. Escola Municipal Monsenhor fabrício prOfa. rOSaNa LIra MadurEIraPrêmio leitor de ouroO bairro de Peixinhos tem literatura, entre outros. O número de leitores cresceu uma realidade precária cada vez mais e a bibliotecaem termos de infraestrutura, Os objetivos do projeto permaneceu lotada.saneamento básico e sistema foram atingidos: aumentamosde transportes. A população a circulação de livros O que não podemos deixar deé, preponderantemente, de proporcionando mais comemorar é o fato de que cadabaixa renda e convive com conhecimento, colaborando, leitor de Ouro passou a ler emuma realidade que interfere dessa forma, para elevar o nível torno de cinco a quinze livros porna vida escolar dos estudantes: intelectual dos estudantes da mês, através de empréstimos,altos índices de contaminação escola; auxiliamos o processo além de realizar consultas napor epidemias, proliferação da de aprendizagem dos conteúdos própria biblioteca.violência, homicídios e tráfico de programáticos ao despertar A premiação propriamente dita:drogas. o interesse pela pesquisa em certificados, medalhas e livros, todas as áreas de conhecimento, não foi o mais importante, oA experiência com o Prêmio leitor através da prática da leitura. que verdadeiramente importoude Ouro, dentro da nossa escola, foi o fato desse prêmiomostrou que a prática da leitura Para exemplificar citamos mobilizar quinhentos e vintepode ser uma grande aliada uma atividade de pesquisa e dois estudantes, universo depara promover aprendizagem. desenvolvida pelos estudantes sob estudantes do turno da tardeAs palavras de uma professora o comando do professor Edvaldo, para se inserirem num espaçoda escola confirmam essa ideia: de História, sobre o brasão do importante do mundo letrado que“Os estudantes com acesso a nome de família. Essa pesquisa do é a biblioteca.livros de sua preferência, ao brasão teve o papel desenvolver Esses números refletem umaserem estimulados e orientados nos estudantes o respeito e o conquista que se resume em:pela professora coordenadora da orgulho de fazer parte de uma conhecimento e cidadania para 21biblioteca e por seus professores, família tradicional ao resgatar a estes pequenos jovens queobtiveram um aproveitamento história do nome de família. despontam de sua realidade comoem sala de aula muito acima do cactos nas rochas, ao elevar seusesperado”. Com o estímulo do prêmio, os sonhos e ampliar horizontes, estudantes passaram a ler cada através da leitura.Criamos o prêmio confiantes vez mais e assim, descobriramno conceito de Paulo Freire de que, através da leitura, rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS Eque “Estudar é importante, conseguiam fazer o que mais WEBIBLIOGrÁfICaSler é muito mais!”, pois a gostavam: viajar para os quatro WEISz, TELMa. O dIÁLOGO ENTrE O ENSINO Eprática da leitura favorece cantos do mundo e entrar no a aprENdIzaGEM. SãO pauLO: EdITOra ÁTICa,não só a aquisição de túnel do tempo. isso me remete 2002.conteúdos programáticos, mas, a Francis de Croisset quando ele MOrIN, EdGar. La TÊTE BIEN faITE. a CaBEçaprincipalmente, enriquece o diz que “A leitura é a viagem de BEM fEITa. rIO dE JaNEIrO: BErTraNdcrescimento pessoal de cada quem não pode pegar um trem!” BraSIL, 2008.estudante. (in: Cabral, 2009:7). SOLÉ, ISaBEL. ESTraTÉGIaS dE LEITura. pOrTO aLEGrE: arTMEd, 1998.Assumimos a coordenação da Premiação dos leitores de Ourobiblioteca, antes fechada, em trouxe muitos ganhos para todos, TOLEdO, LESLIE. fLOrES, LuIza rOdrIGuES.julho de 2008 e informamos sobre inclusive para meu universo CONzaTTI, MarLI (OrGaNIzadOraS). CIdadEo prêmio. Após a divulgação particular, mas, sem dúvida, o EduCadOra. SãO pauLO: COrTEz: INSTITuTO maior presente foi a elevação pauLO frEIrE; BuENOS aIrES: CIudadESdo Prêmio leitor de Ouro, a EduCadOraS. aMÉrICa LaTINa, 2004.biblioteca passou a receber da autoestima das crianças etodas as tardes, em média, entre adolescentes. SEVErINO, aNTôNIO JOaquIM. METOdOLOGIasessenta e cem estudantes das dO TraBaLHO CIENTífICO. SãO pauLO:turmas de 2º ano do 2º Ciclo, Outro fato que não podemos COrTEz, 2009.dos 1º e 2º anos do 3º Ciclo e 1º deixar de ressaltar foi a CaBraL, MarIa uMBELINa SaNTOS dE SOuzae 2º anos do 4º Ciclo. O objetivo surpresa do momento seguinte à ET aLL. dESpErTar O prazEr pELa LEITura.dessa visita era variado: pesquisar premiação: não houve redução TExTO dISpONíVEL EM HTTp://NEad.CTI.furG.trabalhos escolares, fazer de empréstimos de livros, nem Br/MIdIaS/pdfS/dESpErTar.pdf aCESSO EMempréstimos de livros de nossa esvaziamento da biblioteca. 15/05/2009.
22. Escola Municipal dona Brites de albuquerque prOfaS.: CrISTIaNE HOLaNda, MarIa MadaLENa BarBOSa da fONSÊCa, CarLa CONCEIçãO LayME da SILVa Alimentação saudável: Uma (re) construção de valores A equipe de professores e funcionários da Escola Dona Brites observaram que havia um decidiu participar do projeto Nutrir, oferecido pela Nestlé com a parceria da Secretaria dezembro foram trabalhados cinco temáticas abordando a alimentação e o modo de vida desperdício da merenda por parte de Educação de Olinda. O saudável: A importância do uso das crianças do 1º e 2º Ciclos. projeto teve inicio a partir de sustentável dos recursos naturais, Elas jogavam fora determinados indagações das crianças em sala reaproveitamento de alimentos, alimentos que não eram da sua de aula sobre questões relativas à mudança de hábitos alimentares, aceitação, muitas vezes faziam natureza e sua preservação. propriedade e receitas com a soja “guerra” com os biscoitos, As professoras e funcionários(as) e frutas e mudança de hábitos quando não eram recheados. observaram as dificuldades e alimentares. Além disso, também se percebeu as deficiências na alimentação Nesses meses, as crianças o consumo de um grande número das crianças, isso gerou uma demonstraram muito entusiasmo de alimentos industrializados inquietação, levando o grupo a nas aulas coletivas que como: salgadinhos, pipocas, abraçar o projeto, priorizando aconteciam em dois momentos: refrigerantes, confeitos etc. a integração e orientação da no primeiro momento, Diante dessa realidade, em comunidade escolar como um abordávamos a temática do abril de 2008, a unidade escolar todo. Nos meses de abril a mês, cantávamos e refletíamos22 Arquivo de Cristiane Holanda
23. sobre os valores das pessoas Realizamos a nossa Vi Feira de construção de conhecimentos,humanas. No segundo momento, conhecimentos e o projeto foi tanto por parte das crianças,executávamos uma receita divulgado para a comunidade, como também pelos adultos,prática onde os estudantes atingido, dessa forma, um dos demonstrando que a escola,participavam ativamente, principais objetivos do Projeto ao abordar conteúdos epreparando e degustando os Político Pedagógico da escola vivências significativas, torna-sealimentos. que é trabalhar com projetos verdadeiramente, um ambienteCom este trabalho começamos científicos a partir da educação de aprendizagem e de promoçãoa notar mudanças em relação à infantil e divulgar sua produção de mudanças.alimentação e ao comportamento para a comunidade. Outrosdos educandos que passaram resultados que podemos pontuar,a valorizar a merenda escolar, encontram-se registrados nas REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCASdiminuindo o desperdício e fotos, vídeos e relatos do projeto VIDAL, Eunice Leme. Saúde com sabor. Tatuí,reduzindo gradativamente que são: aumento da freqüência São Paulo: Editora Casa Publicadora Brasileira,o consumo dos lanches e permanência do estudante em 2003.industrializados na escola. sala de aula; merenda escolar Serviço Social da indústria - DepartamentoO entusiasmo, a alegria e as consumida com mais prazer; Regional de São Paulo. Alimente-se bem. 2ªmotivações em contribuir para a sensibilização e envolvimento edição. São Paulo, 2006.mudança de hábitos alimentares das professoras, gerando novas Fundação Nestlé Brasil. Kit Nutrir (Guisadinho,se destacaram de tal forma que a práticas educativas; socialização Receituário 1, Manual Antropométrico). Ed.escola foi convidada a apresentar das receitas desenvolvidas na Estudo Elias Andreato. São Paulo, 2008.o projeto em outros espaços, tais escola; resgate dos valores 23como: na formação dos auxiliares básicos humanos por parteda ação educativa da Secretaria dos estudantes e funcionários,de Educação de Olinda, no melhorando a relaçãoencontro da família com os pais interpessoal do grupo.e responsáveis da Escola Brites e Finalizando, ressaltamos queanexos e na igreja Presbiteriana a alimentação foi o ponto deem Aldeia. partida para muitas reflexões e Arquivo de Cristiane Holanda
24. Escola alexandre José Barbosa Lima prOf. EdSON GOMES da SILVa fILHO Bantos e Nagôs: a presença da África no meu bairro O território pernambucano, em especial, as Terras da Nova Roma, Olinda, foram, são em torno da religião de matriz africana e afrobrasileira, por não haver, de minha parte, a essa finalidade, utilizamos a leitura de contos africanos. Essas leituras trouxeram à tona e serão o palco de paradigmas compreensão de minha negritude questionamentos de como construtores da nossa que aflorou, realmente, quando a História excluía o nacionalidade. Não se podem um dos estudantes estava sendo protagonismo do povo descartar, nessa instituição humilhado em relação à cor da africano e como os sócio-cultural, os aspectos sua pele por um colega de sala e fatos vividos pelos étnicos dos diferentes povos que por alguns vizinhos da escola. negros eram ocuparam o lócus olindense, e contados a partir brasileiro. Essas etnias que, desde A angústia de ver tamanha do olhar do a restauração pernambucana, discriminação levou-me a indagar colonizador caminham lado a lado em nossa aos estudantes como eles se branco. isso pôde sociedade presenciam-se nas percebiam em relação à sua cor. ser percebido, comidas, no artesanato, nas As respostas oriundas de tal através da danças, entre tantos outros indagação geraram maior análise elementos culturalmente desconforto, pois mesmo dos livros difundidos em nossa população. aqueles que, nitidamente didáticos que24 apresentavam características Tal contexto socioeconômico predominantemente da etnia e cultural esconde em seu negra, não se consideravam seio um caráter desagregador, assim. Isso me desafiou a oriundo de parâmetros histórico- resgatar, juntamente com eles, a possuíamos. sociais difundidos desde a identidade africana, perdida O debate colônia e estipuladores de um ao longo do tempo. gerado pelas processo discriminatório, não descobertas visível, contudo perceptível, e O primeiro passo para o contribuiu preconceituoso em relação ao desenvolvimento deste projeto para que alguns africano, seus descendentes e foi a escolha do nome e da estudantes simpatizantes de sua religiosidade temática. Para isso, professor começassem a se perceber e de sua cultura. e estudantes do 2º ano do como afrodescendentes 2º Ciclo embrenharam-se na ou afrobrasileiros, ou Em face disto, foi aprovada a lei pesquisa na busca das etnias simplesmente negros. Também nº 10.639/03 que altera o artigo africanas que foram trazidas identificamos os heróis negros 36º da lDBN 9394/96 no que diz ao Brasil como escravas, entre pernambucanos, elucidando o respeito ao ensino de História da as quais, encontramos: Bantos, conteúdo subjacente nas leis áfrica e dos Afrodescendentes Nagôs, iorubás, Jêjês. Dentre abolicionistas do Brasil. (alterada em 2008 pela lei essas, selecionamos as nações 11.645/08 que acrescenta o Bantas e Nagôs por percebermos Para finalizar, socializamos os ensino de História Indígena na claramente elementos residuais conteúdos aprendidos em sala escola). destes povos na nossa sociedade de aula em eventos onde a na atualidade. escola toda pôde participar. Apesar do conhecimento da legislação vigente, havia uma O segundo passo constituiu- O primeiro evento foi fazer dificuldade em transpor o se no resgate da identidade uma feijoada onde os preconceito, principalmente africana de cada um. Para estudantes apresentassem a
25. composição dessa comida típica da turma era de cristãose sua história, comparando-a evangélicos.a outras comidas oriundas dassenzalas pernambucanas e Chegamos ao fim de nossonacionais. O segundo evento projeto com a grande lição defoi participar de uma roda de que para termos um convíviocapoeira, discutindo os aspectos social isento de preconceitos,religiosos presentes nessa arte. devemos aceitar o outro não importando qual seja o seuPor fim, a realização de uma credo religioso, sua cor defeira de conhecimentos onde pele, seu aspecto físico, poisos estudantes expuseram seus todos somos cidadão de direitostrabalhos individuais e coletivos. e a lei suprema nos colocaCom este trabalho pudemos num patamar de igualdade. Astrabalhar a cultura africana e diferenças existem porque temosafrodescendente, resgatar a origens em povos diversos, masidentidade afrodescendente isso não significa que devamperdida do professor e dos ser usadas para que uns seestudantes e compreender que sobreponham aos outros. 25a lei de combate ao racismoprecisa ser duramente aplicada àqueles que ainda hoje se rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS comportam como COll, Cesar et alii. O construtivismo em sala se vivêssemos de aula. São Paulo: Ed. Atica, 2006. numa sociedade FREiRE, Paulo. pedagogia do oprimido.São escravocrata. Paulo : Paz e Terra. 1996. ____________. pedagogia da autonomia. São Outro ganho deste Paulo : Paz e Terra, 1995.projeto foi a compreensão, ____________. pedagogia da Esperança. Sãopor parte dos estudantes Paulo : Paz e Terra, 1996.evangélicos, que ninguém pode CURY, Carlos Roberto Jamil. Lei de diretrizesser preconceituoso em relação às e Bases da Educaçao - Lei 9394/96. Rio dereligiões africanas. Janeiro: DP&A, 2002. PERRENOUD, Philippe. dez novasEssa compreensão se deu, tanto competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.pelo conhecimento adquirido TORRES, Carlos Alberto. democracia,nas leituras e debates, como educação e multiculturalismo: dilemastambém pela observação do da cidadania em um mundo globalizado.meu comportamento, pois Petrópolis: Vozes, 2001.mesmo sendo cristão evangélico TRiNDADE, Azoilda l. da. (org).valorizei o conhecimento e a Multiculturalismo: mil e uma faces da escola.vivência dos estudantes que Rio de janeiro: DP&A, 2002.praticavam cultos de religiõesde matrizes africanas e quese sentiam discriminados numuniverso onde a grande maioria
26. Escola Municipal Monsenhor fabrício prOf. rICardO LuIz dOS SaNTOS Ensinando através das diversas leituras da cultura popular representantes do PROCON- C omo situação real, tínhamos eu, um professor de Arte, um grupo formado por estudantes Estado de Pernambuco, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANViSA, entre outros, PE, mas sem que despertasse o interesse dos estudantes por do 2º ano do 3º Ciclo, 1º e para que se realizasse, assim, o causa da forma como o assunto 2º anos do 4º Ciclo da escola desenvolvimento de um trabalho, foi apresentado. indagado por municipal de Olinda, Monsenhor possivelmente, até de utilidade esses representantes sobre como Fabrício, o Serviço de Proteção pública. o código poderia ser apresentado ao Consumidor - PROCON do de forma atrativa, sugeri que Para que esse trabalho se a linguagem teatral. Aceitei o realizasse, fez-se necessário mais desafio de escrever o texto e do que metas, foi necessário formar um grupo para representá- acreditar que podíamos realizar lo. uma educação para fora das quatro paredes da sala de aula, Assim, nasceu a primeira peça que fosse sedutora e se fizesse que, a pedido do PROCON-PE, elemento utilitário em si mesmo. foi filmada, “por acaso”, e reproduzida no dia seguinte em isto aconteceu, a partir da televisão local.26 apresentação de uma peça de mamulengo, na Escola Monsenhor O efeito de se ver na televisão foi Fabrício. Essa peça foi montada tão positivo entre os estudantes para traduzir na linguagem do que a partir de então, começamos teatro de bonecos, o Código a vislumbrar outras possibilidades de Defesa do Consumidor como, por exemplo, a formação que havia sido debatido, de um grupo capaz de elaborar anteriormente, e executar um projeto que na escola por trouxesse como objetivo comunicar temas de utilidade pública, através da cultura popular. Esse corajoso grupo foi batizado de Troupiart. Partimos então para a pesquisa sobre teatro, mais especificamente teatro de bonecos, principalmente, o teatro mambembe, o teatro de arena, entre outros. Para sistematizar as etapas do projeto, chegamos à conclusão da necessidade de fazer encontros regulares com o grupo para estudos, ensaios. Nesses encontros, os estudantes foram estimulados a ler textos que trouxessem informações sobre Arquivo de Ricardo luiz
27. a cultura popular e o Movimento transporte. Em seguida, partimos Dando prosseguimento, montamosArmorial em Pernambuco, para a escrita, montagem, a peça Morte e Vida Severina dejá que acreditamos que na produção e direção de outras João C. de M. Neto para estimularcontribuição desse movimento peças para teatro popular, onde nos estudantes o prazer de ler umpara o reconhecimento da os bonecos se transformavam texto clássico.cultura popular, pois o mesmo em pessoas e saiam da tendaconseguiu sistematizar esta em um momento, magicamente, Assim, gostaríamos de pontuarcultura, sem descaracterizá-la. integrando-se a um Bumba-meu- que este trabalho tem nosE assim aconteceu, conforme o boi. ajudado a sonhar e a colaborarplanejado. na formação de seres pensantes, Apresentamos no Congresso capazes de produzir para si e paraProsseguimos com os exercícios Nacional em Defesa do os que estão em seu redor, istode representação, leitura Consumidor, em Natal, Rio sim, chama-se sustentabilidade:de literatura de cordel, Grande do Norte essa peça os estudantes acreditarempeças teatrais como o Auto contendo marcação, percussão, que ainda é possível inventar,da Compadecida, lisbela e coreografias, encenação e canto, reinventar, vislumbrar um mundoo Prisioneiro, o Santo e a dentro de uma concepção de melhor.Porca, entre outros. isto se trabalho experimental. Essatransformou numa grande e representação foi o estímulosistemática pesquisa e, sem que para que produzíssemos outros REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCASos estudantes se dessem conta, espetáculos falando de direitos FURTADO. Carlos Nuñez. Educar parao grupo foi se fortalecendo, do consumidor, medicamentos transformar, transformar para educar,crescendo na arte de representar. genéricos, estatuto do idoso, comunicação e educação popular. Petrópolis, queda de barreiras nos morros, RJ: Vozes, 1992.Continuamos a pesquisa de entre outros, de forma atrativa, BOAl Augusto. Jogos para atores e não-atores.figuras populares engraçadas do sedutora e com formato de aula- Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005.folclore como: a rezadeira, que espetáculo.era no passado uma autoridade 27tribal; o Mateus, a Catirina,o Bastião, o Cavalo-marinho Arquivo de Ricardo luize o Bumba-meu-boi efomos criando a partirdos conhecimentosadquiridos.Assim ficou acomposição dapeça: o Cavalo-marinho fazia aabertura, narrandoà peça, Mateus eCatirina tratavamde fazer a ligaçãodo espetáculocom o público eBastião provocavaquestionamentos.Construímos umatenda para osmamulengos, demaneira que fossefacilmente montadae desmontada,facilitando o
28. Escola Municipal Ministro Marcos freire prOfaS.: aNa pauLa NaSCIMENTO, aNa Laura BarBOSa dE OLIVEIra, CLEONEIdE MarIa dO NaSCIMENTO Escola Ministro Marcos Freire No combate à desnutrição A ideia deste projeto nasceu no momento em que observamos a iniciativa de muitas crianças, industrializados. Dessa forma, estimulamos os pais de acerola com a orientação do coordenador da horta, Sr.Júlio Bento. Presenciaram todas as de na hora do lanche, rejeitar a a conscientizarem seus filhos da etapas do plantio e tiraram merenda oferecida pela escola necessidade de uma mudança no as dúvidas, anotaram alguns e comprar o salgadinho, biscoito cardápio do lanche. Esse foi o questionamentos para, no dia recheado, pirulitos, confeitos, ponto de partida para direcionar seguinte, ser socializado em sala refrigerantes, chicletes numa as ações a serem desenvolvidas de aula. Foi aberto um espaço barraquinha próxima à escola. durante o projeto. para discussão, onde foram registradas no quadro as opiniões Devido à preocupação de ver Na etapa seguinte, foi solicitada dos estudantes. Houve também a inúmeras crianças preferirem este aos estudantes que fizessem elaboração de uma cruzadinha, tipo de lanche, surgiu o interesse uma pesquisa, com o objetivo leitura de vários textos de desenvolver um trabalho que de conhecer o valor nutritivo, informativos de jornais, revistas visasse reconhecer a importância sobre a composição química sobre a importância das cores de uma boa alimentação. das frutas regionais a que das frutas, verduras, legumes tivessem acesso. Após a pesquisa, e outros tipos de alimentos, O projeto foi desenvolvido na houve a socialização dos dados destacando as substâncias e o28 Escola Ministro Marcos Freire, coletados entre os grupos, assim, que elas desempenham no nosso no turno da manhã, com os percebemos que os estudantes organismo. estudantes do 1º e 2º ciclo na trouxeram informações faixa etária de 7 e 12 anos, no significativas demonstrando Trabalhamos também com período de julho a outubro de envolvimento com a atividade paródias de músicas com letra 2008. solicitada. envolvendo frutas, legumes e verduras, produção de texto O trabalho começou a ser Em outra atividade, os estudantes com o tema: “Ser saudável consolidado a partir de uma foram levados para a horta, a é ser feliz”, texto lacunado, palestra ministrada pelo fim de observar o plantio do pé contemplando o gênero textual coordenador da horta escolar receita culinária com para os pais e/ou responsáveis o objetivo de sobre o lanche dos estudantes diagnosticar em casa e na escola. o nível de escrita dos Durante a exposição, estudantes. pudemos perceber Houve que os pais não atividade davam importância nem priorizavam alimentos saudáveis e, sim, lanches prontos eArquivo de Ana Paula Nascimento
29. Arquivo de Ana Paula Nascimentoextraclasse com um passeio ao fantoches, poesias e danças. alimentação escolar passou a tersacolão onde cada estudante função pedagógica ao ser inseridaanotou tudo que observou através O tão esperado momento da no contexto curricular.de desenhos e pesquisou preços degustação finalmente aconteceu 29dos alimentos naturais que e os estudantes puderam A escola, no momento em quepodemos utilizar para substituir saborear deliciosos pedaços de propicia esse conhecimentoalimentos industrializados. frutas em tigelas bem coloridas. para os estudantes, trata Com a alimentação coletiva, concomitante sobre as questõesApós a pesquisa, os estudantes os estudantes inventaram e de saúde, além de promover afizeram a leitura da informação exploraram possibilidades de formação de hábitos saudáveis e acom a construção de tabelas e aprendizagem com as produções construção da cidadania, pois “aográficos, realizaram cálculos das construídas em sala de aula. educar para a saúde, de formadespesas entre os dois tipos de Entenderam o que é comer bem contextualizada e sistemática, oprodutos. Na sala, nos reunimos e foram estimulados a repetirem professor e a comunidade escolarpara ouvir os relatos e anotar a ação sempre que possível. contribuem de maneira decisivatudo para compor o mural do Depois da aplicação do projeto, na formação de cidadãos capazesprojeto. a escola sentiu necessidade de de atuar em favor da melhoria dar continuidade a algumas ações dos níveis de saúde pessoais e daOutra atividade surgida, a partir de longo prazo como: introduzir coletividade.” (PCN, p.85).das discussões, foi a leitura e frutas no cardápio da merenda,releitura da obra de Tarsila do estimular o estudante (dentroAmaral: O vendedor de frutas. e fora da escola) à adoção de rEfErÊNCIa BIBLIOGrÁfICaOs estudantes fizeram a releitura hábitos saudáveis e proporutilizando o giz de cera e a lixa. aos donos das barraquinhas de BRASil. parÂMETrOS CurrICuLarES lanches, ao redor da escola, a NaCIONaIS: meio ambiente e saúde – TemasFoi um momento de descontração transversais. Ministério da Educação, Secretariae criatividade. oferta de frutas. da Educação Fundamental. 3ª Ed, Vol 9, Brasília: A secretaria, 2001.A culminância do nosso projeto O olhar atento do professor aosaconteceu na própria escola, temas transversais pode resultaronde houve apresentações em importante oportunidademusicais, palestras, teatro de didática. Nesse sentido, a
30. Escola Municipal Monsenhor fabrício prOfa. audENIa dE aNdradE LIMa 3º LuGar do prêmio AnitA pAes BArreto Meu Bairro, minha vida: Resgatando a noção de pertencimento O projeto se fundamenta no pressuposto de que a aprendizagem deve ser integral, econômicos (comércio) e sociais (diferenças entre as instituições) Na terceira etapa continuamos a resgatar a história do bairro, e o local que consideravam ser mas dessa vez através de relatos por isso, além da aquisição de “cartão postal” do bairro de de moradores. Essa atividade conteúdos científicos escolares, Peixinhos. Foi um dia muito tinha como objetivo fazer com devem ser desenvolvidos os produtivo! Todos ficaram muito que os estudantes reconhecessem conteúdos procedimentais e animados, cada um achava que o o bairro como parte de sua atitudinais. Nessa perspectiva, seu “cartão postal” era o mais e própria história de vida. Assim, o trabalho realizado teve como significativo. elaboramos coletivamente um objetivo identificar no espaço questionário para servir de geográfico do bairro de Peixinhos Produzimos um texto coletivo suporte na entrevista com os as modificações ocorridas, ao de gênero informativo, a partir moradores. Buscamos entrevistar longo do tempo, provocadas das anotações feitas pelos os moradores mais antigos, de pelo homem no ambiente estudantes durante a observação modo que eles falassem de suas físico, reconhecer as diferentes da paisagem. lembranças e das mudanças atividades comerciais existentes ocorridas no bairro ao longo do no bairro. Na segunda etapa, nosso objetivo tempo. Essa atividade foi muito era resgatar a história do bairro interessante, pois claramente30 Para isso, a intervenção foi através de documentos. Nesse observamos o brilho nos olhos vivenciada em quatro etapas, dia, os estudantes realizaram deles no momento do relato. durante os meses de agosto e pesquisas em livros e internet Organizamos as respostas das setembro. Foram realizados: sobre a história do bairro e depois entrevistas para, em seguida, pesquisa em documentos, fizeram um pequeno resumo. montarmos um cartaz com o revistas, jornais e internet, aula- título “como o meu bairro era passeio, escritura de textos, Um aspecto que destaco desse antes e como ele está agora”, trabalhos em grupo, debates e momento foi a satisfação dos dispondo as informações das entrevista. estudantes em realizar o trabalho mudanças ao longo do tempo. coletivo. Eles demonstraram Depois de tantas descobertas, a A nossa primeira etapa teve alegria em apresentar e discutir próxima etapa buscou estimular como objetivo específico resgatar suas descobertas com os colegas. a noção de pertencimento dos os conhecimentos prévios dos estudantes ao seu bairro. estudantes do 1º ano do 2º Ciclo sobre seu bairro, através de um debate informal, sistematizando os principais aspectos observados por eles. Com essas informações, organizamos um roteiro para observação da paisagem do bairro. Os pontos observados por eles e que faziam parte do roteiro foram: a diversidade do bairro em relação aos seus aspectos Arquivo de Audenia lima físicos (tipos de moradia, praças, locais arborizados ou não etc.),
31. realização. Os estudantes foram amadurecendo e se tornando autônomos, aprendendo a se autoavaliarem. Os estudantes se apropriaram de muitos conteúdos curriculares, mas, além disso, educaram o olhar para o entorno, valorizando Peixinhos, o seu bairro, sua escola, sua rua, sua história e desenvolvendo o sentimento de pertencimento, que é tão necessário para que seArquivo de Audenia lima produzam mudanças, realmente, grupo confeccionou convites para significativas. Realizamos mais uma aula- passeio, dessa vez registrando chamar os estudantes das outras fotograficamente os lugares turmas para o evento. rEfErENCIaS BIBLIOGrÁfICaS E buscando identificar aquele que Depois que tudo estava pronto, WEBIBLIOGrÁfICaS mais representava o bairro de fizemos uma eleição para definir Peixinhos (o “cartão postal” de qual era o “cartão postal de NARCIZO, Patrícia. Tesouros do Brasil: Peixinhos). Foi um passeio muito Peixinhos” para a turma. Valorizando nosso Patrimônio, Preservando animado e o mais interessante nossa Cultura. Anuário do instituto de foi a descoberta de que cada Todos os estudantes votaram e Geociências – UFRJ. Vol. 28-1, 2005. Texto depositaram seus votos secretos 31 estudante fazia um caminho disponível em http://www.anuario.igeo.ufrj.br/ diferente de sua casa até a numa urna. No final, os votos anuario_2005_1/Anuario_2005v01_187_189.pdf. escola, por isso cada um tinha foram contados e para nossa Acesso em 15/08/2009. informações diferentes para surpresa e alegria, o “cartão PElEGRiNi, Sandra. Cultura e natureza: os apresentar aos amigos. Muitos postal” escolhido foi a nossa desafios das práticas preservacionistas na esfera do patrimônio cultural e ambiental. Rev. Bras. lugares ainda eram desconhecidos escola!!! Fiquei muito contente Hist., São Paulo, v. 26, n. 51, 2006. para alguns e eles ficavam e os estudantes também. Era RANGEl, Cláudia. 1º Simpósio virtual de maravilhados ao ver e poder explícito o orgulho deles pela história do Vale do paraíba. Texto disponível registrar tanta novidade! escolha. Finalmente, chegou em http://www.valedoparaiba.com/terragente/ Finalmente, de posse de tantas o dia da apresentação. Todos comunicacao/preservacao.doc. Acesso em descobertas, precisávamos chegaram cedo e animados, 12/08/2009. organizar um grande evento na ansiosos para mostrar a produção PAUlA, zuleide de. peixinhos, um rio por onde escola para comunicar a todos as para a comunidade escolar. Cada navegam um povo e suas histórias. Olinda: “maravilhas de Peixinhos”. turma foi entrando e olhando Edições Bagaço, 1999. as fotos, os textos e o mais PilETTi, Claudino. didática geral. São Paulo. Ed. Dividimos a turma em grupos e gratificante nesse trabalho foi ática, 2006. ver que não apenas os estudantes Queiroz, Raimundo Nonato de (org). Tecendo cada um ficou responsável por fios de cidadania. João Pessoa: ideia, 2003. um aspecto da preparação para o da sala foram contagiados pelas SilVA, Janssen F. avaliação na perspectiva evento. Um grupo confeccionou descobertas, mas também os formativa-reguladora: Pressupostos Teóricos e um grande painel fotográfico estudantes que vieram nos visitar. Práticos. Porto Alegre: Mediação, 2004. do bairro, utilizando as fotos tiradas na aula-passeio; outro Destaco um ponto positivo grupo construiu painéis sobre nesse trabalho: os momentos os aspectos observados (físicos, avaliativos, pois a cada encontro sociais, econômicos); outro grupo conversávamos sobre o que montou um cartaz com os textos estava indo bem e o que ainda produzidos pelos estudantes ao precisava melhorar, assim, o longo do projeto; e o último processo era regulado ao longo da
32. Escola Municipal Monsenhor fabrício prOfa. rOSa MarIa fONSECa; prOfa.- MuLTIpLICadOra rOSINEIdE pESSOa o teatro e os recursos recicláveis: o lado lúdico do lixo E ste trabalho objetiva construir um novo olhar e um novo conceito sobre o significado do crianças do Grupo 5 do pré- escolar da Escola Municipal Monsenhor Fabrício, no bairro com a saúde, a proliferação de doenças, o surgimento de animais nocivos como ratos e lixo, apontando os prejuízos de Peixinhos, em Olinda, insetos, a degradação do lugar causados pela forma como o dividido em duas etapas. Na e a poluição do ambiente para homem descarta-o. Estimulando etapa inicial promovemos uma que folheassem, lessem o que a criatividade dos educandos em conversa informal sobre três fosse possível e socializassem produzir novos objetos a partir questionamentos básicos: O que é oralmente seus achados. dos materiais descartados. o lixo? Como cada um, na escola, em casa e na comunidade, trata A segunda etapa foi colocar, na Além de promover a concepção o lixo? E Como a falta de cuidado sala de aula, coletores para que de qualidade de vida através com o lixo prejudica o homem e a a realização da coleta seletiva da aquisição de hábitos contra natureza? do lixo, ocorresse de forma o desperdício e pelo consumo que as crianças demonstrassem consciente. As diferentes respostas foram aprendizagem, formassem o escritas no quadro, à medida que hábito, incentivando os pessoas O projeto foi desenvolvido com 25 eram apresentadas pelas crianças. de casa e da comunidade Após todos se pronunciarem, a também se tornarem32 fizemos um apanhado recicladores. Neste momento, dos depoimentos, apresentamos os símbolos arrematando o assunto. da reciclagem e sua relação com cada Em seguida, foram cor associado distribuídos textos de ao tipo jornais locais e livro didático que traziam noções de cuidadosArquivo de Rosa Fonseca
33. seca F on os a de R uivo Ar q de material (papel, plástico, 2006). O objetivo foi que os material orgânico, metal e vidro), estudantes interagissem com objetivando o aprendizado prático o conhecimento apreendido também fora da escola. Como as através da ficção. Após a leitura, crianças ainda não sabem ler, foi as crianças foram convidadas colocado os nomes dos materiais a confeccionar, da figura específicos em com os materiais do coletor de já previamente material reciclável, selecionados, o profissão desempenhada por cenário onde se alguns pais de estudantes, passava a estória, apontado como agente da pois, elas iriam reciclagem e grande colaboradorseca representar os seus para a saúde e o desenvolvimento a Fon personagens. do meio ambiental local e para o desenvolvimento sustentável. de Ros Aproveitando técnicas como O projeto mostrou a todos os rquivo colagem envolvidos da comunidade escolar A em papel e tecido a riqueza de material didático e pintura livre, o projeto que temos em mãos e, muitas cada contentor e um pôde fazer parte de diversas vezes, desvalorizamos. Ao ser objeto como exemplo. atividades do ano letivo como as selecionado, ressignificado, Assim: no receptor azul foi comemorações do carnaval, com transformado, revitalizado, esse afixado um saco de papel; no a confecção de um estandarte e material ressurge como meio, 33 vermelho, uma tampa plástica e máscaras feitas à base de retalhos como fio condutor de interação, assim por diante. isso facilitou de tecido. O presente do Dia das numa estreitíssima relação muito as tarefas e inclusive deu Mães foram quadros produzidos entre conhecimento e prática, grande suporte no momento em “telas” feitas de tampas de despertando a necessidade da decisão sobre que materiais embalagens. Na Páscoa, através de cuidar, agregar valores e poderiam ser reciclados e da produção de caixinhas para a parceiros para a preservação, levados para nossos trabalhos embalagem dos chocolates e nas o equilíbrio e a manutenção do com sucata. Em seguida, foi aulas sobre meios de transporte, meio ambiente. feita a leitura da história “lalá, animais, plantas, hábitos de a latinha de lixo” (Miranda, higiene, etc. rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS E Uma mudança de atitude pôde WEBIBLIOGrÁfICaS ser notada: o pré-escolar já ANDRADE, T. Meio ambiente: lixo e educação não se comporta mais como ambiental. João Pessoa, PB: GRAFSET, 2003. antes em relação ao lixo que BRASil. LdB 1996. Texto disponível em produz. As crianças reconhecem ftp://ftp.fnde.gov.br/web/siope_web/lei_ e distinguem os receptores n9394_20121996.pdf. Acessado em 12/06/2009. relacionando a cor ao tipo de MiRANDA, S. Lalá, a latinha de lixo. Recife: material e, assim, organizam Editora Bagaço, 2006. o lixo para fins de reciclagem, FERNANDEz, A. Inteligência aprisionada. Porto levando esse aprendizado para Alegre: Artes Médicas, 2005. além dos muros da escola. FREiRE, Paulo. pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Aproximando o aprendizado Paulo: Paz e Terra, 1996. da realidade vivida por alguns educandos, o trabalho gerou ainda um processo de valorização
34. Núcleo de Tecnologia educacional, Comunicação e Idiomas NTECI prOfESSOra-MuLTIpLICadOra rOSINEIdE pESSOa Construção de objetos de aprendizagem: da imaginação ao virtual A s práticas pedagógicas que promovem a leitura e a escrita em sala de aula tornam-se como desprovido de realidade. Pierre lévy (2001) mostra que essa visão é errônea, pois o e a leitura de mundo de cada uma das crianças envolvidas quando estas se contrapõem a ferramentas fundamentais para virtual é real e não uma oposição posição hegemônica da tecnologia o desenvolvimento intelectual ao mesmo. O virtual concretiza- educacional de máquinas como das crianças. Nesse sentido, se quando é posto numa tela de transferidoras de conteúdos. os recursos computacionais algum programa de computador. vieram para ajudar essas Já a imaginação, designa um O projeto inicial foi elaborado práticas com os seus diversos processo mental que consiste na e está em fase de aplicação recursos da web 2.0, entre as reanimação de imagens sensíveis na Escola Recanto da Arte e do quais a produção de objetos de provenientes de percepções Saber (Olinda/PE). A amostra foi aprendizagens como os livros anteriores (imaginação composta pela produção de 18 virtuais. Diferente das práticas reprodutiva) e das combinações crianças do 2º ano do 1º Ciclo, instrumentalistas, professoras do destas imagens elementares envolvendo atividades de leitura Ensino Fundamental de Olinda em novas unidades (imaginação e recontagem de estórias infantis estão adotando e estimulando criativa ou produtiva). por um período de 20 aulas.34 essas produções como uma via de diálogo entre a tecnologia e a Este trabalho buscou analisar as As primeiras atividades propostas imaginação das crianças. produções de crianças de uma foram realizadas a partir de turma da Educação Básica, ao dinâmicas de grupo, leitura de Este estudo propõe-se a analisar criar e redigir histórias, usando contos infantis e fábulas, lendas como ocorre a migração das o computador e uma câmera e temas diversos do dia a dia. ideias do mundo da imaginação filmadora. Para essa análise, Envolveram também produção das crianças à materialização foram utilizadas os conceitos textual oral e escrita, desenhos, nos seus livros virtuais. Um dos apresentados por Emília Ferreiro pinturas e produção de painéis. pressupostos da análise centra- (2001), Paulo Freire (1996) e lévy Em seguida, as crianças, usando o se na atividade do aprendente, Pierre (2001). computador, confeccionaram um identificação e resolução de livro virtual com suas produções e problemas onde o professor como Supõe-se que essa prática fizeram a gravação das narrativas mediador, co-participante dessa permite conhecer melhor o destas mesmas histórias. produção. diálogo entre as ferramentas inicialmente, o programa tecnológicas e a imaginação das utilizado para a confecção De modo muito geral, o crianças no chamado “mundo dos livros foi PowerPoint, mas conhecimento empírico do mundo virtual”. Esse diálogo ocorre como este programa é limitado virtual é amplamente pensado entre o conhecimento construído em seus recursos, as histórias
35. produzidas foram transferidas As crianças comprovarampara o Movie Maker. Em seguida, que ouvir as estórias é tãofoi agendada a data para exibição divertido quanto ler a linguagemdas produções como uma pré- simbólica, escrita. Aplicar oestreia apenas para as crianças uso do computador nesta faseda escola e suas professoras e, da Educação infantil é fazer doposteriormente, a estreia para mundo virtual a concretizaçãoconvidados. do mundo da imaginação. Os fundamentos interativosA pesquisa ainda encontra-se em utilizaram recursos simbólicosandamento, tendo o seu término vinculados aos conceitosprevisto no final do ano letivo científicos da leitura e da escrita.de 2009. Porém, os primeiros O computador e seus recursosresultados indicam uma mudança serviram também para estimulardenominada por Postman (1994) a escrita, apurar os movimentosde ecológica, ou seja, aquela motores e estreitar as relaçõesque reorganiza todas as relações entre as crianças, a professora eexistentes entre os indivíduos. o conteúdo.Esta mudança refere-se tantona prática pedagógica como naforma das crianças criarem ou rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaSrecontarem as histórias. Outro 35aspecto importante refere-se à FERREiRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização:dinâmica que os programas dos Tradução de Horácio Gonzales (et. al), 24.ed.computadores proporcionam às atualizada - São Paulo: Cortez - (Coleção Questõesaulas: um ambiente motivador da Nossa Época - v. 14) 2001.e cercado de mistério, pois, FREiRE, Paulo. pedagogia da autonomia: Saberesas crianças ao assistirem às necessários à prática educativa. São Paulo: Pazproduções ficam “encantadas”. e terra, 1996.Durante o processo de produção, POSTMAN, Neil. Tecnopolia: quando a cultura seobservou-se, por exemplo, que as rende à tecnologia. Lisboa: Difusão Cultural, 1994.cores dos desenhos expressavam LÉVY, Pierre. O que é o Virtual. Coimbra: Quarteto, 2001.os sentimentos dos personagensassim como o uso de cores friasou quentes de acordo com apersonalidade de cada um. Nasnarrativas de suas histórias, ascrianças perderam a timidez esuperaram o medo da estar emfrente de um microfone.
36. Escola Municipal Monsenhor fabrício prOfaS.: ELIaNE fErrEIra VIaNa E rOSaNa MadurEIra o uso da água: abordagem interdisciplinar de uma experiência extraclasse C om o desejo de encontrar novos caminhos para os processos de ensino e a mesma que é utilizada para abastecimento doméstico, nas indústrias, na agricultura, na obter água potável, com uso de dessalinizador, a estação de tratamento de água e produção aprendizagem, o tema água, geração de energia, na recreação, de energia. Ainda assistiram muito privilegiado nos conteúdos no esporte, e outros usos, mas a uma peça teatral sobre a do 6º Ano à 7ª série, nos serviu de principalmente é fundamental importância da preservação da base para realizarmos atividades para a vida dos seres vivos. água. Compondo ainda a segunda de conscientização, a partir da etapa, iniciou-se a intervenção observação do desperdício de Nosso objetivo foi despertar nos didática em sala de aula, onde a água, realidade observada estudantes o interesse para a foi proposto que os estudantes ian eV dentro da escola. pesquisa com tema relevante trouxessem material da an Esperávamos que as para a comunidade local e internet sobre o tema e em sala Eli de ações propostas para promover a alfabetização elaborassem um resumo. ivo o projeto pudessem científica, bem como a qu ar contribuir para uma capacidade de realizar Os professores iniciaram as mudança ou pelo ações de combate ao discussões, a partir do material menos reduzir desperdício de água. escrito pelos estudantes sobre costumes diários “O uso da água no Brasil” e36 dos estudantes, O projeto foi da música “Planeta água” de em relação ao divido em três Guilherme Arantes. uso da água, etapas. A primeira dentro e fora da etapa consistiu A professora de Ciências utilizou escola. na apresentação o tema para reforçar a idéia do trabalho às de que a água sem tratamento Procuramos neste turmas e aplicação adequado pode servir como a ian trabalho diminuir de um questionário, veículo de transmissão de eV an a distância que existe para verificação dos doenças, citando alguns dados entre a realidade e o que é conhecimentos prévios dos sobre doenças reincidentes Eli o de ensinado dentro das paredes da estudantes. naquela localidade de uiv q escola, aproximando a realidade acordo com o trabalho ar do cotidiano de vida do estudante A segunda etapa contemplou duas de Viana e Madureira como sugere Bomtempo (1997). visitas ao Espaço Ciência, hoje (2008). A professora considerado o maior museu de de Geografia enfocou Para isso, elaboramos uma ciências ao ar livre do Brasil. o tema a partir dos abordagem interdisciplinar com textos trazidos os Componentes Curriculares: Os passeios foram realizados pelos estudantes Ciências, Geografia e Matemática. exatamente na semana em que e do próprio se comemora o dia mundial da livro didático, Propondo em sala de aula ampla água. No local, os estudantes confirmando discussão sobre os diferentes visitaram os laboratórios internos que os estoques usos do líquido, mostrando que do espaço e na parte externa de água doce a água que jorra nas torneiras tiveram contato com o bioma no planeta são mal fechadas da escola por mangue, a molécula da água, pouquíssimos, esquecimento ou brincadeira é a utilização de tecnologia para por isso deve-se
37. a ian eVn E lia deevitar os desperdícios. Entretanto, essa experiência de algumas doenças o uivA professora de Matemática nos mostrou que, de fato, que afligem, arqorientou os estudantes a é a participação, o ver e particularmente,partir dos dados trazidos da fazer que caracterizam a comunidade deinternete sobre a distribuição as mudanças de Peixinhos, como ados estoques de água doce no comportamento e dengue, a filarioseplaneta, consumo por região atitude em relação à e a leptospirosee por município. Incentivou educação ambiental. fato observado emos estudantes a calcularem o outro momento porconsumo diário de água por Outro fato interessante Viana; Madureirapessoa em suas casas, obtendo o foi verificado no momento (2008).gasto mensal por domicílio. em que os monitores do Espaço Ciências expunham o assunto ou Os estudantes tornaram-seEnfatizou a partir do texto realizavam alguma experiência, multiplicadores das informações,trabalhado e dos cálculos em os estudantes se mostraram socializando a experiênciasala, o quanto custa caro para os atentos, curiosos lançando no âmbito escolar, buscandocofres do governo, o tratamento questionamentos sobre o uso da sensibilizar toda comunidadede água e o custo que a água pela população. escolar, para o problema dopopulação paga para ter o mau uso da água, incentivandoprecioso líquido jorrando As argumentações a mudança de comportamento a n Vianas torneiras de suas estabelecidas durante e atitude na escola e necasas. as atividades em sala consequentemente em casa. E lia de aula mostraram- deA terceira etapa o se bastante uivconsistiu na rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS arq satisfatórias, uma 37socialização dos vez que não se BOMTEMPO, luzia. Os Estudantes investigadores.conhecimentos restringiram in: aMaE - Educando, nº 270, pp. 6-11,aprendidos nas somente a Setembro, 1997.visitas e em sala afirmações ViANA, Eliane F; MADUREiRA, Rosana l.de aula com simples, mas, Levantamento de dados sobre a incidênciaa comunidade muitas vezes, de doenças endêmicas em peixinhos - Olindaescolar. As apareceram por estudantes do ensino fundamental numa atividades ligadas a abordagem interdisciplinar. iii Encontro realizadas justificativas Regional do Ensino de Biologia (EREBiO-NE), foram e julgamentos UFRPE, Recife, 2008. registradas logicamente por meio de construídos. Este fato observações, nos permitiu encontrar por registro escrito e diversas vezes indicadores da fotográfico. alfabetização científica, como por exemplo, algumas associações Nossa ideia que os estudantes fizeram, de atividades quando perceberam a estreita diferenciadas relação entre pobreza, lixo, falta foi dar uma de água e doenças. As condições roupagem de saneamento básico oferecidas nova para um à população também foram tema antigo “a apontadas como sendo uma das água no meio- principais causas do avanço e, ambiente”. em muitos casos, reincidência
38. Escola Municipal Ministro Marcos freire prOfa.: JOSEILda MaCHadO Vivendo o folcore e formando leitores e escritores O grupo de educadores da Escola Ministro Marcos Freire sempre troca ide ias e importância das comidas típicas saudáveis; reconhecessem, através dos remédios caseiros a ver nossos estudantes se desenvolvendo em diversas áreas, tornando-se mais autônomos experiências, principalmente, relevância das plantas medicinais na construção dos seus próprios quando o assunto é a apropriação à saúde e, principalmente, o conhecimentos. da leitura e escrita. O objetivo valor nutritivo das frutas para desse trabalho integrado é uma alimentação saudável. Organizamos então o projeto em discutirmos sobre as necessidades semanário para que pudéssemos dos estudantes de cada turma, Como nos afirma Freire (1996), acompanhar melhor o processo de socializarmos atividades e propor “Ensinar não é transferir produção, principalmente na área sugestões. conhecimentos, conteúdos. É de leitura e escrita. ação pela qual um sujeito criador Nesse projeto, objetivamos que dá forma, estilo ou alma a um Nesse sentido, mantivemos os estudantes: reconhecessem corpo indeciso e acomodado”. uma sequência de atividades o folclore como cultura que envolviam leituras de diária de um povo construída Esse era o nosso desafio auxiliar tipos e gêneros variados: coletivamente; participassem os estudantes a darem forma aos narrativos (lendas, contos), de diversas situações de conhecimentos que já possuíam poéticos (cantigas, trava- 38 interação de uso da linguagem; de maneira que se percebessem línguas, parlendas) instrucionais interpretassem e explicitassem a fazedores de cultura e escrita. (receitas de remédios caseiros, compreensão sobre textos lidos listas); rodas de conversas; e ouvidos; construíssem imagens Vivenciamos o projeto em cinco dramatizações; trabalhos em com finalidade educativa; turmas do 1º Ciclo sendo: uma de grupos; visitas a horta; execução expressassem, através das primeiro ano; duas de segundo de receita de remédio caseiro; diferentes modalidades artísticas ano; e, duas de terceiro ano. canto de músicas culturais e (desenhos, gravuras, modelagens, A idade dos estudantes variava cantigas de roda. dramatizações, músicas) a de seis a treze anos. Éramos aquisição do Sistema de Escrita cinco professoras com grandes Ao trabalharmos as lendas, Alfabética - SEA; reescrevessem expectativas quanto ao que seria uma das professoras montou textos narrativos; percebessem a produzido porque ansiávamos com os meninos a encenação dos textos lidos. Os estudantesArquivo de Joseilda Machado ficaram fascinados, muito atentos à dramatização de modo que queriam mais quando as encenações terminavam. Em outra turma, o momento marcante foi quando uma aluna muito tímida cantou e dançou com bastante entusiasmo e desenvoltura a música “Cintura Fina” de luiz Gonzaga, pois ela era muito calada na sala de aula e sempre se recusava a participar de apresentações. Vê- la se expressando de forma tão desinibida foi muito gratificante.
39. Na turminha da 1ºano do 1º Ciclo,o que foi muitoproveitoso foi otrabalho com osremédios caseiros.A professora,inicialmente,fez uma roda deconversa sobre osremédios que asmães e avós faziampara eles. Com asrespostas, organizouuma lista paracompor o “livrinho Arquivo de Joseilda Machadodo Folclore”. aprendizagens significativas com quem escreve o livro, o localComo dispomos de uma horta nos estudantes que jamais onde a história foi escrita, pois asna escola, a professora levou esquecerão o que viram, ouviram, lendas espalharam-se oralmenteos estudantes para observarem cheiraram, degustaram, porque o pelo Brasil. Os estudantesalgumas plantas medicinais. conhecimento envolveu todos os demonstraram compreender sentidos. a justificativa e, inclusive,Esse momento foi riquíssimo de aplicando-a em outros momentosperguntas e curiosidades, onde O trabalho com as lendas, à leitura de outros textos.o cuidador da horta escolar, por exemplo, “Negrinho do 39pacientemente, falava sobre Pastoreio”, além de divertirem e Mas o ponto alto de tudo foicada planta, sua serventia, instigarem a imaginação, serviu a culminância onde reunimosalém de responder, as perguntas para a reflexão sobre o racismo todas as produções escritas,das crianças. Os estudantes e o preconceito, como também formamos livrinhos individuais,cheiravam as folhinhas, sobre a identidade étnica dos montamos painéis com asidentificavam algumas plantas estudantes. Realizamos uma imagens, preparamos uma belaconhecidas como a aroeira pesquisa sobre como cada um se mesa de comidas típicas e ose, estranharam o nome Vick, considerava em relação às etnias. estudantes apresentaram váriospois o relacionaram à pomada textos folclóricos tradicionais e osindustrializada que recebe o Pelas respostas pudemos perceber produzidos por eles. A animaçãomesmo nome. como os estudantes negros têm ficou por conta das cantigas dificuldade de assumir a sua “itororó” e “Peixe vivo” em ritmoNa sala, a professora propôs que identidade negra. de funk, tocadas e cantadas pelosregistrassem no caderno desenhos estudantes numa releitura beme nomes das plantas vistas na Com as lendas “iara” e “Boto construída e atual.horta. Em seguida, realizou a cor-de-rosa”, estudamos sobre avivencia da receita do chá de Amazônia, a importância dessa Encerramos tudo com aboldo que todos conheciam a área para a humanidade, sua degustação das comidas e autilidade. Durante o preparo, preservação, a sua localização certeza de que as criançasa turma aprendeu sobre os no mapa. A leitura dessas lendas aprendem mais e melhor quandoprocedimentos para a preparação provocou questionamentos se o conhecimento é significativo,de chás, a mudança na coloração a verdadeira representação toca-lhe os sentidos.das folhas, a temperatura da iara seria aquela em que éadequada para a fervura da água. apresentada como uma sereia ou como uma mulher segurando rEfErÊNCIa BIBLIOGrÁfICaPor fim, saborearam o chá. É um espelho. Após conversas, FREiRE, Paulo. pedagogia da autonomia:interessante observar como uma chegamos à conclusão que essa saberes necessários à pratica educativa. 35 ed.aula simples, promove tantas representação muda de acordo São Paulo. Paz e Terra. 1996.
40. Escola Municipal Maria da Glória advíncula e anexo Espaço aberto divisão de Educação física e Esporte Escolar prOf.: pEdrO BOTELHO dE OLIVEIra fILHO 1º LuGar do prêmio AnitA pAes BArreto O xadrez na escola, ou melhor, nas escolas: Exposição Itinerante do Xadrez O Projeto Xadrez na Escola foi iniciado em 2008, na Escola Maria da Glória Advíncula. Tratou- xadrez, transformando o jogo de xadrez numa atividade pedagógica. Contemplamos assim Começamos esta ampliação da seguinte forma: apresentando o projeto aos professores de se de um trabalho enriquecedor e a Geografia, História, Educação Educação Física e coordenadores deveras estimulante para todos. Física, a Cidadania, a Ética e os da rede, para incentivar essa O objetivo principal era difundir valores, Matemática, Ciências, prática pedagógica em suas e popularizar a prática do xadrez, Língua Portuguesa e Artes. Nesse escolas; organizando um grande estendendo o benefício que ele trabalho de pesquisa preliminar, acervo de jogos, para exposições traz a toda comunidade escolar. apresentei vários temas nas escolas; participando de relacionados ao xadrez como eventos da prefeitura como A coordenadora pedagógica sugestão para ser trabalhado a Semana do Meio Ambiente Glauciane Maciel, tendo por cada Componente Curricular na Secretaria de Orçamento observado o grande interesse que mencionado. Participativo, Desenvolvimento o xadrez provocava nas crianças, Urbano e Ambiental, propôs estendermos a sistemática Como exemplo da possibilidade apresentando o xadrez com para toda a escola no ano letivo de interdisciplinaridade, temos, materiais reutilizados. Realizamos de 2008, pois devido a tantos no xadrez regional, vários também uma oficina de xadrez do elementos contidos nesse jogo, elementos para o debate, Dia do idoso e durante a Feira de40 seria possível realizar um diálogo como por exemplo, o retirante Conhecimentos do Município. com os demais Componentes nordestino, a casa de taipa, os Curriculares. padres das cidades de interior e Houve o bumba meu boi. Essa discussão também Para essa finalidade, consultei pode ser ampliada, contemplando divulgação livros, revistas e internet. elementos da Arte: a técnica da nas reuniões Durante as semanas da feitura dos bonecos de barro, as de diretores elaboração deste trabalho, cores usadas por Mestre Vitalino, escolares no começo de 2009, fui a Na exposição itinerante de xadrez pelo professor uma reunião de xadrez do também são apresentadas as Pedro Ricardo Departamento de Esportes diversas possibilidades de usar leite. Assim, do Governo do Estado de mapas, tabuleiros históricos, começamos Pernambuco. A coordenadora da questões matemáticas e a empreitada reunião levantou a questão que, ilustrações de quadros antigos. do que apesar de muitas escolas da rede chamamos privada de ensino ter o xadrez na Em março deste ano, fui “Exposição grade curricular, não existia uma convidado pelo chefe de Divisão itinerante de pesquisa ou algum trabalho que de Educação Física e Esporte Xadrez”. o justificasse pedagogicamente. Escolar, Prof. Pedro Ricardo leite, Esse trabalho abordaria o xadrez a estender o projeto que foi Essa de forma interdisciplinar. Aliaria iniciado na escola Maria da Glória exposição, diversos conhecimentos com Advíncula a todas as escolas da conforme a prática lúdica de se jogar Rede Municipal de Ensino.
41. agendamento, foi às escolas Estimo que cerca de 1400 rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaSpara mostrar aos estudantes e, estudantes do Ensino FONTARNAU, Abel Segura. O Ensino de xadrezsobretudo ao corpo docente, Fundamental anos iniciais e finais na escola. Porto Alegre: Artmed, 2003.aspectos não conhecidos e conheceram a exposição. FREiRE, Paulo. pedagogia da autonomia:curiosos do xadrez, utilizando Saberes Necessários à prática Educativa. Sãocastelo, jogos temáticos, jogos Uma promessa realizada: todos Paulo: Paz e Terra, 1996.confeccionados com materiais que a assistiram, conheceram GARDNER, Howard. Cinco Mentes para o futuro.reutilizados, fotos e mapas. o xadrez de uma forma mais Porto Alegre: Artmed, 2007. dinâmica e elaborada e, os que já KASPAROV, Garry. xeque Mate! Meu primeiroHouve então, um resgate da o conheciam, passaram a vê-lo de livro de xadrez. Porto Alegre: Artmed, 2007.história do xadrez desde suas uma forma inteiramente nova. MORiN, Edgar. a cabeça bem feita: repensarorigens na ásia do século V, a reforma, reformar o pensamento. Rio dedo primeiro jogo, passando isso foi constatado pelo interesse Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.pelos modelos antigos e despertado nos estudantes, NOVAES, Carlos Eduardo; lOBO, César. Cidadania para principiantes- a história doscontemporâneos, e até modelos pela curiosidade, pelo brilho no direitos do homem. São Paulo: Editora ática,infantis e alternativos, com olhar e, sobretudo pelo retorno 2004.materiais reutilizáveis. dado pelas escolas, professoras PiNi, Adriana Morbin. Coleção atlas doAs exposições ocorreram nas queriam aprender para também Estudante: xadrez. São Paulo: Didática Paulista,escolas: Santa Tereza, Azeredo ensinar em suas salas, pelos 2006.Coutinho, 12 de Março, Claudino pedidos de oficinas de xadrez e SEVERiNO, Antônio Joaquim. Filosofia. Sãoleal, Marcolino Botelho, izaulina capacitação... Paulo: Cortez, 2007.de Castro, Professor wilson, SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. História Geral:Monte Castelo, Dona Brittes Este projeto que foi iniciado Teoria e prática. São Paulo: Rideel, 2006.Albuquerque, Coronel José na Escola Maria da Glória SHENK, David. O Jogo Imortal – O que o xadrezDomingos e Maria da Glória Advíncula, ultrapassou seus nos revela sobre a guerra, a arte, a ciência e 41Advíncula. muros, desconheceu fronteiras o cérebro humano. Rio de Janeiro: Jorge zahar Editor, 2007. entre escolas, estendendo seus benefícios a diversas comunidades escolares. Sonhamos alto, em 2010 implantar o xadrez em todas as escolas municipais de Olinda, bem, na realidade não é sonho, é meta a ser alcançada. A exposição itinerante de xadrez foi apenas o início de todo o processo. Quero deixar claro que não realizamos nada na vida sozinhos e precisamos do semelhante para construir junto, como diz Dom Hélder “Sonho que se sonha sozinho é apenas sonho e sonho que se sonha junto... é o início de uma nova realidade”.
42. Escola Municipal Ministro Marcos freire prOfaS.: EMaMuELLE aLMEIda, JOSEILda MaCHadO, ELIVaN NaSCIMENTO, KaENEdy E VaLdIra urSuLINO Viajando nos contos de fadas, levando a leitura e a escrita na bagagem E ste trabalho surgiu da necessidade de envolver os estudantes dos 1º, 2º e 3º anos do de uma conversa, fizemos o levantamento dos contos mais conhecidos, confeccionando também conseguimos discutir conteúdos das diversas áreas do conhecimento, a partir da leitura 1º Ciclo em atividades de leitura cartazes com esses títulos. como, por exemplo: tipos de e escrita de maneira prazerosa. moradia, através do conto dos Então pensamos em um projeto Após esse primeiro momento, “Três Porquinhos”; saúde, através que os levassem a sonhar, usar começamos a envolver nossos da história de “Chapeuzinho a imaginação, emocionarem- estudantes nos contos, ao realizar Vermelho”; valores sobre a se. Que lessem e escrevessem a leitura em voz alta de diversos beleza, utilizando “A Bela e a para recontar o que foi lido de exemplares, ora feita pela Fera”; e o respeito às diferenças maneira significativa. Enfim, que professora, ora pelos próprios com a história do “Patinho Feio”. pudessem sair um pouco da sua estudantes, baseados na ideia de realidade e se reportassem para Teberosky (2003 p.86) que “(...) Após as diversas atividades um mundo encantado. escutar a leitura em voz alta é envolvendo essas narrativas, escutar a linguagem isso ajuda foi realizada a reescrita das Assim, utilizando as narrativas a criança a desenvolver a sua mesmas, na qual os estudantes literárias para dar suporte competência linguística”. Assim, foram convidados a escrever ao desafio de ler por prazer, procuramos oportunizar vários da melhor maneira possível o42 mergulhamos no mundo momentos de leitura em voz alta conto escolhido pela turma. Foi encantado dos contos de fadas. para que os mesmos se tornassem um momento de aprendizagem íntimos dos textos. significativa onde as crianças A princípio sabíamos que os se arriscaram a escrever e alunos envolvidos já tinham Após a leitura, havia o momento analisaram as suas próprias um conhecimento prévio das de conversas e discussões sobre escritas. narrativas literárias por se tratar o conto lido, escrita das atitudes de gêneros textuais bastante e características externas e De acordo com Teberosky (2003, abordados nas escolas. Através internas das personagens. Assim, p.117) “a reescrita é considerada um recurso para promover o usoArquivo de Joseilda Machado diversificado de vocabulário, para adequar o nível de língua, e para aprender novas formas sintáticas, sem esquecer-se das características que tal ou qual tipo de discurso exige”. Assim, o texto original serve de modelo e as crianças vão ampliando seu
43. vocabulário e suasescritas, tomandopor base o textooriginal.Foram reescritoscinco contos: o 1ºano reescreveu“Branca de Nevee os Sete Anões”;o 2º ano A, “OsTrês Porquinhos”,o 2º ano B, “ABela e a Fera”e “ChapeuzinhoVermelho”; o 3º Arquivo de Joseilda Machado que o gosto pela leitura podeano A, “Patinho Feio”. Após esse ser despertado, desde quemomento, foram realizadas as o professor esteja atento àsilustrações dos contos reescritos necessidades de sua turma e quee confeccionados os cartazes que a família também se envolvaforam expostos na culminância do no trabalho desenvolvido pelaprojeto. escola.A culminância do nosso projetodeu-se com a exposição das rEfErÊNCIa BIBLIOGrÁfICaproduções oriundas das atividades 43desenvolvidas nesse período e a TEBEROSKY, Ana. Aprender a ler e a escrever:apresentação teatral dos contos. uma proposta construtivista. Porto Alegre:Cada turma encenou o conto Artmed, 2003.reescrito utilizando máscaras ecartazes ilustrados formando umcenário móvel. Foi um momentomuito rico, onde a comunidadeparticipou, prestigiando os Arquivo de Joseilda Machadofilhos.E, para garantir que asleituras iriam continuar,foram distribuídos a todososestudantes da escolaexemplares dos contos defadas lidos.Consideramos que oprojeto alcançou osobjetivos esperados, aonos depararmos com osestudantes trocando oslivrinhos e pedindo paraque as professoras lessemem sala de aula. Comessa atitude acreditamos
44. Creche Emmanuel prOfaS.: aNdrÉa KarOLINa, CrISTIaNE, faBIaNa, GErCINEIdE, HEVErNy, KaTIa Prevenir é melhor que remediar N osso projeto foi pensado a partir de uma realidade que incomodava estudantes e num período de três meses, com crianças de um ano e meio a seis anos de idade da creche Emanuel, as crianças para uma roda de conversa sobre o piolho, mostramos figuras, conversamos professores de nossa creche, em atividades ora coletivas, ora como se pega e como prevenir. a incidência de crianças com em seus respectivos grupos. As crianças se mostraram bem à piolho, sarna e outros germes. vontade para falar que tinham Nosso objetivo era conscientizar Montamos um cronograma de ou já tiveram. Um estudante os pais e responsáveis sobre sua atividades que incluía roda do grupo 2 comentou: “Tia, eu responsabilidade com a higiene e de conversa, leitura de livros, tenho piolho! Minha cabeça coça, a saúde das crianças; informar as músicas, oficinas, confecção de coça...”, outro estudante relatou: crianças sobre essas patologias e mural entre outras. “Tia, esse bicho é muito feio e mostrar-lhes como combatê-las, a minha mãe matou eles com buscando o desenvolvimento de Começamos nosso projeto com o álcool”. hábitos de higiene preventiva. As tema piolho, que foi vivenciado atividades foram desenvolvidas durante uma semana. Reunimos Também tivemos um momentoArquivo de Andreia Carolina 44
45. com os pais e foi muito bom e um chamando atenção do outro higiene e a saúde de seus filhosver a participação dos mesmos para comer a cenoura do prato e mais conscientes de suasrelatando o que já havia porque tem muita vitamina. responsabilidades.acontecido em suas casas ecomo agiram. Os pais relataram Os dentes não ficaram de fora.formas caseiras de combater o Para estimular a conversa sobre rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaSpiolho, a sarna, o bicho de pé escovação e uso do fio dental TáVORA, lúcia. O pÉ-dE-CHuLÉ. Recife: Ediçõese discutiram a importância de na prevenção de doenças como Bagaço.cuidados com a higiene da casa e cáries, lemos o livro “O Dente- MiRANDA, Socorro. O dente-de-Leite. Recife:das crianças para não contraírem de-leite”. As crianças adoraram Edições Bagaço, 2004.essas doenças, que são comuns o livro e ficaram mostrandoem idade escolar, fáceis de tratar, como escovam seus dentes. Elasmas que incomodam alunos também puderam escovar ee professores e se não forem mostrar como usar o fio dentaltratadas podem se tornar um numa boca de plástico queproblema muito sério. pertence à creche.Para tratar sobre a sarna e o Observamos a interação dasbicho de pé, as professoras crianças em todas as atividades eda creche fizeram uma leitura a familiaridade que elas tinhamcoletiva do livro “O Pé-de-Chulé” com os temas abordados. Dentroe, logo após a leitura do livro, de cada grupo, as professorascomeçamos uma discussão com as procuram realizar as atividadescrianças sobre os cuidados com a de linguagem e escrita, utilizandolimpeza do corpo e das roupas. palavras-chave como piolho e 45 higiene.Em seguida, realizamos umconcurso do desenho do pé mais As crianças produziram, embonito que agradou as crianças oficinas coletivas acompanhadasque se mostraram preocupadas pela professora, medicamentosem estar sempre calçadas para para tratar o piolho,não pegar ‘bicho no pé’. confeccionaram maquetes e murais que representava cadaNossas atividades sempre partiam doença e cuidados relacionadosde uma roda de conversa com a elas. O projeto culminou emtodos os estudantes da creche apresentações para a feira dee, ao tratarmos das verminoses, conhecimentos da escola onde ascomeçamos mostrando a crianças falaram com entusiasmoimportância de larvar bem e propriedade, sobre os cuidadosos alimentos e as mãos antes com a higiene, explicandodas refeições, como maneiras como evitar a contaminação depreventivas no combate aos determinadas doenças.vermes. A importância daingestão de frutas e verduras Os pais que, na primeira reunião,também foi citada e, na hora do participaram timidamente, noalmoço, ouvimos os comentários segundo encontro, se mostraramdos estudantes sobre as verduras mais preocupados com a
46. Escola Municipal Coronel José domingos prOfa. CLaudIa MarIa BEzErra da SILVa Respeitem os meus cabelos brancos! O projeto “Respeitem os Meus Cabelos Brancos!” foi desenvolvido na Escola 1991, o percentual de idosos representava 7,3% da população. Já em 2000, a proporção atingia escola maneja. Essas diferenças podem ser uma riqueza para o fazer educativo. Quando os Coronel José Domingos da Silva, 8,6% e a expectativa para 2020 é interlocutores falam de coisas nas turmas de nível I e III da que a população idosa represente diferentes, o diálogo é possível. Educação de Jovens e Adultos, 13% dos brasileiros. Portanto, Quando só os mestres têm o com atividades vivenciadas ao esse assunto é de interesse dos que falar, não passa de um longo de seis semanas, entre estudantes do nível I e III da EJA, monólogo.”, nas palavras de agosto e setembro de 2009. Foi cuja faixa etária varia de 16 a 78 Arroyo (2006, p.35) ao abordar uma proposta de trabalho que, anos, e muitos, por serem idosos sobre o conhecimento que os amparada no Estatuto do idoso e desconhecerem os seus direitos, estudantes da EJA trazem para e na Constituição da República lidam com preconceitos, falta de a sala de aula. Nada melhor Federativa do Brasil, se propunha sensibilidade e solidariedade no para manter o interesse do a conhecer e analisar se os cotidiano. estudante, do que tratar de um direitos das pessoas com idade tema que, no caso dos idosos, igual ou superior a 60 anos O projeto usou a experiência da é o que eles estão vivenciando estavam sendo respeitados. turma como base para as aulas, e dos estudantes mais jovens, pois, dessa forma, os estudantes conhecerem o que pessoas 46 Foi oportuno estudar esse tema, puderam relacionar os conteúdos próximas enfrentam no seu dia- já que de acordo com dados do a exemplos concretos, porque a-dia. Instituto Brasileiro de Geografia “(...) eles carregam para a e Estatística (IBGE), com base relação pedagógica saberes, Foram desenvolvidas as seguintes no Censo 2000, a população conhecimentos, escolhas, atividades nas turmas dos níveis brasileira está envelhecendo experiências de opressão e de i e iii: cada vez mais ao longo dos libertação. Carregam questões Sensibilização: Para iniciar o anos. O iBGE constatou que, em diferentes daquelas que a projeto, foi feita a seguinte pergunta: Você já presenciouArquivo de Claudia da Silva algum tipo de preconceito ou violência contra os idosos? Alguns estudantes citaram como exemplo motoristas de ônibus que não respeitam idoso, parando o coletivo muito distante da calçada, arrancando com velocidade antes que o idoso tome assento; pessoas nos ônibus que não cedem o lugar, muitas vezes o exclusivo, para o mais velho sentar; a violência praticada por parentes em casa; e a discriminação sofrida na seleção para um emprego. A concepção errônea de que a
47. pessoa idosa é um “peso”, alguéminoperante e que sempre geranovos custos foi apresentada poralguns estudantes como discursoainda verbalizado por muitaspessoas do seu convívio.Estudo das leis de amparoaos idosos: Estudo dos pontosprincipais do Estatuto do idoso(lei n.º 10741 de 01/10/2003), Arquivo de Claudia da Silvaonde no nível I, os artigos foramlidos por mim e no nível III, pelos processo de alfabetização. ARROYO, Miguel González. Educação deestudantes, divididos em grupos. Produção de texto: no nível Jovens-Adultos: Um Campo de Direitos e de Responsabilidade pública. in: SOARES, leôncio;Após a leitura e análise, houve o iii, os estudantes produziram GiOVANETTi, Maria Amélia; GOMES, Nilmadebate entre todos na sala. uma redação com o tema: “Os lino (Orgs.). diálogos na Educação de Jovens direitos dos idosos estão sendo e adultos. 2.ª ed. Belo Horizonte: EditoraDurante essa atividade, chamou a respeitados?”; Já no nível I, o Autêntica, 2006.atenção dos estudantes o inciso i mesmo tema foi utilizado para FREiRE, Paulo. pedagogia do Oprimido. 17.ªed.artigo 3.º, que garante aos idosos elaborar um texto coletivo. Tanto Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.preferência no atendimento em nas redações, como no texto BRASil. Constituição da república federativaórgãos privados e públicos. Foi coletivo, foi enfatizado o não do Brasil. Disponível em www.planalto.gov.destacada como descumprimento cumprimento das leis estudadas. br/.../constituicao/constituicao.htm Acesso emda lei, a demora de atendimento 30/07/09a essa população em bancos e Mural para escola: Foi proposto Estatuto do Idoso. Texto disponível em www. 47hospitais. O estudante Sebastião, que os estudantes escrevessem planalto.gov.br/ccivil_03/.../L10.741.htm. Acesso em 30/07/09.do nível I citou: “No banco, a fila frases em resposta à pergunta: Perfil dos Idosos Responsáveis pelosdos idosos, às vezes, demora mais Como o idoso deve ser tratado? domicílios. Texto disponível em www.ibge.gov.que a outra”. Cada estudante apresentou para br/home/presidencia/noticias/25072002pidoso. a sala a frase que escreveu e, shtm Acesso em 30/07/2009.Construção e análise de gráficos: em seguida, foram colocadas no projeção da população do Brasil - IBGE:No nível III, foram construídos mural. População Brasileira Envelhece em Ritmográficos para representar o Acelerado. Texto disponível em www.ibge.crescimento da população de Ao final do projeto, mudanças gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_idosos no Brasil, leitura e estudo significativas puderam ser impressao.php?id_noticia=1272 Acesso emcomparativo de gráficos com percebidas no comportamento 30/07/2009.dados sobre os idosos. dos estudantes, principalmente, dos mais jovens que passaramleitura e escrita da palavra a refletir sobre como estãogeradora: no nível I, foi debatida tratando as pessoas maise estudada a palavra iDOSO, velhas com as quais convivem,dividida em sílabas e reunidas a enquanto os estudantes idosos,outras sílabas já conhecidas para ao conhecerem seus direitos,composição de novas palavras, disseram ter passado a cobrá-losapresentada a regra ortográfica com mais rigor nos lugares ondedo “s” intervocálico, pois de circula.acordo com Paulo Freire, adiscussão da palavra permite queo estudante tenha consciência da rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS Erealidade em que vive, tornando WEBIBLIOGrÁfICaSmais significativo e eficiente o
48. Núcleo de Tecnologia educacional, Comunicação e Idiomas – NTECI prOfa.: MarIa dO rOzarIO GOMES da MOTa SILVa Tutoria virtual e os futuros caminhos da formação continuada de professores O presente relato trata de uma experiência de formação de formadores para atuarem dos professores da rede pública de modo a facilitar com maior flexibilidade a participação Tutoria on-line, Uso das TiC na educação e processos de ensino e aprendizagem em ambientes como tutores em Ambientes desses professores nesse tipo de virtuais de aprendizagem. Virtuais de Aprendizagem - AVA. formação continuada. O Curso foi estruturado em Nosso objetivo era capacitar os dois módulos: o primeiro para professores multiplicadores do O curso teve uma carga horária aprofundarmos o conceito de EAD NTECi para atuar na mediação de 32h, sendo 24h à distância e e sua relevância nos dias atuais, pedagógica dos cursos de 8h presenciais estruturado em como aprender a aprender em Introdução à Educação Digital dois módulos. Procuramos refletir educação à distância, tendo como (40 horas) e, no curso Tecnologia a respeito das características foco a construção da autonomia na Educação: Ensinando e e possibilidades de ensino e do aprendiz; o segundo para Aprendendo com as TIC (120h), aprendizagem em AVA, suas debatemos a respeito das ambos promovidos pela Secretaria características pedagógicas, características e possibilidades de Educação a Distância – SEED/ tecnológicas, possibilidades e de ensino e aprendizagem MEC e implementados nas redes limitações. Discutimos também em ambientes virtuais, as públicas de todo o país. sobre diferentes estratégias de características pedagógicas, tutoria em EAD e do perfil e tecnológicas, suas possibilidades48 Nosso objetivo principal era funções do tutor on-line. Para e limitações, além de discutirmos aprofundarmos o conceito do fundamentar a nossa prática, estratégias de tutoria em EAD, que é aprender a aprender em utilizamos as ideias apresentadas o perfil e funções do tutor on- EAD, ao focalizar a construção por Sousa (2004), luque (2004), line. da autonomia do aprendiz, sem Kenski (2007), lévy (1999) e perder de vista as questões Pretto (2006). A avaliação ocorreu durante o relacionadas à otimização processo, através da utilização dos esforços do estudo e da Para a montagem e estruturação dos recursos e ferramentas aprendizagem à distância. do curso no ambiente e-proinfo, disponibilizadas no ambiente, Assim, estaríamos explorando a realizamos uma revisão da atuação dos multiplicadores modalidade de EAD, na formação bibliográfica sobre EAD, AVA, nos fóruns e nas discussões
49. presenciais. O curso promoveu areflexão sobre a atuação do tutornos cursos em EAD, deixandoclaro que o papel do tutor éorientar, monitorar a realizaçãoda atividade, sem perder de vistaa autonomia do participante.No que se refere à aprendizagem, Arquivo de Maria do Rozario Silvao papel do tutor é colaborar paraa promoção da aprendizagem virtual, através da comunicação. o novo ritmo da informação. 2.ed. Campinas:colaborativa e interativa, Daí a necessidade de formular Papirus, 2007.deve ser receptivo e fazer comandos que sejam capazes LÉVY, Pierre. Cibercultura. Rio de janeiro:intervenções, quando necessário, de transmitir ideias claras, Editora 34, 1999.e favorecer atividades que instruções precisas, estímulos lUQUE, Mónica. ambiente de enseñanzaestabeleçam relações entre os apropriados e sentimentos y aprendizaje virtual: característicasconteúdos do curso, as propostas adequados à vida acadêmica. pedagógicas, características tecnológicas,de trabalho e as experiências posibilidades y limitaciones. Módulo 3 do cursopedagógicas dos participantes. de Formação de Tutores para o curso de Arte,O tutor deve ter domínio da rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS Educação e Tecnologias Contemporâneas.tecnologia utilizada, pois se Brasília: Unb, 2004.utilizará dela para mediar a aula KENSKi, Vani Moreira. Educação e tecnologias: PRETTO, Nelson e PiNTO, Cláudio da Costa. Tecnologias e Novas Educações. Revista Brasileira de Educação v. 11 n. 31 jan./abr. 2006. 49 SOUSA, Maria de Fátima Guerra de. aprender a aprender em Educação a distância: a construção da autonomia do aprendiz. Módulo 2 do curso de Formação de Tutores para o curso de Arte, Educação e Tecnologias Contemporâneas. Brasília: Unb, 2004. Arquivo de Maria do Rozario Silva
50. Creche Casa de Mirella prOfaS.: aNTôNIa rOSa, JaNE KELI, SELMa CrISTINa “Se essa rua fosse minha...” O projeto de intervenção, “Se essa rua fosse minha...”, foi vivenciado com crianças de foi realizada uma entrevista com as mães com o objetivo de conhecer o que era a brincadeira os peixes e as tartarugas no lago. As plantas aquáticas despertaram a curiosidade das crianças, “as zero a três anos na creche Casa das crianças quando estavam em planta vai se afogar!”, admirou- de Mirella, localizada no bairro casa. Foi constatado que a grande se Carlos de 3 anos. Mas as Amaro Branco, Olinda-PE. maioria: brincava na rua; outras, crianças curtiram mesmo foram viam televisão e poucas tinham os brinquedos da praça: balanços, Quando o ano letivo de 2009 acesso a algum tipo de brinquedo. escorregos, gangorras e muito iniciou e nós, professoras, nos A frequência maior foi para a verde que fazem daquela praça vimos rodeadas de crianças muito brincadeira com os irmãos. um lugar de liberdade e convidam pequenas, buscamos promover A partir desse diagnóstico, qualquer pessoa a se sentir aprendizagem a partir de foi realizada uma pesquisa criança. brincadeiras, pois observarmos bibliográfica sobre o tema, a fim que, no cotidiano, as crianças de selecionar as brincadeiras e Conseguimos envolver os pais aprendem através de variadas jogos mais adequados para a faixa nas atividades do nosso trabalho, brincadeiras, em especial, a etária das crianças. através das comemorações do de faz-de-conta. De acordo São João e do dia dos pais. com lopes (1993), a criança Os planejamentos foram No São João, foram colocadas50 que brinca de boneca refaz a elaborados de forma que própria vida, corrigindo-a ao contemplassem a construção seu modo, e revive todos os de brinquedos e jogos que prazeres ou conflitos, resolvendo- auxiliassem o trabalho os, compensando-os, ou seja, pedagógico. Nas sextas-feiras completando a realidade com a eram feitas oficinas coletiva, ficção. onde eram construídos brinquedos ou jogos, como boliche, bolas de Nosso trabalho teve início com meia, carros, telefone sem fio uma roda de conversa com as etc. Paralelo ao trabalho coletivo crianças sobre os brinquedos e/ou cada professora desenvolvia com brincadeiras que eles costumavam seus alunos atividades de acordo brincar. Ficou evidente, segundo com as habilidades de cada a fala das crianças, que a turma. variedade era pequena. “De carrinho”, falou Rhaldney de 2 Fizemos também aulas passeio. anos e, como há uma tendência Visitamos a Praça do Carmo, natural das crianças repetirem o onde as crianças tiveram a que o colega fala, todos naquele oportunidade de observar momento também afirmaram durante o percurso, algumas brincar de carrinho. Em outras construções históricas como rodas de conversa, foram citadas igrejas, identificaram árvores outras brincadeiras como jogar frutíferas e alguns animais como bola e brincar na praia. Também lagartixa. Na praça, observaram
51. à disposição de todos os O projeto culminou com a Brasília, 2001.participantes, brincadeiras exposição de brinquedos e jogos lOPES, Rafael Ernesto. Introdução à psicologia evolutiva de Jean piaget. São Paulo: Cultrix,tradicionais como pescaria, construídos com a participação 1993.parlendas, adivinhações, tiro das crianças da creche.ao alvo. E, no dia dos pais,foram realizadas competições Este trabalho, só foi possívelde brincadeiras e jogos como de ser realizado graças aoboliches, corrida do ovo na colher esforço coletivo, de todos quee um bingo. Nas duas ocasiões, constituem a Creche Casa deforam distribuídos brindes para Mirella, crianças, professoras,os participantes. Esses dois auxiliares, voluntários e quemomentos serviram para fazer contribuíram para que o produtoum resgate de brincadeiras e desse trabalho, uma sementinhavalorizar um momento raro onde plantada dentro de cada criança,os pais tiveram a oportunidade germinasse.de interagir com seus filhos deforma lúdica e descontraída.E nós, professoras, tivemos a rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS:chance de alargar o nosso olhar BRASil. referencial Curricular Nacional para asobre a nossa função pedagógica Educação Infantil. MEC/SEF. Brasília,1998.e, também, (re)pensar forma revista Nova Escola. Educação infantil. Ed.de participação da família na Abril. São Paulo, Novembro/2008.educação das crianças junto a BRASil. lDB da Educação Nacional. lEi Nº 10.172instituição escolar. de 09.01.2001. plano Nacional de Educação. 51 Arquivo de Antônia Rosa
52. Escola Municipal alexandre Jose Barbosa Lima prOf.: EdSON GOMES da SILVa fILHO Salvem o Beberibe! o Rio não pode morrer N o mês de fevereiro de 2009, logo após o início das aulas, devido a uma forte de seu principal afluente, o rio Passarinho. A outra parte de nossa clientela vive nos morros histórica da comunidade, sua relação com o rio, as formas de ocupação territorial, entre enxurrada, poucos estudantes e convivem com os problemas outros pontos. Nessa atividade, compareceram à escola, pois estruturais das moradias próximas desenvolvemos alguns temas as ruas alagaram e a escadaria aos morros e identificáveis, não geográficos como: ambiente ao lado do estabelecimento de só em Olinda como em outras geográfico e natural, relação de ensino ficou repleta de garrafas cidades da Região Metropolitana fronteira, entre outros. PET, impossibilitando a passagem do Recife. Alguns desses de pedestres. problemas são: a colocação de Em seguida, confrontamos lixo nas canaletas, o deslizamento os dados obtidos, buscando No dia seguinte, com a parada de barreiras, a irregularidade identificar o principal problema das chuvas, houve o retorno dos da frequência e qualidade dos dos rios e dos morros. Após estudantes à escola. Enquanto transportes coletivos e, no caso algumas horas de discussão, aguardavam a entrada das de morros junto a rios, a elevação constatou-se que tanto os rios crianças, alguns pais e moradores do rio durante as chuvas de como os morros tinham um dos arredores indagaram qual inverno. problema em comum: as garrafas a razão das chuvas provocarem PET que eram desprezadas em52 tantos estragos no bairro, visto Para responder as perguntas que locais incorretos. Resolvemos que a prefeitura fazia tantos surgiram, buscamos, juntos, intervir de modo incisivo, projetos sociais? E, por que identificar as principais causas visitando as margens do rio esses estragos só aconteciam nos dos problemas relatados, entre as Beberibe, para coletar as garrafas morros e adjacências? Bem, esses quais a não reciclagem do lixo, a que estavam em suas margens e foram apenas dois entre muitos falta de educação ambiental etc. as armazenamos na escola. questionamentos. A lista nos levou a criar uma ação propositiva junto a comunidade Chegamos a um quantitativo de Para entender melhor o contexto com efeitos diretos sobre suas aproximadamente 140 quilos de das perguntas, é necessário vidas. Criamos o projeto “Salvem garrafas. apresentar a turma da qual sou o Beberibe!”. Em seguida, foram apresentados, docente: somos o 2º ano A do 2º através da leitura de um texto, Ciclo da Escola Alexandre José O primeiro passo de nossa ação os quatro R: Reciclar, Reutilizar, Barbosa lima, situada no bairro foi entrevistar os moradores mais Reaproveitar e de Caixa D’água, cercada por antigos do bairro e coletar dados morros e onde vivem boa parte acerca da formação dos estudantes. Esse bairro é cortado pelo rio Beberibe através
53. Redefinir. Tal conhecimento campanha incentivando que cada se verem como interventoreslevou os estudantes a coletarem criança tomasse para si, apenas sociais, como aqueles que podemem suas localidades garrafas, uma quantidade de alimento que promover a mudança em seuslatinhas, sacolas soltas, conseguisse ingerir. espaços de convivência.tampinhas que iam para o lixosem uma coleta seletiva. Com O principal resultado do projetobase nos conceitos dos quatro R, pôde ser notado na mudança de rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaSredefinimos a função de alguns comportamento dos estudantes COll, Cesar et al. O construtivismo em sala deelementos coletados como as que passaram em suas ações aula. São Paulo: Ed. ática, 2006.tampinhas, reutilizando-as cotidianas, tanto em casa como FREiRE, Paulo. pedagogia do oprimido. Sãopara confeccionar ábacos e na escola, a protegerem o Paulo: Paz e Terra. 1996.elementos para uso nas aulas de ambiente onde vivem, reciclando ____________. pedagogia da autonomia. SãoMatemática. o lixo doméstico e escolar. Paulo: Paz e Terra, 1995. ____________. pedagogia da Esperança. SãoAs latinhas, juntamente com as Aprenderam também a valorizar Paulo: Paz e Terra, 1996.garrafas PET, foram vendidas para o bairro e a compreender a CURY, Carlos Roberto Jamil. Lei de diretrizesauxiliar na festa de formatura importância do rio Beberibe em e Bases da Educação - Lei 9394/96. Rio dedos estudantes. Essas garrafas suas vidas, demonstraram um Janeiro: DP&A, 2002.também serviram para construção senso crítico ao expressar que PERRENOUD, Philippe. dez novas competênciasde maquetes de foguetes e algumas ações comunitárias para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. TORRES, Carlos Alberto. democracia, educaçãoplanetas que auxiliaram a não dependem do governo para e multiculturalismo: dilemas da cidadania emcompreensão dos temas da acontecerem e, sim, dos próprios um mundo globalizado. Petrópolis: Vozes, 2001.Olimpíada de Astronomia. habitantes da região, fixando TRiNDADE, Azoilda l. da. (org). um pensamento: “SE QUEREMOS Multiculturalismo: mil e uma faces da escola.Em rodas de conversa, discutimos MUDAR (CONSERTAR) O MUNDO À Rio de janeiro: DP&A, 2002.e aprofundamos o tema da NOSSA VOlTA, DEVEMOS PRiMEiRO 53reciclagem de alimentos. Vimos NOS CONSERTAR”.como as cascas poderiam serreaproveitadas e como os Foi gratificante ver a evolução dealimentos servidos na merenda cada estudante, sua construçãoeram nutritivos. Discutiu-se epistemológica, mas o achadotambém sobre o desperdício de mais importante nesse processo,comida e como sugestão para que talvez, seja elesisso fosse evitado na escola, osestudantes bolaramuma
54. Escola Municipal Santa Teresa prOfa. rIaNNE CONOLLy MENdES Colorindo e brincando com as cores de Cândido Portinari E ste projeto foi desenvolvido na Escola Santa Tereza, no município de Olinda - PE, como deu forma a sentimentos, acontecimentos e emoções de uma época, através da pintura. infantis. Daí surgiu a vontade de “visitar” as obras apresentadas em material impresso. Assim, com estudantes do Grupo V da realizamos um percurso de Educação infantil, com idades Assim, os estudantes visitação ao sítio do artista entre cinco e seis anos. Foi teriam na internet, onde as crianças idealizado a partir da necessidade oportunidades puderam selecionar entre que sentimos em despertar nos de estreitar tantas informações, algumas estudantes à camaradagem seus laços obras que foram utilizadas, tão presente nas brincadeiras com a cultura posteriormente, ser montagem infantis. e conhecer de um vídeo. virtualmente Promovemos atividades realizadas suas obras, Após a exibição do vídeo, em sala de aula, pátio que biografia, bem começamos os trabalhos favoreceram o desenvolvimento como conhecer de releitura das telas criativo, estimulando o interesse as principais selecionadas, com e imaginação. A apresentação brincadeiras desenhos e pinturas,54 dos trabalhos ocorreu através de vivenciadas pelos textos coletivos diferentes mídias e tecnologias, colegas de classe e gerados a partir das oportunizando às crianças o seus familiares. brincadeiras que acesso a variados recursos estavam sendo tecnológicos. Essas foram as retratadas, primeiras ideias que confecção de O projeto envolveu diversos nortearam o trabalho brinquedos, Componentes Curriculares como e levaram os grupos bem como Português, Artes, Geografia, a navegar pelas obras vivência da História e informática. Várias de Portinari, conhecer brincadeira e atividades foram exploradas, a trajetória do artista e contudo as mais recorrentes relacionar as brincadeiras foram a releitura de obras e infantis retratadas em produção de texto coletiva, bem sua arte com as dos seus como os trabalhos manuais e as familiares e as de sua pesquisas na internet. O mais geração. importante deste trabalho é a satisfação e o envolvimento dos Fizemos várias rodas de estudantes durante a realização conversas. A primeira para das atividades propostas. elaborarmos uma lista com as brincadeiras preferidas Cândido Portinari foi um dos dos estudantes; a seguinte maiores artistas brasileiros dos para leitura da biografia de últimos tempos. Nisso reside a Portinari, o menino Candinho, importância de mostrar a arte e conhecimento de suas obras desse artista aos estudantes, que retratavam as brincadeiras
55. dramatizações das telas. Usar se mais agradável e com menos atitudes e de participação nasas mídias na educação para violência. atividades desenvolvidas, elespromover o aprendizado da que antes do projeto agrediam osleitura e escrita, surtiu grande Em sala de aula, ouvimos músicas, colegas na hora das brincadeirasefeito porque os estudantes que davam mais dinâmica e ficavam dispersos na horativeram acesso a um meio as brincadeiras e falavam das atividades, passaram a senovo e muito eficaz de busca e sobre infância, realizamos envolver totalmente com oapreensão do conhecimento. leitura coletiva das regras projeto num clima bastante das brincadeiras escolhidas, amigável entre si.Registramos todas as etapas interpretando e enfatizando osvivenciadas pelas crianças para valores transmitidos por elas. Os Vimos que pesquisa de biografiassocialização posterior. Nas estudantes apresentaram pode ser muito estimulanteaulas de Arte, organizamos a as suas produções quando apresentadas na formaturma em grupos para produzir na Feira de de contos e que o uso das TiCdesenhos, pinturas e confeccionar na educação traz benefíciosbrinquedos e cartazes. Fomos ao efetivos ao ensino-aprendizagem.pátio vivenciar as brincadeiras Os trabalhos expostos naselecionadas, promovendo aos Feira puderam ser vistos pelaestudantes momentos de comunidade escolar e pelos paisprazer, através do resgate Conhecimento que também fizeram o passeio 55de brincadeiras da escola e virtual através do vídeo.simples. Dessa finalizamos com uma REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS Eforma, o avaliação realizada pelos wEBiBliOGRáFiCASrecreiotornou- BROUGÈRE, G. Jogo e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. São Paulo: Cortez, 1994. BUORO, A. B. O olhar em construção: uma estudantes em relação ao experiência de ensino e aprendizagem da arte projeto. na escola. São Paulo: Cortez, 1998. ROSA, N. S.S. Candido Portinari. São Paulo: Nas diversas atividades Moderna, 1999 (Coleção Mestres das artes no desenvolvidas, os Brasil). GENTilE, P. Um mundo de imagens para ler. in: estudantes ampliaram seus Revista Nova Escola, São Paulo,n.161, p.44-49, conhecimentos. Observamos abril, 2003. o interesse das crianças em PRATES, Anelise de A. Utilizando a sucata. in: mostrar que conheciam Revista do professor, Porto Alegre, 16 (63): 22- a vida de Candinho, o 28, jul./set. 2000. nome das telas, as www.candidoportinari.org.br www.moderna.com.br/catalogo/encartes/85- brincadeiras que 16-02266-8.pdf elas retratavam. www.scribd.com/doc/7036404/PROJETO- Percebemos que Candido-Portinari ouve mudança de
56. Escola Municipal Coronel José domingos prOfa. paTríCIa VaLÉrIa BEMVINdO da SILVa Lendas, canções, contos e encantos no caminho da alfabetização A o iniciar o ano letivo de 2009, curiosas e interessantes entre registrado e o material escrito, recebi de presente continuar os estudantes com relação ao depois de exposto, foi guardado com os meus antigos estudantes, padrão silábico que iriam utilizar para posterior análise do nível agora no 2º ano do 1º ciclo. ou como deveria ser a escrita de silábico de cada um. Abriu-se Acompanhar o amadurecimento determinada palavra. espaço para a pesquisa e criação deles, dar continuidade ao meu de novos textos. A culminância trabalho foi a forma encontrada inicialmente, relembramos ocorreu no mês de agosto na pela equipe gestora da escola os conteúdos já estudados e própria escola com a presença da de valorizar o crescimento passamos a ler as lendas e comunidade. da sementinha que plantei canções folclóricas aprofundando ao desenvolver o processo de conteúdo das áreas de Língua Fizeram parte dessa etapa do alfabetização na perspectiva do Portuguesa, Matemática, projeto, a leitura e escrita de letramento. Ciências, História, Geografia e lendas como “O bicho-papão”, Artes, envolvendo o movimento “O saci”, “A iara” O caipora” A ideia de realizar um trabalho e a música. Essa etapa do “Boitatá, “lobisomem”, voltado para o letramento estudo foi bem proveitosa, “A cuca”, “O boto cor-de- surgiu das diversas pesquisas pois os estudantes que já rosa”, entre outras e canções que fiz sobre as novas práticas estavam alfabéticos ou silábico- populares: “Eu vi uma barata 56 envolvendo a criação de textos e alfabéticos puderam ter um na careca do vovô”, “Alecrim”, reescrita como forma de tornar avanço visível em suas escritas. “Borboletinha”, “O sapo na beira os estudantes mais interessados A parte oral também foi muito do rio”, “Atirei o pau no gato”, na leitura. A partir daí, vim aprimorada com a apresentação “Peixe vivo”, “Sapo jururu”, “Se apresentando novas literaturas de um teatrinho onde foram essa rua fosse minha”. A produção e imagens que iam fazendo com apresentados os personagens e de material, a partir das leituras que surgissem perguntas bem as suas características. Tudo foi e reescritas, foi tão fértil que, após as férias, iniciamos oArquivo de Patrícia da Silva segundo semestre trazendo os contos de fada para dentro da sala de aula. Assim, trouxemos livros, por exemplo, “Chapeuzinho Vermelho”, “Alice no país das Maravilhas”, “A menina dos fósforos”, “João e Maria”, entre outros, para dar continuidade ao processo de aquisição da leitura e da escrita e a produção do desenho como forma de valorizar a criatividade.
57. Depois que ouviam a leitura doconto, os estudantes escreviamo título, os nomes do rei, rainha,príncipes e princesas. Emseguida, de memória e, de acordocom a apropriação do SistemaNotacional Alfabético faziam areescrita de todo conto, liam oque tinham escrito, discutíamossobre a produção individual eproduzíamos, coletivamente,um texto que reinventava oconto: dando-lhe um novo final;mudando a atitude de algumpersonagem. Para consolidar Arquivo de Patrícia da Silvao processo de alfabetização,realizamos atividades de reflexão com cerca de três contos que foi trabalho.sobre a escrita de palavras entregue para que cada criançado conto. Nesse momento, os levasse para casa. Também Para mim, foi gratificanteestudantes eram dispostos em ensaiamos e apresentamos para finalizar mais um ano com aduplas, de forma que ficasse em os coleguinhas de outras salas certeza de ter contribuído para acada dupla uma criança com um a história de “Chapeuzinho efetivação da aprendizagem dasnível mais avançado da escrita, vermelho”. crianças em relação à leitura epor exemplo, um silábico com escrita.um silábico-alfabético, silábico- A culminância do projetoalfabético com um alfabético aconteceu no dia 04 de dezembropara que juntos pudessem tirar de 2009, com a exposição das rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS 57suas dúvidas quanto à leitura e à produções das crianças e umescrita das palavras apresentadas maravilhoso painel que foi ARTUR, Moraes Gomes de Oliveira. Ortografia:oralmente por mim. desenhado e pintado pelos ensinar e aprender. São Paulo, ática, 2000. BAKHTiN, Mikhail. Estética da criação verbal. estudantes com a ajuda deCom a produção da reescrita dos São Paulo, Martins Fontes, 1992. algumas mães que também BRASil, Ministério da Educação. Secretariacontos, produzimos um livrinho colaboraram para o sucesso desse de Educação Fundamental. parâmetros Curriculares Nacionais - 1a a 4a Séries. Brasília, MEC/SEF, 1997. COSTA, Flávio Moreira da. Os grandes contos populares do mundo. Ediouro, Rio de Janeiro, 2005. KlEiMAN, Angela. Oficina de leitura. Campinas, Pontes, 1993. MARQUES, Cristina. Clássicos de ouro, Todo livro, São Paulo, 2002. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Autêntica, 1998. TEBEROSKY, Ana; TOLCHINSKY, Lilian (orgs.). além da alfabetização: a aprendizagem fonológica, ortográfica, textual e matemática. São Paulo, ática, 2002. wEiSz, TElMA. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo, ática, 2002. Arquivo de Patrícia da Silva
58. Escola Municipal Monsenhor fabrício prOfa. rOSa MarIa fONSECa OLIVEIra Um olhar sobre a obra do mestre Vitalino “S omos os únicos seres que social e historicamente nos tornamos capazes de na Escola Municipal Monsenhor Fabrício, em Peixinhos, Olinda. cognitivas, vivenciando-as e contextualizando-as em sala, através do conto, da aprender. Por isso, somos os Objetivando contribuir interpretação, do canto, da únicos em que aprender é uma para o desenvolvimento das dança, da dramatização, onde aventura criadora. Algo, por isso potencialidades humanas e a ao mesmo tempo ocorria o mesmo, muito mais rico do que inclusão social de todos, já havia desenvolvimento social, pela meramente repetir a lição dada.” abordado e trabalhado em sala expressão oral, gestual, corporal, (FREiRE, 1996, p. 69). “assuntos de gente grande” como pela elevação da auto-estima por o lixo e o princípio dos três Rs, sentirem-se capazes de, entre Seguindo esta linha de a dengue, a gripe AH1N1, entre outras tantas possibilidades. pensamento, pude vivenciar outros, utilizando como estímulo com meus educandos um dos a estratégia de abordagem, Mas ainda me faltava algo mais, momentos mais gratificantes a leveza e a descontração da algo que abrangesse e atendesse e emocionantes de uma feliz conversa informal, colhendo mais todas as suas necessidades interação entre o ensinar e o os conhecimentos prévios de intrínsecas, que os fizesse aprender. No período de junho cada um, associando-os às expandir mais a sensibilidade ao58 a agosto de 2009, numa turma informações necessárias e toque, ao manuseio, a criação do pré-escolar, com 23 crianças ajustando-as ao nível da turma, propriamente dita, algo que fosse na faixa etária de cinco anos, desenvolvendo as competências mais empolgante e intenso do que já tinham experimentado até então, nas diversas oficinas de colagem, pintura livre, confecção de material didático, utilizando a reciclagem, fazendo da nossa sala, não um laboratório vivo onde faço experiências, mas um espaço aconchegante onde as vivencio com todos, através do amor e dedicação ao meu semelhante. E foi no sentido de perpetuar essa situação, esse momento mágico, que surgiu o projeto “Um olhar sobre a obra do Mestre Vitalino”, em plena comemoração do seu centenário de vida, aliando conhecimento e reverência ao legado sócio- cultural deixado por ele, à iniciação de outros futuros
59. dava, permitindo que fosse livremestres, quem sabe? tanta humildade e singeleza, para criar, enquanto lhe davaAssim, me utilizei de uma das reveladas em forma de arte, o um pouco de tranqüilidade parapalavras mais usadas no momento que nos aproxima ainda mais trabalhar. desse verdadeiro herói, por mais 59atual: preservar.Preservar a herança advinda um angulo da visão desta. Ao apresentar a arte de Vitalinode vários outros contextos através de sua história de vida,sócio-culturais, nossa origem e E, falando em preservar, comecei fizemos também a leitura visualmiscigenação tão presentes em a contar para todos, muito do livro Mestre Vitalino, de Nevesnossa história e um grande legado atentos, um pouco da história de André (2005), que retrata suapara todos nós de identidade vida de uma pessoa que fazia cem obra sem palavras, literalmente!brasileira, estabelecendo uma anos que tinha nascido, já havia Assim sendo, e de acordo comrelação dialética entre tradição falecido, mas que todos falavam a antropologia, que diz que oe inovação, destacando e muito bem dele, considerando-o homem é o principal objeto dacultuando grandes nomes que o maior ceramista popular do educação, o meu papel em todase constituíram e constituem Brasil. Falei do seu nome, um esta história foi, simplesmente,os nossos ídolos, como sinal de pouco diferente, mas com alguns facilitar para que cada um,respeito, admiração e gratidão, sobrenomes iguais aos de alguns não o copiasse, reproduzindocomo em estudo Vitalino Pereira colegas na sala, a cidade onde a realidade apresentada, masdos Santos, Mestre Vitalino, nosso nasceu e se criou, a profissão de criasse uma nova realidade, emartista maior, pela indiscutível seus pais, a condição de vida da outro contexto, com outro foco,capacidade de criação e, que, a família, o analfabetismo deles, preservando o já existente, numpartir da aparentemente simples onde comercializavam as peças olhar sobre a arte do mestreunião de suas mãos, utilizou-se do produzidas, como se locomoviam Vitalino.barro como matéria prima para de casa até a feira. Faleiretratar o seu povo, sua história também sobre o início da carreira Assim, socializei-a, fazendo comde vida, seu contexto simples, artística de Vitalino, as primeiras que eles tivessem a experiênciasuas lutas cotidianas, fazendo produções(boizinhos, jegues, concreta, com argila, suasdessa criação, transbordar toda bonecos, pratinhos) feitos com as próprias interpretações e leituragrandeza, escondida por trás de sobras de barro que sua mãe lhe de mundo, através de suas
60. próprias criações. A proposta era voltados para crianças ainda não diálogo entre a teoria e a que associassem o que viram e alfabetizadas, pode comprovar prática. Estimulando o tato,60 a coordenação motora, a ouviram sobre o grande mestre, mais uma vez a eficiência da ao seu mundo contextual, fala de Saltini, quando defende: criatividade de cada um, pude desmistificando que alfabetizado “Precisamos sim, e com urgência, ver artistas natos; estimulando é unicamente aquele que conhece encontrar uma ‘proteína mínima a cognição, vi cidadãos o alfabeto e junta as letras em cultural’, proteína esta que nada compromissados, autônomos, sílabas, lendo palavras, e sim, tem a ver com alfabetização. Pois cumprindo todos os objetivos aquele que faz o desdobramento nunca se ouviu falar de alguém propostos: apreciar e socializar de várias etapas da leitura, como não alfabetizado que tenha a arte através da experiência; fizeram oralmente, através da deixado de pensar ou entender entender e valorizar a arte como minha fala como mediadora, o outro. Prioritariamente, um bem, como um patrimônio da sua própria fala, da fala dos devemos alfabetizar o indivíduo sócio cultural, preservando-a colegas, na conversa informal, para ler objetos e palavras ditas e vendo-a como um meio para depois, na leitura visual, e pensadas e depois, entender sustentabilidade. através das ilustrações do livro, palavras escritas, o que as letras culminando com desenhos livres e podem compor. É este tipo de a interpretação de tudo o que foi alfabetização que devemos buscar rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS aprendido. de relações e comunicações” FREiRE, Paulo. pedagogia da autonomia: saberes A dramatização foi realizada, (SAlTiNi, p.16, 2002). necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e em seguida e com ela vieram à Um aprendizado de Terra, 1996. (Coleção leitura) tona, a sensibilidade, as emoções saberes críticos ocorreu ____________. pedagogia do oprimido: Paz e importantes, aguçando dessa espontaneamente, adentrando Terra, 17ª edi; Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987 forma o imaginário de todos. a sensibilidade, a imaginação, NEVES, André. Mestre Vitalino. São Paulo: Os métodos utilizados para a a ação criativa, despertando Paulinas, 2000. (Coleção Nordestinamente) pesquisa e desenvolvimento assim, ao surgimento de outras SAlTiNi, Cláudio J.P. afetividade & inteligência: do estudo e o resultado do tantas aprendizagens, outros emoção na educação, 4ª ed. Rio de Janeiro: DP& processo ensino-aprendizagem tantos saberes, num perfeito A, 2002.
61. Escola Municipal alto do Sol Nascente prOfa. LECy dE LIMa E SILVa Villa Lobos: um mimo de multiculturalidade U nindo a homenagem ao compositor Villa lobos pela 6ª Mostra internacional de Música Dessa forma, foi permitido aos estudantes um contato com instrumentos musicais, cedidos em Olinda – MIMO à possibilidade pela banda e fanfarra da escola, Arquivo de lecy lima de proporcionar aos estudantes de modo a sensibilizá-los quanto um leque de conhecimentos ao som, ritmo e melodia das que não se encontra facilmente músicas ouvidas e executadas. em seu quotidiano, idealizamos esse projeto que, para início Também apresentamos, em de conversa, foi bastante cartazes, a letra de algumas enriquecedor e prazeroso. Ele músicas, cantigas de roda como, Trenzinho Caipira nas versões foi pensado e realizado na Escola por exemplo, “Senhora Dona instrumental e interpretada por Municipal Alto do Sol Nascente, Sancha”, “Cai, Cai Balão”, Ney Matogrosso. localizada no bairro de águas “Terezinha de Jesus”, “Passa, Compridas, em conjunto com Passa Gavião”, realizando As professoras dos 3º anos do as professoras e coordenadora, atividades de leitura e escrita. 1º ciclo trabalharam juntas na todas do turno da tarde. elaboração de uma ficha técnica, As crianças, em dupla, teriam de uma paródia, de um jogral Para a realização deste projeto, que copiar a música escolhida, 61 e confeccionaram instrumentos discutimos e pesquisamos musicais com sucatas. situações possíveis de serem vivenciadas durante o mês Todo material produzido foi de agosto que permitissem apresentado à comunidade a todas as professoras escolar que se mostrou trabalharem o mesmo tema, bem empolgada durante as adequando as atividades apresentações das crianças. ao nível de aprendizagem dos estudantes por ano de estudo. Assim, trouxemos REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS a música do compositor para junto da nossa comunidade ensaiá-la e, ao final, confeccionar BRASil. Parâmetros Curriculares Nacionais: arte. escolar, tornando ‘palpável’ ‘cartões postais’ (cartões que de Brasília: MEC/SEF, 1997. vol. 6, 130p. algumas das cantigas populares e um lado apresentam a escrita Xerox de textos retirados de uma coletânea de de roda musicadas por Villa-lobos das músicas ensaiadas e do textos enviada pela Secretaria de Educação de e que iríamos trabalhar ao longo outro, desenhos dessas músicas Olinda para as escolas. do projeto. ou de coisas que foram vistas e/ ou apreendidas no decorrer do projeto). As professoras do 2º ano do 1º Ciclo e 2º ano do 2º Ciclo construíram, conjuntamente, a linha do tempo da vida do homenageado, Heitor Villa- lobos, expressaram oralmente o que sentiram ao ouvir a músicaArquivo de lecy lima
62. Escola Municipal Monte Castelo prOfaS.: aNdrÉa duarTE, rOSa rapOSO, SuELI SaLES E TÂNIa dE SOuSa 2º LuGar do prêmio AnitA pAes BArreto “Você tem fome de quê”, Josué? E m 05 de setembro de 2008 aconteceu o centenário de nascimento de Josué Apolônio de comunidade local. Como é cediço, a FOME é um realizar pesquisas na internet, em jornais e revistas, além da leitura e discussão de material Castro. Como sabemos, um ilustre problema no mundo todo e em trazido pelos estudantes para e honrado brasileiro. Cientista todas as épocas. Não há um desenvolver o bloco de conteúdos incansável que, na metade do continente sequer que não tenha (ditadura versus democracia; século passado, contrariando o passado por essa injusta privação. direitos humanos, cidadania, pensamento então dominante, Perto de nós, muitos de nossos movimentos sociais, diferenças empreendeu vários trabalhos estudantes assumiram terem sido regionais, reforma agrária, científicos que desmistificavam vítimas desse fenômeno, direta êxodo rural, nutrição, aparelho o fenômeno da FOME cuja ou indiretamente. digestório, mortalidade infantil, existência nada tinha de porcentagem, estatísticas, natural, mas era fruto de ações E, encorajados pelo exemplo de gêneros textuais, dentre outros). dos homens contra os próprios Josué, objetivamos analisar o homens. Em atenção a essa problema da FOME, revelando Exibimos também vários vídeos temática surgiu o projeto “Você as suas causas e consequências, do Youtube sobre a fome, tem fome de quê”, Josué?, trazendo à tona todas as pesquisados em sala de aula;62 que, inicialmente, de pretensão considerações, hipóteses e elaboramos uma enquete para ser humilde se resumiria em duas conhecimentos produzidos respondida pela comunidade cuja aulas sobre a vida e obra desse coletivamente, utilizando indagação foi: “Você tem fome de autor, com apresentação de um diversas tecnologias que estão quê?” E entre as respostas saíram: vídeo documentário e produção ao nosso alcance hodiernamente, saúde, educação, casa própria, de cartaz com as impressões pois uma de nossas preocupações segurança, emprego; produzimos dos estudantes sobre a temática ao desenvolver projetos maquetes, textos verbais (cordel, da fome. Mas a aceitação e também é realizar a inclusão resumos de pesquisas, álbuns o entusiasmo das turmas da digital dos estudantes da EJA. seriados, cartazes, ditado com EJA fizeram cair por terra esse Fizemos uso de data show e palavras geradoras, convites e planejamento tão simplista. Seria telão, emprestados do Núcleo folders para o seminário) e não- até um desrespeito à importância de Tecnologia Educacional, verbais (mural de gravuras, painel e dimensão da vida e obra de Comunicação e idiomas, do mangue); realizamos a leitura Josué, como passamos a chamá- retroprojetor e transparências, e representação dos poemas lo, intimamente. DVD, aparelho de som, “Perguntas de um trabalhador microfones, notebook e internet, que lê”, de Bertold Brecht, “O Passamos então a descortinar impressora, câmera fotográfica Bicho”, de Manuel Bandeira e todo o universo de possibilidades, digital. as músicas “Comida”, dos Titãs, de aprendizagens possíveis, “Cidadão”, de zé Ramalho, “O iniciando pela leitura e análise Pois bem. inicialmente, exibimos Sal da Terra”, de Beto Guedes, da biografia de Josué de Castro um vídeo documentário sobre a “Da lama ao Caos”, “Maracatu e dedicando mais de dois meses, vida e a obra de Josué de Castro. Atômico”, “Quando a Maré mais precisamente de 01 de Esse vídeo faz parte do Projeto Encher”, “A Cidade”, de Chico setembro a 28 de novembro de Memória e foi disponibilizado pelo Science e Nação zumbi. 2008, ao desenvolvimento de Centro Josué de Castro visitado atividades buscando envolver pelas professoras. Todos os dias encerrávamos a todas as turmas da EJA (Níveis aula com uma dessas músicas, i, ii e iii) como também da Após essa exibição, passamos a inclusive, a música “Comida”,
63. dos Titãs serviu de inspiração funcionários e dos própriosna escolha do nome do Projeto estudantes.pelos estudantes. Discutimossobre trechos dos livros: Percebemos que nossos“Geografia da Fome” e “Homens estudantes construíram umae Caranguejos”. gama de conhecimentos, produziram cultura, elevaramOrganizamos uma oficina sobre sua auto-estima, reconhecendo-reaproveitamento de alimentos se como cidadão e, o maisem que as alunas ensinaram importante, aprenderam e,várias receitas com sobras de ao mesmo tempo, ensinaramalimentos. uma lição de dignidade e de solidariedade. Um exemplo disso,A culminância do projeto se foi o resultado do sorteio dadeu na forma de seminário cesta de alimentos. A estudanteonde os estudantes dos três premiada (Maria do Carmo, doníveis apresentaram o material Nível III) cedeu a cesta para umapesquisado e produzido colega que vinha passando porcoletivamente, contando com dificuldades financeiras e que eraa participação de todo o corpo de conhecimento de todos.docente da escola e de pessoasda comunidade. Um trabalho como esse, pautado na vida e na obra de JosuéNo Seminário, além de expor a Apolônio de Castro não podia sevida e a produção de Josué de encerrar diferentemente.Castro, houve a apresentação docordel produzido pelos estudantes E, como afirma Rubemdo Nível III, das pesquisas, Alves, “Toda experiência de 63do resultado da enquete que aprendizagem se inicia com umademonstrou que comunidade experiência afetiva. FOME étem fome da casa própria, afeto. O pensamento nasce doem primeiro lugar, seguida afeto, nasce da fome”. Nossapela educação e emprego. Os mesa foi farta de conhecimento,estudantes abriram espaço para encontro, trocas e saberes.depoimentos pessoais, comotambém para ouvir relatos depessoas da comunidade que rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS Epassaram fome e que haviam WEBIBLIOGrÁfICaSvencido esse momento de CASTRO, Josué Apolônio de. Geografia da Fome.privação através da educação e Editora Cruzeiro: Rio de Janeiro, 1999.da força de vontade, discutiram _____________. Homens e Caranguejos. 1ed.:sobre os programas de assistência Porto, Brasília, 1967.do governo, concluindo que se _____________. fome: um tema proibido.revestiam em medidas paliativas Edição civilização brasileira, Org. Anna Maria deimportantes, uma vez que, a Castro, 2003.fome tem pressa de ser saciada, Vídeo Documentário: por um Mundo sem fome.mas que era necessário se Josué de Castro. Projeto Memória, 2004.investir na qualidade de vida http://www.youtube.com.brda população com a criação http://www.google.com.brde emprego, com a melhoriados serviços prestados pelaeducação e saúde públicas.Ao final sortearam uma cestade alimentos resultado dedoações dos professores, demais
64. Escola Municipal pró Menor prOfa. SuzaNa SaNTOS fIGuEIrEdO Vitalino, vida e obra vitalina D iante da grande riqueza cultural pernambucana, torna-se inevitável não “levar” Pereira dos Santos e solicitei que lessem para conhecer um pouco da sua vida. Ao final da leitura, Dois grupos ficaram com a história da cidade, dois ficaram com a localização geográfica e mais nossos artistas para a sala de explanamos o que foi lido. Esse dois com o desenvolvimento aula. Com a comemoração do momento foi bastante proveitoso, econômico. Expus no quadro as centenário do Mestre Vitalino, os estudantes comentaram o que orientações para a realização seria oportuna uma homenagem haviam achado de interessante. desse trabalho. pelos estudantes do 1º ano do 2º Destacaram informações da Ciclo. infância do artista. No dia combinado, os estudantes trouxeram a pesquisa. Solicitei Certo dia, cheguei em sala de Ao término da roda de conversa, que formassem um grande círculo aula perguntando: “Quem já solicitei que trouxessem uma e que cada grupo se apresentasse ouviu falar em Mestre Vitalino? pesquisa sobre a cidade de para os demais. Os estudantes A gritaria foi geral: “Eu, tia! Caruaru (cidade onde nasceu o realmente participaram, “Ele tocava rabeca, não era? Ele mestre) para a semana seguinte. questionaram e responderam as morreu com a doença de Chagas, eu vi na televisão.” Percebi ali uma confusão. Então, expliquei64 rapidamente que estavam confundindo Mestre Vitalino, ceramista, pernambucano com Mestre Salustiano, tocador de rabeca, fundador do Maracatu Piaba de Ouro. O projeto foi a oportunidade que eu tinha de desfazer o engano. Comecei apresentando algumas fotos dos bonecos de Vitalino tiradas da internet. A curiosidade foi geral. Queriam ver de perto, saber de que tipo de material eram feitos: “De que é feito isso, tia?” Respondi que eram feitos de barro. E continuei: “Vocês sabem quem fez esses bonecos?” Nesse exato momento, o silêncio fez parte da nossa sala. Prossegui dizendo que aqueles bonecos foram feitos pelo Mestre Vitalino e que, a partir daquele instante, eles iriam conhecê-lo. Então, pedi que as crianças formassem grupos. Entreguei a cada aluno a biografia de Vitalino
65. perguntas dos outros colegas. trabalhando com poesia, sugeri artistas naquele momento.Minha intervenção acontecia então que os estudantes fizessemquando era necessário um poemas com o tema Vitalino: obra Os estudantes também tiveramesclarecimento, um acréscimo de e vida e logo escutei: ”Oxente, a oportunidade de participar deinformação que era importante tia, é difícil!” Mas, pouco a uma visita ao Museu do Homempara a compreensão do assunto. pouco, os poemas iam surgindo. do Nordeste, onde conheceram um pouco mais do trabalho eAinda na mesma semana, levei Terminada a atividade de escrita, vida de Vitalino. Foi uma aulapara sala um vídeo que contava pedi que começassem a leitura de diferente, um dia muito especiala vida de Vitalino. Os estudantes cada uma. Foi um belo trabalho. em suas vidas.puderam perceber a riqueza Os estudantes queriam escutar ocultural e regional da obra poema uns dos do outros. E, como garantem os PCNs, évitalina, pois mostrava algumas gratificante tanto para o alunodas criações retratavam o que Mais uma atividade foi executada, como para o professor, trabalhoso artista vivia e observava a sua dessa vez, os estudantes que envolvam saídas de sala devolta: lampião e Maria Bonita, os colocaram realmente as mãos aula ou mesmo da escola.retirantes da seca, Trio de Forró, na massa. Ficaram maravilhadoscortejo matrimonial etc. No vídeo em poder reproduzir o trabalho Essas situações representamhavia uma trilha sonora peculiar do artista estudado, utilizando oportunidades especiais paranordestina. Vale ressaltar que os também o barro. Perceberam todos se colocarem diante deestudantes se entusiasmaram com que não era tão fácil quanto situações didáticas diferentes,o som. pensavam. Alguns conseguiram que envolvam trabalhos especiais fazer animais, outros fizeram de acesso a outros tipos deNa semana seguinte, estávamos cangaceiros, eram os verdadeiros informações e outros estudos. Mas a grande surpresa ainda estava por vir: fomos convidados pela coordenação da escola a participar da Feira de 65 Conhecimento da Secretaria de Educação de Olinda. Para eles foi um reconhecimento grandioso. Uma feira ao ar livre. Em seus rostos, pudemos observar o fascínio, o prazer de estar ali. Diziam o tempo todo: ”Tia, chama o povo para a gente falar!”. Fiquei muito orgulhosa com trabalho realizado. Os elogios vindos do público pelo desempenho dos estudantes, cada vez mais, me certificava do meu dever como educadora. rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS BRASil, Ministério da Educação e Cultura. parâmetros Curriculares Nacionais. Ed. Brasília, Secretaria de Ensino Fundamental,1998. wElFORT, Madalena Freire. Observação, registro, reflexão. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1995. SANTO, Antônio Carlos Espírito. a farra dos bonecos. Recife: Bagaço, 1995.
66. Escola Municipal Claudino Leal prOfa. IrENE rOSÂNGELa dE LIra fraNça Raízes da minha cidade O interesse em realizarmos o projeto veio de alguns questionamentos feitos pelos estudantes do 1º Ano do 2º Ciclo em saber onde realmente Duarte Coelho Pereira teria desembarcado. Sabendo da existência do ponto onde foi colocado um Marco para lembrar a chegada do donatário a Pernambuco, pesquisei, entrei em contato com algumas pessoas da cidade de igarassu e programei uma aula-passeio para a visita a esse marco. A aula-passeio aconteceu em dois momentos. O primeiro aconteceu em agosto para igarassu.66 Arquivo de irene França Antes de irmos a igarassu, numa roda de conversa, informamos aos os dados registrados por eles. estudantes que os portugueses Durante o passeio, mostramos No dia seguinte ao passeio, abandonaram o Brasil por mais de o lugar onde, segundo foi trabalhado o aspecto físico 30 anos, após o “descobrimento”. historiadores, teria nascido da cidade visitada, através de Para evitar a invasão das “novas Pernambuco. Passamos pela desenhos e produção de texto terras”, o rei D. João iii dividiu vila, vimos a arquitetura do escrito. Com esse material, o Brasil em 15 lotes, dando sítio histórico, visitamos o construímos um mural na sala um desses a Duarte Coelho Museu Histórico de igarassu, a de aula. Fizemos também uma que desembarcou em igarassu, 1ª igreja do Brasil, igreja Matriz dramatização com os dados de fundando naquele lugar uma dos Santos Cosme e Damião. No um texto escolhido por eles. vila chamada Santa Cruz que é, museu, as crianças observaram Em Língua Portuguesa, além da atualmente, igarassu. alguns objetos da época do Brasil produção de textos, pesquisamos Colônia. Outro aspecto da cidade o significado em dicionários deArquivo de irene França que também algumas palavras, como também foi alvo de apresentamos os países que falam observação a Língua Portuguesa e aceitaram foi o relevo, a nova reforma ortográfica. espaço Trouxemos um DVD que apresenta geográfico. a nova ortografia do Brasil e os Pedimos aos países que aderiram a ela. estudantes Em Matemática, foram que anotassem trabalhadas situações didáticas o que estavam envolvendo as quatro operações. vendo e Essas situações foram construídas ouvindo, para a partir dos dados recolhidos que em outra pelas pesquisas como, por oportunidade exemplo, número da população, pudéssemos distância da cidade em relação à trabalhar com
67. capital etc. Trabalhamos conteúdos dos prefeito de igarassu.Pudemos observar a preservação vários Componentes Curriculares A produção do projeto foido meio ambiente, a da mesma forma como fizemos apresentada na escola para pais,representação da cidade usando com os dados da primeira cidade alunos e professores, usando DVD,mapas e, é claro, o conhecimento estudada. Com a produção das Data Show (emprestado), na Feirada história da cidade que foi o atividades, elaboramos um DVD de Conhecimentos,alvo principal. com fotografias e alguns escritos O desenvolvimento do projeto que foi enviado ao prefeito, foi positivo porque os estudantesA segunda parte do projeto secretária puderam conhecer duas cidadesaconteceu no mês de outubro. de importantes para a culturaDessa vez, Olinda foi a cidade Educação de pernambucana e que têm muitosem estudo. Realizamos a segunda Olinda e ao elementos em comum, além deaula-passeio ao sítio histórico Duarte Coelho.de Olinda para ocompararmos com oque foi visto rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS Eem igarassu: WEBIBLIOGrÁfICaSarquitetura Conhecendo Olinda. Informativo nº ii – 2ªdas casas, Edição, 1995.igrejas, Escritos da SEO, 1991.clima, SANTiAGO, Roberval S. a cidade de Igarassurelevo etc. e o desafio do turismo. Texto disponível em http://www.revistaturismo.com.br/artigos/ igarassu.html Acesso em 05/04/09. SiEBERT, Célia. História de pernambuco. São Paulo: FTD, 1998. 67 Arquivo de irene França
68. Escola Municipal recanto da arte e do Saber prOfa. JOSINEIdE MarquES dE SOuza Pequenos leitores e escritores de olinda registrando histórias em vídeo E ste projeto teve como objetivo estimular os estudantes do 2º ano do 1º Ciclo a abandonar essa ideia, pois as atividades de interpretação e de produção de escrita começam criança escuta com prazer (Alves, 2001, p.2). à apreciação dos momentos de antes da escolarização. A escrita Somente com ajuda e confiança, contação de história, leitura, não é um produto escolar, a leitura deixará de ser uma produção textual, a produção de mas sim um objeto cultural, prática enfadonha para alguns vídeos e organização de vários resultado do esforço coletivo e poderá se converter naquilo livros impressos de autoria dos da humanidade. A introdução que sempre deveria ser: um próprios estudantes, a partir dos do vídeo na educação é outra desafio estimulante. Um ato de temas vivenciados na sala de aula ferramenta eficaz onde as leitura é um ato mágico. Alguém e histórias infantis, como também diversas formas de leitura podem pode rir ou chorar enquanto lê desenvolver o senso crítico, a ser expressas. em silêncio. Alguém vê formas criatividade e a auto-estima. variadas na página, e de sua A leitura de um texto, de um livro boca sai uma linguagem que não A leitura e a escrita têm sido, pode estimular discussão sobre é cotidiana; uma linguagem que tradicionalmente, consideradas tudo o que nos cerca no mundo. tem outras palavras e que se como objeto de uma instrução O mesmo acontecendo para quem organiza de outra forma. 68 sistemática, porém as pesquisas ouve o que foi lido por outrem. de Emilia Ferreiro (2001), sobre logo, a aprendizagem da leitura A língua escrita é muito mais que os processos de compreensão da começa antes da aprendizagem um conjunto de formas gráficas. É linguagem escrita nos obrigam das letras: quando alguém lê e a um modo de a língua existir, é um objeto social, é parte de nosso patrimônio cultural (Ferreiro,Arquivo de Josineide de Souza 2001). O objetivo principal do projeto foi estimular os estudantes à produção textual crítica e autônoma, a partir de dinâmicas, leitura de contos infantis, fábulas, lendas e conversas sobre temas diversos do dia a dia. Para esse fim,
69. foram elaboradas atividades paraserem vivenciadas em 20 aulas.O vídeo foi uma forma encontradapara deixar registrado o texto deautores variados e de autoria dosestudantes e, também, para queos estudantes pudessem assistir asi próprios, lendo.De início, os vídeos foramproduzidos em um celularpróprio, mas tivemos dificuldadepara converter em um programa Arquivo de Josineide de Souzaque fosse possível ser lido porum DVD. Por isso, pedimos a demonstrar que se sentiamuma filmadora emprestada à valorizadas ao cooperar com aprofessora Eva que trabalha produção das histórias umas dasconosco e, assim, retomamos outras.o trabalho de filmagem. Osestudantes não se importaram de, Espera-se que, após a vivêncianovamente, realizarem a da contação de história, leitura,filmagem, pois ser filmados lhe produção textual e produção deproporcionava momentos de vídeos, as crianças levem a magiaalegria e todos queriam mostrar de ler e escrever para todas assua história. etapas e situações das suas vidas. 69 .O registro em vídeo da narraçãode histórias pelos próprios rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaSautores e autoras contribuiupara superação da timidez e AlVES, Rubem. O prazer da leitura. Correiodesenvolvimento de competências Popular, Caderno C, 19/07/2001.da oralidade como reconhecer o FERREiRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização: Trad. Horácio Gonzales (et. al),papel da entonação e de outros 24.ed. atualizada. São Paulo: Cortez - (Coleçãorecursos supra-segmentais e Questões da Nossa Época; v. 14), 2001.explorar a contribuição dos FREiRE,Paulo. pedagogia da autonomia: saberesaspectos paralingüísticos na necessários à prática educativa. São Paulo: Pazconstrução do sentido do texto, e terra, 1996.entre outros. RiSSO,Gilda. alfabetização Natural 3ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.Os estudantes escolheram as SOlÉ, isabel. Estratégias de leitura. Trad.histórias que queriam ler: contos Cláudia Schilling – 6. ed. Porto Alegre: Artmed,de terror, fábulas, contos de 1998.fadas, entre outros, pois o prazerde ler se dá mais facilmentequando a criança escolhe o livroque deseja ler.Outro aspecto que merecedestaque foi a mudança naatitude das crianças que passaram
70. Escola Municipal Hélio ferreira Maia prOfaS.: adrIaNa CELy, daySE MESquITa, LOrENa LEITE Amigos do verde O projeto realizado na Escola Municipal Prof. Helio Ferreira Maia, foi vivenciado de abril a promovemos atividades para que as crianças entendessem que os animais e as plantas e as pessoas Com o objetivo de aproximar as crianças da temática, realizamos duas aulas-passeio, uma delas setembro de 2009 com as turmas são seres vivos, por isso possuem foi para o quartel (7°GAC, do Pré-i, Pré-ii e 1° ano do 1° necessidades para garantir a sua Ouro Preto) onde os estudantes ciclo. Essas turmas funcionam sobrevivência. fizeram a trilha ecológica em no turno da tarde, agrupando cima do caminhão e puderam estudantes com a faixa etária de Consideramos relevante trabalhar ver toda a extensão da mata. 4 a 7 anos de idade. esse assunto na escola porque Em outro momento, fomos ao crianças que participam do espaço ciência, onde fizemos a O projeto surgiu da necessidade processo de conscientização trilha ecológica a pé, vimos o que tivemos em tratar sobre ambiental podem se tornar em mangue, conhecemos a estufa e o tema “Meio Ambiente”, agentes de proteção do meio as mudas que lá foram plantadas que está ligado ao cotidiano ambiente, pois, como diz Paulo e alimentamos os peixes. A partir da comunidade onde vivem Freire “o homem deve ser o daí as crianças puderam observar essas crianças e vem sendo sujeito da sua própria educação, de perto o ambiente que nos amplamente discutido no cenário não pode ser o objeto dela. Por cerca e que precisa de nossa mundial. Nessa perspectiva, isso ninguém educa ninguém”. ajuda.70 Arquivo de lorena leite
71. Arquivo de lorena leiteTambém foram realizadas projeto, através da observação rEfErÊNCIaS BIBLIOGrÁfICaS Eatividades na escola como, das professoras baseados WEBIBLIOGrÁfICaS 71por exemplo, a produção em critérios estabelecidos FREiRE, Paulo. Educação e mudança. 1985.individual de desenhos no Dia previamente, respeitando as ____________. Pedagogia da autonomia: saberesda árvore e desenhos e colagens diferenças de idade. Durante necessários à prática educativa. 23 ed. Sãoem sala de aula sobre o meio o desenvolvimento do tema, é Paulo, Paz e Terra, 1996.ambiente. Realizamos ainda um importante ressaltar a presença coral, para que toda a escola e interferência realizadas pelas Acesso no dia 18/09/2009.acompanhasse, através das professoras no momento demúsicas, o que foi desenvolvido produção das atividades pelosno projeto, inclusive, cantou- estudantes, diagnosticandose até uma musica criada pelas dificuldades e conquistas,professoras para o projeto sobre a proporcionando uma análise daspreservação ambiental intitulada etapas do processo de aquisição“Amigos do Verde”, que deu da leitura e escrita, valorizandonome do projeto. Na sala de aula sempre as produções originais dostrabalhamos alguns assuntos da estudantes.língua portuguesa a partir da letrada música do projeto. Percebemos que, após a realização das atividades doDe acordo com as possibilidades projeto, os estudantes passarame limitações de cada turma, a olhar com mais cuidado o quetrabalhamos de forma está a sua volta em relação àinterdisciplinar a leitura, escrita, sustentabilidade, a preservação,oralidade ao abordar temas dos aos cuidados com água, plantas evários Componentes Curriculares. animais, ou seja, viram-se como agentes desse processo.A avaliação foi feita durantetodo o processo de realização do
72. H Escola Municipal pró-Menor prOfaS.: JaCILEIdE HELENa dOS SaNTOS MELO E LídIa GuErra SILVa Hoje é dia de... ole (oficina de leitura e escrita)! a O presente projeto foi desenvolvido na Escola Pró- Menor, situada no bairro de Rio Diante dessa realidade, surgiu o projeto com o objetivo de oferecer aos nossos estudantes, experimentassem, vivenciassem com prazer todas as atividades propostas. Para essa finalidade, Doce – Olinda com estudantes do um dia diferente com oficinas dividimos as turmas em dois 2º e 3º ano do 1º ciclo. prazerosas e, ao mesmo, grupos, no 1º grupo ficaram tempo proporcionar situações os estudantes pré-silábicos, Após o término do primeiro de aprendizagem significativas silábico-quantitativos e silábico- semestre de 2009, realizamos que contribuíssem para o qualitativos e no 2º grupo ficaram uma diagnose para avaliar o desenvolvimento da leitura e os silábico-alfabéticos e os nível de aprendizagem em escrita. alfabéticos. leitura e escrita dos estudantes. Constatamos, após análise dos Josette Jolibert (1994) afirma Uma vez resultados que os estudantes que o ato de escrever deve se por semana apresentavam dificuldades em concretizar em uma atmosfera realizamos relação à apropriação do sistema que traduza o prazer de escrever as oficinas, alfabético, pouca fluência na como o “prazer de inventar, de nas quartas-72 leitura e compreensão de textos construir um texto, prazer feiras. Quando escritos. de compreender como ele funciona, prazer de buscar Essa constatação nos fez buscar palavras, prazer de vencer estímulos e estratégias para as dificuldades, prazer de motivá-los a ler e escrever, encontrar o tipo de escrita pois a organização do ensino e as formulações mais em Ciclos de Aprendizagem adequadas à situação, representa uma mudança na prazer de progredir, prazer forma de olhar a escola, o aluno, da tarefa levada até o fim, o conhecimento e, sobretudo, do texto bem apresentado” as diferentes maneiras de (p.16). ensinar e aprender. implica também considerar os diferentes Dessa forma, organizamos ritmos de aprendizagem dos as oficinas de leitura e estudantes para reorientar os escrita dando ênfase ao encaminhamentos necessários à domínio oral e escrito superação das suas dificuldades da língua de forma de aprendizagem. que os estudantes ide Melo de Jacile Arquivo
73. JH D propondo atividade de escrita,chegava esse dia da semana, os pesquisas, leitura em cartazes seguida a de leitura.estudantes perguntavam, logo etc. Em uma dessas oficinas,que adentravam a escola: “Tia, os estudantes tinham escolhido Com o 1º grupo (pré-silábicos ehoje é dia de OlE?” Esse dia era previamente a receita de silábicos) em algumas das oficinasmuito esperado a semana inteira. brigadeiro. Nesse dia, os foram trabalhadas cantigas de estudantes fizeram o brigadeiro roda, texto já conhecido pelosBuscando garantir que as utilizando materiais que estudantes, pois a apresentaçãoatividades façam sentido, trouxemos de casa e toda a escola desses textos favorece asbuscamos utilizar textos usados deliciou-se com o cheirinho de atividades de análise e reflexãona vida cotidiana dos estudantes chocolate no ar. sobre a língua. Com isso, os– placas de rua, marcas de estudantes puderam utilizarprodutos, lista de compras, Ao desenvolver as oficinas, os o que sabem sobre os textos,bilhetes, cartas, receitas, estudantes mostraram que ao estabelecendo a correspondênciapoemas, músicas, convites, serem convidados a realizar entre os segmentos lidos (falados)anúncios, textos instrucionais tarefas sequenciadas sentem- e os segmentos escritos. Nessas etc., se estimulados a prosseguir, oficinas, os estudantes se sentiam acreditando-se capazes de vencer seguros fazendo a leitura ou as dificuldades com as quais pseudoleitura das cantigas de se defrontam, apresentando roda, isso os deixavam bastante resultados satisfatórios. s felizes. As atividades vivenciadas A diversidade de gêneros também pelos estudantes propiciaram foi bem explorada com o 2º momentos de autonomia e de 73 grupo (silábicos alfabéticos e sociabilidade entre as turmas alfabéticos), evidenciando a envolvidas. A confiança foi L função social da escrita. Em uma instaurada, a responsabilidade das oficinas, por exemplo, foi partilhada e o projeto coletivo trabalhada a carta, onde de aprender juntos propiciaram os estudantes com a ajuda uma aprendizagem significativa de cartazes e atividades para os estudantes e para nós, xerografadas, discutiram para professoras. O que serve a carta, o que era remetente, destinatário, CEP e selo. Em seguida, planejaram REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS e escreveram cartas para seus familiares. Em outra oficina SOARES, Magda Becker. Alfabetização e as cartas foram revisadas e letramento. São Paulo: Contexto, 2008 JOliBERT, Josette. Formando Crianças logo depois as enviamos pelos produtoras de texto. Porto Alegre, Artmed, correios. 1994. CiPRiANO, lucia Helena Ribeiro e wANDERSON, Nas oficinas em que trabalhamos Maria Otília Leite. Linhas e Entrelinhas: produção de alimentos, os Letramento e Alfabetização Linguística. estudantes tiveram acesso a Curitiba, POSiTiVO, 2008. várias receitas, através de
74. Escola Municipal CaIC Norma Coelho prOf.: MarIa da paz dE SaNTaNa araúJO Horta: plantando e colhendo saberesArquivo de Maria da Paz Araújo explorado Entendemos que aprendizagem pela escola, é mudança de comportamento a segundo a partir de conhecimento adquirido colaboradora e que ela se dá de dentro que lá nos para fora. “Acreditamos que a recebeu, é a criança entra para escola com horta. um saber enorme, com muitos conhecimentos sobre o mundo Percebemos (...) e que vai se construindo e neste espaço, avançando suas hipóteses” nessa dividido em relação, como diz Vygostsky duas partes: (1984). hortaliças e plantas O trabalho rege a vida do homem medicinais, desde as comunidades primitivas um leque de onde ele aprendia e ensinava, possibilidades estabelecendo uma relação direta de troca entre trabalho e educação. Desse 74 entre os modo, sentimos a necessidade de desenvolver um projeto que incentivasse o trabalho com a O projeto foi desenvolvido na conhecimentos pré-existentes terra e que nos remetesse às turma do 3° ano do 1°ciclo, e aqueles que poderiam ser de possibilidades de descobertas das com faixa etária de 8 a 13 anos, forma e interdisciplinar. Optamos várias formas de educação e de no Centro de Atenção integral então focalizar a horta por ser práticas entre os que aprendem à Criança - Norma Coelho, um tema abrangente e que e os que ensinam sem o rigor localizada no bairro de Peixinhos, permite aos sujeitos conhecer de serem, necessariamente, Olinda – PE. o valor das hortaliças suas estudantes e professores. especificidades e todo o processo Ao explorarmos o espaço que as envolve. Nas rodas de conversa, ouvimos físico da escola e as atividades relatos das crianças sobre o realizadas em cada espaço numa Através desse trabalho, os que eles já sabiam sobre as atividade de visita, descobrimos estudantes puderam realizar hortaliças, sementes, verduras, o interesse da turma pela horta contato com a natureza, contudo nenhuma criança sabia da escola. Isso ficou evidente na conhecer os benefícios do como nasciam ou cresciam. conversa, após retornarmos à reaproveitamento do lixo Ao mesmo tempo em que sala de aula, nos comentários dos orgânico e a compostagem, realizávamos o trabalho na estudantes sobre “o cantinho das a diversidade dos alimentos horta como como misturar a plantinhas”. produzidos, percebendo a terra, observar e escolher as diferença e semelhança entre melhores sementes, plantar, No retorno à sala de aula numa eles, bem como a importância capinar, retirar do canteiro roda de conversa sobre o que de uma alimentação saudável as plantas nocivas, fazer as vimos e ouvimos durante a no processo de vida do homem mudas, molhar os canteiros e visita, uma das alunas da turma estendendo as experiências usar as ferramentas necessárias declarou que, o que achou mais adquiridas às suas famílias. sob nossa sob orientação, interessante foi o “canto das desenvolvíamos em sala de aula o plantinhas”. O tal “canto”, pouco
75. Arquivo de Maria da Paz Araújoconteúdo em atividades de formainterdisciplinar.Em Língua Portuguesa,trabalhamos produção detexto individual e coletivo,linguagem oral explorada nasrodas de conversa com relatos deexperiências, elaboração de listascom nomes de legumes, verduras,comidas diversas, ferramentasetc.Em matemática, realizamosatividades utilizando númerose operações a partir da e a continuação da espécie a com o meio ambiente e aorganização dos canteiros e parte mais significativa em nosso alimentação saudável. A partirfileiras das hortaliças, analisando trabalho. do desenvolvimento do projeto,o crescimento das plantas, as crianças passaram a valorizarmedidas máximas atingida Partindo do princípio que se mais o alimento oferecido pelapor cada espécie, as formas aprende a fazer fazendo, a escola, evitar o desperdício e ogeométricas de cada canteiro, plantar plantando, a colher consumo excessivo dos lanchesvalores praticados para venda das colhendo... Compreendemos a industrializados. Ouvimos fraseshortaliças. horta não é apenas um lugar onde do tipo: “Tô comendo salada de se plantam as hortaliças, mas um tomate” ou “Já como folhas deConsideramos as questões espaço de trabalho conjunto, de alface”.ambientais que vão desde possibilidades de aprendizagem.o preparo da terra e a Vale salientar que aprendemos 75infinidade de seres encontrados Do início do projeto até sua muito com a experiência donela, ao uso adequado das finalização, pudemos perceber a projeto, pois ele envolveusementes, a germinação, as satisfação com que as crianças professor, estudantes econdições necessárias para o participaram das atividades colaboradores, permitindo adesenvolvimento, a colheita e uma preocupação maior todos construir e reconstruir conhecimentos, a partir do plantio, cultivo e colheita da horta escolar. REFERÊNCiAS BiBliOGRáFiCAS BRANDãO, Carlos Rodrigues. O que é educação. Coleção Primeiros Passos. 24 edição. São Paulo: Editora Brasiliense, 1995. MUNDO JOVEM: um jornal de idéias. Ano XliV, nº367, junho/2006. VYGOTSKY, Lev. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. Revista de tecnologia educacional. Ano XiX-1990. Arquivo de Maria da Paz Araújo
76. Esta revista foi composta nas fontesTrebuchet MS, nos corpos 7 a 12;Franklin Gothic Demi Condensed,nos corpos 10 a 30. Sua capa foiimpressa em papel triplex gramatura300 e o seu miolo em papel Couchéfosco, gramatura 90. impressa naGráfica Walvick sob a encomenda daSecretaria de Educação de Olinda em maio e junho de 2010.

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