Dra. Amaryllis Avakian é médica oftalmologista, especialista em catarata e chefe do Setor de Cataratas do Departamento de Oftalmologia do Hospital das Clínicas da USP.
O globo ocular é constituído por diversas estruturas: na parte anterior do olho, localizam-se a córnea (camada fina e transparente para permitir a passagem da luz), a íris (que funciona como o diafragma das máquinas fotográficas, abrindo ou fechando para regular a intensidade da luz que entra pela pupila) e o cristalino, lente que faz o ajuste para que os raios luminosos incidam exatamente na retina e formem uma imagem nítida.
Na imagem 1 , está representada em azul uma lente de contato colocada diretamente sobre a córnea.
A maioria das pessoas, no decorrer da vida, precisa usar óculos. Algumas se adaptam a seu uso dos óculos e não pensam em outra solução para enxergar melhor; já outras consideram os óculos um estorvo e procuram um modo de livrar-se deles através de cirurgia ou de lentes de contato. Existem até lentes de contato coloridas que modificam a cor dos olhos. Como num passe de mágica, elas transformam olhos castanhos em azuis, olhos azuis em olhos pretos e estes, em castanhos.
No entanto, sempre é bom lembrar que, para serem usadas, as lentes de contato exigem cuidados especiais e a indicação precisa de um oftalmologista.
TIPOS DE LENTES DE CONTATO
Drauzio – Quando as lentes de contato começaram a ser usadas para corrigir defeitos da visão?
Amaryllis Avakian – As lentes de contato surgiram por volta de 1930. As primeiras que apareceram eram rígidas, difíceis de serem usadas pelo desconforto que provocavam. A descoberta de novos materiais para fabricá-las tornou-as mais confortáveis, mas seu uso requer cuidados e a orientação de um médico oftalmologista.
Atualmente, existem lentes de contato rígidas e gelatinosas (imagem 2) . As rígidas são feitas de poliometilmetacrilato, mas existem também as fluorcarbonadas e as siliconadas. Estas, por serem menos rígidas, permitem maior permeabilidade ao oxigênio e são indicadas para corrigir defeitos visuais específicos.
Drauzio – Mesmo as lentes rígidas mais modernas dão a impressão de que, se não forem colocadas com cuidado, podem cortar o olho.
Amaryllis Avakian – No início, todos os tipos de lentes rígidas podem provocar desconforto e exigem um tempo de adaptação que pode variar de uma pessoa para outra. Provocam também muito lacrimejamento e, às vezes, dor, como se houvesse como se houvesse um cisco enorme dentro dos olhos.
Uma lente de contato em bom estado e bem adaptada não corta os olhos, mas diversos problemas podem ocorrer se a lente for mal adaptada ou comprada em locais de precedência duvidosa, como certos sites da internet, por exemplo.
Drauzio – A lente gelatinosa que aparece na imagem 3 é colorida e muito fina.
Amaryllis Avakian – A adaptação à lente gelatinosa é bem mais fácil. Mesmo assim, elas podem gerar vários problemas.
INDICAÇÕES PARA USO
Drauzio – A lente gelatinosa parece ser anatomicamente mais confortável do que a rígida. Há indicações precisas para a lente rígida continuar sendo usada?
Amaryllis Avakian – Cada lente tem uma indicação precisa. Por exemplo, por ser muito flexível, a lente gelatinosa não corrige graus altos de astigmatismo nem é o tipo ideal para pacientes com ceratocone (cerato e córnea são sinônimos), uma doença que se manifesta na parte anterior da córnea, que sofre uma protusão e assume o formato de um cone. Nesse caso, a lente rígida é a mais indicada, porque comprime o cone de forma a regularizar a superfície anterior do olho, o que melhora muito a visão.
Para casos de astigmatismo irregular (por exemplo, após traumatismos nos quais há perfuração da córnea), a lente rígida também é a que oferece melhor resultado visual
Mesmo com o advento das lentes gelatinosas, as lentes rígidas continuam tendo sua aplicabilidade. Existem pacientes com miopia ou hipermetropia tão adaptados às lentes rígidas que, embora saibam que poderiam usar lentes gelatinosas, optam por continuar utilizando o tipo de lentes que estão acostumados, porque as consideram muito seguras e porque geram menos complicações do que as gelatinosas.
Drauzio – A partir de quantos graus de astigmatismo a lente gelatinosa não deve ser mais indicada?
Amaryllis Avakian – Em geral, as lentes gelatinosas podem ser usadas para casos de astigmatismo até no máximo um grau, mas essa tolerância pode variar de paciente para paciente. A partir desse grau, se utilizadas, as gelatinosas não corrigirão totalmente o problema visual e a pessoa ficará com a visão embaçada.
Existe um tipo especial de lente gelatinosa, chamada lente tórica, que corrige também o astigmatismo. Alguns indivíduos adaptam-se muito bem a elas, enquanto outros necessitam das lentes rígidas para obter uma visão nítida.
Drauzio – Para a população acima de 40 anos, que começa a ter dificuldade para enxergar de perto e tem outros problemas de visão como astigmatismo, hipermetropia ou miopia, existem lentes de contato capazes de corrigir os dois defeitos?
Amaryllis Avakian – Existem lentes que corrigem a miopia (dificuldade para enxergar de longe) e a presbiopia (dificuldade para enxergar de perto), porém o conforto que proporcionam não é grande e devem ser usadas por pouco tempo em situações sociais – almoços em restaurantes, festas, casamentos – às quais não se quer comparecer usando óculos. Elas não são indicadas, por exemplo, para indivíduos com comprometimento da visão para longe e para perto, que pretendam usá-las o dia inteiro.
Drauzio – Para pessoas que não enxergam bem de perto nem de longe, a única solução continua sendo os óculos bifocais?
Amaryllis Avakian – Existem outras opções. Em alguns casos, conseguimos corrigir o defeito para perto num olho e o defeito para longe no outro olho, mas algumas pessoas não se adaptam a esse tipo de intervenção. A outra possibilidade é corrigir apenas a miopia com a lente de contato e a pessoa continuar usando óculos para a leitura.
Drauzio – Parece estranho enxergar com um olho de perto e com o outro de longe. Como o cérebro entende essas mensagens?
Amaryllis Avakian – Parece estranho, mas a experiência mostra que é uma alternativa melhor do que a lente de contato bifocal para algumas pessoas, embora outras não se acostumem com ela.
A adaptação do cérebro não constitui um problema maior. No começo é mais difícil, mas mantendo o uso, ele se acomoda à nova situação.
MELHOR OPÇÃO
Drauzio – Existem situações em que é melhor usar lente de contato do que óculos, ou a indicação obedece sempre a valores estéticos?
Amaryllis Avakian – Existem situações em que as lentes de contato são a melhor indicação. É o caso da pessoa que tem grau muito alto em um dos olhos somente, ou daquela que faz cirurgia da catarata num dos olhos e não recebe o implante do cristalino.
Como consequência, ela fica com 10 a 15 graus de hipermetropia no olho operado e, talvez, uma pequena alteração no outro olho. Se lhe receitarmos óculos com diferença de grau muito grande em cada lente, ela jamais conseguirá juntar as duas imagens no cérebro e as lentes de contato representarão apenas uma das soluções para o problema. A outra seria o implante do cristalino, se houver possibilidade de fazê-lo.
CONTRAINDICAÇÕES
Drauzio – Existem situações em que as lentes de contato não devem ser usadas de jeito nenhum?
Amaryllis Avakian – Existem contraindicações relativas e absolutas. Lentes de contato não podem ser usadas por pessoas que tenham olhos secos, apresentem algum tipo de alergia no olho ou alterações nas pálpebras e na córnea. Não devem ser usadas, também, em ambientes muito poluídos, nem por pessoas que exerçam certas atividades. Por exemplo, as lentes de contato não são indicadas para os trabalhadores da construção civil. Os resíduos existentes no local do trabalho e as mãos que estão quase sempre sujas aumentam consideravelmente a possibilidade de contaminação.
Drauzio – Como você orienta a pessoa que tem um defeito de visão que pode ser corrigido pelas lentes de contato e não apresenta nenhuma contraindicação mais séria para usá-las?
Amaryllis Avakian – O pré-requisito básico é a pessoa estar motivada para usar as lentes de contato. Depois, ela precisa entender que lente de contato é um perigo potencial para os olhos. A córnea, que se situa na parte anterior do olho, é uma membrana com seis milímetros de espessura, transparente como o vidro de um relógio, sem nenhum vaso em sua superfície que provoque desvio da luz e embaçamento da visão. A ausência de vasos sanguíneos faz com que sua nutrição ocorra por via indireta, ou seja, ela capta oxigênio e nutrientes dos vasos distantes, do ar e do filme lacrimal, que é distribuído dentro do olho quando piscamos. Colocando uma lente sobre a córnea, a ação do filme lacrimal fica alterada, porque a lente é um objeto estranho que impede o contato do oxigênio com a córnea.
Drauzio – A lágrima precisa passar entre a córnea e a lente?
Amaryllis Avakian – A lágrima precisa passar para que o uso da lente não ocasione problemas. Se não passar, a córnea não respira e surgem vasos sanguíneos que a deixam completamente alterada. O grande problema é que essas alterações não ocorrem de um dia para o outro.
As pessoas precisam saber que, a longo prazo, comprar lentes de contato num estabelecimento comercial qualquer e usá-las sem orientação médica representa um grande perigo para seus olhos. Na verdade, o uso crônico das lentes diminui a oxigenação da córnea e pode provocar úlceras ou outras alterações que levam à cegueira.
Drauzio – Você já viu isso acontecer?
Amaryllis Avakian – Já. Na prática diária, é muito frequente observar complicações que ocorreram porque as pessoas não foram orientadas como deviam.
Drauzio – Quais são os erros mais comuns que elas cometem?
Amaryllis Avakian – O primeiro erro é comprar a lente num lugar qualquer. A lente precisa ser indicada por um médico que deve adaptá-la ao olho do usuário. A lente que serve para mim, não serve para você, por exemplo.
Além disso, a lente não dispensa controle periódico. Está enganado quem acha que pode passar dez anos sem voltar ao médico que adaptou a lente. As consultas devem ser repetidas a cada seis meses para verificar se o uso da lente não está causando algum efeito adverso no olho.
Outro erro acontece na hora de limpar a lente, caso não sejam respeitadas as especificações do fabricante.
Drauzio – Muitas pessoas não tiram a lente nem na hora de dormir…
Amaryllis Avakian – Muita gente faz isso por falta de orientação. Lentes de contato devem ser retiradas obrigatoriamente antes de dormir. Se durante o dia, com os olhos abertos, elas já diminuem a oxigenação da córnea, imagine à noite com as pálpebras fechadas. Mesmo as descartáveis, que permitem maior permeabilidade do oxigênio, não resolvem, porque não há nada como deixar a córnea livre para evitar problemas.
LIMPEZA DAS LENTES
Drauzio – Como deve ser feita a limpeza das lentes?
Amaryllis Avakian – Existem soluções indicadas para limpar cada tipo de lente, à venda nas farmácias, e elas devem ficar imersas nesses produtos durante toda a noite. Para as descartáveis que serão trocadas em quinze ou trinta dias, isso basta. Já as que vão ser usadas por um ano requerem cuidados especiais. Além de remover resíduos (cosméticos, secreções, etc.) que aderem às lentes, é preciso fazer a desproteinização, ou seja, retirar os depósitos de proteínas a cada sete ou quinze dias, conforme o tipo de lente.
Outra medida importante é limpar o estojo em que são guardadas e que precisa ser trocado a cada seis meses. Estudos apontam que complicações nos olhos, como úlceras de córnea ou infecções graves, foram causadas por micro-organismo presente no estojo em que era colocada a lente.
Drauzio – A lente não produz proteínas. É o olho que produz. Como elas formam depósitos na lente?
Amaryllis Avakian – A lágrima faz com que as proteínas se depositem no olho e elas se fixam na lente. A limpeza diária com o produto vendido nas farmácias retira somente a oleosidade e os detritos poluentes. Os depósitos de proteínas têm de ser removidos utilizando uma substância especial.
Drauzio – E muita gente põe e tira a lente sem tomar cuidados básicos com a higiene das mãos.
Amaryllis Avakian – É verdade. Quem usa lentes precisa manter as unhas curtas, bem aparadas, lavar as mãos e jamais usar água da torneira para a limpeza da lente. A acantameba, um dos micro-organismos presente na água da torneira, provoca infecção muito grave nos usuários de lente de contato e pode levar à cegueira.
ESQUEMA DE TROCA E CUSTO
Drauzio – Qual é o esquema ideal de troca das lentes descartáveis?
Amaryllis Avakian – A lente “one day” deve ser trocada todos os dias, mas as pessoas acabam abusando e a usam por vários dias. Esse descuido é a causa de muitas complicações.
Drauzio – Essas lentes de troca diária custam caro?
Amaryllis Avakian – Dependendo da marca, as lentes de troca diária custam aproximadamente duzentos reais por mês.
Drauzio – Quanto custam as lentes que duram mais tempo?
Amaryllis Avakian – Lentes que duram um mês saem a mais ou menos R$80,00 cada caixa com seis lentes. Em geral, a pessoa precisa comprar duas caixas, uma para cada olho, portanto adquire lentes para seis meses de uso.
Lentes que podem ser usadas durante um ano custam por volta de R$100,00 a unidade.
Drauzio – Que sintomas no olho indicam que a lente de contato está sendo usada de maneira inadequada?
Amaryllis Avakian – O uso da lente de contato não pode embaçar a visão, nem provocar lacrimejamento, vermelhidão ou outras alterações como coceira, ardor e secreção. Qualquer um desses sintomas é sinal de que o médico deve ser procurado com urgência.
PERGUNTAS ENVIADAS POR E-MAIL
Talita Berchat – Vitória/ES – Por que algumas pessoas não podem usar lentes de contato?
Amaryllis Avakian – Algumas pessoas não podem usar lentes de contato por características anatômicas do próprio olho (olho seco, alergias, etc.) ou porque não serão capazes de tomar os cuidados que seu uso requer. Por esse motivo, lentes de contato não devem ser indicadas para as crianças.
Tatiane Mairim – Guarulhos/ SP – O uso de lentes coloridas pode prejudicar os olhos de quem não apresenta déficits visuais?
Amaryllis Avakian – A lente colorida prejudica os olhos da mesma forma que as outras lentes. Mesmo que não tenham grau e atendam só uma indicação estética, devem ser adaptadas aos olhos do usuário por um médico e requerem controle especializado.
Eliane Botelho – Juiz de Fora/MG – Lentes descartáveis podem provocar alergias, edema e secreção?
Amaryllis Avakian – Podem e isso é comum, principalmente se a pessoa dormir com elas e não respeitar o tempo indicado para o descarte nem as condições de limpeza da lente.
Silvia de Carvalho – Itanhaém/SP – Existem lentes de contato antialérgicas?
Amaryllis Avakian – Não existem lentes antialérgicas, embora as de troca diária tenham diminuído muito os casos de alergia à própria lente ou aos produtos de limpeza.
Sites:
- www.aaco@uol.com.br
- www.especialistaemcatarata.com.br
Ministério Público quer que perigos do uso inadequado do produto, como cegueira e conjuntivite, venham na embalagem
Para corrigir problemas na visão, ou apenas brincar de colorir os olhos é preciso cuidado, higiene e informação. Os prejuízos que o uso incorreto das lentes de contato podem provocar na saúde são múltiplos e sérios.
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O Ministério Público Federal (MPF) acaba de acionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pedindo que cobre dos fabricantes de lentes de contato informações sobre os problemas que elas podem causar à saúde. A exigência, feita na última sexta-feira (24), é que os dados sejam incluídos nas embalagens ou nos rótulos dos produtos.
“É evidente a violação ao Código de Defesa do Consumidor e à própria regulamentação da Anvisa, que preconiza que essas instruções estejam nas embalagens”, assevera.
Gheventer ainda revela que as fabricantes reconhecem os riscos, mas alegam que é permitido pela legislação entregar o material separado da bula. A afirmação, para o procurador, comprova que a fiscalização é flexível e dá espaço para tais condutas. Após a notificação, a Anvisa tem 45 dias para informar se vai acatar ou não a recomendação do MPF.
Como usar
Apesar do acesso fácil, não são todas as pessoas aptas a fazer o uso das lentes de contato, revela Newton Kara José, oftalmologista do Hospital Sírio Libanês de São Paulo. “Os olhos precisam ser saudáveis para suportar o material. Doenças na córnea, irritações ou inflamações são impeditivos automáticos para substituir os óculos pelas lentes.”
O especialista também alerta que o material não devem ser utilizadas por menores de 15 anos. Na visão de Kara, os pacientes mais jovens não possuem maturidade suficiente para identificar possíveis complicações.“Não adianta controle e fiscalização dos pais. Cabe ao paciente reconhecer, entender os riscos. O desleixo dessa fase pode provocar complicações sérias.”
O uso das lentes exige cuidados constantes. Kara explica que é fundamental lavar o material ao final do dia e deixá-lo na solução de limpeza específica para as lentes de contato. Embora não exista nenhuma contraindicação, o uso das lentes não deve ser excessivo. Além disso, é importante que os óculos não sejam descartados. É uma segurança na falta ou impossibilidade de usar lentes, defende.
Sinais óbvios
Ao menor sinal de irritação ou dor, é imprescindível retirar as lentes dos olhos e fazer a higienização com o líquido recomendado pelo oftalmologista. Se após a limpeza o incômodo permanecer, é sinal de que o material pode ter provocado uma lesão na córnea ou, no mínimo, agredido os olhos.
Respeitar o prazo de validade das lentes descartáveis ou de longa duração é essencial. Segundo o médico, a maioria do pacientes faz a troca quando começa a sentir algum incômodo. “Com o passar do tempo, o usuário fica relapso. Os olhos manifestam o desconforto rapidamente. Além de higiene e controle, é fundamental o acompanhamento médico e a troca de lentes dentro do prazo. O incômodo, usado como termômetro de validade, pode representar um comprometimento já existente, provocado pela perda de qualidade do material.”
Cores e maquiagem
No caso de lentes coloridas, a orientação é ainda mais severa. Independente do uso diário ou esporádico, o material deve ser higienizado constantemente. O especialista pontua que a falta de conhecimento e informação banaliza o uso das lentes de contato. “As lentes coloridas podem gerar complicações muito maiores. Os usuários não estão preparados, desconhecem os procedimentos de limpeza. A ausência de grau não elimina os riscos.”
As mulheres devem ter cautela redobrada. Segundo Kara, a maquiagem também representa um potencial fator de risco à saúde dos olhos. Rímel, lápis, delineadores e demais instrumentos para reforçar a beleza feminina impregnam os olhos e, conseqüentemente, as lentes. “A maquiagem é muito contaminada, um meio altamente propício para o crescimento de bactéria.”
Ministério Público quer que perigos do uso inadequado do produto, como cegueira e conjuntivite, venham na embalagem
Para corrigir problemas na visão, ou apenas brincar de colorir os olhos é preciso cuidado, higiene e informação. Os prejuízos que o uso incorreto das lentes de contato podem provocar na saúde são múltiplos e sérios.
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O Ministério Público Federal (MPF) acaba de acionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pedindo que cobre dos fabricantes de lentes de contato informações sobre os problemas que elas podem causar à saúde. A exigência, feita na última sexta-feira (24), é que os dados sejam incluídos nas embalagens ou nos rótulos dos produtos.
“É evidente a violação ao Código de Defesa do Consumidor e à própria regulamentação da Anvisa, que preconiza que essas instruções estejam nas embalagens”, assevera.
Gheventer ainda revela que as fabricantes reconhecem os riscos, mas alegam que é permitido pela legislação entregar o material separado da bula. A afirmação, para o procurador, comprova que a fiscalização é flexível e dá espaço para tais condutas. Após a notificação, a Anvisa tem 45 dias para informar se vai acatar ou não a recomendação do MPF.
Como usar
Apesar do acesso fácil, não são todas as pessoas aptas a fazer o uso das lentes de contato, revela Newton Kara José, oftalmologista do Hospital Sírio Libanês de São Paulo. “Os olhos precisam ser saudáveis para suportar o material. Doenças na córnea, irritações ou inflamações são impeditivos automáticos para substituir os óculos pelas lentes.”
O especialista também alerta que o material não devem ser utilizadas por menores de 15 anos. Na visão de Kara, os pacientes mais jovens não possuem maturidade suficiente para identificar possíveis complicações.“Não adianta controle e fiscalização dos pais. Cabe ao paciente reconhecer, entender os riscos. O desleixo dessa fase pode provocar complicações sérias.”
O uso das lentes exige cuidados constantes. Kara explica que é fundamental lavar o material ao final do dia e deixá-lo na solução de limpeza específica para as lentes de contato. Embora não exista nenhuma contraindicação, o uso das lentes não deve ser excessivo. Além disso, é importante que os óculos não sejam descartados. É uma segurança na falta ou impossibilidade de usar lentes, defende.
Sinais óbvios
Ao menor sinal de irritação ou dor, é imprescindível retirar as lentes dos olhos e fazer a higienização com o líquido recomendado pelo oftalmologista. Se após a limpeza o incômodo permanecer, é sinal de que o material pode ter provocado uma lesão na córnea ou, no mínimo, agredido os olhos.
Respeitar o prazo de validade das lentes descartáveis ou de longa duração é essencial. Segundo o médico, a maioria do pacientes faz a troca quando começa a sentir algum incômodo. “Com o passar do tempo, o usuário fica relapso. Os olhos manifestam o desconforto rapidamente. Além de higiene e controle, é fundamental o acompanhamento médico e a troca de lentes dentro do prazo. O incômodo, usado como termômetro de validade, pode representar um comprometimento já existente, provocado pela perda de qualidade do material.”
Cores e maquiagem
No caso de lentes coloridas, a orientação é ainda mais severa. Independente do uso diário ou esporádico, o material deve ser higienizado constantemente. O especialista pontua que a falta de conhecimento e informação banaliza o uso das lentes de contato. “As lentes coloridas podem gerar complicações muito maiores. Os usuários não estão preparados, desconhecem os procedimentos de limpeza. A ausência de grau não elimina os riscos.”
As mulheres devem ter cautela redobrada. Segundo Kara, a maquiagem também representa um potencial fator de risco à saúde dos olhos. Rímel, lápis, delineadores e demais instrumentos para reforçar a beleza feminina impregnam os olhos e, conseqüentemente, as lentes. “A maquiagem é muito contaminada, um meio altamente propício para o crescimento de bactéria.”
Ministério Público quer que perigos do uso inadequado do produto, como cegueira e conjuntivite, venham na embalagem
Para corrigir problemas na visão, ou apenas brincar de colorir os olhos é preciso cuidado, higiene e informação. Os prejuízos que o uso incorreto das lentes de contato podem provocar na saúde são múltiplos e sérios.
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O Ministério Público Federal (MPF) acaba de acionar a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pedindo que cobre dos fabricantes de lentes de contato informações sobre os problemas que elas podem causar à saúde. A exigência, feita na última sexta-feira (24), é que os dados sejam incluídos nas embalagens ou nos rótulos dos produtos.
“É evidente a violação ao Código de Defesa do Consumidor e à própria regulamentação da Anvisa, que preconiza que essas instruções estejam nas embalagens”, assevera.
Gheventer ainda revela que as fabricantes reconhecem os riscos, mas alegam que é permitido pela legislação entregar o material separado da bula. A afirmação, para o procurador, comprova que a fiscalização é flexível e dá espaço para tais condutas. Após a notificação, a Anvisa tem 45 dias para informar se vai acatar ou não a recomendação do MPF.
Como usar
Apesar do acesso fácil, não são todas as pessoas aptas a fazer o uso das lentes de contato, revela Newton Kara José, oftalmologista do Hospital Sírio Libanês de São Paulo. “Os olhos precisam ser saudáveis para suportar o material. Doenças na córnea, irritações ou inflamações são impeditivos automáticos para substituir os óculos pelas lentes.”
O especialista também alerta que o material não devem ser utilizadas por menores de 15 anos. Na visão de Kara, os pacientes mais jovens não possuem maturidade suficiente para identificar possíveis complicações.“Não adianta controle e fiscalização dos pais. Cabe ao paciente reconhecer, entender os riscos. O desleixo dessa fase pode provocar complicações sérias.”
O uso das lentes exige cuidados constantes. Kara explica que é fundamental lavar o material ao final do dia e deixá-lo na solução de limpeza específica para as lentes de contato. Embora não exista nenhuma contraindicação, o uso das lentes não deve ser excessivo. Além disso, é importante que os óculos não sejam descartados. É uma segurança na falta ou impossibilidade de usar lentes, defende.
Sinais óbvios
Ao menor sinal de irritação ou dor, é imprescindível retirar as lentes dos olhos e fazer a higienização com o líquido recomendado pelo oftalmologista. Se após a limpeza o incômodo permanecer, é sinal de que o material pode ter provocado uma lesão na córnea ou, no mínimo, agredido os olhos.
Respeitar o prazo de validade das lentes descartáveis ou de longa duração é essencial. Segundo o médico, a maioria do pacientes faz a troca quando começa a sentir algum incômodo. “Com o passar do tempo, o usuário fica relapso. Os olhos manifestam o desconforto rapidamente. Além de higiene e controle, é fundamental o acompanhamento médico e a troca de lentes dentro do prazo. O incômodo, usado como termômetro de validade, pode representar um comprometimento já existente, provocado pela perda de qualidade do material.”
Cores e maquiagem
No caso de lentes coloridas, a orientação é ainda mais severa. Independente do uso diário ou esporádico, o material deve ser higienizado constantemente. O especialista pontua que a falta de conhecimento e informação banaliza o uso das lentes de contato. “As lentes coloridas podem gerar complicações muito maiores. Os usuários não estão preparados, desconhecem os procedimentos de limpeza. A ausência de grau não elimina os riscos.”
As mulheres devem ter cautela redobrada. Segundo Kara, a maquiagem também representa um potencial fator de risco à saúde dos olhos. Rímel, lápis, delineadores e demais instrumentos para reforçar a beleza feminina impregnam os olhos e, conseqüentemente, as lentes. “A maquiagem é muito contaminada, um meio altamente propício para o crescimento de bactéria.”
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