Anvisa concede registro ao medicamento Spinraza
Indicado para pacientes com doença caracterizada pela degeneração de neurônios motores da coluna vertebral e sem opções terapêuticas disponíveis no Brasil.
Chega
ao mercado brasileiro uma esperança para pessoas acometidas pela
Atrofia Muscular Espinhal 5q (AME), doença que ataca o sistema nervoso
até o ponto de o paciente não conseguir se mover ou mesmo respirar e que
atinge um em cada dez mil bebês nascidos. A Anvisa publicará na
segunda-feira (28/8) o registro do medicamento novo SPINRAZA®
(nusinersena), na forma farmacêutica solução injetável e concentração de
2,4 mg/mL. Dessa forma, o Spinraza poderá ser comercializado no Brasil.
A decisão será publicada no Diário Oficial da União (DOU).
O
medicamento é indicado para o tratamento de pacientes com AME, doença
rara neuromuscular autossômica recessiva de prognóstico adverso,
caracterizada pela degeneração de neurônios motores da coluna vertebral e
sem opções terapêuticas disponíveis no Brasil. O Spinraza é fabricado
pelas empresas Vetter Pharma - Fertigung GmbH & Co. KG (Alemanha) e
Patheon Itália S.PA (Itália). A detentora do registro do medicamento no
Brasil é a empresa Biogen Brasil Produtos Farmacêuticos Ltda.
O
processo de registro do medicamento recebeu prioridade de análise assim
que foi protocolado junto à Anvisa, com o imediato início da avaliação
tanto da documentação referente à comprovação de segurança e eficácia,
quanto do dossiê de tecnologia farmacêutica. "É um medicamento que muda a
história da AME, dando uma possibilidade concreta de melhora
significativa na qualidade de vida dos portadores dessa doença",
ressalta o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa.
Como
se trata de uma substância inédita no país, foi um processo mais
complexo, envolvendo a avaliação crítica de informações legais e
técnicas. Mesmo assim, dado o caráter prioritário que a Anvisa impôs, a
análise foi feita de maneira célere, com o registro sendo concedido em
cinco meses desde sua solicitação junto à Agência. Menos tempo do que
levou o processo no Canadá, por exemplo, onde o registro do Spinraza
saiu após cerca de seis meses.
O
diretor de Autorização e Registro Sanitário da Anvisa, Fernando Mendes,
ressalta a importância da concessão desse medicamento, registrado com
os devidos parâmetros de segurança, qualidade e eficácia. Mendes trata o
tema como prioritário: "A Agência está em vias de concluir a
regulamentação que objetiva facilitar e também incentivar, no Brasil, a
condução mais rápida de pesquisas clínicas e o registro de medicamentos
destinados ao tratamento de doenças raras".
Trâmites
O
Spinraza está registrado no EUA, Europa, Japão e Canadá. No Brasil, o
processo de registro recebeu priorização de análise, nos termos da
Resolução Diretoria Colegiada n° 37/2014. A submissão de registro junto à
Anvisa ocorreu em 28 de abril deste ano e foi priorizada em 4 de maio.
Porém, houve necessidade de envio de exigências à empresa em 30 de junho
e em 28 de julho, ficando o processo na fase de exigência em torno de
35 dias. Na Agência, a fase de análise da documentação durou 85 dias.
Isso mostra o compromisso da Agência com o acesso da população a novas
terapias.
"A
Anvisa foi bastante ágil na avaliação da documentação que nos foi
enviada pela empresa produtora do Spinraza e que comprova a eficácia,
segurança e qualidade do medicamento", destaca Jarbas Barbosa. "Agora, a
empresa tem a responsabilidade de oferecer o Spinraza a um preço justo,
para que as pessoas possam ter acesso a ele rapidamente".
Para
a comprovação de segurança e eficácia, foram apresentados no dossiê de
registro do medicamento, dentre outros documentos, relatórios de estudos
não clínicos (tais como testes realizados em células e modelos animais)
e relatórios de estudos clínicos (em seres humanos) fase I, II e III.
Adicionalmente, foram avaliados dados de tecnologia farmacêutica como
produção, controle de qualidade, validações analíticas, informações do
fármaco e dos excipientes e estudos de estabilidades, dentre outros.
Embora
o Spinraza já tivesse registro nos EUA, a avaliação da Anvisa se fez
necessária, inclusive no que diz respeito a questões específicas e
características da população brasileira. A análise técnica da Agência
para concessão de registro leva em conta aspectos específicos
relacionados a um determinado medicamento, considerando indicação(es),
concentração, forma farmacêutica e forma de uso e população-alvo para a
qual foram apresentadas as evidências clínicas de segurança e eficácia,
além dos aspectos de qualidade.
Entre os exemplos de situações específicas temos:
- Estudo de estabilidade: um dos testes imprescindíveis para qualquer medicamento é o que prevê por quanto tempo este medicamento tem validade depois de produzido. Trata-se do estudo de estabilidade, que deve ser realizado nas condições que representam a zona climática em que o medicamento será utilizado. A zona climática refere-se a um espaço geograficamente delimitado de acordo com os critérios de temperatura e umidade. Há diferenças entre a zona climática do Brasil e as de países como os EUA, por exemplo. Desta forma, é necessário que seja comprovado que o medicamento que será entregue à população brasileira mantenha-se estável nas condições de temperatura e umidade do Brasil, que tem clima mais quente.
- Características demográficas: o perfil de eficácia e segurança dos medicamentos pode ser diferente, a depender das características de cada população. Por este motivo, a análise dos estudos apresentados para comprovação de segurança e eficácia de um medicamento leva em conta se a população estudada é representativa da população brasileira. Esta avaliação tem o objetivo de garantir que o medicamento, caso seja registrado, apresente perfil de segurança e eficácia aceitáveis para a população brasileira.
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